sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

G20 financeiro e comercial

A sigla G20 identifica dois grupos.

O primeiro (G20 financeiro) reúne os países mais ricos e os que estão aumentando sua influência no mundo, desde 1999. Em 2018, era composto de 19 países mais a União Europeia. Trata-se de uma ampliação do antigo G8, que tinha apenas representantes dos oito países mais ricos do mundo. O maior foco das ações do G20 financeiro é na área econômica e financeira, por isso os representantes dos países são os ministros financeiros e os presidentes dos Bancos Centrais, que controlam a quantidade de dinheiro que circula em cada país.

O outro grupo, G20 comercial, foi criado em 2003 e atua com destaque na OMC em assuntos relacionados à agricultura. Em 2018, era composto de 23 países. O grupo critica os países mais ricos do mundo e sua principal meta é combater medidas que protegem os agricultores desses países e dificultam a compra de produtos agrícolas de países pobres.

O Japão

O Japão é um arquipélago vulcânico, situado no oceano Pacífico (Extremo Oriente). Esse arquipélago compreende cerca de 3,4 mil ilhas de vários tamanhos, que se estendem paralelamente ao litoral oriental da Ásia na forma de um grande arco.
Quatro ilhas do arquipélago japonês apresen tam grandes dimensões, correspondendo a 97% do território do país: 
• Honshu, a maior delas (230.822 km2), abriga a capital do país, Tóquio; 
• Hokkaido (83.519 km2) é a mais setentrional; 
• Kyushu (42.030 km2) situa-se ao sul de Honshu; 
• Shikoku, a menor dessas ilhas (18.780 km2), situa-se entre Honshu e Kyushu. 
De modo geral, suas ilhas são resultantes do vulcanismo ocorrido no fundo do oceano Pacífico em tempos geológicos recentes (há menos de 200 milhões de anos). O vulcanismo e o tecto nismo continuam ativos no Japão, provocando, em algumas ocasiões, terremotos de grande in tensidade e de graves consequências materiais e humanas, como o ocorrido em Kobe, em janeiro de 1995, que causou a morte de mais de 5 mil pesso as e atingiu 7,2 pontos na escala Richter, além do trágico terremoto seguido de tsunami ocorrido no dia 11 de março de 2011

A questão demográfica 

O Japão é um dos países mais populosos do mundo. Em 2018, contava cerca de 126 milhões de habitantes. Com uma pequena extensão terri torial, sua densidade demográfica é, consequente mente, muito elevada (337 hab./km2). 

Na faixa compreendida entre Tóquio e Kobe (no centro-sul da ilha de Honshu) ocorre a maior aglomeração urbana do mundo, com mais de 70 milhões de habitantes. Nessa região estão as três principais áreas conurbadas do território japonês: Tóquio, com 38 milhões de habitantes (inclusive Yokohama); Nagoya, com 8 milhões; e Osaka, com 16 milhões (inclusive Kyoto e Kobe). 
A partir de 2020, a população absoluta de Tóquio começa a reduzir e, segundo estimativas, a cidade permanecerá como a maior aglomeração do mundo em 2030, abrigando cerca de 37 mi lhões de habitantes.
A estrutura de produção japonesa e a divisão da riqueza entre a população levam o país a excelentes indicadores sociais. Sua expectativa de vida está entre as maiores do mundo. Em 2015, era de 83,7 anos, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016. A taxa de mortalidade infantil era de apenas 5 por mil. Além disso, a média de anos de estudo era de 12,5 anos. Toda a população tinha completado o Ensino Médio, e cerca de 60%, o Ensino Superior, mostrando que o índice educacional do Japão é um dos mais elevados do mundo.

Por conta do território reduzido, o país tem cidades com elevada concentração populacional. Na região metropolitana de Tóquio, onde fica a capital do país, em 2018 viviam mais de 37 milhões de habitantes, segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. Outra aglomeração urbana importante é Osaka-Kobe, com cerca de 11 milhões de habitantes. A concentração populacional no Japão formou uma megalópole, ou seja, um conjunto de metrópoles próximas umas das outras e muito articuladas entre si.

