Rússia: potência geopolítica
A Federação Russa, nome oficial da Rússia, é formada por 21 repúblicas, uma região autônoma, 49 regiões administrativas, seis províncias, dez distritos autônomos e duas cidades com status administrativo especial — Moscou e São Petersburgo. A Rússia detém um dos maiores arsenais nucleares mundiais. Dispõe de uma enorme área territorial, que concentra grande quantidade de recursos minerais, inclusive energéticos, como petróleo e gás natural, detendo cerca de 6% das reservas petrolíferas mundiais e aproximadamente 30% das reservas de gás natural do mundo. A exploração e a comercialização são monopólio da Gazprom, empresa estatal russa. Seu importante peso geopolítico e histórico é reforçado pela expansão econômica, verificada a partir do início do século XXI, que tem como um dos fatores fundamentais as enormes receitas obtidas com as exportações de petróleo e gás natural. Essa expansão econômica, associada a questões demográficas do país (como a reduzida taxa de natalidade), conforme discutido na seção Para começar, é um dos fatores responsáveis pelo crescente aumento da demanda de mão de obra. Diversas potências europeias dependem do petróleo e do gás natural russos. Aproximadamente 40% do gás consumido na Europa é proveniente do território russo. Outros fornecedores de petróleo e, sobretudo, de gás natural para a Europa são o Azerbaijão, o Casaquistão, o Usbequistão e o Turcomenistão, que estão na esfera de influência política e econômica da Rússia. Os gasodutos que escoam o gás natural desses países para a Europa percorrem longos trechos em território russo.
A desintegração da União Soviética e a transição para uma economia de mercado
levaram a Rússia a mergulhar em uma crise financeira que se estendeu por praticamente toda a década de 1990.
A recessão que abateu esse país ao longo dos anos 1990 desvalorizou intensa
mente sua moeda, o rublo, em relação ao dólar, contribuindo para o grande endi
vidamento do país no mercado mundial.
Em 1998, a crise atingiu seu ponto máximo, quando o país decretou estado de
moratória, ou seja, o não pagamento de suas dívidas. Essa medida atingiu dire
tamente o mercado financeiro internacional, culminando em quedas bruscas nas
bolsas de valores em todo o mundo.
Com a crise, houve uma
diminuição expressiva das
importações russas, o que
acabou impulsionando o de
senvolvimento da produção
industrial interna. Assim, o
crescimento das atividades
industriais associado ao alto
valor adquirido pelo gás na
tural e o petróleo russo no
mercado internacional con
seguiu reverter a situação
crítica pela qual a economia
do país passava com o fim
da União Soviética.
A fim de contribuir para a recuperação da economia da Rússia, o Fundo Mone
tário Internacional (FMI), assim como outras instituições financeiras, destinou, no
primeiro semestre de 1998, cerca de 11 bilhões de dólares para esse país.
No entanto, a recuperação da economia russa iniciou-se, efetivamente, quando o
país passou a estabelecer medidas embasadas na economia de mercado, no começo
do século XXI. A Rússia
passou a firmar acordos
comerciais principalmente
com os países capitalistas
desenvolvidos.
Entre as medidas adotadas, destacam-se a intensificação da exploração de petróleo e de gás natural, setor energético considerado de grande peso na economia mun
dial. Ao mesmo tempo, houve incentivo ao desenvolvimento das indústrias inter
nas, sobretudo as de base, as de bens intermediários e as do ramo alimentício.
No começo do século XXI, a Rússia voltou a despontar no cenário econômico
e geopolítico mundial. No campo econômico, o país está atraindo grande número
de investidores estrangeiros, sobretudo de países mais desenvolvidos economi
camente, interessados nesse novo e imenso mercado consumidor. A Federação
Russa se destaca, então, como uma das estrelas do Brics, sigla que se refere ao
grupo dos principais países de economia emergente do planeta, formada pelas
iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – em inglês, South Africa.
