quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

China: política e desenvolvimento econômico

A China abriga a maior população do mundo. É um país predominantemente rural que se tornou uma das maiores economias mundiais da atualidade em apenas algumas décadas.
Vamos conhecer melhor como essas mudanças ocorreram nas últimas décadas e também as principais características do território chinês.

Revolução Chinesa


No início do século XX, a China era alvo dos interesses das grandes  potências imperialistas da época. Os Estados Unidos, o Japão e alguns países da Europa, como a França e o Reino Unido, desejavam dominar o território chinês em busca de recursos naturais para serem utilizados como matérias-primas em seus sistemas industriais em franca expansão e aumentar, assim, a influência deles no cenário econômico internacional.
Naquele período, a conjuntura interna da China era marcada por elevados índices de pobreza e pela grande concentração de renda entre as parcelas da população mais privilegiadas.
Em 1911, a dinastia Qing foi derrubada pelo movimento nacionalista chinês. Em seguida, grupos oposicionistas passaram a ser influenciados pelo contexto revolucionário da Revolução Russa (1917) e incorporaram os pensamentos e ideais comunistas, separando-se dos nacionalistas.
Em 1949, os comunistas chegaram ao poder e fundaram a República Popular da China. Liderado por Mao Tsé-Tung (1893-1976), o Partido Comunista Chinês deu início a uma revolução, marcada por uma série de reformas econômicas, sociais e políticas baseadas nos pilares comunistas, porém com características próprias chinesas. Uma das primeiras ações de Mao Tsé-Tung foi a realização da reforma agrária, por meio da distribuição de terras, as comunas populares.
Na década de 1950, o governo maoista passou a implementar os planos quinquenais, investindo em setores estratégicos e desenvolvendo economicamente o país. Em 1958, foi criado o plano estatal Grande Salto para a Frente, que, entre outras ações, permitiu a concentração de recursos nas indústrias, sobretudo nas de base, para torná-las um dos principais instrumentos de crescimento da economia chinesa.
A Era Mao também foi marcada pela Revolução Cultural (1966-1976), representada pela ampla difusão dos ideais comunistas com o intuito de eliminar os resquícios da China predominantemente rural e os movimentos a favor do capitalismo. Houve, naquele período, intensa perseguição e violência contra os opositores, especialmente artistas, professores e intelectuais contrários ao governo.


Políticas de desenvolvimento econômico no século XX


O desenvolvimento econômico da China foi aprofundado com a chegada ao poder de Deng Xiaoping (1904-1997), em 1978, após a morte de Mao Tsé-Tung. Ele iniciou um período de reformas sociais e econômicas destinadas a minimizar os efeitos da pobreza que assolava o país e aumentar a participação da China no cenário econômico internacional.
A renovação econômica foi uma das primeiras medidas adotadas por Deng Xiaoping. Por meio do plano denominado “quatro modernizações”, uma série de recursos financeiros foi destinada ao desenvolvimento dos grandes setores econômicos do país: agrícola, industrial, militar e tecnológico.
Um dos objetivos era aumentar o sistema produtivo, diversificando os parques industriais e abrindo sua economia ao mercado externo. Para isso, o governo passou a implantar as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) no território, concedendo diversos subsídios a fim de atrair as empresas estrangeiras para se instalarem no país. Muitas corporações internacionais passaram a fabricar seus produtos na China, pois, além dos benefícios concedidos pelo governo, encontravam também mão de obra barata e fontes de matéria-prima para a produção, que baixavam os custos das empresas estrangeiras.
Em contrapartida, estas transferiam o conhecimento e as tecnologias utilizadas na fabricação dos produtos para as empresas chinesas. Esse mecanismo colaborou para o desenvolvimento das empresas locais, permitiu a entrada de recursos financeiros externos e diminuiu a dependência econômica e tecnológica da China em relação ao mercado internacional.
A partir de 1990, a China passou a exportar produtos industriais de baixo valor no mercado e a importar produtos com elevado uso de tecnologia, aumentando sua participação no comércio internacional.
No setor agropecuário, o plano das quatro modernizações previa melhorar a produtividade no campo. As primeiras medidas foram o fim das comunas populares e a implantação de um novo sistema rural. Com essa mudança, o Estado chinês ainda preservava a posse da terra e a posição de principal comprador da produção agrícola, mas as famílias rurais passaram a ter mais liberdade quanto à gestão dos cultivos e à comercialização do excedente no mercado interno. As transformações estruturais no campo, associadas aos investimentos públicos em tecnologia e maquinário, contribuíram para um grande aumento da produção de alimentos. 
Esse panorama colaborou para a diminuição da fome e da pobreza nas áreas rurais e para o aumento da segurança alimentar no país.
As “quatro modernizações” previam também investimentos em ciência e tecnologia aplicados a setores estratégicos, como defesa e exploração de matérias-primas e recursos energéticos para abastecer os parques industriais e as áreas urbanas que cresciam no país. 
Além da implantação de infraestruturas de transportes e comunicação, aquele período foi marcado pela diversificação da matriz energética, destinando recursos para as atividades de exploração de carvão mineral e petróleo e para a construção de grandes usinas nucleares e hidrelétricas, como Três Gargantas, localizada no interior do país.

