quinta-feira, 25 de julho de 2024

AS CIDADES GLOBAIS

Nas últimas décadas, um grupo de cidades desempenha importante função como centro articulador dos fluxos de capitais, pessoas, mercadorias e informações. São as chamadas cidades globais. 
O termo cidade global é utilizado para caracterizar as metrópoles nacionais que têm influência global por meio de alguma atividade ou setor econômico. Devido a essa influência, essas cidades globais acabam se tornando centros de decisões e inovação mundial.
Centros de comando do sistema capitalista, as cidades globais concentram redes de informação e de transporte, abrigam as sedes das maiores empresas multinacionais e recebem grandes fluxos de investimentos. Em geral, apresentam infraestrutura urbana moderna e grande variedade de serviços (bancos, seguradoras, hotéis, atividades culturais, empresas de transporte etc.). Também são centros de produção e difusão de informações, concentrando empresas de comunicação, como emissoras de televisão e rádio, agências de notícias, empresas de telefonia, entre outras.
Além das cidades globais, há também as megacidades. Sua principal característica é seu número populacional superior a 10 milhões de habitantes. Índia e China são exemplos de países que terão grande quantidade de mega cidades. Uma das explicações para esse aumento de grandes centros urbanos é a crescente urbanização de países que pos suíam a maior parte da população vivendo na zona rural.
Enquanto as cidades globais estão no topo da hierarquia urbana, devido às influências econômicas e culturais que exercem, as megacidades ocupam o topo da classificação populacional das cidades. Uma megacidade pode ser uma cidade global, e vice-versa. No entanto, nem sempre uma megacidade é uma cidade global, como é o caso de Lagos, na Nigéria. Também há casos de cidades globais que não são megacidades, como é o caso de Sidney, na Austrália, uma vez que sua população total não ultrapassa os 10 milhões de habitantes. 
As cidades globais e megacidades passam por grandes transforma ções ao longo do seu processo de expansão. Enquanto as cidades globais se moldam em razão do fluxo de informações, do mercado financeiro, dos centros culturais e passam a também receber influên cia de outras cidades do mundo devido à grande circulação de pessoas, as megacidades trans formam sua morfologia, suas formas de habitação e sua infraestrutura para comportar sua quantidade populacional.
Principalmente a partir dos anos 1970 e 1980, as cidades globais iniciaram um processo de relativo esvaziamento industrial, especialmente nas atividades mais tradicionais – alimentícia, têxtil, metalúrgica, mecânica e petroquímica.
Nessas cidades, o setor secundário passou a concentrar sobretudo indústrias de tecnologia avançada – telecomunicações, informática, biotecnologia e microeletrônica. 
Na rede de cidades globais, o papel que cada metrópole ocupa varia de acordo com o volume de fluxos, sobretudo de circulação de capitais. Esses fluxos, por sua vez, se estabelecem em boa parte nessa rede e estão condi cionados ao nível de concentração de sedes ou filiais de grandes empresas de serviços, industriais, comerciais e financeiras e ao porte de suas Bolsas de Valores. Esses fatores determinam a capacidade de influência dessas metró poles em nível global.
Algumas classificações diferenciam as cidades globais por categorias. De modo geral, é possível destacar algumas cidades que têm grande relevância na economia globalizada, particularmente no sistema financeiro internacional, com expressiva representatividade na circulação de capitais (presentes também no mercado aberto, onde são negociados títulos do tesouro, os CDBs, entre outros) e na presença de grandes empresas. 
Algumas dessas cidades são Nova York, Los Angeles, Chicago, Londres, Tóquio, Paris, Frankfurt, Milão, Madri, Zurique, Xangai, Hong Kong e outras também importantes, porém com menor relevância, como São Paulo, Cidade do México e Johannesburgo.

Tecnopolos 


Os tecnopolos são lugares onde se concentram universidades e empresas que promovem pesquisa e desenvolvimento (P&D), principalmente nas áreas de biotecnologia, informática, robó tica, comunicações e aeroespacial, contando com mão de obra altamente qualificada, como pesquisadores, professores universitários e especialistas de diversas áreas. 
O mais conhecido e dinâmico tecnopolo do mundo é o Vale do Silício, localizado na Califórnia (Estados Unidos). Alguns países emergentes também apresentam tecnopolos, como Bangalore (Índia), Campinas e São José dos Campos (Brasil). 

