sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

O Japão

O Japão é um arquipélago vulcânico, situado no oceano Pacífico (Extremo Oriente). Esse arquipélago compreende cerca de 3,4 mil ilhas de vários tamanhos, que se estendem paralelamente ao litoral oriental da Ásia na forma de um grande arco.
Quatro ilhas do arquipélago japonês apresen tam grandes dimensões, correspondendo a 97% do território do país: 
• Honshu, a maior delas (230.822 km2), abriga a capital do país, Tóquio; 
• Hokkaido (83.519 km2) é a mais setentrional; 
• Kyushu (42.030 km2) situa-se ao sul de Honshu; 
• Shikoku, a menor dessas ilhas (18.780 km2), situa-se entre Honshu e Kyushu. 
De modo geral, suas ilhas são resultantes do vulcanismo ocorrido no fundo do oceano Pacífico em tempos geológicos recentes (há menos de 200 milhões de anos). O vulcanismo e o tecto nismo continuam ativos no Japão, provocando, em algumas ocasiões, terremotos de grande in tensidade e de graves consequências materiais e humanas, como o ocorrido em Kobe, em janeiro de 1995, que causou a morte de mais de 5 mil pesso as e atingiu 7,2 pontos na escala Richter, além do trágico terremoto seguido de tsunami ocorrido no dia 11 de março de 2011

A questão demográfica 

O Japão é um dos países mais populosos do mundo. Em 2018, contava cerca de 126 milhões de habitantes. Com uma pequena extensão terri torial, sua densidade demográfica é, consequente mente, muito elevada (337 hab./km2). 

Na faixa compreendida entre Tóquio e Kobe (no centro-sul da ilha de Honshu) ocorre a maior aglomeração urbana do mundo, com mais de 70 milhões de habitantes. Nessa região estão as três principais áreas conurbadas do território japonês: Tóquio, com 38 milhões de habitantes (inclusive Yokohama); Nagoya, com 8 milhões; e Osaka, com 16 milhões (inclusive Kyoto e Kobe). 
A partir de 2020, a população absoluta de Tóquio começa a reduzir e, segundo estimativas, a cidade permanecerá como a maior aglomeração do mundo em 2030, abrigando cerca de 37 milhões de habitantes.
A estrutura de produção japonesa e a divisão da riqueza entre a população levam o país a excelentes indicadores sociais. Sua expectativa de vida está entre as maiores do mundo. Em 2015, era de 83,7 anos, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016. A taxa de mortalidade infantil era de apenas 5 por mil. Além disso, a média de anos de estudo era de 12,5 anos. Toda a população tinha completado o Ensino Médio, e cerca de 60%, o Ensino Superior, mostrando que o índice educacional do Japão é um dos mais elevados do mundo.

Por conta do território reduzido, o país tem cidades com elevada concentração populacional. Na região metropolitana de Tóquio, onde fica a capital do país, em 2018 viviam mais de 37 milhões de habitantes, segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. Outra aglomeração urbana importante é Osaka-Kobe, com cerca de 11 milhões de habitantes. A concentração populacional no Japão formou uma megalópole, ou seja, um conjunto de metrópoles próximas umas das outras e muito articuladas entre si.

A grande escassez de mão de obra também é reflexo do atual cenário demográfico. Acredita-se que, até 2030, o país sofrerá um déficit de 6,44 milhões de trabalhadores, situação que poderá ser agravada por seu histórico de restrição da entrada de imigrantes.

Os elevados índices econômicos e sociais do Japão impressionam se lembrarmos que o país esteve sob regime feudal até o século XIX. Porém, de 1868 a 1912, passou por uma grande mudança iniciada pelo imperador Mutsuhito (1852-1912), que ficou conhecido como Meiji. Esse imperador promoveu alterações radicais na estrutura econômica e política japonesa. O imperador combateu o xogunato, sistema político baseado no domínio militar, e estabeleceu o ensino obrigatório na Constituição. Mas a mudança mais significativa foi a criação de um sistema de organização empresarial, conhecido como zaibatsu.

 Japão: grande potência industrial 

Até 1868 o Japão era um país feudal (xogunato) e agrícola. A partir daquele ano (início da Era Meiji) foi restaurado o poder imperial, e teve início um rápido processo de desenvolvimento econômico e de transformações na sociedade ja ponesa. A industrialização, o combate ao analfabetismo e os investimentos em in fraestrutura foram a base da modernização do país. Esse período durou até 1912. 
A Era Meiji concluiu o processo de ruptura com o passado feudal, estabelecendo uma estrutura de produção e relações sociais capitalistas. A partir dessas mudanças o Japão deu início a um período de expansionismo imperialista, que se estendeu até a Segunda Guerra Mundial. Ao final dessa guerra, o país, derrotado, estava com parte significativa de sua infraestrutura e capacidade produtiva desestruturadas. No entanto, graças a um conjunto de fatores, o Japão atingiu uma vigorosa recuperação econômica, que chegou a elevá-lo ao posto de segunda potência econômica mundial (em 2017, o país ocupava a terceira posição). 
Entre esses fatores, podemos destacar: 
• a mão de obra barata e abundante, submetida a longas jornadas de trabalho; 
• a valorização do trabalho em grupo; 
• os fortes investimentos em educação, inclusive na qualificação de mão de obra; 
• o amparo do Estado à economia, com forte apoio às empresas privadas; 
• a adoção de uma política econômica protecionista, que mantinha (e, de cer ta forma, ainda mantém) impostos de importação elevados, com o objetivo de proteger a indústria nacional (proteção também presente no setor agrí cola, especialmente no caso da produção de arroz); 
• a enorme capacidade de poupança interna, que fez do país um dos maiores investidores nacionais; 
• o auxílio financeiro-econômico dos Estados Unidos, que estavam preocupa dos com a possibilidade de um avanço do socialismo no Extremo Oriente.

Economia japonesa

Em 1868, o país começou a se modernizar, construindo os alicerces de seu processo de industrialização. Nessa ocasião, o governo estimulou a formação dos zaibatsus, grandes conglomerados industriais (familiares), verdadeiros impérios com elevado grau de competição.

Os zaibatsus foram criados para permitir o surgimento de grandes empresas no Japão. O governo ajudou famílias importantes a concentrar atividades bancárias e industriais, o que lhes conferiu muito poder econômico. Foi dessa forma que surgiram empresas que existem até hoje, atuando nos setores de produção automobilística, mineração, telecomunicações, seguros, entre outros. A partir da industrialização, ocorrida no final do século XIX, o Japão adotou a estratégia de conquistar novos territórios.

Essa postura expansionista levou a conflitos com a China, a Coreia e a Rússia, que só foram resolvidos com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Como já foi estudado, o Japão se rendeu na Segunda Guerra Mundial apenas após o lançamento das bombas atômicas em Hiroxima e Nagasáqui. 
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os zaibatsus, que haviam contribuído também para a grande concentração de riquezas nas mãos de poucos indivídu os, tiveram seu poder drasticamente reduzido; membros das famílias desses impérios e seus principais executivos perderam vez na vida pública, e a maior parte de suas propriedades passou para o domínio do governo. Entretanto, muitas das grandes companhias que compunham os zaibatsus continuaram a exis tir e tiveram um papel importante na reconstrução do país no pós-guerra.
Logo depois se iniciou o período da Guerra Fria e o Japão passou a ser um território importante do ponto de vista estratégico para os Estados Unidos por causa de sua proximidade com a União Soviética e a China. Esse motivo levou os Estados Unidos a realizar grandes investimentos para a reconstrução do país, impulsionando a economia japonesa, que registrou o maior crescimento entre 1950 e 1980.
As inovações no processo de fabricação também foram de grande importância para a trans formação do Japão em uma po tência industrial. Com o objetivo de reduzir custos, ciclos de produção e prazos, priorizando a qualidade dos produtos, desen volveu-se uma nova organização da produção: o toyotismo. Esse sistema teve origem em meados do século XX na indústria automo bilística Toyota.
No entanto, é preciso ressaltar os aspectos negativos, particular mente para os trabalhadores, nesse sistema, como o fato de as empre sas subcontratadas pagarem salá rios mais baixos e exigirem mais horas de trabalho.
As novas estratégias pro dutivas do Japão levaram esse país a se tornar uma potência industrial, disputando com os Estados Unidos a liderança na fabricação de produtos como automóveis, eletrônicos, máquinas industriais e robôs. O país obteve, principalmente nos anos 1980, um perío do de grande acúmulo de capitais, graças aos superavits (saldos positivos) de sua balança comercial e à poupança financeira expressiva de sua população, que transformou o país em uma poderosa fonte de investimento, uma potência financeira.
No fim dos anos 1990, a economia japonesa entrou em recessão, isto é, diminuiu seu ritmo por causa do colapso de alguns bancos (que emprestaram dinheiro de retorno duvidoso para muitas empresas), da elevação do deficit (saldo negativo) do orçamento do governo e da queda na rentabilidade das empresas mais fracas, fato que contribuiu para o aumento do desemprego no país.
Ao longo das décadas finais do século XX, produtos industriais japoneses, tecnologicamente avançados, espalharam-se pelo mundo e proporcionaram um expressivo crescimento do PIB, que não continuou a partir da década de 2010.  No entanto, a qualidade de vida da população japonesa se elevou e a mão de obra se tornou cada vez mais qualificada e valiosa. À medida que os custos da produção se tornaram mais altos, muitas empresas japonesas passaram a investir em países em desenvolvimento, onde instalaram suas unidades produtivas para explorar vantagens como mão de obra barata.
No século XXI, a economia japonesa interrompeu seu longo período de crescimento acelerado. Nesse contexto, o país perdeu sua posição de liderança regional e o posto de segunda maior economia do mundo para a China. Uma das razões para a diminuição do ritmo do crescimento econômico japonês são os elevados gastos orçamentários do governo com a população idosa, como os investimentos em aposentadorias. A desaceleração da economia também provocou o fechamento de muitas fábricas e, a partir de então, certos problemas sociais, antes quase inexistentes, como o desemprego, têm se intensificado.
Ainda no início do século XXI, com a migração de fábricas globais para países que ofereciam mão de obra mais barata, a estagnação do consumo interno, o ele vado deficit público e as dificuldades para dinamizar setores ligados ao setor terciário mais moderno (consultoria, produção de software, publicidade, ativida des ligadas à internet), entre outros motivos, o Japão passou por outro período de recessão em sua economia.
Paralelamente ao crescimento econômico, o Japão conseguiu desenvolver tecnologia de ponta, em especial nas áreas de eletrônica, computação e telecomunicações. O país se tornou um grande exportador de produtos industrializados, inclusive de carros. Esse conjunto de fatores propiciou o aumento da renda da população, uma das mais ricas do mundo. Apesar da forte concentração industrial e do espaço físico limitado, no Japão também se desenvolvem atividades agrícolas. O país é grande produtor de arroz para consumo interno.