Atualmente, o ritmo de crescimento econômico do país vem diminuindo consideravelmente, principalmente pelo aumento das taxas de juros e pelas sanções
impostas por países ricos em consequência das ações tomadas pelo governo
russo por causa das invasões da Ucrânia em 2014 e, mais recentemente, em 2022.
Ucrânia e Rússia
A dependência que a Ucrânia tem em relação ao gás natural russo, além do arsenal nuclear russo, é utilizada como “arma geopolítica”, ou seja, o governo da Rússia pressiona o governo ucraniano a não ingressar na Otan e não pleitear o ingresso na União Europeia. A Rússia tem estimulado o separatismo em regiões do leste e do sul da Ucrânia, inclusive como forma de desestabilizar o governo ucraniano pró-ocidental. Além disso, em março de 2014, anexou a Crimeia, uma península que pertencia à Ucrânia. Num referendo, a população da região apoiou a decisão. Países como os Estados Unidos não concordam com essa anexação. Os problemas da transição e a integração da Rússia A transição da economia planejada (socialista) para a economia de mercado (capitalista) proporcionou uma série de mudanças na Rússia, como a gradual liberação de preços de mercadorias e serviços, a privatização das empresas estatais e a abertura para o capital estrangeiro, fundamentais para a reconstrução da economia dos novos Estados nos padrões do sistema capitalista. O crescimento econômico, nos anos de intensas transformações nas estruturas políticas, sociais e econômicas do país, rumo ao capitalismo, foi muito baixo — entre 1992 e 2002, a média anual de crescimento do PIB foi negativa (–0,9%). Tal situação, associada à concentração de riquezas nas mãos de poucas pessoas, contribuiu para piorar as condições de vida da maior parte da população .
O processo de privatização foi muito atraente para o capital estrangeiro, pois o preço das ações das antigas empresas estatais estava bem abaixo do valor real. No entanto, esses investimentos limitaram-se a setores considerados rentáveis, como os de petróleo e gás, eletrônicos, telecomunicações, lazer e hotelaria, equipamentos de transportes e alguns outros, não se difundindo pela economia como um todo. A maioria das empresas não tinha competitividade para funcionar em uma economia de mercado. No setor agropecuário, em 1992, a Rússia iniciou a instauração da propriedade privada para extinguir as fazendas coletivas. Em junho de 2002, foi aprovado um projeto de lei que criou um sistema de comercialização de terras, acabando com a proibição que vigorava desde a Revolução de 1917. Essa comercialização, no entanto, ficou restrita apenas aos russos, vetada aos estrangeiros. A transição para o capitalismo transformou a Rússia em uma nova fronteira para a expansão do capital financeiro e em um mercado emergente, com toda a dependência de capitais externos provocada por essa situação. O país é bastante dependente das exportações de alguns metais, de madeira e, sobretudo, de petróleo e de gás natural. Cerca de 80% das exportações russas referem-se a esses quatro itens. Dessa forma, como os preços do petróleo e do gás natural subiram significativamente em boa parte dos anos da primeira década do século XXI, a economia russa apresentou expressiva recuperação. Alguns analistas alertam sobre o perigo em ter uma economia muito dependente em relação ao petróleo, ao gás natural e a outros recursos minerais, considerando o risco da oscilação de seus preços (que caíram no decorrer de 2014, em razão da expansão da produção do óleo de xisto nos Estados Unidos) e o esgotamento futuro das reservas. Além disso, destacam a necessidade de modernização do parque industrial e de investimentos em tecnologias de ponta, não apenas em armamentos de indústrias aeroespaciais, mas também nos setores de informática, telecomunicações, químico, entre outros.
A sociedade russa também passou por grande transformação com o aumento das desigualdades econômicas. Houve bastante acumulação de riqueza por uma pequena elite, composta de líderes do antigo Estado soviético e de novos empreendedores (empresários capitalistas), particularmente os que atuam nos setores petrolífero e da construção civil.
