A disputa territorial entre Síria e Turquia sempre foi uma questão geopolítica importante no Oriente Médio. Depois da Primeira Guerra Mundial, a Turquia reivindicava o território de Alexandreta (atual província turca de Hatay). No entanto, a França, que administrava a região, manteve esse território sob domínio sírio.
Em 1939, quando uma decisão política indicou que Hatay deveria pertencer aos turcos, foi a vez de os sírios não aceitarem, apesar de essa província ser habitada majoritariamente por turcos. As relações entre os países se deterioraram quando o presidente sírio Hafez al-Assad (pai do atual ditador Bashar al-Assad) apoiou o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em sua causa, ou seja, a busca pela independência contra a Turquia.
Em 2011 teve início um conflito na Síria, originado nas revoluções da Primavera Árabe, nome dado ao período em que a população de algumas nações árabes se revoltou contra os governos de seus países, há anos no poder.
Esses movimentos foram desen
cadeados em vários países árabes contra seus regimes ditatoriais. Desde então,
a Síria vem passando por uma guerra civil que adquiriu contornos de conflito étni
co-religioso, ao opor os principais grupos que habitam o país.
Os protestos na Síria foram contidos violentamente pelo governo de Bashar al-Assad e resultaram numa guerra civil. Bashar al-Assad representa uma etnia minoritária e de elite na Síria, a alauíta (setor do xiismo), enquanto a maioria da população (sunita) não se vê representada pelo governo.
O presidente da Síria, ditador Bashar al-Assad, pertence ao grupo alauita (uma
das vertentes do grupo islâmico xiita) e é apoiado por seus integrantes que repre
sentam apenas 10% da população. Outros grupos também minoritários apoiam o
regime. Essas minorias foram privilegiadas durante a ditadura da dinastia Assad.
Formaram o grupo social mais rico e preencheram os principais postos de comando
do Estado sírio e do Partido Baath (partido único do regime). Em contraste, mais de 70% da população do país,
socialmente discriminada, é formada por muçulmanos
sunitas e curdos.
Como reação às manifestações populares durante a Primavera Árabe, o ditador Bashar al-Assad, da Síria, iniciou violenta repressão armada, resultando em centenas de mortes. A repressão aos grupos políticos oposicionistas rapidamente evoluiu para uma sangrenta guerra civil, que opôs o exército nacional sírio contra diversas facções, como o Exército Livre Sírio, fundamentalistas islâmicos, curdos, entre outros.
Após um acordo entre Estados Unidos e Rússia, o governo de Bashar al-Assad, para evitar a intervenção internacional, comprometeu-se a assinar um tratado e permitir que o arsenal químico sírio fosse destruído. O governo sírio foi acusado de ter usado armas químicas contra seus opositores em 2013.
Enquanto os rebeldes afirmavam tentar acabar com a ditadura e implantar a democracia, o governo alegava defender o país de terroristas.
Um dos principais agravantes dentro do conflito sírio é a atuação do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que, inicialmente, lutava a favor dos opositores de Bashar al-Assad. O EI chegou a controlar efetivamente áreas do território sírio e, após a tomada de Raqqa, escolheu a cidade como capital de seu autoproclamado califado em 2014. A partir de 2016, o exército nacional sírio (apoiado pela Rússia) e outros grupos beligerantes realizaram ofensivas contra o grupo e reduziram amplamente o seu poder no país.
Há grande interesse geopolítico internacional na Síria, e potências estrangeiras como Estados Unidos, países europeus, Rússia, Turquia e Irã realizam intervenções militares no território do país.
Os russos e os iranianos apoiam o ditador sírio Bashar Al-Assad e lutam ao lado das forças governamentais. Os russos foram responsáveis por uma intensa campanha de bombardeios aéreos a grupos contrários ao governo, a qual foi marcada, sobretudo, pela destruição da cidade de Alepo, na época controlada pelos rebeldes.
Os Estados Unidos e países europeus, como Reino Unido e França, apoiam diversos grupos de oposição ao governo sírio, como as Forças Democráticas Sírias (FDS) e as forças curdas. Além disso, a imposição estadunidense se faz presente por meio bombardeios que têm como alvo instalações do governo, grupos radicais islâmicos e milícias apoiadas pelo Irã.
Em meio aos interesses externos, turcos e curdos travam disputas na faixa norte do território sírio, enquanto grupos terroristas como Estado Islâmico e Al-Qaeda tentam sobreviver ao novo arranjo territorial produzido pela guerra.
A Guerra Civil Síria já vitimou aproximadamente 500 mil pessoas desde o seu início em 2011, além de obrigar que mais de 5 milhões de pessoas deixassem as suas casas. As ações de tropas do governo sírio, de rebeldes e das potências estrangeiras não raro vitimam civis, o que contribui para o alto número de mortos e feridos no conflito.
A ONU estima que entre o ano de 2011 e os primei
ros meses de 2018 cerca de 5 milhões de sírios, especial
mente mulheres e crianças, saíram do país em busca de
refúgio. Nesses anos, a Turquia foi o principal destino da
maioria dos refugiados.
O governo do ditador Bashar al-Assad recebia apoio do Irã, país de população
predominantemente xiita, e de duas potências mundiais: a Rússia e a China. A
primeira enxerga no conflito existente na Síria uma possibilidade de se afirmar
como protagonista no jogo de forças da geopolítica mundial. Além disso, o governo russo mantém uma base militar em Tartus, às margens do mar Mediterrâneo,
e é um dos principais fornecedores de armamentos para o governo sírio. Já o governo chinês teme que a queda de Assad provoque grande instabilidade na região,
repercutindo negativamente nos investimentos da China no Oriente Médio, com
aumento no preço do petróleo.
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