Diversificação e distribuição espacial da indústria

No Japão, onde o parque industrial é amplamente diversificado, destacam-se as seguintes indústrias: 
  • siderúrgica e metalúrgica, com grandes estabelecimentos localizados próximo da zona carbonífera de Kyushu; embora importem matérias-primas, superam a produção de aço de vários países europeus; 
  • de construção naval (primeiro produtor mundial), com grandes e modernos estaleiros situados em Nagasaki e ao redor do porto de Kobe; 
  • têxtil, cujo principal produto é a seda (primeiro produtor mundial), seguida pelas fibras artificiais e sintéticas; eletroeletrônica, que é competitiva e das mais modernas do mundo, respon dendo por cerca da metade das exportações de produtos eletrônicos e ele trodomésticos do mundo (fornos de micro-ondas, televisores, etc.); 
  • automobilística, cujos veículos, produzidos a baixo custo, são modernos e conquistaram parte dos mercados estadunidense e europeu, além de diver sos países da própria Ásia e da América Latina. A robotização da atividade industrial atinge no Japão o índice mais elevado do mundo. 

Comércio internacional 

Com relação aos produtos exportados, o Japão está entre os principais fornecedores de carros, máquinas e navios. O país também aparece com destaque na produção de eletroeletrônicos. Porém, é um importador de alimentos e de recursos naturais. O principal parceiro comercial do país são os Estados Unidos, seguido pela China.
Os países europeus também estabelecem um comércio importante com o Japão, mas os países asiáticos e os do Oriente Médio apresentam um volume maior de negócios. A movimentação de navios é intensa nos portos japoneses, e o de Yokohama é o principal do país. De acordo com a administração desse porto, por ele passaram 35 677 navios em 2016, que transportaram cerca de 291,7 milhões de toneladas. Desse volume, 30 mi de toneladas foram destinadas para outras partes do país.
Em junho de 2002, o Japão havia ratificado o Protocolo de Kyoto, acordo en tre países para diminuir a emissão de gases na atmosfera e, em 2017, ratificou o Acordo de Paris. O país é responsável pelo lançamento de 7,5% dos gases de efeito estufa do planeta. 

 A agropecuária e a pesca 

A política agrícola japonesa, apesar das pressões internacionais, é marcada pelos subsídios aos agricul tores, por limitação das importações e pelas elevadas tarifas sobre produtos agrícolas importados. Apenas 16% do território japonês é apropriado para as práticas agrícolas. Apesar disso, o Japão consegue obter gran des colheitas de seu solo, com o auxílio de técnicas modernas, máquinas e fertilizantes. 

A agricultura é desenvolvida nas planícies, sendo também aproveitadas as encostas das montanhas, por meio da técnica do terraceamento. No espaço rural japonês predominam as pequenas propriedades, consequência da reforma agrá ria instituída logo após a Segunda Guerra Mundial (1946). 
O principal produto cultivado no Japão é o arroz, alimento básico da popula ção. Sua cultura ocupa 45% das terras agrícolas (figura 8). O país é um dos maio res produtores de arroz do mundo, apresentando também o maior rendimento por hectare (cerca de 6.500 kg por hectare, enquanto a média mundial é de aproxima damente 3.800 kg por hectare). Além do arroz, cultivam-se o chá, o algodão, a soja, a cana-de-açúcar e o trigo. 
Apesar da elevada produtividade, o Japão não é autossuficiente, dependendo da importação de diversos produtos como trigo, açúcar, milho e soja. O Japão é o primeiro produtor mundial de pescado, sendo considerado o país mais desenvolvido tecnologicamente no setor. Navios-fábricas percorrem milhares de quilômetros de mares em busca de pescado.

 Extrativismo 

Parte da cobertura vegetal do Japão é aproveitada para exploração da ma deira (construção, fabricação de papel) e geração de energia. Essa exploração é controlada pelo governo, que incentiva o reflorestamento. Devido à intensa demanda interna, o Japão importa madeira de vários países do globo, especialmente da Indonésia e do Brasil, sendo um dos maiores importa dores de madeira tropical do mundo. Quanto ao extrativismo mineral, seus recursos são escassos, necessitando importar praticamente todas as matérias-primas essenciais ao desenvolvimento de sua atividade industrial, tais como: petróleo, carvão, minério de ferro, cobre, níquel e bauxita.

Influência do Japão

O Japão aparece como importante centro de produção tecnológica; entretanto, seu papel vai além. Empresas e grupos financeiros japoneses estão entre os maiores do mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão, sob ocupação dos Estados Unidos, promulgou a Constituição de 1947, na qual estabelece a renúncia “para sempre” à guerra, atribuindo às forças armadas a função de defender seu território e não atacar outros. Em 1967, na Guerra Fria, o governo proibiu a exportação de armas a países comunistas e, em 1976, aos demais países. Apesar dessas restrições, desenvolveu tecnologias para produtos que também podem ser usados para fins militares. Esse fato o tornou um produtor potencial de armamentos.

Desde o início da década de 1990, o Japão passou a investir em defesa e, nos últimos anos, tem exportado equipamentos e tecnologia destinados à produção armamentista. Em 2014, o governo japonês decidiu retomar as vendas de armas a países vizinhos. Segundo o Ranking de Força Militar 2018, em 2018, as forças armadas do Japão contavam com mais de 310 mil militares, sendo que 80% deles estavam na ativa. O orçamento de defesa foi de 44 bilhões de dólares. Esse grande volume de recursos aplicados na área militar indica que as intenções japonesas não são apenas de defesa, mas de ampliar sua influência no mundo. Prova disso é a aspiração japonesa, expressa várias vezes, de integrar o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, caso ele venha a ser alterado.

A Antártida

A Antártida é constituída de uma massa territorial de 13,7 milhões de km2 . O continente é cercado pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. Como está em latitude muito elevada, apresenta temperaturas sempre baixas ou extremamente baixas, podendo atingir até 289 oC. Por isso, o continente é recoberto de gelo. Além da massa continental, a Antártida possui uma banquisa cuja extensão varia de acordo com as estações do ano. No inverno, sua área pode atingir 19 milhões de km2 e, no verão, restringir-se a 2 milhões de km2 ou menos.

Como foi “descoberta” depois do Ártico, a Antártida recebeu esse nome pela posição geográfica que ocupa, oposta ao outro extremo da Terra. A região, porém, apresenta uma situação distinta, pois é um continente recoberto de gelo. O continente antártico possui importantes recursos naturais, como minério de ferro, carvão e petróleo. No entanto, esses recursos são protegidos da exploração pelo Tratado Antártico, firmado no ano de 1959 com o objetivo de evitar disputas territoriais pelo continente, reivindicado à época por Argentina, Chile, Austrália, Nova Zelândia, França, Noruega e Reino Unido.

Atualmente, a Antártida é um território internacional, ou seja, nenhum país exerce soberania sobre o continente. Isso, porém, não significa que não haja países interessados em exercer o controle sobre suas áreas

Os curdos

Os curdos, estimados em 30 milhões de pessoas, lutam pela reconstrução de seu país, o Curdistão, que se situava em terras que hoje pertencem a Armênia, Irã, Iraque, Síria e Turquia.
Turquia e Irã concentram a maior parte de curdos, cerca de 15 milhões e 14 milhões de pessoas, respectivamente. Parte deles também foi para a Europa, em especial Alemanha e França. A autonomia dos curdos tem sido combatida pelos países em que esse povo está presente há anos.

Em 1988, o líder e ditador do Iraque, Saddam Hussein (1937-2006), comandou o genocídio de 5 mil curdos que habitavam uma região de jazidas de petróleo. Na Turquia, os curdos conseguiram vitórias, como o ensino do curdo como língua opcional. Também foram autorizadas a produção e a veiculação de jornais, rádios e programas de televisão em curdo. Porém, no Irã, eles são discriminados. Com a ascensão do Estado Islâmico entre 2014 e 2017, as forças militares curdas receberam armamento e apoio militar liderado pelos Estados Unidos e foram essenciais na derrota territorial do grupo extremista, principalmente no norte da Síria. Com isso, antigos anseios dos curdos por autonomia e independência ganharam força e repercussão.

O Irã

A República Islâmica do Irã apresenta um grande território localizado no Oriente Médio, com destacada posição geográfica no golfo Pérsico. Herdeiro do Império Persa, o Irã resistiu à presença europeia no Oriente Médio e passou a ser alvo do interesse do mundo ocidental no início do século XX, quando foram descobertas reservas de petróleo. Em 2016, de acordo com o Banco Mundial, sua população era de 80,2 milhões de habitantes. Parte chegou ao país nos últimos anos como refugiada do Afeganistão, que foi ocupado por tropas estadunidenses após o atentado de 11 de setembro de 2001. Outra parte pertencia a um país que “deixou de existir”, o Curdistão.