A Comunidade dos Estados Independentes (CEI)
A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) foi criada em 1991, com a paticipação de 15 países. Esse bloco político e econômico foi criado com o objetivo de
manter a cooperação entre as ex-repúblicas socialistas soviéticas, de modo a co
laborar para que a transição da economia planificada para a economia de mercado ocorresse sem maiores problemas.
Vários países deixaram de fazer parte dela desde então, sendo o caso mais expressivo o da Ucrânia, que declarou sua intenção de deixar a CEI em 2014 e concretizou essa saída em 2018. Atualmente o bloco conta com 10 países-membros.
Apesar de sua importância histórica, a CEI apresenta um nível de integração
consideravelmente menor do que a União Europeia e outros blocos econômicos.
Diversos motivos explicam essa realidade, entre eles a disparidade econômica
entre os países-membros.
A estrutura da CEI tem se revelado frágil, o que pode ser comprovado pela análise de seus problemas econômicos e sociais, dos conflitos nacionalistas e das disputas étnicas, além do receio causado pela supremacia russa. A questão dos nacionalismos (disputas étnicas) tem causado violentos combates no interior das ex-repúblicas. A migração forçada promovida por Stalin nas décadas de 1930 e 1940, que levou as repúblicas a receber pessoas de diversas nacionalidades, especialmente russos, é em parte a causa desses problemas étnicos. Conforme você viu na seção Para começar, as rivalidades étnicas nos países da CEI constituem um grande foco de instabilidade política e social, sobretudo na Rússia, que conta com dezenas de grupos étnicos em seu território.
Além desses fatores, há outros sérios empecilhos à concretização da cooperação entre os países:
• o baixo nível de desenvolvimento econômico e social, principalmente nos países da Ásia Central (sobretudo no Quirguistão, no Usbequistão e no Tajiquistão). Nessa região, apenas o Casaquistão se sobressai em termos econômicos, em boa parte graças à produção e à exportação de petróleo (do qual tem enormes reservase de gás natural e à existência de um parque industrial relativamente diversificado — era a região mais industrializada da Ásia Central no período soviético. O Turcomenistão também apresenta riquezas naturais, principalmente gás natural e petróleo — é a quinta maior reserva de gás do mundo. De modo geral, esses países são bastante dependentes da exportação de produtos primários. Vale ressaltar também que a situação socioeconômica do Tajiquistão é particularmente grave, pois se trata de um dos países mais pobres do mundo;
• o número reduzido de regimes democráticos de governo, particularmente na Ásia Central;
• as fortes disparidades entre o nível de desenvolvimento econômico e o volume de comércio exterior de cada um desses países. As exportações da Rússia representam mais que o dobro das de todos os outros membros e incluem grandes quantidades de bens industrializados, enquanto na maior parte dos outros países as exportações restringem-se praticamente a matérias-primas agrícolas ou minerais;
• a preocupação da Rússia em conter o avanço do fundamentalismo islâmico na região da Ásia Central — onde a religião muçulmana é a mais praticada — e a aproximação político-militar e econômica dos países dessa região em relação a Estados-nação muçulmanos vizinhos, onde os grupos fundamentalistas têm forte presença, como no Irã, no Paquistão e no Afeganistão.
De modo geral, as economias das antigas repúblicas soviéticas possuem grande
dependência das estruturas produtivas e do mercado consumidor da Rússia, que
além de possuir o maior território e a maior população entre os países do bloco,
responde por mais de 81% de sua produção econômica. Desse modo, uma crise
econômica ou política na Rússia acaba se refletindo em todos os países do bloco.
Além de questões econômicas e
sociais, a ocorrência de conflitos,
tanto entre os países da CEI como
dentro de seus territórios, configura
um entrave à integração da CEI e
uma boa relação entre seus países--membros. Nesse contexto, vem se
destacando a questão do nacionalis
mo e do expansionismo da Rússia,
que, como estudaremos mais adian
te, tem atuado de forma agressiva
para anexar os países que faziam
parte da antiga União Soviética à
sua área de influência.