Os elevados índices econômicos e sociais do Japão impressionam se lembrarmos que o país esteve sob regime feudal até o século XIX. Porém, de 1868 a 1912, passou por uma grande mudança iniciada pelo imperador Mutsuhito (1852-1912), que ficou conhecido como Meiji. Esse imperador promoveu alterações radicais na estrutura econômica e política japonesa. O imperador combateu o xogunato, sistema político baseado no domínio militar, e estabeleceu o ensino obrigatório na Constituição. Mas a mudança mais significativa foi a criação de um sistema de organização empresarial, conhecido como zaibatsu.

 Japão: grande potência industrial 

Até 1868 o Japão era um país feudal (xogunato) e agrícola. A partir daquele ano (início da Era Meiji) foi restaurado o poder imperial, e teve início um rápido processo de desenvolvimento econômico e de transformações na sociedade ja ponesa. A industrialização, o combate ao analfabetismo e os investimentos em in fraestrutura foram a base da modernização do país. Esse período durou até 1912. 
A Era Meiji concluiu o processo de ruptura com o passado feudal, estabelecendo uma estrutura de produção e relações sociais capitalistas. A partir dessas mudanças o Japão deu início a um período de expansionismo imperialista, que se estendeu até a Segunda Guerra Mundial. Ao final dessa guerra, o país, derrotado, estava com parte significativa de sua infraestrutura e capacidade produtiva desestruturadas. No entanto, graças a um conjunto de fatores, o Japão atingiu uma vigorosa recuperação econômica, que chegou a elevá-lo ao posto de segunda potência econômica mundial (em 2017, o país ocupava a terceira posição). 
Entre esses fatores, podemos destacar: 
• a mão de obra barata e abundante, submetida a longas jornadas de trabalho; 
• a valorização do trabalho em grupo; 
• os fortes investimentos em educação, inclusive na qualificação de mão de obra; 
• o amparo do Estado à economia, com forte apoio às empresas privadas; 
• a adoção de uma política econômica protecionista, que mantinha (e, de cer ta forma, ainda mantém) impostos de importação elevados, com o objetivo de proteger a indústria nacional (proteção também presente no setor agrí cola, especialmente no caso da produção de arroz); 
• a enorme capacidade de poupança interna, que fez do país um dos maiores investidores nacionais; 
• o auxílio financeiro-econômico dos Estados Unidos, que estavam preocupa dos com a possibilidade de um avanço do socialismo no Extremo Oriente.

Economia japonesa

Em 1868, o país começou a se modernizar, construindo os alicerces de seu processo de industrialização. Nessa ocasião, o governo estimulou a formação dos zaibatsus, grandes conglomerados industriais (familiares), verdadeiros impérios com elevado grau de competição.

Os zaibatsus foram criados para permitir o surgimento de grandes empresas no Japão. O governo ajudou famílias importantes a concentrar atividades bancárias e industriais, o que lhes conferiu muito poder econômico. Foi dessa forma que surgiram empresas que existem até hoje, atuando nos setores de produção automobilística, mineração, telecomunicações, seguros, entre outros. A partir da industrialização, ocorrida no final do século XIX, o Japão adotou a estratégia de conquistar novos territórios.