Programa nuclear e bloqueio econômico

O Irã gerou desconfiança em muitos países por manter um programa nuclear suspeito de enriquecer urânio, processo básico para a construção de bomba atômica. Por isso enfrentou sanções do Conselho de Segurança da ONU em 2006, 2007 e 2008, que resultaram em proibição à exportação de armas. As preocupações aumentaram quando, em 2012, anunciou o lançamento de um míssil terra-ar (que poderia ser carregado com armamento nuclear) e o domínio da produção de combustível atômico. Isso intensificou o boicote econômico ao país, que se recusava a receber visitas internacionais a suas instalações nucleares, alegando que tinham fins pacíficos. Em 2015 houve um novo acordo entre o Irã e as principais potências nucleares, o que levou o país a reduzir suas centrífugas de beneficiamento de urânio para cerca de 6 mil, contra os 19 mil anteriores. Além disso, o país concordou que a Agência Internacional de Energia Nuclear fizesse uma visita às suas instalações nucleares. Em 2016, depois da inspeção, o acordo entrou em vigor. Como não foi encontrado nada que indicasse a possibilidade de chegar à bomba atômica, o bloqueio econômico foi suspenso. Desde que assumiu a Presidência dos Estados Unidos, em 2017, Donald Trump passou a questionar o Acordo Nuclear, alegando violação dos termos. Assim, em 2018, os Estados Unidos saíram do Acordo e prometeram restaurar as sanções econômicas, criando incertezas e tensões. Mesmo com o bloqueio econômico, os Estados Unidos acompanham a situação política e econômica do Irã, auxiliando, inclusive, tropas do exército curdo no combate contra o Estado Islâmico (EI).




O Paquistão

Como ocorreu com a Índia, o Paquistão tornou-se um país independente em 1947, como parte da Comunidade Britânica de Nações, mas com uma diferença: concentrava uma enorme população de islâmicos. Em 1956, o país foi redefinido como uma república islâmica, da qual fazia parte o atual Bangladesh. Esse fato atraiu parte da população muçulmana da Índia. Ao mesmo tempo, parte da população hindu do Paquistão mudou-se para a Índia. Esses deslocamentos ocorreram principalmente junto aos estados de Punjab, no Paquistão, e Caxemira, na Índia, causando conflitos que ainda hoje não foram resolvidos. Em 1971, Bangladesh tornou-se independente, o que deixou o Paquistão com sua área atual de 796095 km2. A depender do resultado do litígio com a Índia, essa área pode ser alterada. De acordo com o Banco Mundial, a população do país era de cerca de 193,2 milhões, em 2016. A maioria da população é muçulmana. Parte dela veio do Afeganistão, depois que as Forças Armadas dos Estados Unidos invadiram aquele país em busca de um líder terrorista que teria comandado os atentados de 11 de setembro de 2001.

Atividades econômicas e indicadores sociais

A agricultura gera cerca de 40% dos empregos e 25% do PIB do Paquistão. No comércio internacional, o país aparece como fornecedor de produtos primários e com baixo nível de industrialização. Segundo o OEC (Observatory of Economic Complexity), em 2016, os principais produtos vendidos foram têxteis (roupas e tecidos) e arroz, representando, respectivamente, cerca de 30% e 7% das exportações daquele ano. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, a expectativa de vida no país era de 66,4 anos. A média de anos de estudo chegava a 5,1 anos. As mulheres tinham 3,7 anos de estudo em média, e os homens, 6,5 anos. Parte expressiva da população paquistanesa vivia em extrema pobreza: 26,5% do total.

Oceania

Colonização e dinâmicas da natureza
Arquipélagos e ilhas


A Oceania é o menor dos continentes do globo, com uma área de aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente à extensão do território brasileiro. O continente ocupa apenas 5,8% das terras emersas da superfície terrestre. Também é o continente menos populoso, com cerca de 42,6 milhões de habitantes (dados de 2020 da ONU) e uma densidade demográfica de 5 hab./km2.
A Oceania é formada por 14 países. Os que mais se destacam pela extensão territorial e pela dinâmica econômica são Austrália e Nova Zelândia, mas o território também compreende as ilhas do Pacífico adjacentes. O inglês é o idioma mais falado no continente, e há países em que se fala francês, além dos dialetos nativos. 

As ilhas da Oceania estão divididas em:

• Melanésia (“ilha dos negros”, em referência a como eram chamados os habitantes nativos): compreende os arquipélagos de Bismarck, Salomão, Santa Cruz, Vanuatu, Nova Caledônia e Fiji;

• Micronésia (“ilhas pequenas”): constituída pelos arquipélagos de Marianas, Marshall, Carolinas, Palau e Gilbert (Kiribati), situados entre a Melanésia e o Havaí;

• Polinésia (“muitas ilhas”): agrupa o maior número de ilhas e arquipélagos, entre os quais Havaí, Tahiti, Samoa, Tuvalu, Tonga, Marqueses, Cook, Phoenix, ilhas da Linha e ilha de Páscoa;

• quatro ilhas maiores: Austrália, Nova Zelândia, Tasmânia e Nova Guiné, que se divide em Papua-Nova Guiné e Irian Ocidental.

 Aspectos gerais 


O relativo isolamento da Oceania em relação aos outros continentes e o colonialismo tardio quando comparado às Américas e à África preservou meios de vida e costumes ancestrais e culturais de várias ilhas do Pacífico. Apenas Papua Nova Guiné tem aproximadamente 1/3 dos idiomas do mundo, com mais de mil línguas e dialetos. O mesmo não aconteceu com Austrália e Nova Zelândia, que tiveram grande parte da população nativa exterminada. A população da Oceania ocupa grande variedade de ambientes, desde as altas montanhas na Papua Nova Guiné, passando pelos lugares que parecem saídos de livros de contos de fada da Nova Zelândia, até os sofisticados centros urbanos de Sydney e Auckland. Há também ilhas que atraem turistas, como Vanuatu e Fiji. Muitas delas, apesar de grande beleza, carecem de recursos naturais e são dependentes de turismo e de importações para abastecerem seus mercados internos. A povoação da Oceania começou por volta de 50 mil anos atrás, com os primeiros habitantes desembarcando na Austrália. Saídos da África, eles prova velmente atravessaram o mar pelo sudeste asiático, muitas vezes via passagens de terra que não haviam sido submersas na última glaciação. A Oceania, por sua posição e pela grande quantidade de ilhas, foi o último continente a receber contingentes ancestrais de indivíduos. Austrália e Nova Zelândia, as nações de maior destaque no continente.

Austrália


A Austrália tem o maior território da Oceania, com aproximadamente 86% das terras do continente, por isso é chamada de país-continente. Está localiza da entre os oceanos Índico e Pacífico. Em 2020, a população total da Austrália era de aproximadamente 25 mi lhões de habitantes (dados do IBGE). O país tem bai xa densidade demográfi ca, apenas 3,3 hab./km2. A maior parte da população é urbana (86%), concentrada principalmente no sudeste do país e ao longo da costa (dados de 2020 da ONU), onde se destacam as cida des de Melbourne, Sydney e a capital, Camberra. No interior, encontram-se grandes áreas desabita das devido à existência de imensos desertos. 
A população da Aus trália é predominantemente de origem europeia (95%, a maioria de ascendência britânica); já os aborígenes representam apenas1% do total. Eles têm uma expectativa de vida 17 anos inferior à de um branco e se tornaram uma classe discriminada e marginalizada. O país tem grande contingente de imigrantes em virtude das políticas de imigração que foram muito estimuladas pelo governo no passado. Hoje, esse acesso é mais restrito. Em 2019, a Austrália tinha o oitavo maior IDH do mundo e elevada expectativa de vida: 84 anos (dados da ONU).

Nova Zelândia


A Nova Zelândia lo caliza-se no sudoeste do Oceano Pacífico e é com posta basicamente de duas grandes ilhas, a do Norte e a do Sul, separadas pelo Estreito de Cook, rodea das por mais de 600 ilhas menores. O longo período de isolamento das ilhas levou a uma grande diversidade de fauna, flora e paisagens, além da rica cultura maori. Independente do Reino Unido desde 1947, mas ain da formalmente subordina da à Coroa britânica, a maior parte da população é de des cendentes de europeus, com uma minoria maori e de outros povos da Oceania.
 A Nova Zelândia é um país desenvolvido (14o maior IDH em 2019), com altos índices de qualidade de vida, saúde, educação e economia. Os setores de serviços, industrial e de turismo predominam nas atividades econômicas das ilhas. Em 2020, a população total da Nova Zelândia era de aproximadamente 4,8 milhões de habitantes (dados da ONU). A densidade demográfica é de 18,3 hab./km2. A maior parte da população é urbana (86%) e está concentrada nas cidades de Auckland, Christchurch, Wellington e Hamilton. Entre os países desenvolvidos e industrializados, a Nova Zelândia é um dos mais jovens, com uma taxa média de natalidade de dois filhos por casal. No país, aproximadamente 25% da população é imigrante e mais da me tade vive na região de Auckland. A maioria dos imigrantes é britânica; outros vieram da Austrália, China, Índia, África do Sul, Fiji e Samoa.

