O continente europeu
Embora ocupe uma área que corresponde a apenas 7% das terras emersas, caracterizando-se como uma das menores porções continentais do globo, a Europa apresenta grande diversidade natural e cultural.
O continente europeu é atravessado pelo meridiano de Greenwich (0°), dividindo-o entre os hemisférios ocidental e oriental. Seu extremo norte é cortado pelo círculo polar Ártico e sua porção sul está distante da linha do equador, situando, assim, todo o continente no hemisfério norte (ou setentrional).
Destaca-se também o fato de que a Europa é integrada à Eurásia, uma grande massa continental formada pelos continentes europeu e asiático.
Do ponto de vista físico-natural, o continente europeu poderia ser considerado uma península do continente asiático, pois não há separação clara entre a Europa e a Ásia. Por essa razão, essa grande porção de terra emersa é chamada de Eurásia.
Dessa maneira, embora tenha sido convencionado que os montes Urais, o rio Ural e o mar Cáspio demarcam a fronteira entre a Europa e a Ásia, a real separação entre esses continentes se dá principalmente por critérios políticos e culturais.
A divisão entre esses continentes, envolve fatores culturais e é uma questão ainda em disputa.
Aspectos gerais
A Europa tem cerca de 10,3 milhões de quilômetros quadrados de extensão e é dividida entre 50 países – incluindo a Rússia e a Turquia, países que têm parte do território na Europa e outra na Ásia.
Regionalização do espaço europeu
Da mesma forma que a Europa e a Ásia são divididas de acordo com diferenças políticas e culturais, é possível regionalizar internamente o continente europeu com base nas características marcantes que distinguem a Europa ocidental da Europa oriental.
Essa regionalização do continente europeu tornou-se comum, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, para diferenciar os países com sistema econômico capitalista dos países que adotaram o socialismo ou que apresentassem desenvolvimento econômico considerado menor.
Europa: domínios naturais
Pode-se regionalizar a Europa utilizando como critério a variedade de paisagens naturais. Assim, o continente geralmente é dividido em quatro grandes regiões: Europa ocidental, Europa setentrional, Europa mediterrânea (ou meridional) e Europa centro-oriental.
Essa regionalização é uma evidência da grande diversidade de paisagens naturais presente no continente europeu. Essa variedade adquire maior relevância se consideramos que toda a Europa, com seus 50 países, tem uma área de aproximadamente 10,5 milhões de km2, ou seja, apenas 2 milhões de km2 maior que o Brasil.
Assim, o segundo menor continente (maior apenas que a Oceania) apresenta, em uma área relativamente pequena, paisagens naturais que vão de altas montanhas a extensas planícies, com grande diversidade de tipos climáticos e de formações vegetais.
Relevo
Para conhecer as paisagens naturais do continente europeu, inicialmente vamos identificar a localização de suas principais unidades de relevo, constituídas de planaltos, como os maciços de levo, formação antiga a oeste, de dobramentos modernos mais recentes, ao sul, e de extensas planícies, principalmente nas regiões central e leste.
O relevo europeu é formado por planaltos, cadeias de montanhas, planícies e depressões. Na Europa, no entanto, predominam baixas altitudes. Cerca de dois terços do relevo europeu é formado por planícies – altitude inferior a 200 metros –, característica que favorece o desenvolvimento de atividade agrícola mecanizada.
As terras baixas constituem a maior parte das unidades de relevo do continente europeu, onde se localizam as planícies formadas pelos vales dos rios Reno, Sena, Tejo, Pó, Danúbio, Volga, Elba, entre outros. Essas planícies e seus vales são, em geral, densamente povoados. As maiores são a planície Sarmática (ou planície Russa), a planície Germano-Polonesa e a planície da Hungria.
Os planaltos são encontrados no norte e distribuídos pela parte central do continente. São formas de relevo bastante desgastadas pela erosão, caracterizadas por baixas altitudes e formas arredondadas ou planas (mesetas).
Em contraste com a baixa altitude e as formas arredondadas dos maciços do norte, na porção centro-sul e leste do continente europeu estendem-se cadeias montanhosas de formação recente que abrigam grandes elevações.
Nas regiões com elevadas altitudes da Europa meridional, localizam-se os dobramentos modernos, geologicamente mais recentes, mais altos e instáveis. Os Alpes, situados no norte da península Itálica, no sul da França, na Áustria e na Suíça, formam as principais cadeias montanhosas da Europa. No entanto, o ponto mais alto do continente europeu é o monte Elbrus, na cordilheira do Cáucaso, na Rússia.