Essa postura expansionista levou a conflitos com a China, a Coreia e a Rússia, que só foram resolvidos com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Como já foi estudado, o Japão se rendeu na Segunda Guerra Mundial apenas após o lançamento das bombas atômicas em Hiroxima e Nagasáqui. 
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os zaibatsus, que haviam contribuído também para a grande concentração de riquezas nas mãos de poucos indivídu os, tiveram seu poder drasticamente reduzido; membros das famílias desses impérios e seus principais executivos perderam vez na vida pública, e a maior parte de suas propriedades passou para o domínio do governo. Entretanto, muitas das grandes companhias que compunham os zaibatsus continuaram a exis tir e tiveram um papel importante na reconstrução do país no pós-guerra.
Logo depois se iniciou o período da Guerra Fria e o Japão passou a ser um território importante do ponto de vista estratégico para os Estados Unidos por causa de sua proximidade com a União Soviética e a China. Esse motivo levou os Estados Unidos a realizar grandes investimentos para a reconstrução do país, impulsionando a economia japonesa, que registrou o maior crescimento entre 1950 e 1980.
As inovações no processo de fabricação também foram de grande importância para a trans formação do Japão em uma po tência industrial. Com o objetivo de reduzir custos, ciclos de produção e prazos, priorizando a qualidade dos produtos, desen volveu-se uma nova organização da produção: o toyotismo. Esse sistema teve origem em meados do século XX na indústria automo bilística Toyota.
No entanto, é preciso ressaltar os aspectos negativos, particular mente para os trabalhadores, nesse sistema, como o fato de as empre sas subcontratadas pagarem salá rios mais baixos e exigirem mais horas de trabalho.
As novas estratégias pro dutivas do Japão levaram esse país a se tornar uma potência industrial, disputando com os Estados Unidos a liderança na fabricação de produtos como automóveis, eletrônicos, máquinas industriais e robôs. O país obteve, principalmente nos anos 1980, um perío do de grande acúmulo de capitais, graças aos superavits (saldos positivos) de sua balança comercial e à poupança financeira expressiva de sua população, que transformou o país em uma poderosa fonte de investimento, uma potência financeira.
No fim dos anos 1990, a economia japonesa entrou em recessão, isto é, di minuiu seu ritmo por causa do colapso de alguns bancos (que emprestaram di nheiro de retorno duvidoso para muitas empresas), da elevação do deficit (saldo negativo) do orçamento do governo e da queda na rentabilidade das empresas mais fracas, fato que contribuiu para o aumento do desemprego no país.
 Ainda no início do século XXI, com a migração de fábricas globais para países que ofereciam mão de obra mais barata, a estagnação do consumo interno, o ele vado deficit público e as dificuldades para dinamizar setores ligados ao setor terciário mais moderno (consultoria, produção de software, publicidade, ativida des ligadas à internet), entre outros motivos, o Japão passou por outro período de recessão em sua economia.
Paralelamente ao crescimento econômico, o Japão conseguiu desenvolver tecnologia de ponta, em especial nas áreas de eletrônica, computação e telecomunicações. O país se tornou um grande exportador de produtos industrializados, inclusive de carros. Esse conjunto de fatores propiciou o aumento da renda da população, uma das mais ricas do mundo. Apesar da forte concentração industrial e do espaço físico limitado, no Japão também se desenvolvem atividades agrícolas. O país é grande produtor de arroz para consumo interno.

Diversificação e distribuição espacial da indústria

No Japão, onde o parque industrial é amplamente diversificado, destacam-se as seguintes indústrias: 
  • siderúrgica e metalúrgica, com grandes estabelecimentos localizados próximo da zona carbonífera de Kyushu; embora importem matérias-primas, superam a produção de aço de vários países europeus; 
  • de construção naval (primeiro produtor mundial), com grandes e modernos estaleiros situados em Nagasaki e ao redor do porto de Kobe; 
  • têxtil, cujo principal produto é a seda (primeiro produtor mundial), seguida pelas fibras artificiais e sintéticas; eletroeletrônica, que é competitiva e das mais modernas do mundo, respon dendo por cerca da metade das exportações de produtos eletrônicos e ele trodomésticos do mundo (fornos de micro-ondas, televisores, etc.); 
  • automobilística, cujos veículos, produzidos a baixo custo, são modernos e conquistaram parte dos mercados estadunidense e europeu, além de diver sos países da própria Ásia e da América Latina. A robotização da atividade industrial atinge no Japão o índice mais elevado do mundo. 

Comércio internacional 

Com relação aos produtos exportados, o Japão está entre os principais fornecedores de carros, máquinas e navios. O país também aparece com destaque na produção de eletroeletrônicos. Porém, é um importador de alimentos e de recursos naturais. O principal parceiro comercial do país são os Estados Unidos, seguido pela China.
Os países europeus também estabelecem um comércio importante com o Japão, mas os países asiáticos e os do Oriente Médio apresentam um volume maior de negócios. A movimentação de navios é intensa nos portos japoneses, e o de Yokohama é o principal do país. De acordo com a administração desse porto, por ele passaram 35 677 navios em 2016, que transportaram cerca de 291,7 milhões de toneladas. Desse volume, 30 mi de toneladas foram destinadas para outras partes do país.
Em junho de 2002, o Japão havia ratificado o Protocolo de Kyoto, acordo en tre países para diminuir a emissão de gases na atmosfera e, em 2017, ratificou o Acordo de Paris. O país é responsável pelo lançamento de 7,5% dos gases de efeito estufa do planeta. 