A colonização e o povoamento


Antes da chegada dos colonizadores, a Austrália era ocupada por povos nativos que ficaram conhecidos como aborígines. Estima-se que havia aproximadamente um milhão de habitantes que falavam cerca de 250 línguas. Com a chegada do colonizador europeu, começou um processo de genocídio. Em 2016, os descendentes desses povos somavam 649 mil pessoas.
A colonização da Oceania desenvolveu-se de modo lento e pouco homogêneo. A grande distância e o isolamento do continente em relação à Europa constituíram obstáculos para a rápida ocupação pelos colonizadores. Em 1521, em sua viagem de circum-navegação, o português Fernão de Magalhães navegou o Pacífico Sul, passando pelas ilhas Marianas. No fim do século XVIII, com a perda de seus domínios na América do Norte, o Reino Unido voltou suas atenções para essa região. 
Em 1770, o explorador e cartógrafo inglês James Cook (1728-1779) de sembarcou na costa leste australiana. Em 1788, determinados pontos do território transformaram-se em colônias penais da Inglaterra, a exemplo de Sydney, onde foram instalados presídios para os condenados das Ilhas Britânicas. 
A expedição de James Cook, que para todos os efeitos era uma viagem de caráter científico, proporcionou ao Reino Unido a posse da Austrália. Muitos imigrantes ingleses passaram a colonizar o país, cuja independên cia ocorreu em 1900. Os laços políticos com a Inglaterra foram preservados e, em 1901, a Austrália integrou-se à Comunidade Britânica, subordinada ao chefe de Estado do Reino Unido. Em 1999, houve um plebiscito no país que confirmou a manutenção da condição de monarquia constitucional sob domínio da Coroa britânica.
No século XIX, Reino Unido, França e Alemanha, as grandes potências europeias da época, ampliaram a colonização da Oceania, instalando bases navais e comerciais em várias ilhas. No fim do século XIX e início do século XX, os Estados Unidos, ao observarem a posição estratégica das ilhas do Pacífico, decidiram tomar posse de algumas delas (Marshall, Carolinas, Marianas e Palau, entre outras), onde instalaram bases militares que permanecem até os dias atuais. 
Esse continente é constituído por territórios sob o controle de Estados Unidos, Reino Unido e França e onze Estados independentes, cujas áreas so madas ocupam 8,5 milhões de km2 (5,7% das terras emersas, o que equivale à área do Brasil). Desse total, a Austrália ocupa, sozinha, 7,7 milhões de km2, ou seja, o país abrange 90% das terras emersas da Oceania e constitui sua única porção continental. Os outros 10% compõem-se de diversas ilhas espalhadas pela imensidão do oceano Pacífico. As duas maiores são Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné (país que ocupa a metade oriental da ilha da Nova Guiné; a metade ocidental é território da Indonésia e, por isso, é considerada parte da Ásia). As outras ilhas são parte dos territórios dos países independentes ou integram protetorados estadunidenses, britânicos e franceses. As ilhas da Oceania costumam ser agrupadas em três conjuntos: Micronésia, Melanésia e Polinésia.
No período da colonização da Austrália e da Nova Zelândia, um grande número de habitantes nativos foi massacrado, principalmente pelos britânicos. 
Os aborígines que habitavam a Austrália foram mortos, escravizados e degredados pelo colonizador. Na Nova Zelândia, os maoris, povo unido e socialmente bem organizado, impuseram forte resistência à ocupação dos britânicos e foram, durante décadas, duramente combatidos.
Seus ancestrais já viviam no local havia mais de 40 mil anos, e hoje estão reduzidos a uma população de cerca de 200 mil, que ainda enfrenta preconceito e exclusão da sociedade australiana.
Atualmente, os maoris restringem-se a pouco mais de 250 mil habitantes, fixados principalmente na ilha do Norte, próximo a Auckland, cidade mais populosa da Nova Zelândia.
As ilhas e os atóis da Micronésia e da Polinésia são pontos estratégicos importantes do oceano Pacífico. Além de sediar bases militares, alguns foram utilizados durante anos para testes nucleares dos Estados Unidos (atol de Bikini) e da França (atol de Moruroa). 
A França realizou testes nucleares no atol de Moruroa entre 1966 e 1996. Esse atol fica na Polinésia Francesa, um conjunto de cinco arquipélagos no oceano Pacífico. Afastado de tudo, o território francês de 118 ilhas tem como vizinho mais próximo a Nova Zelândia, localizada a 4 mil quilômetros.

 Sociedade e economia da Oceania


Com exceção da Antártica, a Oceania é o continente menos populoso e menos densamente povoado. Segundo a ONU, em 2017 abrigava somente 40,7 milhões de habitantes (pouco menos do que a população do estado de São Paulo), o que correspondia a 0,5% da população mundial, e sua densidade demográfica é de apenas 5 habitantes por quilômetro quadrado. Dessa popu ação, como vimos, 60% encontram-se na Austrália, que tem 24,5 milhões de habitantes (pouco mais do que a região metropolitana de São Paulo) e apre senta baixíssima densidade demográfica (3 habitantes/km2). 
A população australiana está distribuída de forma muito desigual no território. As maiores concentrações humanas estão no litoral, a leste e a sudeste, onde o clima é temperado e tropical. Essa região é mais favorável à prática da agropecuária e abriga grandes cidades, como Sydney, Melbourne e Brisbane. Em 2018, segundo a ONU, 86% da população australiana era urbana. No interior do país a densidade demográfica é baixa, devido principalmente à aridez do clima. 
O segundo país mais populoso do continente, Papua-Nova Guiné, tinha 8,3 milhões de habitantes em 2017, com apenas 13,2% de população urbana. O terceiro, a Nova Zelândia, abrigava 4,7 milhões de pessoas, com 86,5% vivendo em cidades. Os outros 3,3 milhões de habitantes da Oceania estavam distribuídos pelos pequenos países-arquipélago do Pacífico.
A maioria dos habitantes da Austrália é descendente de europeus, principalmente de britânicos (56% da população). Atualmente, o país é muito procurado por imigrantes. Em 2016, de acordo com dados do governo, 28,5% de sua população tinha nascido no exterior. Os ingleses continuam sendo o maior grupo dos recém-chegados, com 15% do total, mas aumentou muito o número de imigrantes vindos da Ásia, com destaque para chineses (8,3%) e indianos (7,4%). 
Os nativos correspondem a apenas 2,8% da população total. Dos nativos australianos, o maior grupo étnico é o de aborígines. O restante é composto de um grupo étnico chamado povo das ilhas do estreito de Torres, que tem origem melanésia. Estima-se que, quando os britânicos chegaram à Austrália, no final do sé culo XVIII, havia cerca de um milhão de nativos. Segundo o censo nacional, em 2016 havia 649 mil descendentes no país (de aborígines e do povo das ilhas do estreito de Torres), mas parte já é miscigenada. Os aborígines têm a pele negra, como os povos da África subsaariana. Como eles, também sofreram discriminação e racismo ao longo da história. 
Durante muito tempo, ser classificado de aborígine na Austrália era conside rado depreciativo. Nas últimas décadas, muitos nativos migraram para as cidades, rompendo com sua cultura original e buscando integrar-se ao modo de vida herdado dos europeus. 
Somente nos anos 1970 foram criadas as primeiras leis para proteger a cultura e as terras dos povos nativos da Austrália, o que tem contribuído para fortalecer a identidade deles e elevar sua autoestima. Além disso, sob a in fluência do multiculturalismo, hoje há uma tendência de valorização da cultura aborígine. 
A importância cultural e histórica da rica cultura aborígene foi reconhecida apenas recentemente. Em 1967, eles foram considerados cidadãos australianos e, em 1976, foi-lhes concedida a propriedade das reservas onde viviam. Esses povos ainda são a minoria mais pobre da Austrália.

A descolonização


A descolonização da Oceania se deu em tempos diferentes e de maneiras diversas em cada país. A Austrália e a Nova Zelândia tornaram-se independentes em 1901 e 1931, respectivamente; porém, permaneceram economicamente ligadas ao Reino Unido. As ilhas Marshall, Carolinas, Marianas e Palau, na Micronésia, só deram início ao processo de separação dos Estados Unidos em 1956. Ainda existem arquipélagos subordinados politicamente à França, aos Estados Unidos, à Austrália e à Nova Zelândia. 

Dinâmicas da natureza 


As formações do relevo das ilhas da Oceania apresentam grandes contrastes, pois se constituíram em períodos geológicos diferentes. A maior parte do relevo australiano é de origem bem antiga, o que justifica as modestas altitudes, em geral pouco superiores a 350 metros. Há predomínio de planaltos e planícies. Na cordilheira Australiana, que se estende paralelamente ao litoral oriental, situam-se as montanhas mais altas do país, cujo ponto culminante é o monte Kosciusko, com 2.228 metros de altitude. As demais ilhas apresentam formações mais recentes, originadas no no Período Terciário, como na Nova Zelândia e no Havaí, onde existe intensa atividade vulcânica. A maior parte das ilhas menores é constituída de atóis de origem coralínea.

A Oceania caracteriza-se pelo predomínio de climas quentes – Tropical e Equatorial – com temperaturas elevadas. As chuvas são abundantes em Papua- -Nova Guiné, no Havaí e no litoral norte e nordeste da Austrália.
Por causa da influência do relevo, nas vertentes voltadas para o litoral, expostas aos ventos úmidos (alísios), a pluviosidade é altíssima. Nas vertentes interiores, as chuvas são escassas e há grande aridez, com extensos desertos na parte central da Austrália. As Savanas e as Estepes dominam as áreas de clima Tropical e de clima Semiárido. Na porção central da Austrália, as Savanas recebem a denominação regional de bush e as Estepes, de scrub. Os rios são poucos e de pequena extensão na Oceania. Apenas a Austrália tem rios um pouco mais extensos: o Murray e seu afluente, o rio Darling, que nascem na cordilheira Australiana.
Nos locais onde as precipitações são mais elevadas, como no Havaí, no litoral norte e nordeste da Austrália, na ilha da Tasmânia e em Papua- -Nova Guiné, a vegetação florestal é densa. Em Papua-Nova Guiné, estendem-se amplos trechos cobertos por Floresta Equatorial, sobretudo nas faixas litorâneas. No sudeste da Austrália e na ilha da Tasmânia, situa-se a Floresta Subtropical, cuja espécie predominante é o eucalipto-gigante, com mais de 50 metros de altura. Esse tipo de floresta é encontrado também na Nova Zelândia.