Destacam-se também as cadeias montanhosas dos Pirineus, entre França e Espanha; dos Cárpatos, em torno da planície da Hungria; e dos Bálcãs, entre os mares Adriático e Negro.
Na Europa setentrional, predominam os planaltos formados por maciços cristalinos, com idades geológicas mais antigas e, portanto, mais desgastados.
O continente europeu abrange ainda algumas depressões absolutas (áreas abaixo do nível médio do mar) que ocorrem junto ao mar Cáspio (entre a Europa e a Ásia) e nos Países Baixos – onde a técnica dos pôlderes permite que áreas antes cobertas pelo mar fossem estruturadas para a prática agrícola.
Os aspectos físicos da Europa são também caracterizados por um litoral muito recortado, com diversas penínsulas e ilhas, principalmente na Europa meridional.
Hidrografia
No que se refere à hidrografia da Europa, um aspecto que se destaca é o
extenso litoral do continente, bastante recortado, com abundância de golfos,
penínsulas, fiordes e outras formações. Esse aspecto natural da Europa facilita
a construção de portos e a utilização do transporte marítimo.
Os grandes rios da Europa
Os rios europeus não se destacam pela grande extensão, mas por sua im
portância como vias de transporte. A Europa apresenta cerca de 75 mil quilôme
tros de vias fluviais, dos quais 43 500 quilômetros são constituídos por canais.
Os dois principais centros dispersores de água da Europa são a cordilheira dos
Alpes (norte da Itália, sul da França, Suíça, Áustria e sul da Alemanha) e o planal
to de Valdai (Rússia). Os principais rios são o Danúbio, o Volga e o Reno.
Com 3 701 quilômetros de comprimento, o rio Volga é o mais extenso do con
tinente. Ele nasce no planalto de Valdai, corre pela planície Russa e desemboca
no mar Cáspio. É navegável em quase todo o seu curso, mas suas águas ficam
parcialmente congeladas durante parte do ano.
O rio Reno, que nasce nos Alpes e desemboca no oceano Atlântico, comunica-se com vários outros rios através de canais, conectando regiões industriais
importantes do continente ao oceano (veja a foto desta página). Isso tornou o
porto de Roterdã (Países Baixos), localizado em sua foz, um dos mais movimen
tados do mundo.
Entre outros rios de grande relevância na Europa, estão: Tejo, Douro, Minho e
Ebro (Espanha e Portugal); Sena, Loire e Ródano (França); Pó, Tibre e Arno (Itália); Vístula e Oder (Polônia); Elba (República Tcheca e Alemanha); Don (Rússia);
Dnieper (Rússia, Ucrânia e Belarus); e Tâmisa (Reino Unido).
Regiões lacustres
Além dos rios, a Europa apresenta numerosas regiões lacustres. Na parte
europeia da Rússia, destacam-se os lagos Ladoga (com 18 200 km2) – o maior da
Europa – e Onega, ambos de origem tectônica (surgiram de desdobramentos
ou falhas na estrutura geológica) e alimentados pelas águas provenientes do
derretimento de grandes geleiras que cobriam parte do continente durante a
última glaciação.
Na península Escandinava, localizam-se o Vanern e o Vattern, considerados
lagos residuais (restos de antigos mares). Na Finlândia, milhares de lagos de
menor porte, formados por processos resultantes da escavação de geleiras, co
brem aproximadamente 9% do território do país.
Também existem diversos lagos abastecidos pelas águas de rios provenien
tes da cordilheira dos Alpes ou do derretimento de geleiras que existem na re
gião. Entre eles estão o lago Genebra, entre a Suíça e a França; o lago Cons
tança, entre a Alemanha, a Áustria e a Suíça; e os lagos de Como e Garda, na
Itália; entre outros que contam com excelente infraestrutura hoteleira, atraindo
milhares de turistas.
Conservação dos recursos hídricos
A maior parte dos cursos dos rios da Europa encontra-se bastante modifica
da pela ação humana. Em um levantamento que abrangeu 36 países, cientistas
verificaram a existência de pelo menos 1,2 milhão de barragens e outras bar
reiras artificiais que impactam o livre fluxo de água dos rios do continente e os
ecossistemas locais.
