sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

O Japão

O Japão é um arquipélago vulcânico, situado no oceano Pacífico (Extremo Oriente). Esse arquipélago compreende cerca de 3,4 mil ilhas de vários tamanhos, que se estendem paralelamente ao litoral oriental da Ásia na forma de um grande arco.
Quatro ilhas do arquipélago japonês apresen tam grandes dimensões, correspondendo a 97% do território do país: 
• Honshu, a maior delas (230.822 km2), abriga a capital do país, Tóquio; 
• Hokkaido (83.519 km2) é a mais setentrional; 
• Kyushu (42.030 km2) situa-se ao sul de Honshu; 
• Shikoku, a menor dessas ilhas (18.780 km2), situa-se entre Honshu e Kyushu. 
De modo geral, suas ilhas são resultantes do vulcanismo ocorrido no fundo do oceano Pacífico em tempos geológicos recentes (há menos de 200 milhões de anos). O vulcanismo e o tecto nismo continuam ativos no Japão, provocando, em algumas ocasiões, terremotos de grande in tensidade e de graves consequências materiais e humanas, como o ocorrido em Kobe, em janeiro de 1995, que causou a morte de mais de 5 mil pesso as e atingiu 7,2 pontos na escala Richter, além do trágico terremoto seguido de tsunami ocorrido no dia 11 de março de 2011

A questão demográfica 

O Japão é um dos países mais populosos do mundo. Em 2018, contava cerca de 126 milhões de habitantes. Com uma pequena extensão terri torial, sua densidade demográfica é, consequente mente, muito elevada (337 hab./km2). 

Na faixa compreendida entre Tóquio e Kobe (no centro-sul da ilha de Honshu) ocorre a maior aglomeração urbana do mundo, com mais de 70 milhões de habitantes. Nessa região estão as três principais áreas conurbadas do território japonês: Tóquio, com 38 milhões de habitantes (inclusive Yokohama); Nagoya, com 8 milhões; e Osaka, com 16 milhões (inclusive Kyoto e Kobe). 
A partir de 2020, a população absoluta de Tóquio começa a reduzir e, segundo estimativas, a cidade permanecerá como a maior aglomeração do mundo em 2030, abrigando cerca de 37 mi lhões de habitantes.
A estrutura de produção japonesa e a divisão da riqueza entre a população levam o país a excelentes indicadores sociais. Sua expectativa de vida está entre as maiores do mundo. Em 2015, era de 83,7 anos, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016. A taxa de mortalidade infantil era de apenas 5 por mil. Além disso, a média de anos de estudo era de 12,5 anos. Toda a população tinha completado o Ensino Médio, e cerca de 60%, o Ensino Superior, mostrando que o índice educacional do Japão é um dos mais elevados do mundo.

Por conta do território reduzido, o país tem cidades com elevada concentração populacional. Na região metropolitana de Tóquio, onde fica a capital do país, em 2018 viviam mais de 37 milhões de habitantes, segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. Outra aglomeração urbana importante é Osaka-Kobe, com cerca de 11 milhões de habitantes. A concentração populacional no Japão formou uma megalópole, ou seja, um conjunto de metrópoles próximas umas das outras e muito articuladas entre si.

Os elevados índices econômicos e sociais do Japão impressionam se lembrarmos que o país esteve sob regime feudal até o século XIX. Porém, de 1868 a 1912, passou por uma grande mudança iniciada pelo imperador Mutsuhito (1852-1912), que ficou conhecido como Meiji. Esse imperador promoveu alterações radicais na estrutura econômica e política japonesa. O imperador combateu o xogunato, sistema político baseado no domínio militar, e estabeleceu o ensino obrigatório na Constituição. Mas a mudança mais significativa foi a criação de um sistema de organização empresarial, conhecido como zaibatsu.

