1. Localização e algumas características
A Ásia é o continente de maior extensão territorial do mundo, com
44,9 milhões de quilômetros quadrados, ocupando quase 30% das terras emersas do planeta. Constitui com a Europa um único bloco continental, denominado Eurásia.
A Ásia está localizada na porção leste da Eurásia. A divisão entre a Europa e a Ásia não decorre somente de características naturais, mas, sobretudo, em razão dos aspectos culturais. As fronteiras entre os dois continentes determinam o limite entre o mundo ocidental e o oriental, e foram estabelecidas com base em estudos desenvolvidos na Grécia antiga que consideraram as características culturais dos povos que habitavam essa região, como religião, língua e costumes.
A divisão entre a Europa e a Ásia leva em conta aspectos histórico-culturais. A Rússia, por exemplo, apresenta parte de seu território no continente europeu e parte no continente asiático.
O continente está localizado no Hemisfério Oriental da Terra, a leste do
Meridiano de Greenwich, e é cortado pelo Círculo Polar Ártico ao norte, pelo
Trópico de Câncer ao centro e pela Linha do Equador ao sul.
A Ásia e a Europa formam um mesmo bloco
continental, a Eurásia, separado pelos Montes Urais, pelo Mar Cáspio,
pelo Mar Negro e pelo Mar Mediterrâneo. O continente asiático está
separado da África pelo Istmo de Suez, comunica-se com a Oceania
pelas ilhas da Indonésia e separa-se da América pelo Estreito de Bering.
O continente asiático apresenta 11 fusos horários e é banhado pelos oceanos Glacial Ártico, Índico e Pacífico. Há diversos mares e golfos no interior e na costa asiática. Entre eles destacam-se o mar Vermelho — que se comunica com o mar Mediterrâneo através do canal de Suez —, o mar Cáspio, o mar Negro, o mar da China e o do Japão.
O contorno irregular da Ásia forma penínsulas de grande importância: as penínsulas Arábica, do Decã, Malaia, Indochinesa, da Coreia, Kamtchatka e da Anatólia. No litoral do sudeste asiático, situam-se vários arquipélagos de origem vulcânica: o arquipélago da Indonésia (ilhas Java, de Bornéu, de Sumatra), o das Filipinas e o do Japão.
Esses arquipélagos fazem parte do Círculo de Fogo do Pacífico, zona de intensa atividade vulcânica e sujeita a abalos sísmicos frequentes. Outra região de importância estratégica é o estreito de Taiwan, também conhecido como estreito de Formosa. Situado entre a China e Taiwan, tem intensa navegação comercial e constitui uma zona de tensão entre os dois países. Outras zonas de tensão estão presentes no mar da China Oriental e no mar da China Meridional, envolvendo Japão, Indonésia, China, Malásia, Filipinas, Vietnã e Coreia do Sul.
O canal de Suez, no Egito, foi inaugurado em 1869. Trata-se de um canal artificial com 163 quilômetros que liga o mar Vermelho (cidade de Suez) ao mar Mediterrâneo (cidade portuária de Port-Said). Apesar das reformas realizadas posteriormente, a profundidade do canal não permite a passagem de grandes petroleiros.
No Oriente Médio existem dois golfos de intensa navegação comercial: o golfo Pérsico e o golfo de Omã. O limite entre eles é o estreito de Ormuz. Através de suas águas, a produção de petróleo é escoada para o resto do mundo. Por essa razão, a região do golfo Pérsico é alvo de constantes conflitos e constitui uma área estratégica mundial.
A Ásia é também o continente mais
populoso do mundo, com aproximadamente 4,6 bilhões de habitantes (dados de
2020 do Banco Mundial), o que corresponde a cerca de 59% da população mundial.
A Ásia é composta de mais de 45 países. Alguns deles, como Turquia e Rússia, são considerados transcontinentais, pois uma parte de seus territórios está localizada na Europa.
O continente abriga o maior país do mundo, a Rússia, com mais de 17 milhões de km2, e os países mais populosos são a China e a Índia, com mais de 1 bilhão de habitantes cada um.
2. Regionalização
Devido à sua grande diversidade natural e complexidade de grupos étnicos e culturas, a Ásia pode ser regionalizada, de acordo com a localização de
cada país, em seis regiões: Extremo Oriente, Sudeste Asiático, Ásia Meridional,
Oriente Médio, Ásia Central e Ásia Setentrional.