Território e recursos naturais


O território chinês ocupa 9 600 milhões de km2². A China é o terceiro país mais extenso do mundo, atrás da Rússia e do Canadá.
De acordo com dados de 2020, as maiores cidades da China são Xangai, centro financeiro do país, a capital Beijing, Xunquim e Tianjin. Todas têm, atualmente, mais de 13 milhões de habitantes e, do ponto de vista administrativo, estão no mesmo nível hierárquico das províncias.
A China também é constituída por duas Regiões Administrativas Especiais: Hong Kong e Macau.
Elas têm autonomia política e se diferem do restante da China por adotarem o sistema multipartidário – não baseado na existência de um único partido –, aplicarem leis próprias e estabelecerem relações comerciais particulares com outros países.
Apesar de a China ser rica em recursos naturais, sua exploração é insuficiente em razão da alta demanda provocada pelo setor industrial e pelo abastecimento das populosas cidades. Assim, o país é obrigado a importar recursos minerais e energéticos especialmente de países africanos e sul-americanos.

Setor primário


Além da exploração de recursos minerais, o setor primário da China é composto de agricultura, pecuária, pesca, entre outras atividades, cuja elevada produtividade é resultado dos enormes investimentos do governo em ciência, inovação e tecnologia. Atualmente, o país está entre os maiores produtores e consumidores agrícolas do mundo e tem o grande desafio de garantir a segurança alimentar de sua enorme população.
A maior parte da produção está concentrada nas porções norte e nordeste, com destaque para os grãos, como soja, milho e trigo, e a silvicultura.
Há uso de diferentes tecnologias e maquinários para elevar a produtividade. Nas áreas costeiras e nas planícies fluviais, ocorre a pesca. Os solos férteis dessas áreas colaboram para o estabelecimento de cultivos diversificados, especialmente de frutas e hortaliças, além do algodão, importante matéria-prima da indústria têxtil.
As pastagens e o cultivo de chá ocorrem predominantemente na região central, e o arroz e a cana-de-açúcar se concentram nas áreas mais quentes e úmidas do sudeste do país. Na região do Tibete há criação de ovinos.
Além de ser o maior consumidor de grãos, a China se destaca como importante produtor de carnes, especialmente suína. Destaca-se também o crescimento vertiginoso da produção e do consumo de ovos, laticínios e café no país.
Esse panorama diversificado revela que o governo tem interesse em suprir a demanda interna. Porém, a China ainda é obrigada a importar diversos produtos, como a soja e a carne bovina brasileiras.
O setor primário enfrenta desafios ligados ao meio ambiente, como a degradação do solo e da água. O uso excessivo dos recursos naturais, de agrotóxicos e de demais insumos químicos para o desenvolvimento das atividades agropecuárias é o principal fator de contaminação.