 Japão: grande potência industrial 

Até 1868 o Japão era um país feudal (xogunato) e agrícola. A partir daquele ano (início da Era Meiji) foi restaurado o poder imperial, e teve início um rápido processo de desenvolvimento econômico e de transformações na sociedade ja ponesa. A industrialização, o combate ao analfabetismo e os investimentos em in fraestrutura foram a base da modernização do país. Esse período durou até 1912. 
A Era Meiji concluiu o processo de ruptura com o passado feudal, estabelecendo uma estrutura de produção e relações sociais capitalistas. A partir dessas mudanças o Japão deu início a um período de expansionismo imperialista, que se estendeu até a Segunda Guerra Mundial. Ao final dessa guerra, o país, derrotado, estava com parte significativa de sua infraestrutura e capacidade produtiva desestruturadas. No entanto, graças a um conjunto de fatores, o Japão atingiu uma vigorosa recuperação econômica, que chegou a elevá-lo ao posto de segunda potência econômica mundial (em 2017, o país ocupava a terceira posição). 
Entre esses fatores, podemos destacar: 
• a mão de obra barata e abundante, submetida a longas jornadas de trabalho; 
• a valorização do trabalho em grupo; 
• os fortes investimentos em educação, inclusive na qualificação de mão de obra; 
• o amparo do Estado à economia, com forte apoio às empresas privadas; 
• a adoção de uma política econômica protecionista, que mantinha (e, de cer ta forma, ainda mantém) impostos de importação elevados, com o objetivo de proteger a indústria nacional (proteção também presente no setor agrí cola, especialmente no caso da produção de arroz); 
• a enorme capacidade de poupança interna, que fez do país um dos maiores investidores nacionais; 
• o auxílio financeiro-econômico dos Estados Unidos, que estavam preocupa dos com a possibilidade de um avanço do socialismo no Extremo Oriente.

Economia japonesa

Em 1868, o país começou a se modernizar, construindo os alicerces de seu processo de industrialização. Nessa ocasião, o governo estimulou a formação dos zaibatsus, grandes conglomerados industriais (familiares), verdadeiros impérios com elevado grau de competição.

Os zaibatsus foram criados para permitir o surgimento de grandes empresas no Japão. O governo ajudou famílias importantes a concentrar atividades bancárias e industriais, o que lhes conferiu muito poder econômico. Foi dessa forma que surgiram empresas que existem até hoje, atuando nos setores de produção automobilística, mineração, telecomunicações, seguros, entre outros. A partir da industrialização, ocorrida no final do século XIX, o Japão adotou a estratégia de conquistar novos territórios.