Extremo Oriente
Localizada no leste do continente, essa região é banhada pelo Oceano
Pacífico, abrangendo China, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Japão, Taiwan e
Mongólia. Destaca-se em razão da numerosa população absoluta da China
e de seu crescimento econômico nas últimas décadas. Conta ainda com a forte
economia do Japão, país integrante do G-7, mas sofre com as divergências
diplomáticas entre as duas Coreias (do Sul e do Norte), que tiveram origem na
Guerra Fria.
Sudeste Asiático
Formada por Singapura, Tailândia, Vietnã, Camboja, Malásia, Laos, Mianmar,
Filipinas, Brunei, Indonésia e Timor-Leste, essa região é dividida em duas par
tes: a continental ou peninsular (Península da Indochina) e a insular (ilhas).
Localizada em sua maior parte entre o Trópico de Câncer e a Linha do
Equador, com temperaturas médias elevadas durante o ano, é a região tropi
cal do continente, que apresenta as monções. Nela, destaca-se o país-cidade
Singapura, em razão de seu elevado padrão de vida. Nos demais países, predo
mina a população rural, com grandes problemas sociais.
Ásia Meridional
Índia, Paquistão e Bangladesh são alguns dos países dessa região,
conhecida também como subcontinente indiano e caracterizada por elevada
população absoluta e grande desigualdade social.
A Índia se destaca por sua grande população – em torno de 1,3 bilhão de
habitantes (dados de 2021 do Banco Mundial) – e seu setor industrial, em amplo
desenvolvimento. Ainda que apresente índices sociais preocupantes, vem
ganhando lugar de destaque na economia mundial como um país emergente
e promissor.
Oriente Médio
Com baixos índices de pluviosidade, as áreas
desérticas predominam nessa região, que é a mais seca
da Ásia e uma das mais ricas em petróleo do mundo.
Nela se encontram países como Arábia Saudita, Iraque,
Israel e Irã.
A etnia árabe e a religião islâmica predominam
na região, conhecida também pelos intensos conflitos
entre israelenses e palestinos.
Ásia Central
É formada por países localizados a leste do
Mar Cáspio, integrantes da antiga União Soviética:
Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão
e Tadjiquistão. São países com economia baseada na
agricultura e nos negócios relacionados ao petróleo
(extração ou rota de oleodutos).
Ásia Setentrional
Corresponde às terras localizadas na parte asiática da Rússia, região do
país conhecida como Sibéria. Nela predominam temperaturas baixas e clima
polar, com os invernos mais longos e rigorosos de todo o continente.
A região tem muitas reservas de petróleo e gás natural, e a agricultura desem
penha importante papel, facilitada pelo relevo plano e pelo solo tchernozion.
3. Formas do relevo
Entre as diferentes formações ao longo da vasta extensão territorial da
Ásia, destacam-se as cadeias montanhosas, no oeste e centro do continente;
as planícies, no norte e sul; e os planaltos, principalmente localizados na
área central.
Cadeias montanhosas
Há muitas montanhas no continente asiático, como o Cáucaso e os Mon
tes Urais, na divisa com o continente europeu, e o Himalaia, ao sul. Em grande
parte, as montanhas são parcialmente cobertas
de neve, que alimentam os rios asiáticos com o
degelo nas elevadas altitudes.
A maioria das montanhas do continente cor
responde a dobramentos modernos e formações
geologicamente recentes, resultantes do encontro
de placas tectônicas na Era Cenozoica, o mesmo
fenômeno que formou as cadeias montanhosas
do centro, sul e sudeste da Europa.
Boa parte do continente asiático se encontra
no que se convencionou chamar de Círculo de
Fogo do Pacífico, a região da superfície terrestre
mais instável geologicamente, condicionada aos
movimentos das placas tectônicas, com tremores
de terra constantes e inúmeros vulcões ativos.
Himalaia
Os picos mais elevados da Terra estão na Cordilheira do Himalaia, com des
taque para o Everest (na fronteira da China com o Nepal), com 8 848 metros, e o
Kanchenjunga (na fronteira do Nepal com a Índia), com 8 586 metros de altitude.
Esses picos são atração turística e recebem montanhistas de todo o mundo,
que se deslocam para a região a fim de escalá-los. Países como o Nepal e a
China, por exemplo, cobram pedágio de até 10 mil dólares da pessoa que deseja
chegar ao cume do Everest.
Para viabilizar o plantio em relevo montanhoso, a população da região
adota técnicas agrícolas como o terraceamento, que consiste na construção de
degraus no terreno inclinado para plantio.
O principal cultivo no terraceamento é o arroz, alimento básico da maioria
da população asiática.
