quarta-feira, 31 de julho de 2024

OS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS

Diversos problemas ambientais resultam da dinâmica natural da Terra, como as queimadas espontâneas que ocorrem nas florestas de regiões com clima quente e seco. Todavia, graves desequilíbrios ambientais têm sido causados pelos seres humanos, o que tem contribuído para provocar eventos extremos, como as mudanças nas temperaturas, os ventos fortes, os ciclones e os períodos prolongados de chuvas e de secas. Esses eventos geram consequências para os seres humanos e para o meio ambiente, tendo em vista que podem provocar a destruição de cidades, afetar o cotidiano e as atividades econômicas, além de desencadear graves desequilíbrios nos ecossistemas.

O efeito estufa e os poluentes 


Os raios infravermelhos são parte da radiação solar responsável pelo aquecimento da Terra. Depois que ultrapassam os gases da atmosfera, eles chegam ao solo e às águas, aquecendo-os. Tanto o solo quanto a água, quando aquecidos, devolvem à atmosfera ondas de calor com características diferentes das iniciais. A partir daí, os gases da atmosfera mantêm a superfície terrestre aquecida. Esse fenômeno é chamado de efeito estufa. O carbono e o vapor de água que existem naturalmente na atmosfera formam uma redoma protetora que impede a dissipação para o espaço de parte desse calor. Apesar de geralmente ser associado a uma forma de impacto ambiental, o efeito estufa é essencial para a vida no planeta Terra. Sem ele, a Terra seria fria demais para comportar toda a sua biodiversidade. Porém, para parte dos cientistas, os gases lançados na atmosfera por indústrias, automóveis e outras fontes de poluição formam uma camada de poluentes que intensifica o efeito estufa, acelerando a elevação das temperaturas médias de diversas regiões do planeta. Há estudos que apontam mudanças no clima do planeta e as relacionam à ação humana. Assim, a intensificação do efeito estufa seria decorrente do aumento da presença de gases de efeito estufa, como o gás carbônico, o metano e o óxido nitroso. Esse aumento estaria vinculado ao uso e à produção de energia obtida da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão mineral e a agropecuária.

As emissões de carbono e combustíveis fósseis


A queima de combustível, para gerar energia, produz moléculas de gás carbônico (CO2 ). Essas moléculas ficam soltas na atmosfera. Quanto maior a queima de combustível, mais CO2 é liberado, aumentando a quantidade desses gases no ar.
A emissão de CO2 tem relação com o total da população de um país e a sua capacidade industrial. Podem ser considerados ainda os índices de emissão das queimadas nas áreas florestadas, como ocorre no Brasil, e a queima de petróleo nas refinarias, como ocorre no Oriente Médio. No mapa e no gráfico, é possível verificar que as emissões estão concentradas nos países mais industrializados do mundo, principalmente China e Estados Unidos, que lideram o comércio mundial. No entanto, nos últimos anos, muitos países têm buscado reduzir suas emissões, com a substituição de fontes de energia poluentes e a adoção de práticas mais sustentáveis. O Protocolo de Kyoto estabeleceu que os países industrializados devem reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa em, no mínimo, 5% em relação aos níveis de 1990.