 Relevo e tectonismo 


As terras mais altas da Oceania encontram-se na ilha da Nova Guiné, onde se localiza o ponto culminante do continente, o monte Wilhelm, com 4 509 metros de altitude. Essa ilha é parte de um cinturão de montanhas submersas que se estende até a Nova Zelândia. A cordilheira formou-se do contato entre as placas tectônicas Indo-Australiana e do Pacífico, portanto, em uma zona da crosta sujeita a ter remotos e vulcões.
A Austrália, por se localizar no meio da placa Indo-Australiana, apresenta – assim como o Brasil, que se localiza no centro da placa Sul-Americana – uma estrutura geológica antiga e relativamente estável, com formas de relevo con sideravelmente desgastadas e ausência de vulcões ativos e de terremotos de elevada magnitude, tão presentes na Ásia e na parte insular da Oceania. O ponto mais alto do território australiano, o monte Kosciusko, com 2 228 metros de altitude, encontra-se no sudeste do país, na Grande Cordilheira Divisória. Esse relevo atravessa o país no sentido norte-sul, às margens do oceano Pacífico, e é formado de escudos cristalinos, que são tão antigos e desgastados quanto o planalto Atlântico Brasileiro.
No relevo da Austrália há uma pre dominância de planaltos e planícies, o que favoreceu a mecanização da agricultura, feita em grandes proprie dades, e a criação de gado, como veremos no próximo capítulo. Mais uma semelhança com o Brasil. No en tanto, diferentemente de nosso país, ali há grandes extensões de desertos. Na periferia desses desertos, onde o clima é semiárido, pratica-se agricultura irrigada e pecuária extensiva. Grande parte das ilhas que com põem a Oceania, principalmente as que formam a Melanésia, é de origem vulcânica. Essas ilhas surgiram no en contro das placas tectônicas do Pacífico e Indo-Australiana. Nessa área também concentram-se as atividades sísmicas, sendo frequente a ocorrên cia de terremotos de elevada magnitude. 

O relevo e a hidrografia


Os rios mais importantes e extensos da Oceania são o Darling (2 720 km) e o Murray (2 575 km), em território australiano. Nascem na Grande Cordilheira, divisor de águas entre os rios que, como esses dois, correm para o oceano Ín dico, ao sul, e os rios (menos extensos) que correm para o oceano Pacífico, a leste. A bacia Murray-Darling abrange cerca de 15% do território australiano, em uma região economicamente muito importante. As águas desses rios são utilizadas para o abastecimento da população, o sustento de atividades indus triais, a geração de energia elétrica e, principalmente, para a irrigação agrícola. O planalto Ocidental Australiano é o divisor de águas entre os rios que cor rem para o oeste e deságuam no oceano Índico. Na Austrália também há rios temporários (por estarem em regiões semiáridas), que correm para lagos inte riores. Já no centro do país, que é extremamente árido, quase não existem rios. Na Austrália, a maior parte da energia elétrica consumida vem de usinas termelétricas, que utilizam como fontes primárias o carvão mineral, o petróleo e o gás natural. Ainda assim, no trecho planáltico, sobretudo no dos rios da bacia Murray-Darling, como o Tumut, há várias usinas hidrelétricas (observe a foto). A Austrália tem ao todo 124 hidrelétricas, mas a maioria de pequeno porte. Todas, somadas, têm uma capacidade instalada de cerca de 8 800 MW (pouco mais da metade da hidrelétrica de Itaipu, que tem 14 mil MW), assegu rando cerca de 6,5% do fornecimento de energia elétrica do país.

 Clima e vegetação


As terras da Oceania distribuem-se na Zona tropical e na Zona temperada do planeta, e sofrem influência de correntes marítimas quentes e frias. Por essa razão, há grande diversidade climatobotânica.
Os climas da Zona do Pacífico são influenciados pela corrente quente Leste-Australiana e, por isso, são quentes e úmidos. Já os climas da Zona do Índico, influenciados pela corrente fria Oeste-Australiana, são mais frios e bem mais secos. Nas áreas montanhosas o clima é amenizado pela altitude.
Principalmente no sudeste da Austrália, a região mais ocupada do país, a vegetação foi em parte retirada para o desenvolvimento de atividades agro pecuárias e a construção de cidades e indústrias.
A Austrália é um dos países mais áridos do mundo: 70% de seu território recebe menos de 500 mm de chuva por ano e é classificado como de climas semiárido e árido, como você observou no mapa de climas da página 232. 
Os desertos ocupam cerca de 40% do território, com destaque para o Grande Deserto de Vitória, com 348 mil km2, e o Grande Deserto de Areia, com 267 mil km2 (os dois equivalem aproximadamente às áreas de Goiás e de São Paulo, respectivamente).

Oceania: espaço socioeconômico.


Um continente de contrastes socioeconômicos. Com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, países desenvolvidos, com economia diversificada e elevado nível de vida, a Oceania é formada por países em desenvolvimento, que apresentam uma economia dependente de atividades primárias. Muitos territórios são domínios de grandes potências, principalmente dos Estados Unidos e da França, países que chegaram a realizar testes nucleares na região, respectivamente no atol de Bikini e em Mururoa. Em algumas das pequenas ilhas, como Bora Bora e Tahiti, a atividade turística tem grande importância econômica. No entanto, os principais destinos turísticos do continente são Austrália e Nova Zelândia, onde tanto a diversidade dos elementos naturais como as cidades com excelente infraestrutura hoteleira e de lazer são fortes atrativos.

A população 


Com população de aproximadamente 40 milhões de habitantes em 2017, a Oceania é um continente pouco populoso e pouco povoado (3 hab./km²). Em parte por causa dos aspectos naturais (como o clima), sua população distribui-se de modo irregular pelo território. Em algumas ilhas e em trechos do litoral da Austrália (Sydney e Melbourne) e da Nova Zelândia (Ilha do Norte), encontram-se altas densidades demográficas (300 a 350 hab./km²). Nas áreas desérticas da parte central da Austrália (que correspondem à área do estado do Amazonas), o número de habitantes é muito reduzido (menos de 1 hab./km²). Na composição étnica predominam os brancos, descendentes dos colonizadores. Na Micronésia, na Polinésia e na Melanésia é grande o número de malaio-polinésios. A Austrália conta também com aproximadamente 460 mil aborígines em sua população.

Uma característica importante da população australiana é o grande contingente de imigrantes. Em virtude de sua reduzida população, o país sempre procurou estimular a imigração. Atualmente, de cada três cidadãos, um é imigrante ou filho de imigrantes. Em algumas escolas, chega-se a registrar uma média de 11 nacionalidades em cada sala. Durante a década de 1980, ingressavam anualmente cerca de 150 mil imigrantes na Austrália, enquanto no decorrer da década de 1990, quando foi adotada uma política de imigração mais seletiva em virtude de uma redução no ritmo de crescimento da economia, essa média caiu para 75 mil por ano. A população da Oceania é predominantemente urbana e suas cidades mais populosas e importantes são: Sydney, Melbourne, Brisbane e Perth, na Austrália; Auckland, Christchurch e Wellington na Nova Zelândia; e Honolulu, no Havaí. Essas cidades australianas e neozelandesas abrigam importantes portos, responsáveis pelo escoamento de grande parte da produção agropecuária e mineral desses países.

Atividades econômicas

A economia da Oceania está bastante atrelada ao sucesso econômico de Austrália e Nova Zelândia, bem como ao turismo nas ilhas dos arquipélagos ao redor. Por serem as nações mais desenvolvidas do continente, atraem os maiores volumes de investimentos, exportações e importações. A Austrália é o país dominante e um dos mais desenvolvidos do mundo, com baixos níveis de pobreza e elevada renda per capita.
Uma atividade econômica de destaque é a mineração. O subsolo australia no tem grandes reservas de bauxita (minério de alumínio), urânio, zinco, ferro, diamante, ouro, níquel e carvão mineral. O grande volume de exportações mi nerais possibilita o alto desenvolvimento industrial do país. Os setores industriais mais importantes são o side rúrgico e o metalúrgico, e os principais centros industriais estão localizados no sudeste australiano, especificamente em Sydney e em Melbourne. A maior parte da energia do país provém do petróleo e do carvão mineral.
A agricultura da Austrália é bastante desenvolvida, moderna e mecanizada, com maior produtividade no sul do país. As culturas que se destacam são as do trigo, da aveia, da cevada, da cana-de-açúcar e do algodão, cultivados em grandes pro priedades.
Considerada um dos maiores criadores de ovinos do mundo, a Austrália é o maior exportador de lã do planeta. Na pecuária, ainda merece destaque a criação de caprinos e bovinos, e o país é um dos principais exportadores mundiais de carne bovina. A videira, introduzida pelos colonizadores, possibilita a produção de um vinho que compete com os europeus. O turismo, cada vez mais procurado, é o setor que mais emprega na Austrália. Os locais mais visitados são a capital – Camberra –, Sydney, a Grande Barreira de Corais, no litoral, e o Uluru, no interior do país.
Na Oceania, as atividades econômicas apresentam grandes contrastes. Ao lado de economias que funcionam segundo o modelo europeu, como Austrália e Nova Zelândia, encontram-se economias organizadas de modo tradicional, cujas bases são a pesca e a agricultura de subsistência, como Papua-Nova Guiné, Fiji e Samoa. 
Em algumas ilhas de maior extensão, além da agricultura de subsistência, há culturas de produtos destinados à exportação, como coco, abacaxi, cana-de-açúcar e café. Historicamente, australianos e neozelandeses, até por causa dos laços culturais e políticos, sempre mantiveram um comércio bastante intenso com a Europa, em especial com o Reino Unido. 
A elevada demanda do Japão e da China por matérias-primas agrícolas e minerais e a grande quantidade desses produtos existente na Austrália e na Nova Zelândia, todavia, têm fortalecido as relações comerciais dos países da Oceania com os países asiáticos mencionados. Austrália, Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné também integram a Associação de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec).
Criado em 1989, esse bloco econômico estabelece uma zona de cooperação econômica que estimula o comércio entre os países-membros e diminui as barreiras alfandegárias. 
O objetivo é transformar a Apec numa gigantesca zona de livre-comércio. Criado em 1989, esse bloco econômico estabelece uma zona de cooperação econômica que estimula o comércio entre os países-membros e diminui as barreiras alfandegárias. 
As economias da Apec representam cerca de 50% do PIB total mundial.
A agropecuária é um setor muito desenvolvido e moderno na economia da Nova Zelândia. Está vinculada às indústrias, especialmente à alimentícia e à têxtil, responsáveis por grande parte das exportações de carne, lã, leite e pele. A tecnologia empregada na pecuária leiteira intensiva neozelandesa e sua pro dutividade fazem dela uma das mais avançadas do mundo. Como a Austrália, o país conta com uma relevante criação extensiva de ovinos. Na agricultura, as principais áreas de cultivo estão localizadas na Ilha do Sul, onde sobressaem as plantações de trigo, cevada, aveia, milho e batata.
O setor siderúrgico e o de metalurgia, nas ilhas do norte e do sul, respectivamente, são os destaques da atividade industrial da Nova Zelândia. Embora o país não tenha um subsolo rico em minerais, apresenta expressivas reservas de recursos energéticos: carvão mineral, pe tróleo e gás natural. Na Nova Zelândia há grande disponibilidade de energia geotérmica. Isso se deve à intensa atividade tectônica, que gera ca lor subterrâneo. 
 O turismo é um dos setores fundamentais da economia. Milhares de visitantes de todo o mundo são atraídos pelo ecoturismo que o país proporciona, desde caminhadas contemplativas em meio a paisagens naturais até a prática de esportes radicais. A grande maioria da população das ilhas do Pacífico trabalha na área de serviços (turismo, educação e setor financeiro). 
Os grandes mer cados receptores da Oceania são Japão, China, Coreia do Sul e Estados Unidos. Os negócios da maioria das ilhas depen dem de relações comerciais com Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, já que muitas delas não produzem o suficiente para o mercado interno, devido à escassez de recursos. A indústria da pesca e o turismo têm bastante importância econômica entre os países insula res da Oceania. 