Planícies
As planícies, que também marcam o relevo da Ásia, foram formadas por
processos de sedimentação relativamente recentes. Nelas se concentra a maior
parte da população asiática e são realizadas atividades econômicas em grande
escala, como a agropecuária.
No continente, antigas civilizações desenvolveram-se
em relevos de planície: a chinesa, na planície do leste do país;
a indiana, na Planície Indo-Gangética; e a mesopotâmica, na
planície dos rios Tigre e Eufrates.
As principais planícies da Ásia são:
• Planície da Sibéria, no norte da Rússia;
• Planície Indo-Gangética (vale dos rios Indo e Ganges),
na Índia e no Paquistão;
• Planície da Mesopotâmia, drenada pelos rios Tigre e
Eufrates, no Iraque;
• Planície Chinesa, drenada pelos rios Yang-tsé-kiang
(Azul) e Huang-he (Amarelo), na China;
• Planície do Rio Bramaputra, na Índia e em Bangladesh;
• Planície do Rio Mekong, no Vietnã, no Camboja e no
Laos.
Planaltos
Os planaltos da Ásia são divididos entre os de altitudes elevadas e os de
altitudes mais baixas.
Entre os mais elevados estão o Planalto do Tibete (ao norte da Cordilheira
do Himalaia) e o Planalto do Pamir (nas fronteiras do Tadjiquistão, Afeganistão
e China).
Esses planaltos são de formação geológica mais recente, pouco des
gastados pela erosão dos ventos e das chuvas.
Os de menor altitude, mais antigos e desgastados pela erosão, são o Planalto da Arábia (Arábia Saudita), o Planalto do Decã (Índia), o Planalto Siberiano
(Rússia), o Planalto da Anatólia (Turquia) e o Planalto do Irã (Irã).
O relevo e a atividade sísmica
Na Ásia são encontradas as mais elevadas montanhas e as depressões mais profundas da Terra. Entre Israel e Jordânia, na região do Oriente Médio, situa-se o mar Morto, cujas águas estão a 412 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. Na cordilheira do Himalaia localiza-se o ponto culminante do relevo terrestre, o monte Everest, com 8.848 metros de altitude, na fronteira entre o Nepal e a China. Essa cordilheira é uma cadeia montanhosa de formação recente na história geológica da Terra (começou a se formar há cerca de 70 milhões de anos, enquanto a história do planeta iniciou-se há cerca de 4,6 bilhões de anos). A cordilheira do Himalaia descreve um arco de 2.800 quilômetros de extensão, constituindo uma “muralha” entre a China e a porção meridional do continente. Muitos dos picos mais altos da Terra estão localizados no Himalaia, como o K2, o Nanda-Devi, o Kanchenjunga e outros, além do Everest. Dezenas de outros picos, mais de 70, ultrapassam a altitude de 7.300 metros.
Diversos países do continente asiático estão sujeitos à instabilidade geológica. As zonas de instabilidade estão concentradas no sul e no leste do continente, próximo às regiões montanhosas e no litoral. Essa instabilidade, responsável pela ocorrência de terremotos, vulcanismo e maremotos, deve-se à colisão das placas tectônicas no continente ou no oceano. Em dezembro de 2004, um abalo sísmico de magnitude 9,15 na escala Richter (o segundo maior da História), originado no fundo do oceano Índico, provocou um tsunami (onda gigante) que causou a morte de aproximadamente 250 mil pessoas e deixou cerca de 1,8 milhão de desabrigados, a maior parte deles na Índia e no Sri Lanka. O fenômeno ocorreu em razão do choque das placas indo-australiana e euro-asiática. Nesse choque entre as duas placas, uma delas é projetada para o alto e desloca a massa de água do oceano que está sobre ela, formando as ondas gigantescas.