 A agropecuária e a pesca 

A política agrícola japonesa, apesar das pressões internacionais, é marcada pelos subsídios aos agricul tores, por limitação das importações e pelas elevadas tarifas sobre produtos agrícolas importados. Apenas 16% do território japonês é apropriado para as práticas agrícolas. Apesar disso, o Japão consegue obter gran des colheitas de seu solo, com o auxílio de técnicas modernas, máquinas e fertilizantes. 

A agricultura é desenvolvida nas planícies, sendo também aproveitadas as encostas das montanhas, por meio da técnica do terraceamento. No espaço rural japonês predominam as pequenas propriedades, consequência da reforma agrá ria instituída logo após a Segunda Guerra Mundial (1946). 
O principal produto cultivado no Japão é o arroz, alimento básico da popula ção. Sua cultura ocupa 45% das terras agrícolas (figura 8). O país é um dos maio res produtores de arroz do mundo, apresentando também o maior rendimento por hectare (cerca de 6.500 kg por hectare, enquanto a média mundial é de aproxima damente 3.800 kg por hectare). Além do arroz, cultivam-se o chá, o algodão, a soja, a cana-de-açúcar e o trigo. 
Apesar da elevada produtividade, o Japão não é autossuficiente, dependendo da importação de diversos produtos como trigo, açúcar, milho e soja. O Japão é o primeiro produtor mundial de pescado, sendo considerado o país mais desenvolvido tecnologicamente no setor. Navios-fábricas percorrem milhares de quilômetros de mares em busca de pescado.

 Extrativismo 

Parte da cobertura vegetal do Japão é aproveitada para exploração da ma deira (construção, fabricação de papel) e geração de energia. Essa exploração é controlada pelo governo, que incentiva o reflorestamento. Devido à intensa demanda interna, o Japão importa madeira de vários países do globo, especialmente da Indonésia e do Brasil, sendo um dos maiores importa dores de madeira tropical do mundo. Quanto ao extrativismo mineral, seus recursos são escassos, necessitando importar praticamente todas as matérias-primas essenciais ao desenvolvimento de sua atividade industrial, tais como: petróleo, carvão, minério de ferro, cobre, níquel e bauxita.

Influência do Japão

O Japão aparece como importante centro de produção tecnológica; entretanto, seu papel vai além. Empresas e grupos financeiros japoneses estão entre os maiores do mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão, sob ocupação dos Estados Unidos, promulgou a Constituição de 1947, na qual estabelece a renúncia “para sempre” à guerra, atribuindo às forças armadas a função de defender seu território e não atacar outros. Em 1967, na Guerra Fria, o governo proibiu a exportação de armas a países comunistas e, em 1976, aos demais países. Apesar dessas restrições, desenvolveu tecnologias para produtos que também podem ser usados para fins militares. Esse fato o tornou um produtor potencial de armamentos.

Desde o início da década de 1990, o Japão passou a investir em defesa e, nos últimos anos, tem exportado equipamentos e tecnologia destinados à produção armamentista. Em 2014, o governo japonês decidiu retomar as vendas de armas a países vizinhos. Segundo o Ranking de Força Militar 2018, em 2018, as forças armadas do Japão contavam com mais de 310 mil militares, sendo que 80% deles estavam na ativa. O orçamento de defesa foi de 44 bilhões de dólares. Esse grande volume de recursos aplicados na área militar indica que as intenções japonesas não são apenas de defesa, mas de ampliar sua influência no mundo. Prova disso é a aspiração japonesa, expressa várias vezes, de integrar o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, caso ele venha a ser alterado.