Essa postura expansionista levou a conflitos com a China, a Coreia e a Rússia, que só foram resolvidos com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Como já foi estudado, o Japão se rendeu na Segunda Guerra Mundial apenas após o lançamento das bombas atômicas em Hiroxima e Nagasáqui. 
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os zaibatsus, que haviam contribuído também para a grande concentração de riquezas nas mãos de poucos indivídu os, tiveram seu poder drasticamente reduzido; membros das famílias desses impérios e seus principais executivos perderam vez na vida pública, e a maior parte de suas propriedades passou para o domínio do governo. Entretanto, muitas das grandes companhias que compunham os zaibatsus continuaram a exis tir e tiveram um papel importante na reconstrução do país no pós-guerra.
Logo depois se iniciou o período da Guerra Fria e o Japão passou a ser um território importante do ponto de vista estratégico para os Estados Unidos por causa de sua proximidade com a União Soviética e a China. Esse motivo levou os Estados Unidos a realizar grandes investimentos para a reconstrução do país, impulsionando a economia japonesa, que registrou o maior crescimento entre 1950 e 1980.
As inovações no processo de fabricação também foram de grande importância para a trans formação do Japão em uma po tência industrial. Com o objetivo de reduzir custos, ciclos de produção e prazos, priorizando a qualidade dos produtos, desen volveu-se uma nova organização da produção: o toyotismo. Esse sistema teve origem em meados do século XX na indústria automo bilística Toyota.
No entanto, é preciso ressaltar os aspectos negativos, particular mente para os trabalhadores, nesse sistema, como o fato de as empre sas subcontratadas pagarem salá rios mais baixos e exigirem mais horas de trabalho.
As novas estratégias pro dutivas do Japão levaram esse país a se tornar uma potência industrial, disputando com os Estados Unidos a liderança na fabricação de produtos como automóveis, eletrônicos, máquinas industriais e robôs. O país obteve, principalmente nos anos 1980, um perío do de grande acúmulo de capitais, graças aos superavits (saldos positivos) de sua balança comercial e à poupança financeira expressiva de sua população, que transformou o país em uma poderosa fonte de investimento, uma potência financeira.
No fim dos anos 1990, a economia japonesa entrou em recessão, isto é, di minuiu seu ritmo por causa do colapso de alguns bancos (que emprestaram di nheiro de retorno duvidoso para muitas empresas), da elevação do deficit (saldo negativo) do orçamento do governo e da queda na rentabilidade das empresas mais fracas, fato que contribuiu para o aumento do desemprego no país.
 Ainda no início do século XXI, com a migração de fábricas globais para países que ofereciam mão de obra mais barata, a estagnação do consumo interno, o ele vado deficit público e as dificuldades para dinamizar setores ligados ao setor terciário mais moderno (consultoria, produção de software, publicidade, ativida des ligadas à internet), entre outros motivos, o Japão passou por outro período de recessão em sua economia.
Paralelamente ao crescimento econômico, o Japão conseguiu desenvolver tecnologia de ponta, em especial nas áreas de eletrônica, computação e telecomunicações. O país se tornou um grande exportador de produtos industrializados, inclusive de carros. Esse conjunto de fatores propiciou o aumento da renda da população, uma das mais ricas do mundo. Apesar da forte concentração industrial e do espaço físico limitado, no Japão também se desenvolvem atividades agrícolas. O país é grande produtor de arroz para consumo interno.

Diversificação e distribuição espacial da indústria

No Japão, onde o parque industrial é amplamente diversificado, destacam-se as seguintes indústrias: 
  • siderúrgica e metalúrgica, com grandes estabelecimentos localizados próximo da zona carbonífera de Kyushu; embora importem matérias-primas, superam a produção de aço de vários países europeus; 
  • de construção naval (primeiro produtor mundial), com grandes e modernos estaleiros situados em Nagasaki e ao redor do porto de Kobe; 
  • têxtil, cujo principal produto é a seda (primeiro produtor mundial), seguida pelas fibras artificiais e sintéticas; eletroeletrônica, que é competitiva e das mais modernas do mundo, respon dendo por cerca da metade das exportações de produtos eletrônicos e ele trodomésticos do mundo (fornos de micro-ondas, televisores, etc.); 
  • automobilística, cujos veículos, produzidos a baixo custo, são modernos e conquistaram parte dos mercados estadunidense e europeu, além de diver sos países da própria Ásia e da América Latina. A robotização da atividade industrial atinge no Japão o índice mais elevado do mundo. 

Comércio internacional 

Com relação aos produtos exportados, o Japão está entre os principais fornecedores de carros, máquinas e navios. O país também aparece com destaque na produção de eletroeletrônicos. Porém, é um importador de alimentos e de recursos naturais. O principal parceiro comercial do país são os Estados Unidos, seguido pela China.
Os países europeus também estabelecem um comércio importante com o Japão, mas os países asiáticos e os do Oriente Médio apresentam um volume maior de negócios. A movimentação de navios é intensa nos portos japoneses, e o de Yokohama é o principal do país. De acordo com a administração desse porto, por ele passaram 35 677 navios em 2016, que transportaram cerca de 291,7 milhões de toneladas. Desse volume, 30 mi de toneladas foram destinadas para outras partes do país.
Em junho de 2002, o Japão havia ratificado o Protocolo de Kyoto, acordo en tre países para diminuir a emissão de gases na atmosfera e, em 2017, ratificou o Acordo de Paris. O país é responsável pelo lançamento de 7,5% dos gases de efeito estufa do planeta. 