Entre esses planaltos e as cadeias montanhosas, situam-se extensas planícies aluviais, formadas pela acumulação de sedimentos transportados pelos rios. A planície da Sibéria, na Rússia, entre os Montes Urais e o planalto Central Siberiano, é a mais extensa do continente (7 milhões de quilômetros quadrados). No norte da Índia, ao sul do Himalaia, localiza-se a planície Indo-Gangética, que é atravessada pelos rios Indo e Ganges e tem grande importância econômica. Essa planície originou-se da acumulação de sedimentos provenientes da erosão das montanhas, trabalho realizado pelas águas que vertem para os rios Indo, Ganges e Brahmaputra. Os deltas e os vales desses rios são muito importantes para a atividade agrícola, pois são muito férteis. No leste da Ásia, destacam-se a planície Chinesa e a da Manchúria. Em parte da planície Chinesa, aparece o solo loess, de grande fertilidade, o que permite desenvolver atividade agrícola em larga escala, onde são cultivados o trigo, a soja, o milho e a batata. Excetuando-se a planície da Sibéria, todas as demais do continente concentram bastante população em função da grande fertilidade dos solos. No sudeste da Ásia, localiza-se a planície da Indochina, que também apresenta grande importância econômica em razão da fertilidade de seus solos. Entre os rios Tigre e Eufrates, em território iraquiano, localiza-se a planície da Mesopotâmia, que constitui parte da região denominada Crescente Fértil, onde se desenvolve intensa atividade agrícola. Acredita-se que foi nessa região que pela primeira vez se estruturou a prática da agricultura, há aproximadamente 10 mil anos. Outra unidade de relevo presente no continente asiático são as depressões. Além da maior depressão absoluta do mundo, o mar Morto, várias outras estão espalhadas ao redor de outros mares e lagos asiáticos, como o mar Cáspio, ao norte do Irã, e o mar de Aral, entre o Usbequistão e o Casaquistão.
4. A hidrografia
Em geral, o território asiático é rico em recursos hídricos. Comparativamente aos demais continentes, a Ásia conta com o segundo maior volume
de água doce do planeta. Isso se explica, em parte, por sua grande extensão
territorial, pela presença de climas úmidos e pelo grande abastecimento de água
proveniente do derretimento de gelo das montanhas.
No entanto, é importante lembrar que todo o volume de água doce do continente precisa abastecer mais de 60% da população mundial, e a distribuição
do recurso não é uniforme. Existem áreas com grande escassez de água na Ásia,
como as extensas regiões desérticas do Oriente Médio (Deserto da Arábia e
Deserto do Irã) e da China (Deserto de Gobi). Em outros casos, como na Planície
da Sibéria, os rios congelam no inverno.
Um estudo desenvolvido pelo World
Resources Institute aponta que, entre os dez
países com as menores cotas de água por
habitante, oito estão na Ásia (Kuwait, Emira
dos Árabes, Catar, Arábia Saudita, Jordânia,
Barein, Iêmen e Israel).
Rios
Os rios do continente asiático têm suas vertentes nos oceanos Pacífico,
Índico e Glacial Ártico. Ao longo de seus vales, os rios possibilitaram a concen
tração de numerosas populações em suas proximidades.
Recursos hídricos
Apesar de haver rios e lagos de grande dimensão no continente, a escassez de água doce já é um problema para alguns países e deverá se ampliar no futuro. A Ásia abriga cerca de 60% da população mundial e apenas 36% dos recursos hídricos.
O crescimento industrial tem aumentado o consumo e, ao mesmo tempo, a poluição das águas. Além disso, a necessidade de ampliação de áreas irrigadas para agricultura e pecuária deverá comprometer outras fontes de abastecimento. O sul da Ásia concentra o maior despejo de água de esgoto não tratada do mundo. A cordilheira do Himalaia e o planalto do Tibete são os dois grandes dispersores de águas da Ásia. A maioria dos rios asiáticos nasce na parte central do continente.
Os rios asiáticos, de modo geral, têm regime misto: são alimentados pelas águas provenientes tanto do derretimento das neves (nival) como das chuvas (pluvial), especialmente as de verão no sul e sudeste asiáticos, onde ocorrem as monções de verão, proporcionando elevados índices pluviométricos. Como vimos, muitas áreas densamente povoadas do continente encontram- -se nos vales e nas desembocaduras dos rios de maior extensão, como o Ganges, o Indo, o Yang-tse (rio Azul), o Huang-Ho (rio Amarelo) e o Mekong.
O rio Ganges nasce no Himalaia e deságua no golfo de Bengala, onde forma o maior delta do mundo. Ele apresenta grande importância econômica, pois, na época das cheias, suas águas fertilizam as terras por onde passam. Além disso, é bastante conhecido pelo seu significado religioso. Os praticantes do hinduísmo, por exemplo, banham-se em suas águas em busca de purificação. O Ganges e seus afluentes formam uma bacia hidrográfica com aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados, a mais povoada do globo, com densidade demográfica de cerca de 400 hab./km2 .
O rio Indo nasce no planalto do Tibete e deságua no mar Arábico. Com a construção de uma rede de canais, as áreas secas atravessadas por seu curso médio foram transformadas em regiões agrícolas.