A Antártida

A Antártida é constituída de uma massa territorial de 13,7 milhões de km2 . O continente é cercado pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. Como está em latitude muito elevada, apresenta temperaturas sempre baixas ou extremamente baixas, podendo atingir até 289 oC. Por isso, o continente é recoberto de gelo. Além da massa continental, a Antártida possui uma banquisa cuja extensão varia de acordo com as estações do ano. No inverno, sua área pode atingir 19 milhões de km2 e, no verão, restringir-se a 2 milhões de km2 ou menos.

Como foi “descoberta” depois do Ártico, a Antártida recebeu esse nome pela posição geográfica que ocupa, oposta ao outro extremo da Terra. A região, porém, apresenta uma situação distinta, pois é um continente recoberto de gelo. O continente antártico possui importantes recursos naturais, como minério de ferro, carvão e petróleo. No entanto, esses recursos são protegidos da exploração pelo Tratado Antártico, firmado no ano de 1959 com o objetivo de evitar disputas territoriais pelo continente, reivindicado à época por Argentina, Chile, Austrália, Nova Zelândia, França, Noruega e Reino Unido.

Atualmente, a Antártida é um território internacional, ou seja, nenhum país exerce soberania sobre o continente. Isso, porém, não significa que não haja países interessados em exercer o controle sobre suas áreas

Os curdos

Os curdos, estimados em 30 milhões de pessoas, lutam pela reconstrução de seu país, o Curdistão, que se situava em terras que hoje pertencem a Armênia, Irã, Iraque, Síria e Turquia (veja o mapa). Turquia e Irã concentram a maior parte de curdos, cerca de 15 milhões e 14 milhões de pessoas, respectivamente. Parte deles também foi para a Europa, em especial Alemanha e França. A autonomia dos curdos tem sido combatida pelos países em que esse povo está presente há anos.

Em 1988, o líder e ditador do Iraque, Saddam Hussein (1937-2006), comandou o genocídio de 5 mil curdos que habitavam uma região de jazidas de petróleo. Na Turquia, os curdos conseguiram vitórias, como o ensino do curdo como língua opcional. Também foram autorizadas a produção e a veiculação de jornais, rádios e programas de televisão em curdo. Porém, no Irã, eles são discriminados. Com a ascensão do Estado Islâmico entre 2014 e 2017, as forças militares curdas receberam armamento e apoio militar liderado pelos Estados Unidos e foram essenciais na derrota territorial do grupo extremista, principalmente no norte da Síria. Com isso, antigos anseios dos curdos por autonomia e independência ganharam força e repercussão.

O Irã

A República Islâmica do Irã apresenta um grande território localizado no Oriente Médio, com destacada posição geográfica no golfo Pérsico. Herdeiro do Império Persa, o Irã resistiu à presença europeia no Oriente Médio e passou a ser alvo do interesse do mundo ocidental no início do século XX, quando foram descobertas reservas de petróleo. Em 2016, de acordo com o Banco Mundial, sua população era de 80,2 milhões de habitantes. Parte chegou ao país nos últimos anos como refugiada do Afeganistão, que foi ocupado por tropas estadunidenses após o atentado de 11 de setembro de 2001. Outra parte pertencia a um país que “deixou de existir”, o Curdistão.

Programa nuclear e bloqueio econômico

O Irã gerou desconfiança em muitos países por manter um programa nuclear suspeito de enriquecer urânio, processo básico para a construção de bomba atômica. Por isso enfrentou sanções do Conselho de Segurança da ONU em 2006, 2007 e 2008, que resultaram em proibição à exportação de armas. As preocupações aumentaram quando, em 2012, anunciou o lançamento de um míssil terra-ar (que poderia ser carregado com armamento nuclear) e o domínio da produção de combustível atômico. Isso intensificou o boicote econômico ao país, que se recusava a receber visitas internacionais a suas instalações nucleares, alegando que tinham fins pacíficos. Em 2015 houve um novo acordo entre o Irã e as principais potências nucleares, o que levou o país a reduzir suas centrífugas de beneficiamento de urânio para cerca de 6 mil, contra os 19 mil anteriores. Além disso, o país concordou que a Agência Internacional de Energia Nuclear fizesse uma visita às suas instalações nucleares. Em 2016, depois da inspeção, o acordo entrou em vigor. Como não foi encontrado nada que indicasse a possibilidade de chegar à bomba atômica, o bloqueio econômico foi suspenso. Desde que assumiu a Presidência dos Estados Unidos, em 2017, Donald Trump passou a questionar o Acordo Nuclear, alegando violação dos termos. Assim, em 2018, os Estados Unidos saíram do Acordo e prometeram restaurar as sanções econômicas, criando incertezas e tensões. Mesmo com o bloqueio econômico, os Estados Unidos acompanham a situação política e econômica do Irã, auxiliando, inclusive, tropas do exército curdo no combate contra o Estado Islâmico (EI).




