quinta-feira, 25 de julho de 2024

A GUERRA CIVIL SÍRIA

A Síria é um país de grande diversidade. Sua população é majoritariamente muçulmano sunita, mas em algumas áreas do território os xiitas são maioria. 
A disputa territorial entre Síria e Turquia sempre foi uma questão geopolítica importante no Oriente Médio. Depois da Primeira Guerra Mundial, a Turquia reivindicava o território de Alexandreta (atual província turca de Hatay). No entanto, a França, que administrava a região, manteve esse território sob domínio sírio. 
Em 1939, quando uma decisão política indicou que Hatay deveria pertencer aos turcos, foi a vez de os sírios não aceitarem, apesar de essa província ser habitada majoritariamente por turcos. As relações entre os países se deterioraram quando o presidente sírio Hafez al-Assad (pai do atual ditador Bashar al-Assad) apoiou o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em sua causa, ou seja, a busca pela independência contra a Turquia.
Em 2011 teve início um conflito na Síria, originado nas revoluções da Primavera Árabe, nome dado ao período em que a população de algumas nações árabes se revoltou contra os governos de seus países, há anos no poder.
Esses movimentos foram desencadeados em vários países árabes contra seus regimes ditatoriais, incluindo o de Bashar al-Assad, na Síria. Desde então, o país vem passando por uma guerra civil que adquiriu contornos de conflito étnico-religioso, ao opor os principais grupos que habitam o país, de sencadeando também uma crise de refugiados sírios. 
O então, presidente da Síria, o ditador Bashar al-Assad, pertence ao grupo étnico-religioso alauíta (adepto do xiismo) e é apoiado por seus integrantes – que representam cerca de 10% da população – e outros grupos minoritários que foram privilegiados pelo regime ditatorial de Assad, formando hoje o grupo social mais rico do país e que preenche os principais postos de comando do Estado sírio e do Partido Baath (partido único do regime). Em contraste, mais de 70% da população do país, socialmente discriminada, é formada por muçulmanos sunitas e por curdos.
Os protestos na Síria foram contidos violentamente pelo governo de Bashar al-Assad e resultaram numa guerra civil. Bashar al-Assad representa uma etnia minoritária e de elite na Síria, a alauíta (setor do xiismo), enquanto a maioria da população (sunita) não se vê representada pelo governo.
Outros grupos também minoritários apoiam o regime. Essas minorias foram privilegiadas durante a ditadura da dinastia Assad. Formaram o grupo social mais rico e preencheram os principais postos de comando do Estado sírio e do Partido Baath (partido único do regime). Em contraste, mais de 70% da população do país, socialmente discriminada, é formada por muçulmanos sunitas e curdos.
Como reação às manifestações populares durante a Primavera Árabe, o ditador Bashar al-Assad, da Síria, iniciou violenta repressão armada, resultando em centenas de mortes. A repressão aos grupos políticos oposicionistas rapidamente evoluiu para uma sangrenta guerra civil, que opôs o exército nacional sírio contra diversas facções, como o Exército Livre Sírio, fundamentalistas islâmicos, curdos, entre outros.
Após um acordo entre Estados Unidos e Rússia, o governo de Bashar al-Assad, para evitar a intervenção internacional, comprometeu-se a assinar um tratado e permitir que o arsenal químico sírio fosse destruído. O governo sírio foi acusado de ter usado armas químicas contra seus opositores em 2013.
Enquanto os rebeldes afirmavam tentar acabar com a ditadura e implantar a democracia, o governo alegava defender o país de terroristas. Um dos principais agravantes dentro do conflito sírio era a atuação do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que, inicialmente, lutava a favor dos opositores de Bashar al-Assad.
O governo de Assad tinha a oposição dos Estados Unidos e de seus aliados, que alegavam que o governo sírio financiava e facilita a atuação de grupos terroristas, principalmente no Iraque e em Israel. Desde 2014, os Estados Unidos lideram a intervenção militar árabe-ocidental na Síria, que conta com forças militares do país, de Estados-nação europeus, da Austrália e de alguns países árabes aliados. O objetivo dessa intervenção era combater alvos militares do regime Assad e o EI em território sírio. 
O EI chegou a controlar efetivamente áreas do território sírio e, após a tomada de Raqqa, escolheu a cidade como capital de seu autoproclamado califado em 2014. A partir de 2016, o exército nacional sírio (apoiado pela Rússia) e outros grupos beligerantes realizaram ofensivas contra o grupo e reduziram amplamente o seu poder no país.
Há grande interesse geopolítico internacional na Síria, e potências estrangeiras como Estados Unidos, países europeus, Rússia, Turquia e Irã realizam intervenções militares no território do país.
O governo de Assad, por outro lado, recebe apoio do Irã, país de população predominantemente xiita, e de duas potências mundiais: a Rússia e a China. 
A China enxerga no conflito existente na Síria uma possibilidade de se afirmar como protagonista no jogo de forças da geopolítica mundial; por isso, teme que a queda de Assad provoque grande instabilidade na região, afetando negativamente seus investimentos no Oriente Médio. 
Já a Rússia mantém uma base militar na Síria, em Tartus, às margens do mar Mediterrâneo, e é um dos principais fornecedores de armamentos para o governo sírio; assim como os chineses, o país pretende ampliar seu poder geopolítico no cenário global. 
Os Estados Unidos e países europeus, como Reino Unido e França, apoiam diversos grupos de oposição ao governo sírio, como as Forças Democráticas Sírias (FDS) e as forças curdas. Além disso, a imposição estadunidense se faz presente por meio bombardeios que têm como alvo instalações do governo, grupos radicais islâmicos e milícias apoiadas pelo Irã.
Em meio aos interesses externos, turcos e curdos travam disputas na faixa norte do território sírio, enquanto grupos terroristas como Estado Islâmico e Al-Qaeda tentam sobreviver ao novo arranjo territorial produzido pela guerra.
A Guerra Civil Síria já vitimou aproximadamente 500 mil pessoas desde o seu início em 2011, além de obrigar que mais de 5 milhões de pessoas deixassem as suas casas. As ações de tropas do governo sírio, de rebeldes e das potências estrangeiras não raro vitimam civis, o que contribui para o alto número de mortos e feridos no conflito.
A ONU estima que entre o ano de 2011 e os primeiros meses de 2018 cerca de 5 milhões de sírios, especial mente mulheres e crianças, saíram do país em busca de refúgio. Nesses anos, a Turquia foi o principal destino da maioria dos refugiados.
O governo do ditador Bashar al-Assad recebia apoio do Irã, país de população predominantemente xiita, e de duas potências mundiais: a Rússia e a China. A primeira enxerga no conflito existente na Síria uma possibilidade de se afirmar como protagonista no jogo de forças da geopolítica mundial. Além disso, o governo russo mantém uma base militar em Tartus, às margens do mar Mediterrâneo, e é um dos principais fornecedores de armamentos para o governo sírio. Já o governo chinês teme que a queda de Assad provoque grande instabilidade na região, repercutindo negativamente nos investimentos da China no Oriente Médio, com aumento no preço do petróleo.