Dois importantes rios que banham a planície da China são o Yang-tse e o Huang-Ho. Este, com 5.200 quilômetros de extensão, atravessa áreas de solo loess e deságua no mar da China Oriental. O Yang-tse nasce no planalto do Tibete e também deságua no mar da China Oriental. Com 5.500 quilômetros, é o mais extenso rio asiático e nele foi construída a maior hidrelétrica do mundo: Três Gargantas. Na planície da Indochina, o principal rio é o Mekong, com 4.180 quilômetros de extensão. Ele nasce na China, na região do Tibete, corta a península de norte a sul e deságua no mar da China Meridional. Em suas margens cultiva-se principalmente arroz. No norte da Ásia, os rios mais importantes são os que atravessam a planície da Sibéria. Entre eles se destacam o Ienissei e o Ob. Esses rios, que têm as águas congeladas no inverno, causam grandes inundações na época do degelo.
Na parte ocidental da Ásia, correm os rios Tigre e Eufrates, que cortam a planície da Mesopotâmia, no Iraque. No continente asiático, observa-se também um grande número de lagos e mares interiores. Entre eles se destacam o mar Cáspio, entre o Irã, o Turcomenistão, o Casaquistão, a Rússia e o Azerbaijão; o mar de Aral, entre o Casaquistão e o Usbequistão; o lago Baikal, na Rússia; e o lago Balkash, no Casaquistão.
No fim da década de 1960, os técnicos da ex-URSS decidiram utilizar as águas dos rios Sirdaria e Amudaria e do mar de Aral para irrigar as plantações de algodão, vegetais oleaginosos, frutas e outras culturas, nas áreas secas do Casaquistão e do Usbequistão.
O desastre ambiental decorrente desse projeto foi alarmante e amplamente divulgado nos anos 1990, depois do fim da URSS. Em 2001, com ajuda financeira do Banco Mundial, foi implantado um programa de recuperação do mar de Aral (em sua porção norte) que vem apresentando resultados positivos.
Agora, conheça as características dos
principais rios do continente.
• Rios Tigre e Eufrates: banham a Planície
da Mesopotâmia e deságuam no Golfo
Pérsico. Propiciam a fertilidade do solo
em uma região em que predomina o
clima desértico, característica que tor
nou a ocupa ção da região de confluência
desses rios local de estabelecimento de
povos e civilizações desde a Antiguidade.
O controle das águas desses rios é uma
questão conflituosa entre a Síria, a Turquia
e o Iraque.
• Rios Indo e Ganges: o Indo drena a Índia
e o Paquistão; já o Ganges drena a Índia e
Bangladesh. No vale desses rios está uma
das maiores concentrações populacionais
do mundo. De acordo com a religião que
predomina na Índia – o hinduísmo –, lavar--se no Ganges é um ato sagrado; por isso,
mais de 1 milhão de pessoas se banham
nesse rio diariamente. O Ganges também
é de grande importância econômica para
os indianos: além da margem fértil para a
agricultura, suas águas são usadas para
consumo, irrigação agrícola e como via de
transporte. Tanto o Indo quanto o Ganges
são extremamente poluídos, e o governo
tem investido altos recursos para torná-los mais limpos.
• Rio Mekong: atravessa Vietnã, Camboja
e Laos. Em suas margens é cultivado
principalmente o arroz, produto de
grande consumo nesses países. As capi
tais Vientiane (Laos) e Phnom Penh
(Camboja) se situam nas margens desse
importante rio, cuja foz, no Vietnã, desá
gua no Oceano Pacífico.
• Rio Bramaputra: nasce no Himalaia,
banha o sul do continente, atravessa
Índia e Bangladesh e deságua no Rio
Ganges (a confluência dos dois rios
forma um grande delta na Baía de
Bengala). Suas margens têm elevada
concentração populacional, um dos
fatores que implicam maior exposição
dos solos aos processos erosivos. A
região do delta é sujeita tanto a cons
tantes inundações, causadas pelo
transbordamento dos rios, quanto a
ciclones nas áreas da costa.
• Rios Yang-tsé-kiang (Azul) e Huang-he
(Amarelo): localizados na China, seus
vales têm grande produção agrícola
e áreas muito populosas. A Usina
Hidrelétrica de Três Gargantas, no Rio
Yang-tsé-kiang, a maior do mundo, foi
construída para gerar energia para a
numerosa população chinesa e para
o setor industrial do país. A obra pro
vocou impactos ambientais e sociais
enormes. A barragem dessa usina
inundou 13 cidades, 4 500 aldeias e
162 sítios arqueológicos, e obrigou o
deslocamento de mais de 1 milhão de
pessoas.
