sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Os movimentos antiglobalização

A nova organização do sistema econômico internacional, apoiada no neoliberalismo, também gerou formas de resistência. Vários movimentos sociais passaram a se posicionar contra essa nova realidade da economia internacional e a denunciar os problemas dela decorrentes.
As crises do mundo globalizado geraram problemas de governabilidade e representatividade dos sistemas políticos e do Estado de bem-estar social. Em razão disso, no final dos anos 1980, ocorreram protestos contra o FMI e o Banco Mundial. Durante essas manifestações foram expostos, pela primeira vez, os problemas advindos da globalização, principalmente aqueles ligados à preservação do meio ambiente.
Em geral, esses movimentos estão ligados a Organizações Não Governamentais (ONGs). Essas manifestações vêm mostrando a necessidade de reestruturação das políticas adotadas pelos organismos internacionais, que contri buem para acentuar as desigualdades entre os países.
Na década de 1990, participantes de movimentos ambientalistas criticaram o modelo de desenvolvimento econômico com base na produção e no consumo em larga escala, por ser responsável pela depredação dos recursos naturais, pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa e pela produção de dejetos poluentes. À questão ambiental somou-se o movimento internacionalista 500 anos de resistência, que apontou principalmente as demandas dos indígenas e camponeses da América Latina. Promoveram-se, então, discussões sobre educação, cultura, dívida externa e a condição das mulheres, a fim de valorizar a autodeterminação dos povos, recuperar os movimentos populares e construir um projeto de justiça, igualdade e respeito entre as culturas da América Latina.

Em 1994, organizou-se no México o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). Os integrantes do movimento promoveram uma insurreição armada contra a entrada do México no Nafta (atual USMCA) e denunciaram as precárias condições de vida dos povos indígenas, reivindicando “pão, saúde, educação, autonomia e paz”. Com o tempo, os zapatistas abandonaram a guerrilha e passaram a usar as novas tecnologias da informação como ferramentas de luta.

Em 1998, a reunião de diferentes movimentos sociais deu origem à Ação Global dos Povos (AGP). Com base na descentralização e na autonomia, a AGP tinha como princípios a rejeição dos blocos econômicos, a desobediência civil não violenta, a construção de alternativas locais e a iniciativa popular. Ela seria um instrumento de coordenação entre os movimentos sociais de todos os continentes na luta anticapitalista.

O marco desse movimento ocorreu em 1999, em Seattle, nos Estados Unidos, quando cerca de 100 mil pessoas protestaram contra a Rodada do Milênio da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse acontecimento deu origem a outras manifestações perante as reuniões internacionais do FMI, da União Europeia, do G7 (grupo formado pelas maiores economias industrializadas do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá) etc. Nesse contexto antiglobalização, foi realizado pela primeira vez o Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre, em 2001. O FSM é um espaço de encontro e troca de experiências de diferentes movimentos sociais de todo o mundo.
É interessante notar que esses movimentos e as ONGs são estruturados por pessoas de diferentes países, formando redes internacionais. Eles se articulam com o apoio de recursos tecnológicos que são, por sua vez, marca do processo de globalização, como a internet. Sem a rede mundial de computadores seria difícil mobilizar tantas pessoas, difundir ideias para diferentes locais do mundo e organizar protestos e manifestações contrários à globalização.

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