O aquecimento global


Com o aumento progressivo da temperatura terrestre, principalmente a partir do início do século XX. Desde então, ocorreu um crescimento da emissão de gases do efeito estufa em decorrência da intensificação do consumo de combustíveis fósseis, o que levou muitos cientistas a associarem o aquecimento global às ações dos seres humanos na natureza. De acordo com essa ideia, a ocorrência de eventos climáticos extremos nas últimas décadas, como o registro de temperaturas recorde em muitos países, mudanças na frequência e na intensidade das chuvas e o aumento de furacões e de períodos de seca, é indício da influência humana no crescimento das temperaturas na atmosfera, nos oceanos e na superfície terrestre.
Se nos próximos anos não houver uma redução significativa dessas emissões, estima-se que esses eventos climáticos extremos serão ainda mais intensos.
A temperatura média anual da superfície subiu um pouco mais de 1 °C nos últimos 170 anos. O Acordo de Paris, assinado por 195 países em 2015, busca limitar o aquecimento global nos próximos anos a um aumento de 2 °C, preferencialmente 1,5 °C. Esse nível de aumento de temperatura é considerado elevado, mas com potenciais impactos socioeconômicos ainda administráveis.
Um dos impactos do aumento da temperatura na superfície terrestre é o derretimento das geleiras. Como você pode verificar nas imagens, a cobertura de gelo tem sofrido redução no Ártico. Esse processo gera o aumento do nível do mar e a alteração das massas de ar que vêm dos polos. Além disso, o derretimento do gelo permanente, conhecido como permafrost, pode resultar na liberação de gás metano, o que acelera ainda mais o processo de aquecimento global. Um dos efeitos desses processos é a migração forçada de pessoas que vivem em regiões litorâneas ou daquelas pessoas mais diretamente afetadas pelo aumento da temperatura e do nível do mar. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que desde 2010 as emergências climáticas obrigaram 21,5 milhões de pessoas a se mudarem por ano. Em 2021, cerca de 90% desses refugiados vinham de países mais vulneráveis, sem a infraestrutura necessária para enfrentar crises climáticas. Tendo isso em vista, as mudanças climáticas devem ser tratadas como uma crise humanitária, já que podem agravar a pobreza, a violência e as dificuldades de acesso a recursos naturais, especialmente nos países mais vulneráveis.

As ilhas de calor


Grande concentração de prédios de concreto, pavimentação de ruas e avenidas, ausência de áreas verdes, intensa queima de combustíveis fósseis em fábricas, residências e veículos, canalização de águas pluviais – todos esses fatores exercem influência na elevação da temperatura das grandes cidades. Alguns locais, como as áreas mais centrais, são bem mais quentes que outros, configurando verdadeiras ilhas de calor. No entanto, nas áreas periféricas, por serem mais afastadas do centro, a temperatura do ar costuma ser menor.
Para melhorar a qualidade de vida e diminuir os efeitos das ilhas de calor, arquitetos urbanistas sugerem a construção de parques urbanos, telhados verdes e frios, pavimentos frios, utilizando materiais mais claros nas superfícies, entre outras ações para que não haja absorção de calor, como ocorre com o asfalto.

A inversão térmica


A quantidade de poluentes lançados na atmosfera provoca um fenômeno chamado inversão térmica, que cria condições desfavoráveis para a dispersão dos poluentes. Esse fenômeno pode ocorrer durante o ano todo, porém é mais comum no inverno. Em condições normais, à medida que aumenta a altitude, a atmosfera vai esfriando. Dessa maneira, o ar quente – que é menos denso – pode se elevar e carregar os poluentes para longe da superfície. Frequentemente, no inverno, por causa da maneira como os raios do sol incidem sobre a Terra ou em razão dos movimentos das massas de ar, forma-se uma camada de ar quente entre duas camadas de ar frio. Em ambientes industrializados ou em grandes centros urbanos, como uma camada de ar quente sobrepõe-se a uma camada mais fria, os poluentes ficam aprisionados próximo à superfície. Essa inversão térmica leva à retenção dos poluentes nas camadas mais baixas, próximo ao solo, podendo ocasionar problemas de saúde à população.
A camada de ozônio O ozônio, um gás presente na estratosfera terrestre, tem a propriedade de filtrar os raios ultravioleta do Sol, que, em excesso, inviabilizariam a vida no planeta. A camada de ozônio sofre os efeitos decorrentes da emissão dos clorofluorcarbonos (CFCs), utilizados em sistemas de refrigeração e em alguns aerossóis. Reações químicas dos CFCs destroem as partículas de ozônio, diminuindo, assim, a filtragem dos raios ultravioleta. Os CFCs permanecem na atmosfera por um longo período, podendo levar cem anos ou mais para serem destruídos. Em 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal, um tratado internacional que tinha como principal meta a diminuição das emissões de CFCs e a busca por alternativas ao uso desses gases. Estudos recentes indicam que o buraco na camada de ozônio está diminuindo de tamanho. É um exemplo de como ainda é possível reverter certos efeitos da destruição do ambiente pela presença humana.