Outros fatores que representam desafios à conservação ambiental dos
rios da Europa são a poluição, a perda de biodiversidade e o uso excessivo das
águas fluviais para a irrigação. No entanto, foram realizados, desde a segunda
metade do século XX, diversos avanços no sentido de criar áreas de conserva
ção, regulamentar obras que impactam os ecossistemas fluviais, promover o
uso sustentável das águas e a recuperação de rios poluídos, como ocorreu no
Tâmisa, em Londres.
O clima e a vegetação
O continente europeu, situado quase totalmente na Zona temperada do hemisfério norte, é caracteriza
do pelo predomínio do clima Temperado. Além da posição geográfica, diversos outros fatores influenciam
os climas do continente, com destaque para o relevo e a ação de correntes marinhas.
A disposição das formas do relevo influencia o deslocamento das massas de ar. A existência de monta
nhas na porção sul da Europa dificulta a penetração da massa tropical saariana no interior do continente.
Já na porção norte, penetram no continente europeu as massas de ar frio (Ártica oceânica e Ártica continental), que atingem as áreas de planície da porção central do continente, provocando baixas temperatu
ras durante o inverno.
O litoral recortado – que aproxima o mar de muitas áreas do continente – e a ação de correntes mari
nhas (frias ou quentes) também influenciam o clima em áreas litorâneas.
Destaca-se a influência da cor
rente quente do Golfo, que provém da Zona intertropical e aquece as áreas litorâneas de vários países
europeus, amenizando o rigor do inverno.
Em áreas onde essa corrente tem menor influência, as temperaturas tendem a ser consideravelmente
mais baixas no inverno. Em algumas áreas, parte dos oceanos Atlântico e Ártico congela-se durante o inverno, dificultando a navegação. A Rússia é um dos países mais afetados por esse problema e necessita utilizar
o mar Negro, além do estreito de Bósforo, do mar de Mármara e do estreito de Dardanelos (controlados
pela Turquia) para ter acesso ao mar Mediterrâneo e ao oceano Atlântico.
Tipos climáticos
O clima Temperado europeu apresenta dois tipos. O clima Temperado Oceâ
nico ocorre na parte ocidental do continente e recebe a influência da corrente
do Golfo. Esse tipo climático é úmido e caracterizado por verões e invernos me
nos rigorosos. Por causa da ação da maritimidade, a amplitude térmica é menor
que no interior do continente; e as chuvas, abundantes, distribuem-se de forma
regular pelos doze meses do ano, atingindo maiores volumes no inverno. Já o
clima Temperado Continental ocorre no interior do continente e sofre influên
cia da continentalidade.
Os verões são quentes e os invernos mais rigorosos.
Os tipos climáticos Temperado Oceânico e Continental estão associados
a diferentes formações vegetais: Floresta Temperada (bastante devastada);
Landa (composta de juncos, samambaias e árvores de menor porte); Turfeira
(em solos muito úmidos); e Estepe (recobre as planícies e os baixos planaltos,
onde é possível encontrar o solo tchernoziom).
Nas proximidades do mar Mediterrâneo, o clima predominante é o Mediterrâneo. Graças à influência das massas de ar oriundas do deserto do Saara
(África), esse tipo de clima proporciona verões quentes e secos, com chuvas
concentradas no inverno. As coberturas vegetais associadas a esse tipo climáti
co são o Maqui (vegetação densa e espessa de árvores e arbustos) e o Garrigue
(arbustos e vegetação rasteira).
Nas áreas de elevada altitude, como nos Alpes e no Cáucaso, há ocorrência
do clima Frio de Montanha, associado à Vegetação de Altitude.
O clima Polar
ocorre no extremo norte do continente e é marcado por temperaturas extre
mamente baixas. No mês mais quente, as temperaturas médias mensais são
um pouco superiores a 0 °C. As condições climáticas adversas proporcionam
apenas a ocorrência da vegetação de Tundra, composta, principalmente, de
musgos e líquens.
Em áreas próximas ao oceano Glacial Ártico e ao longo de grande parte da
porção leste do continente europeu, predomina o clima Frio, com temperaturas
próximas a 10 °C no verão e, no inverno, médias inferiores a 0 °C. O tipo de ve
getação associado a esse tipo climático é a Floresta Boreal, também chamada
de Taiga, caracterizada pelo predomínio de árvores coníferas, como o pinheiro
e o abeto, intensamente aproveitadas para a obtenção de madeira e celulose.