O Paquistão

Como ocorreu com a Índia, o Paquistão tornou-se um país independente em 1947, como parte da Comunidade Britânica de Nações, mas com uma diferença: concentrava uma enorme população de islâmicos. Em 1956, o país foi redefinido como uma república islâmica, da qual fazia parte o atual Bangladesh. Esse fato atraiu parte da população muçulmana da Índia. Ao mesmo tempo, parte da população hindu do Paquistão mudou-se para a Índia. Esses deslocamentos ocorreram principalmente junto aos estados de Punjab, no Paquistão, e Caxemira, na Índia, causando conflitos que ainda hoje não foram resolvidos. Em 1971, Bangladesh tornou-se independente, o que deixou o Paquistão com sua área atual de 796095 km2. A depender do resultado do litígio com a Índia, essa área pode ser alterada. De acordo com o Banco Mundial, a população do país era de cerca de 193,2 milhões, em 2016. A maioria da população é muçulmana. Parte dela veio do Afeganistão, depois que as Forças Armadas dos Estados Unidos invadiram aquele país em busca de um líder terrorista que teria comandado os atentados de 11 de setembro de 2001.

Atividades econômicas e indicadores sociais

A agricultura gera cerca de 40% dos empregos e 25% do PIB do Paquistão. No comércio internacional, o país aparece como fornecedor de produtos primários e com baixo nível de industrialização. Segundo o OEC (Observatory of Economic Complexity), em 2016, os principais produtos vendidos foram têxteis (roupas e tecidos) e arroz, representando, respectivamente, cerca de 30% e 7% das exportações daquele ano. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, a expectativa de vida no país era de 66,4 anos. A média de anos de estudo chegava a 5,1 anos. As mulheres tinham 3,7 anos de estudo em média, e os homens, 6,5 anos. Parte expressiva da população paquistanesa vivia em extrema pobreza: 26,5% do total.

Oceania

Colonização e dinâmicas da natureza

Arquipélagos e ilhas

A Oceania apresenta uma área total de aproximadamente 9 milhões de quilômetros quadrados, que corresponde a 6% das terras emersas do globo. Segundo a origem étnica de seus habitantes ou a dimensão de suas ilhas e arquipélagos, o continente, conforme visto na seção Para começar, pode ser dividido em:

• Melanésia (“ilha dos negros”, em referência a como eram chamados os habitantes nativos): compreende os arquipélagos de Bismarck, Salomão, Santa Cruz, Vanuatu, Nova Caledônia e Fiji;

• Micronésia (“ilhas pequenas”): constituída pelos arquipélagos de Marianas, Marshall, Carolinas, Palau e Gilbert (Kiribati), situados entre a Melanésia e o Havaí;

• Polinésia (“muitas ilhas”): agrupa o maior número de ilhas e arquipélagos, entre os quais Havaí, Tahiti, Samoa, Tuvalu, Tonga, Marqueses, Cook, Phoenix, ilhas da Linha e ilha de Páscoa;

• quatro ilhas maiores: Austrália, Nova Zelândia, Tasmânia e Nova Guiné, que se divide em Papua-Nova Guiné e Irian Ocidental.