A interferência russa nos países
que representam os membros ori
ginais da CEI aumentou com a ade
são de alguns desses países à União
Europeia no século XXI, assim como
o ressurgimento de movimentos
separatistas no interior de várias
repúblicas. Desde 1991, buscando
assegurar sua área de influência e
hegemonia na região, a Rússia se
envolveu em conflitos com a Geórgia
e a Ucrânia, que foram membros
fundadores da CEI.
A Ucrânia representa importante papel estratégico em virtude da sua expres
siva produção econômica, no contexto da CEI, e também pelo fato de que oleodu
tos e gasodutos, meios pelos quais a Rússia abastece a Europa com combustí
veis fósseis, passarem pelo território desse país. Esses fatores estão entre as
razões que explicam a invasão russa à Ucrânia, em 2022.
A grande extensão territorial da Rússia
O espaço geográfico ocupado pela Rússia é de aproximadamente 17 milhões de km2 , que corresponde a mais de 10% das terras emersas do planeta. É o país mais extenso do mundo, cortado por 11 fusos horários. A maior parte desse imenso território localiza-se ao norte do paralelo de 45º N, o que lhe proporciona um clima bastante rigoroso, com médias térmicas sempre abaixo de 0 ºC no inverno. Cerca de um terço do espaço geográfico da Rússia faz parte do continente europeu; o restante estende-se pela Ásia. A linha divisória entre os dois continentes é representada pelos Montes Urais, que contêm importantes jazidas minerais, principalmente de petróleo. Há 21 repúblicas autônomas, com governo próprio, indicado pelo poder central russo, onde convivem a língua russa (oficial) e os idiomas locais.
Do norte ao sul da Rússia é encontrada uma variedade de coberturas vegetais. Na região ártica, no extremo norte, no verão floresce a Tundra, cobertura vegetal descontínua e rasteira, representada por algumas gramíneas e liquens. Ainda na região ártica, a Tundra vai sendo gradualmente substituída por árvores de grande porte, que constituem a Taiga, cuja espécie principal é o pinheiro. A floresta de Taiga cobre a maior parte da Sibéria e grande extensão da parte europeia ocupada pela Rússia. Muitos de seus trechos são intensamente explorados pela indústria madeireira. Essa porção norte do território russo apresenta temperaturas médias extremamente baixas no inverno, e baixa densidade demográfica (veja o mapa da figura 52, na página 150). A população que vive nessa porção tem seu modo de viver completamente adaptado às rigorosas condições climáticas.
As florestas que cobrem grande parte da Rússia também são utilizadas como fonte de energia (lenha), principalmente no período do inverno, nos locais onde há dificuldade para o abastecimento de gás. Na faixa onde o clima se apresenta um pouco mais quente — na Rússia europeia, ao sul do paralelo de 53º N —, surgem as Pradarias, caracterizadas por vegetação rasteira. Nelas é encontrado o solo tchernoziom. Na porção oeste do território, entre a Taiga e as Pradarias, localiza-se a floresta Temperada, que já foi bastante devastada. Entre o mar de Barents e o mar Cáspio, a oeste dos Montes Urais, encontra-se a planície Russa e, a leste dos Urais, estende-se a da Sibéria. Ambas são imensas planícies cortadas por importantes rios. A leste da planície da Sibéria, localiza-se o planalto central Siberiano, e ao sul desse planalto, o lago Baikal. No extremo leste desse país, distribuem-se diversas cadeias montanhosas, como: montes Verkoiansk, cadeia Cherski, montes Kolima e montes Koryak.