A chuva ácida


Quando chove, certos gases poluentes lançados na atmosfera por fábricas, automóveis e usinas termelétricas dissolvem-se nas gotas de chuva, tornando-as ácidas. A chuva ácida é uma combinação química entre a água e os poluentes da atmosfera que se deslocam pelos movimentos das massas de ar. Alguns elementos, como os óxidos de nitrogênio, o dióxido de carbono e o dióxido de enxofre são liberados na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis. Quando esses elementos são misturados às partículas de água em suspensão que formam as nuvens, resultam em ácido nítrico e ácido sulfúrico, que se precipitam em forma de chuva, neve ou neblina, caracterizando as chuvas ácidas. Quando chega à superfície terrestre, a água da chuva dissolve e libera metais pesados e alumínio, danificando a vida vegetal e animal, corroendo construções, monumentos, fios elétricos e metais, além de interferir nas cadeias alimentares.

OS EVENTOS NATURAIS: MONITORAMENTO E PREVENÇÃO

Os eventos naturais sempre estiveram presentes ao longo da história humana. Entretanto, com as inovações tecnológicas realizadas a partir da década de 1950, ficou cada vez mais fácil prever quando ocorrerão. Fenômenos como tufões, furacões, erupções vulcânicas, tsunâmis, entre outros, não são mais uma ameaça inevitável à vida humana, uma vez que há a possibilidade de monitoramento desses eventos. Você já estudou que, a cada ano, observa-se um aumento do aquecimento global, o que interfere nas incidências de chuvas, nos deslizamentos de terras e nas inundações. Esse processo afeta vários países e pode causar tragédias para a população. Em 2021, as chuvas extremas e as enchentes provocadas por elas assolaram o Canadá, os Estados Unidos, a Alemanha e a China. Em cada um desses locais, o volume de precipitação foi histórico. Os maiores índices de risco ambiental estão situados nos países menos desenvolvidos, que ainda estão investindo em sistemas de monitoramento e prevenção de eventos naturais. Os desafios socioeconômicos existentes nessas regiões impõem dificuldades para direcionar recursos tecnológicos que diminuam os impactos causados por esses eventos.

O CONSUMISMO E OS RESÍDUOS SÓLIDOS 


Os padrões de produção e consumo de mercadorias provocam uma alta taxa de descarte de resíduos, com destaque para os plásticos. Os plásticos são utilizados para a produção de emba lagens de mercadorias, além de outras utilidades, como na fabricação de utensílios domésticos, garrafas e brinquedos, por exemplo.
Esse fenômeno da exportação e importação de resíduos revela uma desigualdade na distri buição dos danos ambientais decorrentes da produção e do consumo de mercadorias. Os países que mais consomem e mais geram resíduos, como Japão e Estados Unidos, são também os que exportam resíduos, consequentemente transferindo a outros países os impactos ao meio ambiente. A produção de resíduos sólidos gera poluição das águas, do ar e dos solos, o que compromete a biodiversi dade e a capacidade dos ecossistemas de se regenerarem. A quantidade de detritos lançada nos rios, por exemplo, é muito maior que a capacidade de purificação desses cursos-d’água. Se o esgoto não for tratado, ele pode con taminar o solo, os rios e também os oceanos. Em muitos lugares, tanto o esgoto como os rejeitos industrial e agrícola são lançados diretamente nos rios, sem tratamento, causando poluição e contaminação de suas águas. Além disso, muitas vezes o descarte incorreto contribui para a ocorrência de alagamentos durante o período de chuvas nas cidades, tendo em vista que as áreas de escoamento da água ficam obstruídas. Isso pode desencadear perdas humanas e materiais, a disse minação de doenças e a redução da qualidade de vida nesses ambientes.
O derramamento de substâncias tóxicas, como vazamentos de petróleo ocasionados por naufrágios de navios-petroleiros próximo à costa, também com promete a qualidade da água de mares e oceanos. Ao se espalharem na água, as substâncias tóxicas acabam poluindo as regiões costeiras e intoxicando não só os animais marinhos, como todos os seres vivos que inte ragem nesse ambiente.