Agropecuária e exploração mineral


A agricultura australiana, bastante mecanizada, emprega apenas 3,9% da População Economicamente Ativa (PEA) e é praticada em grandes propriedades. Seus principais produtos são o trigo, a aveia e a cevada, também merecendo destaque as culturas de cana-de-açúcar e de algodão. Quanto à pecuária, seu rebanho mais numeroso é o de ovinos – o maior do mundo, cuja produção de lã representa 25% do total mundial. Destacam-se também os caprinos, que proporcionam uma notável produção de peles e carne, e os bovinos, que, pela alta produtividade e pela qualidade, fazem da Austrália um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo. O subsolo australiano é muito rico em recursos minerais, que somam 50% das exportações do país. A Austrália tem a maior reserva de bauxita (minério de alumínio) do mundo, a segunda de zinco, a terceira de minério de ferro, a quarta de ouro e de níquel, além de reservas expressivas de prata, estanho e cobre. O território australiano concentra também aproximadamente 40% das reservas mundiais de urânio.
A Austrália conta com um dos maiores aquíferos do mundo: a Grande Bacia Artesiana, que corresponde a cerca de 1/5 de seu território. Esse aquífero é de vital importância para um país que tem extensas áreas desérticas e diversas atividades econômicas consumidoras de água em grande quantidade, como a agricultura, a pecuária e a mineração. A energia é obtida principalmente do petróleo e do carvão mineral. A produção de petróleo é insuficiente, sendo necessário importá-lo; o carvão, por sua vez, é produzido em maior quantidade, chegando a ser exportado.

A Austrália é a maior economia da Oceania. Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2017 o país era responsável por 85,5% do produto interno bruto (PIB) do continente. 
Já a Nova Zelândia respondia por 12,5%, enquanto todos os outros doze países somados eram responsáveis por apenas 2% do PIB continental. Indústria e mineração Austrália e Nova Zelândia têm um parque fabril diversificado e são os únicos países industrializados do continente. São também os que têm a agricultura mais moderna e produtiva. A maioria das indústrias australianas localiza-se em torno das grandes ci dades, sobretudo no sudeste do país, onde se concentra a maior parte da mão de obra e do mercado consumidor. Ali há também maior disponibilidade de energia elétrica e de infraestrutura de transportes e telecomunicações. 
A Austrália também é um dos países mais ricos em recursos minerais do planeta. Seu subsolo abriga grandes reservas de diversos minérios. Esse foi um dos fatores que, somado à disponibilidade de capitais para investimentos e à mão de obra qualificada (grande parte dela imigrante), mais contribuíram para a industrialização do país. 
Os outros países vivem basica mente da agricultura de subsistência e da indústria extrativa mineral, como é o caso de Papua-Nova Guiné, e do turismo, especialmente os países da Polinésia e Melanésia.

A economia da Nova Zelândia


A pecuária desempenha um papel importante na economia da Nova Zelândia. Nos sopés das montanhas da Ilha do Norte destaca-se a criação de gado leiteiro, enquanto na Ilha do Sul predomina a criação extensiva de ovinos. A criação de ovinos está associada à indústria de transformação de lã, situada próximo aos portos para facilitar o escoamento do produto. Parte expressiva das exportações constitui-se de carne, lã e peles. As indústrias dedicam-se aos produtos da pecuária (carnes, leite e lã). Há também no país indústrias metalúrgicas e siderúrgicas, cujo desenvolvimento foi possível graças, em parte, à boa oferta de energia elétrica.

A agropecuária 

Por causa da sua posição geográfica, a Austrália cultiva produtos da Zona tropical e da Zona temperada do planeta. Grande parte do território australia no é imprópria para a agricultura, por causa da grande extensão dos desertos. Entretanto, muitas áreas de climas semiárido são irrigadas, o que amplia as possibilidades de cultivo.
O país é um importante produtor agrícola, com destaque para o plantio de trigo, cevada e algodão. Desenvolve também uma agricultura do tipo mediter rânea irrigada, com destaque para o cultivo de uvas. O país tem aumentado sua participação no mercado mundial de vinhos (em 2017, era o quarto maior expor tador, com 5,8% do mercado mundial). Sua pecuária também é muito importan te; é um dos maiores produtores mundiais de carne bovina, ovina e de lã. A agropecuária é moderna e de alta produtividade, o que torna o país muito competitivo no mercado agrícola internacional. 
Segundo dados da Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), em 2016, a Austrália foi o sétimo maior exportador de produtos agrícolas, com 2,5% do mercado mundial. A Austrália é um dos maiores exportadores mundiais de cereais, como a cevada e o trigo. Em 2016, foi o quinto maior produtor mundial de carne bovina e o segundo de carne e de lã de ovinos, produtos importantes em sua pauta de exportação. 
A Nova Zelândia, segundo a FAO, em 2016 foi o 13o maior exportador de produtos agrícolas do mundo, com 1,6% do mercado mundial. O país se des taca como produtor de carne e de lã de ovinos, produtos muito importantes em sua pauta de exportação. O país também se destaca como exportador de frutas, com destaque para o kiwi.

A pauta da exportação


Embora seja um país industrializa do, a Austrália é um grande exporta dor de matérias-primas, sobretudo para a China e o Japão. Em 2017, 80,5% do valor de sua pauta de ex portações era composta de produtos primários, especialmente minérios e carvão. O país é o maior exportador mundial de minério de ferro e de carvão mineral. No mesmo ano, respondeu por 33% do total mundial desse combustível fóssil vendido no exterior. Os australianos também exportam manganês, bauxita, ouro, diamante, zinco, entre outros minérios. A Austrália também exporta matérias-primas industrializada (como aço e alumínio), bens acabados (como automóveis e máquinas) e produtos químicos, mercadorias com maior valor agregado, o que proporciona maior ingresso de reservas estrangeiras na economia do país. 
A Nova Zelândia também é grande exportadora de matérias-primas, mas com forte predominância de produtos agrícolas, embora tenha uma exportação significativa de produtos industrializados. Papua-Nova Guiné exporta predominantemente produtos primários, sem nenhum tipo de transformação, com destaque para minérios, como ouro, níquel e cobre. A participação de produtos industrializados em sua pauta de exportação é baixa. 

As condições de vida 


Apenas dois países da Oceania são desenvolvidos: Austrália e Nova Zelândia. Os outros (pequenas ilhas da Micronésia, Melanésia e Polinésia) são con siderados países em desenvolvimento, sendo alguns muito pobres, como Pa pua-Nova Guiné e Ilhas Salomão. Essa realidade se reflete nos indicadores de desenvolvimento humano.
Apesar de a Austrália ser o segundo país do mundo em IDH, a população aborígine e das ilhas do estreito de Torres tem indicadores bem abaixo da média nacional. O padrão de vida médio da população nativa ainda é inferior ao da população não nativa (descendente de imigrantes), o que se reflete na expectativa de vida. 
Segundo o governo australiano, para a população aborígine nascida entre 2010 e 2012 a expectativa de vida era de 69,1 anos (homens) e 73,7 anos (mulheres), enquanto para o restante da população a expectativa de vida era de 79,7 anos (homens) e de 83,1 anos (mulheres).

Áreas Protegidas na Austrália 


As Áreas Protegidas da Austrália são áreas pertencentes ou administradas pela população nativa (composta de aborígines e do povo das ilhas do estreito de Torres). Elas fazem parte do Sistema de Reservas Nacionais da Austrália, que é a rede de parques, reservas e áreas protegidas formalmente reconhecidos em todo o país. Em 2017 existiam 75 Áreas Protegidas para a população nativa na Austrália, que ocupavam 45% do sistema de reservas. Além de proteger a biodiversidade, elas foram criadas com a intenção de contribuir para a manutenção da cultura das comunidades nativas.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Índia

Do mesmo modo que a China, a Índia descende de antigas civilizações, cujos preceitos e modos de vida ainda exercem grande influência sobre a população. O hinduísmo, religião professada por mais de 80% da população indiana, define o in divíduo a partir de sua hereditariedade, baseando-se em um sistema de castas, o que para alguns estudiosos é uma das razões da manutenção das desigualdades sociais da Índia. Apesar de abolido pela Constituição promulgada após a independência do país, que ocorreu em 1947, o sistema de castas persiste, por força da tradição.
A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes. O país apresenta também uma elevada densidade de mográfica, com cerca de 400 habitantes por quilômetro quadrado. Atualmente, a Índia é uma das maiores economias da Ásia e vem registrando expressivo crescimento econômico, mas ainda está distante de melhorar a vida de boa parte da população. Cerca de 300 milhões de indianos vivem abaixo da linha da pobreza e, em 2020, o país ocupava a 131a posição no ranking global do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), considerando 189 países. 
Essa realidade é parcialmente explicada pela elevada desigualdade social: cer ca de 1% da população indiana concentrava, em 2020, 40% da riqueza total do país. Dessa forma, são muitos os desafios socioeconômicos que a Índia enfrenta.