A população russa e as questões étnicas
A Federação Russa é uma colcha de retalhos herdada do império czarista e da antiga União Soviética. Em seu território convivem cerca de 80 grupos étnicos distintos, dos quais o russo é o mais numeroso, que corresponde a 82% da população. Há 3,8% de tártaros, 3% de ucranianos, 0,8% de bielo-russos, 0,6% de alemães e outros grupos em menor número. A grande diversidade étnica e os desejos de independência de algumas repúblicas, sobretudo no norte do Cáucaso (entre o mar Negro e o mar Cáspio), têm provocado conflitos internos na Federação Russa. A região do Cáucaso, atravessada por diversos oleodutos, é rica em petróleo e, portanto, tem importância estratégica para o poder central em Moscou. Em meados da década de 1990, guerrilheiros separatistas da República da Chechênia — que faz parte dessa região — travaram uma guerra contra o exército russo para obter a independência. Eles acabaram conquistando autonomia para a Chechênia, sem, no entanto, atingir seus objetivos separatistas.
O governo russo tem reprimido com violência as lutas por independência, recusando-se a negociar com os separatistas. Além disso, tomou parte da guerra contra o terror empreendida pelos Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, como visto anteriormente. Um exemplo trágico da ação de grupos separatistas ocorreu em setembro de 2004, em Beslan, na República da Ossétia do Norte, vizinha à Chechênia, quando separatistas chechenos invadiram uma escola, fizeram reféns alunos e funcionários e exigiram a libertação de presos compatriotas. O então presidente russo, Vladimir Putin, recusou qualquer negociação e ordenou a invasão da escola por tropas militares. O desfecho foi trágico: 370 pessoas mortas, das quais 160 eram crianças. O poder central da Rússia teme que a concessão de independência a uma das repúblicas contribua para que outras requeiram o mesmo, desencadeando processos separatistas em toda a federação. Em razão disso, sobretudo a partir do fim dos anos 1990, tem havido uma interferência maior do governo central russo na vida política das repúblicas. Essa interferência é representada frequentemente por casos de irregularidades em eleições e referendos, como no plebiscito que aconteceu na Chechênia em 2003, no qual, convocada para votar pela separação ou não, a população majoritariamente (96% dos eleitores) decidiu que a república deveria permanecer unida à Federação Russa. Na visão dos estrategistas do governo, a manutenção da Rússia como potência no cenário político-militar internacional depende também da integridade de seu território atual, com repúblicas que representam recursos naturais — sobretudo petróleo — e espaços estratégicos, como a região do Cáucaso. Com relação ao número de habitantes, a Rússia apresentava, no início de 2018, uma população de aproximadamente 143,9 milhões de habitantes (menor que a do Brasil). Nesse mesmo ano, a densidade demográfica do país era de aproximadamente 8 hab./km2 .
Em 2015, o país apresentou expectativa de vida de 70 anos. Desde os anos 1980, a expectativa de vida encontrava-se em declínio, por causa da deterioração das condições de vida da maior parte da população (em 1985 era de 70 anos; em 1991, de 69 anos).
Cerca de 74% dos habitantes vivem em áreas urbanas. Várias cidades russas têm mais de 1 milhão de habitantes. A cidade mais importante — que concentra aproximadamente 20% do PIB russo — é Moscou, capital do país, com mais de 10 milhões de habitantes. Depois dela destaca-se São Petersburgo, importante centro industrial (indústrias têxteis e metalúrgicas), com uma população de quase 5 milhões de habitantes. Além delas, são importantes Nijni Novgorod (ex-Gorki) e Novosibirsk. Na Rússia, em geral, é forte a discriminação contra os homossexuais, apesar de a homossexualidade ter sido descriminalizada em 1993. Há, por exemplo, multas contra paradas e eventos que defendem direitos desse grupo. Diversos atos violentos praticados contra homossexuais não são punidos, ao contrário do que acontece em muitos países.
Principais atividades econômicas da Rússia
Os produtos agrícolas mais importantes da Rússia são: a beterraba branca, com a qual é produzido o açúcar, e o trigo, cultivado principalmente nas terras negras (solo tchernoziom) do sudoeste da parte europeia. A Rússia é também um dos primeiros produtores mundiais de cevada. Merecem destaque ainda as produções de batata e de linho, do qual se extraem excelentes fibras têxteis.