• Rio Jordão: em algumas regiões da
Ásia existem sérios conflitos armados
em razão da disputa pela posse e con
trole da água, como na Bacia do Rio
Jordão – entre Israel, Síria e Jordânia –
e na Bacia do Rio Eufrates – que atra
vessa Turquia, Síria e Iraque. No caso
do Rio Jordão – cujos lençóis freáticos
estão na Cisjordânia –, israelenses e
palestinos lideram as disputas. Atual
mente, os poços são controlados por
militares israelenses. Por sua vez, eles
também se confrontam com a Síria
e a Jordânia pelo controle do vale do
rio, que é a principal fonte de água da
região. A situação do rio é bastante
comprometida, especialmente devido
à poluição e a seu uso para mineração
e irrigação. Apenas um terço do volume
original dele chega ao Mar Morto.
Mares e lagos
Na fronteira da Ásia com a Europa está
localizado o maior lago do mundo, o Mar
Cáspio, com 371 mil km². Do leito do Mar Cáspio é extraída grande quantidade de petróleo
e gás natural pelos países banhados por ele, o
que dá à região uma importância estratégica
mundial.
O Mar Morto, situado entre a Jordânia e Israel, é o ponto mais baixo do
relevo terrestre e destaca-se pelo mais alto índice de salinidade. Seu volume
vem diminuindo drasticamente desde o século XX.
Na região da Ásia Central, o Mar de Aral, localizado na fronteira entre o
Cazaquistão e o Uzbequistão, está em processo acelerado de desaparecimento.
Esse mar, que já foi o quarto maior lago do mundo em superfície e volume de
água, encontra-se hoje intensamente poluído e reduzido a 10% de seu tama
nho original.
O Mar de Aral era alimentado pelas águas dos rios Amu Daria e Sir Daria.
No entanto, a partir da década de 1980, o governo da antiga União Soviética
passou a retirar água em grande quantidade desses rios para irrigar o cultivo de
algodão na região. Com menor quantidade de água para alimentá-lo, o Mar de
Aral foi, aos poucos, secando.
Além do desastre ambiental, a indústria pesqueira que sustentava a eco
nomia local foi prejudicada, pois o pouco de água que sobrou no mar recebeu
grande quantidade de pesticidas e elevada concentração de sal. Como con
sequência do declínio do nível de água do Mar de Aral, a poluição também
contaminou os lençóis de águas subterrâneas.
Atualmente, o governo do Uzbequistão, em parceria com a comunidade
internacional, tenta reverter a situação. No entanto, a exploração de petróleo em
seu leito seco já teve início, o que parece impedir grandes avanços na tentativa
de recuperar o mar.
O desaparecimento do Mar de Aral é considerado um dos maiores desas
tres ambientais da história da humanidade.
5. O clima e a vegetação
A Ásia tem grande variedade climática e de formações vegetais.
O clima muito diversificado se deve principalmente ao fato de o continente
ter grande extensão latitudinal, com significativa quantidade de terras localizadas nas zonas climáticas tropical, temperada e glacial. Fatores como relevo,
altitude e atuação dos ventos e correntes marítimas também são determinantes
na variação climática do continente. Essas características influenciam a formação e o desenvolvimento de diversos tipos de vegetação.
A Ásia é um continente de grandes contrastes climáticos. Nela estão localizadas tanto áreas bastante chuvosas quanto desérticas ou regiões de clima polar e regiões de clima tropical.
Para compreender os vários tipos de clima do continente, devem-se considerar os seguintes fatores:
• latitude, uma vez que as terras asiáticas estendem-se desde a linha do equador (baixa latitude) até a região polar Ártica (alta latitude);
• grande extensão territorial, que permite a atuação dominante de massas de ar continentais (secas) em seu interior e proporciona a maior influência da continentalidade, tornando os invernos mais rigorosos no interior da Ásia;
• altitude, pois é o continente que apresenta as altitudes médias mais elevadas (sem considerarmos a Antártida);
• formas de relevo, cujas montanhas muitas vezes formam barreiras que impedem a passagem das massas de ar úmido;
• ventos monçônicos na porção meridional do continente, que sopram ora do continente para o oceano (secos), ora do oceano para o continente (úmidos). De acordo com a influência desses fatores, a Ásia apresenta diversos tipos climáticos. Próximo ao oceano Glacial Ártico (altas latitudes) e nos planaltos e nas montanhas (altitudes elevadas) predomina o clima Frio.