Divisão social e mobilidade 

A divisão da sociedade em castas hierarquizadas tem uma história muito an tiga, uma vez que se origina do hinduísmo, uma religião milenar. Na Índia atual, muitos hindus mantêm essa divisão social – principalmente em áreas menos ur banizadas –, perpetuando valores e costumes ancestrais. De acordo com a tradição, o sistema de castas não admite mobilidade social. Sua estrutura é piramidal, contendo milhares de castas divididas em quatro grandes grupos. Na base da pirâmide estão os sudras, que são os servos e os artesãos. Em seguida, vêm os vaixás, que são os comerciantes e os camponeses. Depois aparecem os xátrias, casta formada pelos militares. No topo estão os brâmanes, casta constituída por sacerdotes e estudiosos. Já os párias, também chamados de dalits ou intocáveis, realizam tarefas consideradas menores, como serviços de limpeza; não fazem parte das castas.
O sistema de castas vem de Brahma, divindade criadora do Universo. Segundo a crença, os brâmanes nasceram da cabeça de Brahma; os xátrias, dos braços; os vaixás, das pernas; e os sudras, dos pés da divindade.
O pertencimento a cada cas ta é definido pelo nascimento e por hereditariedade. A proibição do casamento entre pessoas de diferentes origens torna impossível a mudança de casta ao lon go da vida. A consequência mais evidente desse sistema é a per petuação da desigualdade social.
Muitos indianos, porém, questionam essa tradição, principalmente aqueles que Banco de imagens/Arquivo da editora vivem em grandes centros urbanos. Por sua vez, o governo tem implementado políticas públicas, como a criação de cotas em universidades, com o objetivo de facilitar a mobilidade social. 
Mesmo sendo poucos os casos, já existem indianos de castas inferiores em papel de destaque na Índia atual. São pequenos avanços, mas a questão das cas tas e da discriminação social ainda é um dos grandes desafios para o futuro da maioria dos indianos. 

A formação da República da Índia

O território da Índia foi definido em 1947, após a Segunda Guerra Mundial. A colônia britânica dessa porção asiática compreendia Índia, Paquistão e Bangladesh e era habitada por etnias e grupos religiosos diversos, dois deles majoritários: os muçulmanos e os hindus. Suas fronteiras são resultantes do processo de independência, que deu origem ao Paquistão — que se dividia em Paquistão Ocidental (atual Paquistão) e Paquistão Oriental (atual Bangladesh) e abrigava a maioria muçulmana — e à Índia, de maioria hindu. Bangladesh tornou-se independente em 1971 após a luta pela libertação do Paquistão, apoiada pela Índia. Desde a independência, Paquistão e Índia não resolveram suas questões de fronteira, responsáveis por três guerras entre os dois países. A raiz dos conflitos é a Caxemira, região de maioria muçulmana, mas sob o domínio da Índia. Na primeira guerra pela disputa da Caxemira entre Paquistão e Índia, entre 1947 e 1949, a região ficou dividida. Sua maior parte, onde estão os vales férteis e as nascentes de rios importantes, ficou sob o controle do governo indiano. O grande líder da independência da Índia foi Mahatma Gandhi, que pregava uma revolução sem violência, baseada no conceito de desobediência civil, que consistia na não obediência às leis consideradas injustas como forma de protesto e de desestabilização do poder do Estado. Apesar disso, Gandhi não conseguiu controlar a insatisfação de milhões de pessoas com a administração britânica e atos de violência e atentados terroristas foram frequentes durante a luta contra o Reino Unido.

Economia indiana


Com o fim do domínio inglês a partir de 1947, a Índia passou por muitas trans formações. A economia se diversificou com o aumento do número de indústrias e com alterações na agricultura e no setor de serviços. A industrialização indiana apresenta semelhanças com a brasileira. Ela se baseou na substituição de importações, ou seja, deu-se prioridade à instalação de fábri cas que pudessem produzir mercadorias consumidas no próprio país e que antes eram importadas do Reino Unido. 
Após essa fase inicial, o governo passou a investir em infraestrutura, como a construção de ferrovias. Para produzir trilhos e trens, dois setores foram impulsio nados: a siderurgia e a metalurgia.
A maioria da população indiana vive no campo (cerca de 64%) e quase meta de trabalha em alguma atividade ligada à agricultura (aproximada mente 47%). No entanto, as cidades indianas vêm crescendo rapidamente. Por um lado, esse processo amplia problemas sociais e ambientais urbanos. Por outro, vem esti mulando a indústria e o setor de comércio e serviços, que respondem por apro ximadamente 75% da riqueza gerada no país atualmente. 
A Índia tem despertado atenção pela prosperidade de sua economia, cada vez mais importante no contexto mundial. Também chama a atenção o caminho seguido para seu desenvolvimento nas duas últimas décadas. O país fez investimentos bem-sucedidos em tecnologia e formação profissional. Formou milhões de engenheiros e soube criar oportunidades singulares na economia globalizada. A partir dos anos 1990, a Índia promoveu grandes transformações em sua estrutura econômica e integrou-se com sucesso ao mercado internacional. Os mecanismos que apoiaram o crescimento da participação indiana na economia mundial são semelhantes aos aplicados pela China: subvalorização da moeda (rúpia), baixo custo da mão de obra, criação de Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) e incentivos do governo. Grandes investimentos para melhorar a infraestrutura de telecomunicações e de transportes também vêm sendo realizados, sobretudo no setor rodoviário.

 Agricultura 

Na década de 1950, uma série de técnicas agrícolas foi introduzida no país, iniciando a chamada Revolução Verde, que consistiu na modernização da agricul tura pelo uso de agrotóxicos, máquinas agrícolas, novas variedades de sementes e técnicas de irrigação em vastas áreas com monocultura.
Com a mecanização da agricultura, muitos empregos foram perdidos nas áreas rurais da Índia, resultando na migração das pessoas para áreas urbanas, uma das razões para a formação de enormes favelas em cidades como Mumbai e Nova Délhi, capital da Índia. Estes são os centros urbanos mais populosos do país e estão entre as maiores megacidades do mundo. O uso de sementes e agrotóxicos importados aumentou o custo de produção. Houve também uma concentração das terras, que contribuiu para expulsar tra balhadores do campo.

Exportação de serviços

Um traço de originalidade da economia indiana está relacionado ao setor de serviços. Empresas indianas contam com mão de obra com fluência na língua inglesa, qualificada para prestar serviços de natureza variada para empresas estadunidenses, inglesas e até mesmo brasileiras. Empresas de qualquer parte do mundo que não desejam criar um setor específico para atividades e processos que não pertençam a seu negócio principal (como a contabilidade, o recolhimento de impostos, a elaboração da folha de pagamentos) podem repassá-los a empresas instaladas na Índia. Os call centers, por exemplo, prestam serviços de informação ao cliente e suporte técnico ao consumidor, a distância. A prestação de serviços é um produto de exportação da Índia. Tudo é feito com a tecnologia da informação. Outro destaque da nova fase da economia indiana são as empresas de desenvolvimento de software. O setor conta com amplo apoio governamental, por meio de incentivos fiscais e investimentos públicos na formação de profissionais. Bangalore, um dos tecnopolos da Índia, tem mais engenheiros que o Vale do Silício, na Califórnia. São profissionais igualmente qualificados, mas que recebem remuneração bem inferior em comparação aos salários pagos nos Estados Unidos. Outra cidade que se destaca nesse setor é Hyderabab. A Índia é hoje o maior exportador de software do mundo.
Na área de entretenimento, o cinema tem grande destaque: é o país que mais produz filmes no mundo. Bollywood, situado em Mumbai, é a segunda maior indústria cinematográfica, superada apenas pela produção dos Estados Unidos.

Principais setores industriais

Nas décadas de 1960 e 1970, o governo proibiu a presença de empresas estrangeiras no país, como forma de incentivar o desenvolvi mento de indústrias locais. Mas, a partir de 1980, passou a autorizar os investimentos externos, que foram realizados nos setores de produção de automóveis, geração de energia, turismo e infraestrutura. Ao mesmo tempo, as empresas do país prosperaram e conseguiram desenvolver a produção de bens de consumo, como auto móveis, que são fabricados tanto para o mer cado interno como para exportação.
Entretanto, foi a partir da década de 1990 que a Índia passou a se destacar no mundo. O país tornou-se fornecedor de mão de obra qualificada. Muitos jovens indianos foram re crutados por universidades e empresas esta dunidenses e europeias para desenvolver pro gramas de computador. Estima-se que o país tenha cerca de 1,5 milhão de programadores, que atuam em empresas nacionais e estran geiras. Muitos desses jovens retornaram ao país e criaram empresas inovadoras, que de senvolvem programas de computador e robôs, usados na automação da produção industrial de muitos países.
 