OS PROBLEMAS SOCIAIS NAS CIDADES GLOBAIS


A partir da década de 1960, diversos problemas globais se intensificaram, como o desem prego causado pela inserção de novas tecnologias nas relações de trabalho, a falta de mão de obra qualificada e a retirada de direitos trabalhistas. Além disso, a terceirização e os novos modelos de trabalho por aplicativo retiraram direitos trabalhistas e contribuíram para a vulnerabilidade dos trabalhadores. 
Nesse contexto, as pessoas com baixa escolaridade e qualificação profissional passam a ter dificuldades em conseguir se realocar no mercado de trabalho, o que reduz a renda do núcleo familiar e resulta em dificuldades para acessar direitos básicos, como moradia, saneamento básico, alimentação, educação, entre outros. 
Outro fator que contribui para o grande número de problemas sociais encontrados nas cidades globais é o inchaço urbano. Ainda hoje, há pessoas que migram para as grandes cidades em busca de emprego e melhores condições de vida, no entanto, em muitos casos, essas pessoas acabam por ocupar subempregos. 
Como consequência dos altos índices populacionais e da falta de emprego e políticas de auxílios sociais, essas pessoas acabam por ocupar lugares precários, com falta de saneamento básico, onde se favorece a situação de insegurança alimentar e vulnerabilidade social. Essas são algumas das características encontradas em muitos bairros da classe trabalhadora das cidades globais. 

Problemas habitacionais nas cidades globais


O fenômeno da urbanização intensifica-se a partir dos anos 1940 não apenas na Europa e na Ásia, mas também em vários lugares do mundo. Como estudamos anteriormente, a urbanização acelerada gerou diversos problemas sociais nas cidades, uma vez que o espaço urbano não estava preparado para receber o grande contingente de pessoas vindas do campo. Muitos desses migrantes tiveram que se instalar em áreas distantes do centro, onde as habitações eram precárias e não havia infraestrutura básica. Agora vamos abordar alguns exemplos desses problemas nos continentes europeu e asiático.
Na França, políticas públicas adotadas nos anos 1950 e 1960 ajudaram a erradicar as habitações precárias do país já na década de 1980. O governo investiu grande quantidade de recursos na construção de moradia acessível para essa população. No entanto, décadas depois, as chamadas bidonvilles são novamente uma realidade em algumas cidades francesas. As bidonvilles são um conjunto de habitações precárias construídas próximo a linhas de trens, viadutos e rodovias, semelhantes às favelas brasileiras.
As ameaças de despejo e remoção são constantes. Estima-se que, atualmente, em Paris, haja mais bidonvilles que na década de 1960, quando houve uma explosão demográfica no
país. De acordo com a Delegação Interministral do Alojamento e do Acesso à Moradia (Dihal), existem cerca de 571 de favelas pela França, onde vivem cerca de 16 mil habitantes.
Na Espanha, a capital Madrid abriga a maior favela da Europa, chamada Cañada Real. Aproximadamente 44 mil pessoas vivem no bairro onde falta saneamento básico e as moradias são precárias, geralmente de madeira ou lonas. Com a crise econômica enfrentada pela Espanha a partir de 2008, muitas pessoas perderam as suas casas e buscaram outros lugares para sobreviver, como Cañada Real.
A pandemia de covid-19 intensificou os problemas relacionados à moradia nos grandes centros urbanos. Os grupos vulneráveis, como pessoas que estão em situação de rua e que habitam moradias precárias, sofreram de maneira desproporcional os efeitos da doença, uma vez que não puderam praticar o isolamento social de maneira apropriada e, muitas vezes, não dispunham de itens de higiene de básica que os auxiliariam a evitar o contágio.
Além disso, houve o fechamento de indústrias, empresas e estabelecimentos do setor de serviços, o que aumentou o número de desempregados e, consequentemente, de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Os altos valores dos aluguéis, somados ao baixo valor ou até mesmo à falta de auxílios sociais, fizeram com que milhares de pessoas fossem despejadas de suas casas e ficassem sem lugar para morar. Uma das formas encontradas por essas pessoas foi morar dentro de barracas de camping montadas no meio de locais públicos da cidade, como calçadas, embaixo de viadutos e pontes, marquises, lotes vazios, praças, entre outros lugares. Na cidade de São Paulo, dados da prefeitura revelam que 6,1 mil pontos da cidade eram ocupados por pessoas que viviam em barracas em 2021, um aumento de 330% comparado com os dados de 2019.
Na Índia, país que abriga quatro das maiores megacidades do mundo, os problemas habitacionais atingem mais de 400 milhões de pessoas segundo dados do governo indiano. Muitos deles vivem em casas com seis pessoas e apenas dois cômodos, com banheiro compartilhado com outros vizinhos. Em cidades como Délhi e Nova Délhi, muitas dessas moradias estão nos pisos superiores dos mercados de especiarias da cidade.

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