No norte da Ásia, o clima Frio, subdividido em frio ártico (polar) e frio continental, apresenta temperaturas acima de 10 °C apenas durante cerca de quatro meses do ano. Nos outros meses, as temperaturas são bem inferiores. A cidade de Verkhoianski, na Sibéria, por exemplo, registrou as temperaturas mais frias do globo, próximas dos 70 graus abaixo de zero. As vegetações correspondentes a esse tipo de clima são a Tundra (frio ártico) e a Floresta de Taiga ou de Coníferas (frio continental), cuja espécie predominante é o pinheiro, que se desenvolve até mesmo nos solos mais secos.
Na Mongólia, na China e no Oriente Médio, existem extensas áreas de clima Desértico. Os desertos do Oriente Médio são quentes, como ocorre nos desertos da Arábia e do Irã. Os desertos da parte central são frios. É o caso do deserto de Gobi, na Mongólia e na China, e do Takla Makan, na China. Em razão da aridez desse clima, nessas porções ocorrem as vegetações de estepes e desértica. Nos desertos, em terrenos onde há alguma umidade em virtude da pequena profundidade de um lençol de água, formam-se os oásis, com diversas espécies vegetais, entre as quais se sobressai a tamareira. No sul e no sudeste da Ásia, ocorre o clima de Monções, que é influenciado pelos ventos monçônicos. A principal característica do clima de Monções (Tropical) é a variação das precipitações pluviométricas, marcando duas estações, uma seca (inverno) e outra chuvosa (verão), considerando a dinâmica das estações no hemisfério norte.
No verão, os ventos monçônicos sopram do oceano para o continente, carregando grande umidade, o que ocasiona chuvas prolongadas, indispensáveis para a irrigação da cultura do arroz e de outros produtos. Nesse período, ocorrem fortes enchentes nas planícies litorâneas do Índico e em parte do Pacífico. No inverno, os ventos monçônicos sopram do continente para o oceano. Nesse período, as temperaturas no interior do continente são mais baixas do que as do oceano, o que provoca correntes de ventos continentais secos e frios. O clima Equatorial aparece em quase todas as ilhas que compõem a Indonésia, no extremo sudeste do continente. Em razão da umidade e das altas temperaturas, a vegetação, em alguns trechos das regiões abrangidas pelos climas de monções e equatorial, é formada pelas Florestas Tropical e Equatorial.
Clima e formações
vegetais
No norte da Rússia (porção norte
da Sibéria e do Extremo Oriente), em
regiões localizadas na área do Círculo
Polar Ártico, ocorre o clima polar. Com
baixas temperaturas durante o ano todo,
o solo é predominantemente congelado.
Quando a camada de gelo derrete nos
dias de verão, forma-se a tundra, vege
tação rasteira, composta basicamente de
musgos e liquens.
Em grande parte do norte da Ásia, ao sul da região ártica, predomina o clima
frio. Nessa região se desenvolve a taiga, floresta composta de árvores de grande
porte, com ramos curtos e folhas pequenas, cuja principal espécie é o pinheiro.
Nas áreas de clima temperado e subtropical, encontram-se as
florestas temperadas, dominadas por bétulas, álamos e carvalhos.
Essa formação vegetal, composta de árvores de grande porte que
perdem as folhas durante o outono e o inverno (decíduas), ocorre
principalmente no Japão e litoral leste da China. Nas áreas continen
tais centrais, onde o clima semiárido também está presente, há as
estepes, com vegetação rasteira.
Na China e no Oriente Médio existem extensas áreas de clima
desértico. Na China, a aridez da porção oeste do território deve-se
à presença da cadeia do Himalaia, a qual funciona como uma bar
reira natural que impede a entrada de ventos e massas de ar úmido
provenientes do Oceano Índico. O Deserto de Gobi (sul da Mongólia
e norte da China) e o Deserto de Takla Makan (China) são caracteri
zados pela vegetação conhecida como deserto frio.
Já no Oriente Médio, os desertos são prolongamentos do Deserto
do Saara (África). A vegetação dos desertos da Arábia e do Irã é
conhecida como deserto quente, dominada por espécies rasteiras
e xerófitas.
Nas áreas caracterizadas pela grande altitude, como o norte da
Índia e o sul da China, ocorrem o clima frio de montanha e a vege
tação montanhosa.
No extremo oeste, na região próxima aos mares Negro e Medi
terrâneo, ocorrem o clima mediterrâneo e a vegetação mediterrânea.
Nas áreas de clima tropical e equatorial, no sudeste e sul do continente, for
mam-se as florestas tropicais. Densas, heterogêneas e latifoliadas, essas flores
tas se estendem do sul da Índia até os arquipélagos das Filipinas e da Indonésia.
