A desagregação do bloco socialista marcou definitivamente o fim da velha ordem bipolar e a emergência de uma nova ordem mundial. Mas quais seriam as características dessa nova ordem mundial? Como passou a funcionar essa nova configuração internacional do poder? Em um primeiro momento, falava-se muito da “vitória” do capitalismo sobre o socialismo. Afinal, o bloco socialista havia chegado ao fim. Para muitos observadores e analistas que testemunharam os acontecimentos do início dos anos 1990, foi justamente naquele período que teve início o alinhamento ideológico e político de governos e organismos internacionais à hegemonia mundial exercida pelos Estados Unidos. No entanto, a ideia de um mundo unipolar (ou seja, com a supremacia dos Estados Unidos) não se confirmou.
O surgimento de novas potências econômicas, por exemplo, e a rearticulação de potências tradicionais sob novas estruturas de poder deram forma a um cenário internacional cada vez mais complexo e descentralizado. Por isso, a tendência é dizer que a nova ordem mundial se caracteriza por uma configuração de poder multipolar.
Alguns eventos ocorridos a partir da década de 1990 nos mostram isso, como a reestruturação política e econômica da Alemanha após a reunificação; a consolidação da União Europeia; o fortalecimento econômico de potências asiáticas, principalmente da China; o crescimento econômico dos países emergentes, como Rússia, Brasil e Índia; e as graves crises que atingiram as economias mundias entre 2008 e 2011 e, principalmente, entre 2020 e 2021, com a pandemia da covid-19. Se, por um lado, a configuração da nova ordem mundial multipolar evidencia as diferentes correlações de força que estão em disputa pela hegemonia de poder, por outro, é possível perceber a conexão e interdependência econômica entre os diversos países do mundo.
A crise econômica que afetou os Estados Unidos em 2008, por exemplo, especialmente as instituições financeiras e o capital especulativo, teve repercussão global, atingindo as bolsas de valores da maioria dos países. A pandemia da covid-19 que atingiu, a partir de 2020, as diversas populações do globo, teve como consequência uma profunda crise econômica, humanitária, social e de saúde, que também se alastrou mundialmente.
A EXPANSÃO DAS ECONOMIAS EMERGENTES
A descentralização da produção e a expansão econômica dos países emergentes foi estudada
pelo banco de desenvolvimento econômico Goldman Sachs, em 2001. A partir do estudo, foram
indicados cinco países emergentes com potencial para serem as maiores economias do mundo,
junto aos Estados Unidos, nos 50 anos seguintes. Faziam parte dessa estimativa Brasil, Índia, China
e Rússia, denominados de BRIC. Em 2011, a África do Sul passou a integrar o grupo de países,
formando o que conhecemos por Brics.
É válido ressaltar que não se trata de um
bloco econômico e, sim, um grupo de coopera
ção mútua para o desenvolvimento dos países
em diversas áreas como ciência, tecnologia,
saúde, inovação, infraestrutura, entre outras,
totalizando 30 áreas de cooperação entre os
membros.
Uma das ações desenvolvidas para a cooperação entre os países membros foi o Novo Banco
de Desenvolvimento do Brics (NDB), criado em 2014, com sede em Xangai. O banco é uma
alternativa aos organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco
Mundial, para a concessão de empréstimos e financiamentos de ações em prol de melhorias e
desenvolvimento dos países-membros.
Em 2021, o NBD forneceu US$ 153 milhões de dólares para o Brasil aumentar e melhorar a
malha rodoviária do Pará e US$ 1 bilhão de dólares para a recuperação econômica da África do
Sul, pós-pandemia.
O CONSUMO NO CAPITALISMO FINANCEIRO
As mudanças técnicas e tecnológicas nos sistemas de informação e a financeirização da
economia proporcionaram mudanças nas práticas de consumo. Um exemplo disso é o uso de
sites e aplicativos de compras, que utilizam plataformas de e-commerce (comércio eletrônico) para
realizar suas vendas aos clientes. De acordo com dados divulgados pelo relatório da Neotrust,
que monitora as vendas em sites e aplicativos, o faturamento nessas plataformas aumentou em
27% entre 2019 e 2021.
Cartões de crédito e débito em conta corrente ainda são os líderes entre as formas de paga
mento dos brasileiros; porém, em 2021, houve uma pequena
queda nos pagamentos com débito em conta corrente em
relação a 2020, em função do aumento da escolha pelo Pix.
No e-commerce, o pagamento dos produtos é realizado de maneira automática, por meio de
plataformas digitais que se conectam com os sistemas de crédito articulados às contas bancárias
e aos cartões de crédito. Não há utilização física de dinheiro, que circula instantaneamente via
informação digital da conta bancária do usuário para a empresa que produziu a mercadoria.
O
banco e as empresas do setor de crédito e cobrança medeiam essa transferência de dinheiro,
retendo parte da transação em forma de taxas e juros.
Assim, o consumo no capitalismo financeiro se baseia na fluidez, na facilidade do consumidor
em ter acesso à mercadoria de que necessita ou que deseja. Para isso, a otimização do tempo é
fundamental.
A cultura de consumo no capitalismo financeiro conduz a transformações nas relações pro
dutivas, o que gera uma série de impactos ambientais, sociais e na organização dos espaços.
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