Indústria e tecnologia


Atualmente, a China se insere no cenário econômico como o maior produtor industrial do mundo, com participação na produção total de 31,2% em 2020. O país alcançou essa posição com as políticas de investimentos públicos, como os planos quinquenais, a partir da década de 1950, nos diferentes setores industriais, além do campo da tecnologia, ciência e inovação.
Seu parque industrial é bastante diversificado e se concentra nas regiões centrais e costeiras, de norte a sul do país. Além de estar presente nas áreas mais adensadas, próximo aos grandes centros consumidores, o setor industrial ocupa significativas parcelas do litoral a fim de facilitar o escoamento dos produtos manufaturados para outros países.
Atualmente, a produção industrial chinesa inclui bens da indústria de base, como petroquímicas; de produtos transformados de baixa tecnologia; de máquinas, roupas e calçados; de produtos alimentícios e bebidas; de equipamentos esportivos; de eletrodomésticos; de medicamentos; de automóveis e embarcações; e de dispositivos eletrônicos sofisticados.
Há algumas décadas, a China vem investindo grandes recursos nas instituições de ensino e pesquisa do país como um instrumento para manter os níveis elevados de crescimento econômico. 
Com essa política de inovação tecnológica e industrial, o país busca se inserir no grupo dos líderes mundiais da indústria 4.0 nas próximas décadas.
A existência de mão de obra numerosa, barata e disciplinada foi um dos fatores que contribuíram para a instalação de empresas estrangeiras nas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) e o consequente desenvolvimento industrial e tecnológico verificado no país nas últimas décadas.
Grande parte da mão de obra era proveniente das áreas rurais e possuía baixa qualificação profissional. O acelerado êxodo rural colaborou para o crescimento acentuado das grandes cidades, especialmente as localizadas na porção leste do país.
Desde a década de 1980, as condições de trabalho vêm sendo transformadas por meio de grandes investimentos em educação e em qualificação da mão de obra, de fortalecimento da legislação trabalhista e de aumento da produtividade e dos salários. No entanto, o país ainda não tem uma rede de proteção dos direitos dos trabalhadores, como a dos países da Europa, por exemplo.
A questão ambiental é outro desafio, já que o país é o maior emissor de CO2 do mundo. As grandes cidades chinesas, especialmente as localizadas próximo aos parques industriais, sofrem com elevados níveis de poluição, decorrentes do uso do carvão mineral. Os rejeitos industriais também são responsáveis pela contaminação das águas e dos solos, prejudicando a saúde da população que vive no entorno.

China: a grande potência da atualidade


Em 2021, a China lançou o módulo principal da sua própria estação espacial, revelando que não só emergiu como uma das maiores economias mundiais, mas também como uma importante potência no campo da tecnologia, ciência e inovação. A Estação Espacial Chinesa (CSS, sigla em inglês) é um dos planos ambiciosos do país e consiste em realizar pesquisas científicas explorando o Sistema Solar para, assim, desenvolver o setor aeroespacial.
A transformação das áreas urbanas em cidades inteligentes e sustentáveistambém tem sido um projeto colocado em prática nos últimos anos. 
Em 2020, Xangai foi reconhecida internacionalmente pela implantação de sistemas inteligentes que fornecem, por exemplo, informações sobre as condições da rede de transporte público aos órgãos responsáveis pela administração.
A China se tornou uma grande potência no atual sistema internacional também no campo político. Como estratégia para ampliar suas áreas de influência, o país vem estabelecendo relações diplomáticas com diversos outros por meio de seu poderio econômico-financeiro. 
Países da África, da América Latina, da Ásia e do Oriente Médio têm recebido recursos financeiros, empréstimos e investimentos diretos dos chineses para o desenvolvimento de projetos locais. Em troca, a China tem acesso às fontes de matérias-primas e aos mercados locais desses países, além de apoio nas questões internacionais.

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