Por causa das condições climáticas predominantes em boa parte do territó
rio russo, a atividade agrícola está concentrada na porção oeste do país, que
apresenta climas mais quentes e solo fértil, denominado tchernozion.
Na pecuária russa, destacam-se os rebanhos de bovinos e de ovinos, criados nas regiões de índices pluviométricos mais baixos (Estepes). O país é produtor de grande volume de pescado de água doce e destaca-se também na pesca em alto-mar, onde atuam os “navios-fábricas”, nos quais o pescado passa por um processo de industrialização.
O extenso território da Rússia possui reservas de diversos minerais metálicos e
combustíveis fósseis, os quais respondem por uma parcela expressiva das receitas
de exportação do país e o tornam uma potência mundial extrativista.
No extrativismo mineral, sobressaem o minério de ferro, o carvão e o petróleo, além do urânio, do níquel e do diamante. A produção de carvão concentra-se em Kuzbass, na Sibéria. Cerca de três quartos da produção de petróleo são extraídos dos poços existentes na Sibéria. O restante provém da região caucasiana. Duas das maiores usinas hidrelétricas do mundo, Krasnoiarsk (no rio Ienissei) e Bratsk (no rio Angara, afluente do Ienissei), localizam-se na Rússia, o que reflete seu alto potencial energético.
A grande disponibilidade de combustíveis fósseis assegura estabilidade energética ao país, que ainda conta com o aproveitamento de outras fontes para atingir a autossuficiência no setor. Destaca-se a energia nuclear, que é aproveitada
em diversas centrais termelétricas nucleares espalhadas pelo país. A Rússia tam
bém conta com diversos rios com potencial hidrelétrico explorados com usinas de
produção de energia hidrelétrica.
No setor industrial, apesar das mudanças no rumo dos investimentos, aplicados principalmente nas indústrias de bens de consumo, predominam ainda as indústrias de base.
A Rússia apresenta o maior nível de industrialização entre os países da CEI,
porém seu parque industrial é considerado pouco diversificado e com grande
defasagem tecnológica, com predomínio de indústrias de base.
Nas áreas próximas aos Montes Urais, onde existem grandes jazidas de petróleo,
gás natural e ferro, podemos encontrar uma expressiva concentração dessas indústrias
de base, como as siderúrgicas, metalúrgicas e petroquímicas. A região da Sibéria, que
concentra jazidas de carvão e de outros minerais, também abriga indústrias de base.
A capital Moscou e a cidade de São Petersburgo, localizadas na parte ocidental, con
figuraram-se como centros industriais de maior potencial, em relação tanto ao número
de indústrias quanto à existência de um mercado consumidor em expansão.
Formou-se nessa porção
da Rússia um importante
parque industrial, com
posto, principalmente, de
indústrias têxteis, auto
mobilísticas, eletrônicas e
de telecomunicações.
Entre as principais áreas industriais, destacam-se:
• São Petersburgo, cujo desenvolvimento industrial foi iniciado no governo imperial, antes de 1917. Nessa cidade são importantes as indústrias metalúrgica, química, petroquímica, têxtil e alimentícia;
• Moscou, que sobressai muito mais pela disponibilidade de mão de obra, pelos recursos técnicos e pelo mercado consumidor do que por seus recursos naturais, que provêm de áreas mais distantes para serem transformados industrialmente. Outros centros industriais que merecem destaque são:
• o de Kuzbass, que se desenvolveu sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial;
• o siderúrgico, em estruturação ao redor do lago Baikal;
• o automobilístico, em Togliatti (cidade às margens do rio Volga, 977 km a leste de Moscou), que abriga as instalações da empresa Autovaz. Em razão de problemas de ordem natural, como litorais pouco recortados e baixos e mares com águas congeladas a maior parte do ano, a Rússia não dispõe de grandes portos marítimos. Entre os portos de maior expressão, podemos citar o de Vladivostok, no mar do Japão, e o de São Petersburgo, no mar Báltico.
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