 A agropecuária e a pesca 

A política agrícola japonesa, apesar das pressões internacionais, é marcada pelos subsídios aos agricul tores, por limitação das importações e pelas elevadas tarifas sobre produtos agrícolas importados. Apenas 16% do território japonês é apropriado para as práticas agrícolas. Apesar disso, o Japão consegue obter gran des colheitas de seu solo, com o auxílio de técnicas modernas, máquinas e fertilizantes. 

A agricultura é desenvolvida nas planícies, sendo também aproveitadas as encostas das montanhas, por meio da técnica do terraceamento. No espaço rural japonês predominam as pequenas propriedades, consequência da reforma agrá ria instituída logo após a Segunda Guerra Mundial (1946). 
O principal produto cultivado no Japão é o arroz, alimento básico da popula ção. Sua cultura ocupa 45% das terras agrícolas (figura 8). O país é um dos maio res produtores de arroz do mundo, apresentando também o maior rendimento por hectare (cerca de 6.500 kg por hectare, enquanto a média mundial é de aproxima damente 3.800 kg por hectare). Além do arroz, cultivam-se o chá, o algodão, a soja, a cana-de-açúcar e o trigo. 
Apesar da elevada produtividade, o Japão não é autossuficiente, dependendo da importação de diversos produtos como trigo, açúcar, milho e soja. O Japão é o primeiro produtor mundial de pescado, sendo considerado o país mais desenvolvido tecnologicamente no setor. Navios-fábricas percorrem milhares de quilômetros de mares em busca de pescado.

 Extrativismo 

Parte da cobertura vegetal do Japão é aproveitada para exploração da ma deira (construção, fabricação de papel) e geração de energia. Essa exploração é controlada pelo governo, que incentiva o reflorestamento. Devido à intensa demanda interna, o Japão importa madeira de vários países do globo, especialmente da Indonésia e do Brasil, sendo um dos maiores importa dores de madeira tropical do mundo. Quanto ao extrativismo mineral, seus recursos são escassos, necessitando importar praticamente todas as matérias-primas essenciais ao desenvolvimento de sua atividade industrial, tais como: petróleo, carvão, minério de ferro, cobre, níquel e bauxita.

Influência do Japão

O Japão aparece como importante centro de produção tecnológica; entretanto, seu papel vai além. Empresas e grupos financeiros japoneses estão entre os maiores do mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão, sob ocupação dos Estados Unidos, promulgou a Constituição de 1947, na qual estabelece a renúncia “para sempre” à guerra, atribuindo às forças armadas a função de defender seu território e não atacar outros. Em 1967, na Guerra Fria, o governo proibiu a exportação de armas a países comunistas e, em 1976, aos demais países. Apesar dessas restrições, desenvolveu tecnologias para produtos que também podem ser usados para fins militares. Esse fato o tornou um produtor potencial de armamentos.

Desde o início da década de 1990, o Japão passou a investir em defesa e, nos últimos anos, tem exportado equipamentos e tecnologia destinados à produção armamentista. Em 2014, o governo japonês decidiu retomar as vendas de armas a países vizinhos. Segundo o Ranking de Força Militar 2018, em 2018, as forças armadas do Japão contavam com mais de 310 mil militares, sendo que 80% deles estavam na ativa. O orçamento de defesa foi de 44 bilhões de dólares. Esse grande volume de recursos aplicados na área militar indica que as intenções japonesas não são apenas de defesa, mas de ampliar sua influência no mundo. Prova disso é a aspiração japonesa, expressa várias vezes, de integrar o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, caso ele venha a ser alterado.

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