sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Os curdos: uma nação sem Estado

Exemplo da maior nação constituída sem Estado, o povo curdo soma aproximadamente 30 milhões de pessoas distribuídas por seis países: Turquia (que abriga a maior população curda, com cerca 15 milhões de pessoas), Iraque, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão. Os curdos, lutam pela reconstrução de seu país, o Curdistão, que se situava em terras que hoje pertencem a Armênia, Irã, Iraque, Síria e Turquia.
Os curdos enfrentam uma longa trajetória de perseguição e dura repressão às tentativas de formação política de um Estado próprio no território onde vive a maioria da população, o Curdistão. No entanto, esse objetivo encontra oposição dos governos dos países da região, rica em recursos naturais como o petróleo, e abrange nascentes de importantes rios, como o Tigre e o Eufrates.
Turquia e Irã concentram a maior parte de curdos, cerca de 15 milhões e 14 milhões de pessoas, respectivamente. Parte deles também foi para a Europa, em especial Alemanha e França. A autonomia dos curdos tem sido combatida pelos países em que esse povo está presente há anos.
Em 1988, o líder e ditador do Iraque, Saddam Hussein (1937-2006), comandou o genocídio de 5 mil curdos que habitavam uma região de jazidas de petróleo. 
Na década de 1980, a população curda foi massacrada pelo exército de Saddam Hussein, inclusive com o uso de armas químicas – acredita-se que tenham morrido mais de 800 mil curdos nesse período. Nesse contexto, a presença dos Estados Unidos no Iraque, a partir de 1992, beneficiou o povo curdo, que construiu uma aliança com os estadunidenses. 
Desde então, os curdos passaram a se empenhar para ampliar a autonomia que conquistaram. No entanto, entre 2014 e 2018, propriedades rurais e cidades de maioria curda no Iraque foram dominadas por uma organização terrorista formada por fundamentalistas islâmicos, o Estado Islâmico (EI), causando uma onda de violência e destruição. 
Os curdos fizeram alianças vitoriosas com países do Ocidente para combater o EI, mas não conseguiram apoio suficiente para levar adiante a criação de seu Estado nacional.
Na Turquia, a situação do povo curdo é marcada pela repressão do governo, que vem sendo agravada pelo uso de táticas violentas por parte dos curdos. Em 2016, os grupos Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) e Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK) assumiram atentados terroristas em busca de instabilidade política para a conquista da independência. Em decorrência dos eventos, o governo turco intensificou ainda mais a oposição ao nacionalismo curdo no país.
Na Turquia, os curdos conseguiram vitórias, como o ensino do curdo como língua opcional. Também foram autorizadas a produção e a veiculação de jornais, rádios e programas de televisão em curdo. 
Porém, no Irã, eles são discriminados. Com a ascensão do Estado Islâmico entre 2014 e 2017, as forças militares curdas receberam armamento e apoio militar liderado pelos Estados Unidos e foram essenciais na derrota territorial do grupo extremista, principalmente no norte da Síria. Com isso, antigos anseios dos curdos por autonomia e independência ganharam força e repercussão.

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