A indústria farmacêutica também faz parte do desenvolvimento econômico recente da Índia. Inicialmente produzia drogas genéricas, depois começou a desenvolver e produzir drogas de combate a aids e transformou-se no principal fornecedor desses medicamentos aos países mais pobres. Atualmente os laboratórios indianos têm investido em pesquisa e desenvolvimento e elevaram as empresas desse setor ao patamar de produção do mundo desenvolvido. A indústria automobilística é também importante e começa a ganhar maior projeção internacional. Além de diversas empresas multinacionais do setor instaladas na Índia, o país tem indústrias nacionais, como a Mahindra e a Tata Motors. Esta, de maior destaque, atende a quinta parte do mercado indiano e exporta para diversos países asiáticos. Em 2008, ela lançou o automóvel mais barato do mundo e comprou a Land Rover e a Jaguar. Em 2018, o país se tornou o quarto maior produtor mundial de veículos automotivos. A Índia também disputa a liderança mundial na produção de aço. Os dois recursos minerais básicos para a siderurgia, carvão mineral e minério de ferro, são extraídos em quantidade suficiente para atender ao consumo atual das empresas indianas. As maiores jazidas de ferro estão em Goa, que, além de suprir o mercado doméstico, é responsável por 40% das exportações do país.

A sociedade

A Índia é o segundo país em população do mundo. Apesar de ser o sétimo em extensão territorial, aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes vivem em uma área de 3.287.263 quilômetros quadrados, equivalente a cerca da terça parte do território chinês. Tais fatores fazem da Índia o país de maior densidade demográfica, com mais de 400 habitantes por quilômetro quadrado. A maior parte dos indianos depende do trabalho agrícola, embora cerca de 75% da renda do país seja gerada por atividades urbanas: indústria e serviços. O crescimento econômico acelerado ainda está distante da possibilidade de melhorar a vida de boa parte dos indianos. Cerca de 300 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza e lutam diariamente pela sobrevivência. A desigualdade social é alarmante.

Indicadores sociais 

Os indicadores sociais indianos não melhoraram da mesma forma que os eco nômicos. Em 2016, a expectativa de vida era de 68,5 anos. A média de anos de estudos era de 6,3 anos, ou seja, pouco mais da metade do Ensino Fundamental, se considerarmos um ciclo de 8 anos, como ocorre em muitos países. Quando se analisa esse dado em termos de gênero, as mulheres tinham 4,8 anos de estudo em média, e os homens, 8,2 anos, em 2016, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2017.
Com elevada pobreza, a Índia enfrenta desafios para melhorar a qualidade de vida de sua população.  Em 2016, 27,8% da população estava em extrema pobreza, segundo o mesmo relatório.

Grupos religiosos

Dentre as religiões praticadas na Índia, destacam-se, pelo número de adeptos, o budismo e o bramanismo ou hinduísmo. O budismo corresponde mais a um sistema ético-filosófico do que propriamente a uma religião. Surgiu na Índia, mas acabou se difundindo, com diversas ramificações, entre alguns povos asiáticos. O hinduísmo é praticado predominantemente na Índia, com adeptos também nos países vizinhos. A religião hindu é resultante de uma combinação de culturas. Essa combinação criou o sistema de castas, que, apesar de ter sido extinto por lei, até hoje é adotado em seus princípios básicos pela sociedade indiana. As castas são grupos sociais cujos membros pertencem à mesma etnia, profissão ou religião. Sendo uma classificação hereditária, que passa de pai para filho, nesse sistema são proibidos o casamento entre pessoas de castas diferentes e a mobilidade de uma casta para outra. Além disso, não há igualdade de direitos, ou seja, algumas castas gozam de privilégios, e todas obedecem a uma hierarquia que as classifica em categorias mais elevadas ou inferiores. Vários são os aspectos considerados na classificação das castas. Entre os mais importantes estão: o trabalho, o local de habitação na cidade e a língua. A sociedade hindu divide-se em quatro castas principais: os brâmanes (monges), os xátrias (guerreiros), os vaixás (comerciantes e artesãos) e, na base da pirâmide, os sudras (camponeses).
Compõem também a sociedade hindu os párias (dalits), que são considerados impuros pelas outras castas e exercem atividades de baixa remuneração, como as funções de coveiro e faxineiro. A partir da década de 1990, as castas inferiores vêm obtendo alguns avanços, como a aquisição de propriedades, aumento de renda e melhores empregos no serviço público, além de eleger representantes na política. Essas conquistas têm levado a choques com as castas superiores, que se sentem ameaçadas.

 Influência regional, potência mundial? 

A importância regional da antiga “Joia da Coroa”, como era denominada a Índia quando ainda era colônia inglesa, entre 1858 e 1947, deve-se a vários fatores. O principal foi sua confirmação como po tência nuclear, tendo desenvolvido de forma autônoma seu projeto desde 1974 e consolidado seu poder armamentista a partir dos testes com mísseis atômicos em maio de 1998. 
O país é banhado pelo oceano Índico, tendo a leste o golfo de Bengala e a oes te o mar Arábico. A posição geográfica – que dá ao país duas costas e enorme faixa litorânea – faz parte dos elementos que determinam sua influência regional. Além disso, seu território é extenso, com 3 287 260 km2, e pode aumentar, caso as áreas que o país reivindica junto ao Pa quistão e à China sejam incorporadas.

A Índia chegou a mais de 1,32 bilhão de habitantes em 2016, de acordo com o Relatório do Banco Mundial em 2017. Do ponto de vista socioeconômico, a Índia destaca-se por possuir a maior classe mé dia do mundo, estimada em cerca de 250 milhões de habitantes, o que lhe ga rante um importante mercado consumi dor interno, abastecido por empresas locais e por grupos estrangeiros. Também é considerada a maior democracia do pla neta, já que tem o maior colégio eleitoral do mundo, com cerca de 814,5 milhões de votantes em 2014.
O desenvolvimento científico e tecnológico indiano decorre do investimen to na formação de pessoas em nível superior. A Índia é um dos países com maior número de doutores e é considerada uma “exportadora de cérebros”, já que muitos de seus cientistas atuam em empresas de alta tecnologia no exterior, como aquelas ligadas à informática nos Estados Unidos. Além disso, tem capa cidade de gerar inovações tecnológicas em seu próprio território.
A cidade de Bangalore é chamada de Vale do Silício indiano por concentrar laboratórios, universidades e empresas voltadas para a inovação tecnológica. A Índia é apontada por muitos analistas como uma potência mundial emergente. Um conjunto de características contribui para essa condição, como a capacidade de produzir uma bomba nuclear, grande população e mercado consumidor. Além disso, possui multinacionais, principalmente no setor metalúrgico.

Rumos da economia indiana 

Nas últimas décadas, o setor industrial da Índia passou a enfrentar uma série de dificuldades, como a escassez de capital para novos investimentos, a necessi dade de ampliação da infraestrutura (redes de transporte, energia e comunicações) e a baixa qualificação da mão de obra. 
Na tentativa de superar esses problemas, o governo indiano recorreu a em préstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo que se subordinar às regras e à política econômica impostas por esse organismo. Em troca da ajuda financeira, a Índia se viu obrigada a promover, a partir da década de 1990, maior abertura da economia, eliminando barreiras alfandegárias, diminuindo o protecionismo e concedendo maior liberdade às importações e ao capital exter no, como ocorreu em vários países da América Latina.
Com isso, o modelo de economia mista, até então praticado no país, vem sendo, aos poucos, substituído pela economia de mercado, cada vez mais in serida no capitalismo global. Essas medidas provocaram o reaquecimento da economia indiana, sobretudo com a expansão da atividade industrial, que tem apresentado crescimento anual médio de cerca de 7,5% nos últimos anos. Um dos principais motivos desse crescimento é a implantação de grandes multina cionais no país. Essas empresas são atraídas para a Índia principalmente em razão da oferta de mão de obra abundante a baixo custo e do gigantesco mer cado consumidor do país. 
A entrada de grandes empresas multinacionais na Índia tem exigido do Estado vultosos investimentos em infraestrutura, sobretudo em usinas gerado ras de energia elétrica, estradas, pontes, viadutos e terminais intermodais de transporte. Exemplo desses investimentos é o chamado Quadrilátero Doura do, um conjunto de rodovias que une as quatro grandes metrópoles indianas (Nova Délhi, Calcutá, Chennai e Mumbai). Trata-se do mais ambicioso projeto de modernização do setor de transporte, e sua execução consumiu cerca de 40 bilhões de dólares. São aproximadamente 6 mil quilômetros de rodovias em pista dupla, com a mais alta tecnologia disponível no mundo, o que deverá revolucionar a economia indiana nos próximos anos.

Conflitos na Índia

Muitos conflitos têm origem em rivalidades étnicas e diferenças de caráter religioso, mas, fundamentalmente, são disputas territoriais, econômicas e de poder. Diversos líderes políticos manipulam a população, apropriando-se do discurso religioso para respaldar suas ações contra outros países. Fonte: elaborado em base em Embaixada da Índia. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2016. As disputas de maior projeção estão concentradas em dois estados, a Caxemira e o Punjab. A região da Caxemira, no norte da Índia, ultrapassa as fronteiras do país e estende-se por terras da China e do Paquistão. O Paquistão e a guerrilha muçulmana separatista querem anexá-la ao país. Além da localização estratégica, na fronteira da China, o controle da Caxemira significa dispor de nascentes, das águas do curso médio do rio Indo e de vales férteis apropriados à atividade agrícola. Na região do Punjab, também no norte da Índia, desenvolve-se outro foco de conflito, entre os sikhs — minoria étnica seguidora de uma seita própria que difunde elementos do islamismo e hinduísmo — e os hindus. Os sikhs lutam pela independência e pela formação do Estado do Kalistão. A perseguição aos sikhs intensificou-se em 1984, após a morte da primeira-ministra indiana Indira Gandhi, assassinada por membros de sua guarda pessoal e adeptos da seita sikh. O provável motivo do assassinato teria sido o fato de Indira Gandhi ter ordenado a invasão do Templo Dourado de Amritsar — local sagrado para os sikhs, onde se reunia a cúpula do movimento separatista — resultando na morte de 450 pessoas.

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