Os radicais do Estado Islâmico 


No contexto de instabilidade política na Síria e no Iraque, o EI conquistou territórios na região e estabeleceu um califado regido pela lei do Islã com o objetivo de governar todos os muçulmanos. 
Na prática, esses radicais formam uma milícia: uma organização militar composta de extremistas, muitos deles vinculados a grandes redes terroristas, como a Al-Qaeda. Esses radicais, chamados de jihadistas pela imprensa internacional – pois es tariam empenhados em uma jihad, ou “guerra santa” – dominam poços e refina rias de petróleo na Síria e no Iraque; recebem doações de células terroristas de diversos países, principalmente da Arábia Saudita e do Catar; arrecadam impos tos nas cidades controladas; saqueiam bancos; e fazem reféns com o intuito de cobrar resgates e impressionar a comunidade internacional (muitas vezes, execu tam alguns reféns e postam os vídeos em redes sociais). 
É também por meio da internet que muitos jovens, sem oportunidades de emprego e desiludidos com seus governos, são convencidos a atuar em causas dos radicais islâmicos.
O avanço do EI foi combatido a partir de 2015 por um acordo político lide rado pelos Estados Unidos, por meio de ataques aéreos; pelos curdos e pelo exército iraquiano, no Iraque; e pelo exército sírio, na Síria. O enfrentamento militar reduziu progressivamente os territórios dominados pelo EI. Em 2017, quase quatro anos depois de o grupo terrorista ter estabelecido controle sobre áreas no Iraque, o governo iraquiano declarou o fim da guerra contra o EI.

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