No sul e sudeste da Ásia, o clima tropical é influenciado pelos ventos de
monções, cuja principal característica é a mudança de sentido ao longo do ano,
influenciando a umidade da região.
No inverno, os ventos partem do continente (alta pressão) em direção ao
Oceano Índico (baixa pressão). Nesse período, os ventos continentais são frios
e secos, o que provoca índices pluviométricos menores no continente.
No verão, os ventos partem do Oceano Índico (alta pressão) carregados de
umidade, seguindo em direção ao sul e sudeste da Ásia (baixa pressão). Isso
causa grandes quantidades de chuvas prolongadas no continente, provocando
muitas enchentes. O vento de monções é fundamental para o desempenho agrí
cola na Índia, que depende da alternância da estação chuvosa; no entanto, as
chuvas torrenciais podem afetar drasticamente o cultivo de arroz, realizado nas
grandes planícies dos rios da região.
6. Problemas ambientais
O crescimento econômico da Ásia — em especial da China, da Índia e de alguns países do Sudeste Asiático — tem colocado o continente no centro do debate ambiental internacional. O recente desenvolvimento econômico exigiu maior consumo de energia, maior queima de combustíveis fósseis para a produção industrial, e elevação do consumo de água, sobretudo para irrigação de lavouras. No mesmo compasso, milhões de pessoas passaram a se alimentar melhor e ingressaram na sociedade de consumo com a elevação do padrão de vida. Isso foi acompanhado por uma intensificação da ocupação e do uso da terra e, em particular, do solo em diferentes regiões do continente asiático, com diversas consequências ambientais, como contaminação de cursos d’água e do solo por agrotóxicos, compactação do solo pela utilização de máquinas agrícolas, redução da cobertura vegetal e poluição marinha e do ar.
A poluição não está associada somente ao crescimento econômico. Diversas localidades degradadas do continente são produto da pobreza, da ausência de investimento em saneamento básico e da intensa utilização de lenha como combustível doméstico, por exemplo. Atualmente, entre as cidades mais poluídas no mundo, cerca de metade está no continente asiático.
Países como China e Indonésia estão entre os de maior biodiversidade no
mundo. São chamados megadiversos, devido ao grande número de espécies
de plantas e animais endêmicos. No entanto, ao longo das últimas décadas, o
desmatamento tem modificado a paisagem natural asiática. Como em outros
continentes, a vegetação original tem sido retirada para dar lugar à criação de
animais e ao cultivo.
O aumento populacional acelerado no continente a partir
da segunda metade do século XX não deixa de ser um fator determinante na
ocupação das áreas de vegetação nativa, com a expansão urbana.
As florestas tropicais foram bastante devastadas pela ação antrópica. Com
a grande demanda de madeiras nobres pelos países desenvolvidos, as florestas
da Malásia e da Indonésia estão próximas da exaustão. No caso desta última,
matas são retiradas para o cultivo da palmeira de dendê. O biodiesel gerado
abastece grandes economias da Europa, como a Alemanha.
No norte do continente, a taiga também vem sendo agredida pela ação
humana. Muitas árvores são extraídas para alimentar principalmente as indús
trias de papel e celulose.
Além da devastação de vegetação nativa, o continente asiático sofre outras
formas de degradação ambiental, como a poluição do ar e a deterioração dos
rios e mares.
A construção da Usina Hidrelétrica de Três Gargantas também causou
grande impacto ambiental, pois uma vasta área florestal da China foi inundada.
Na região do Oriente Médio, por exemplo,
ocorrem impactos ambientais, sobretudo no
Golfo Pérsico, em função de frequentes derrama
mentos de petróleo. No que se refere à poluição
ambiental, a China é em grande parte respon
sável pela liberação de enorme quantidade de
poluentes na atmosfera, consequência de seu
acelerado crescimento industrial e econômico.
Na Índia também há grande poluição ambiental –
segundo dados de 2014 da Organização Mun
dial da Saúde (OMS), 13 das 20 cidades mais
poluídas do mundo são indianas.
Além disso, as condições de pobreza de
muitos países asiáticos geram impacto ambien
tal, pois a ausência de saneamento básico pro
duz esgoto a céu aberto e acúmulo de lixo em
rios, lagos e orlas marítimas.
A população asiática também teme pelos tes
tes nucleares realizados pela Coreia do Norte, que
contaminam o solo e o mar com radioatividade,
ação realizada por outros países do continente no
passado, como Índia, China, Paquistão e Rússia.