AS PRESSÕES NO CAMPO

 A partir da década de 1970, a Revolução Verde modificou as características produtivas no campo. As técnicas agropecuárias foram integradas às corporações dos complexos industriais químicos, biotecnológicos, nanotecnológicos e farmacêuticos, o que provocou o aumento da das áreas agrícolas destinadas às monoculturas com emprego de tecnologia e voltadas para a exportação. Com isso, as paisagens agrícolas têm sofrido um processo de homogeneização. Ecossistemas locais e regionais muito distintos entre si passaram a constituir regiões produtivas de uma única cultura agrícola, principalmente oleaginosas (soja, girassol, canola), cana-de-açúcar, entre outros. A produção dessas monoculturas também passou a exigir um uso cada vez maior de agrotóxicos para garantir o volume de produção e reduzir as pragas resultantes da redução da biodiversidade nessas plantações. 
O nível de desenvolvimento técnico-científico propiciou a máxima utilização de corretivos de solo, fertilizantes, pesticidas, herbicidas, agrotóxicos em geral, sobretudo nos países produtores e exportadores agrícolas, como o Brasil. Esses produtos também são controlados pelas maiores empresas do setor agroindustrial.
A utilização desse modelo produtivo gera uma série de impactos ambientais, como a poluição dos solos e lençóis freáticos e a redução da biodiversidade. Os solos, por exemplo, têm uma importante função ecológica, tendo em vista que são o segundo maior depósito de carbono, atrás apenas dos oceanos. Metade desses estoques de carbono concentra-se nos solos das florestas. Quando as florestas são degradadas, esse carbono vai para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Por isso, é fundamental repensar as práticas agrícolas no campo para manter os equilíbrios ecossistêmico e climático. 
Apesar do modo de produção agrícola agroindustrial ser o dominante na maior parte do mundo atualmente, existem outros modelos alternativos de produção que operam em harmonia com o meio ambiente. Um desses modelos alternativos de produção agrícola é a agroecologia, que valoriza a produção diversificada de alimentos, a preservação dos ecossistemas, a dignidade do trabalho, a segurança alimentar da população, a produção de alimentos saudáveis, além de outros aspectos. Nesse sentido, as técnicas de produção agroecológicas, ao contrário do agronegócio, têm um compromisso com a justiça social e a preservação ambiental. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a agroecologia pode contribuir para a para atenuar as mudanças climáticas. Isso porque é um modo de produção que busca não apenas a preservação ambiental, mas também sua restauração.

OS IMPACTOS AMBIENTAIS NA VIDA MARINHA

Uma parte da vida do planeta está nos oceanos e nos mares, águas que estão sob o domínio de diferentes nações. Para que se possam utilizar os recursos naturais dessas águas, são necessá rios acordos e tratados internacionais que regulem a cooperação e a gestão internacional desses recursos. Os oceanos e mares passam por grandes impactos ambientais causados por acidentes nucle ares que ocorreram no passado, vazamentos em plataformas de petróleo e embarcações, pescas predatórias, entre outras ações humanas. Conheça as principais causas dos impactos ambientais nos oceanos a seguir. 
• Poluição – de acordo com a ONU, Cerca de 80% dos resíduos encontrados nos oceanos têm origem nas cidades. A maior parte é lançada ou bombeada diretamente no mar ou nos rios. 
• Contaminação doméstica e agrícola – essa contaminação chega pelos rios, com a pre sença de metais pesados vindos das indústrias, assim como elementos provenientes das residências e da produção agrícola. Essa contaminação pode se acumular nos seres vivos, inclusive nas espécies marinhas. 
• Derramamento de petróleo – maior e mais grave contaminação marinha pela quantidade de óleo que se espalha em mares e praias, o petróleo impregna as rochas e afeta os animais e plantas marinhos, causando muitas vezes catástrofes ecológicas. 
• Lixo radioativo – muitos países possuem reatores nucleares. As usinas nucleares estão geral mente situadas nas costas litorâneas já que a água do mar pode ser utilizada no resfriamento dos reatores. No entanto, os resíduos provenientes das usinas nucleares podem poluir o litoral e degradar os ecossistemas marinhos, como os corais.

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