A colonização e o povoamento

A colonização da Oceania desenvolveu-se de modo lento e pouco homogêneo. A grande distância e o isolamento do continente em relação à Europa constituíram obstáculos para a rápida ocupação pelos colonizadores. Em 1521, em sua viagem de circum-navegação, o português Fernão de Magalhães navegou o Pacífico Sul, passando pelas ilhas Marianas. No fim do século XVIII, com a perda de seus domínios na América do Norte, o Reino Unido voltou suas atenções para essa região. A expedição de James Cook, que para todos os efeitos era uma viagem de caráter científico, proporcionou ao Reino Unido a posse da Austrália. No século XIX, Reino Unido, França e Alemanha, as grandes potências europeias da época, ampliaram a colonização da Oceania, instalando bases navais e comerciais em várias ilhas. No fim do século XIX e início do século XX, os Estados Unidos, ao observarem a posição estratégica das ilhas do Pacífico, decidiram tomar posse de algumas delas (Marshall, Carolinas, Marianas e Palau, entre outras), onde instalaram bases militares que permanecem até os dias atuais. No período da colonização da Austrália e da Nova Zelândia, um grande número de habitantes nativos foi massacrado, principalmente pelos britânicos. Os aborígines que habitavam a Austrália foram mortos, escravizados e degredados pelo colonizador. Na Nova Zelândia, os maoris, povo unido e socialmente bem organizado, impuseram forte resistência à ocupação dos britânicos e foram, durante décadas, duramente combatidos.

Atualmente, os maoris restringem-se a pouco mais de 250 mil habitantes, fixados principalmente na ilha do Norte, próximo a Auckland, cidade mais populosa da Nova Zelândia.

A descolonização

A descolonização da Oceania se deu em tempos diferentes e de maneiras diversas em cada país. A Austrália e a Nova Zelândia tornaram-se independentes em 1901 e 1931, respectivamente; porém, permaneceram economicamente ligadas ao Reino Unido. As ilhas Marshall, Carolinas, Marianas e Palau, na Micronésia, só deram início ao processo de separação dos Estados Unidos em 1956. Ainda existem arquipélagos subordinados politicamente à França, aos Estados Unidos, à Austrália e à Nova Zelândia. Dinâmicas da natureza As formações do relevo das ilhas da Oceania apresentam grandes contrastes, pois se constituíram em períodos geológicos diferentes. A maior parte do relevo australiano é de origem bem antiga, o que justifica as modestas altitudes, em geral pouco superiores a 350 metros. Há predomínio de planaltos e planícies. Na cordilheira Australiana, que se estende paralelamente ao litoral oriental, situam-se as montanhas mais altas do país, cujo ponto culminante é o monte Kosciusko, com 2.228 metros de altitude. As demais ilhas apresentam formações mais recentes, originadas no no Período Terciário, como na Nova Zelândia e no Havaí, onde existe intensa atividade vulcânica. A maior parte das ilhas menores é constituída de atóis de origem coralínea.

A Oceania caracteriza-se pelo predomínio de climas quentes – Tropical e Equatorial – com temperaturas elevadas. As chuvas são abundantes em Papua- -Nova Guiné, no Havaí e no litoral norte e nordeste da Austrália.

Por causa da influência do relevo, nas vertentes voltadas para o litoral, expostas aos ventos úmidos (alísios), a pluviosidade é altíssima. Nas vertentes interiores, as chuvas são escassas e há grande aridez, com extensos desertos na parte central da Austrália. As Savanas e as Estepes dominam as áreas de clima Tropical e de clima Semiárido. Na porção central da Austrália, as Savanas recebem a denominação regional de bush e as Estepes, de scrub. Os rios são poucos e de pequena extensão na Oceania. Apenas a Austrália tem rios um pouco mais extensos: o Murray e seu afluente, o rio Darling, que nascem na cordilheira Australiana.

Nos locais onde as precipitações são mais elevadas, como no Havaí, no litoral norte e nordeste da Austrália, na ilha da Tasmânia e em Papua- -Nova Guiné, a vegetação florestal é densa. Em Papua-Nova Guiné, estendem-se amplos trechos cobertos por Floresta Equatorial, sobretudo nas faixas litorâneas (figura 6). No sudeste da Austrália e na ilha da Tasmânia, situa-se a Floresta Subtropical, cuja espécie predominante é o eucalipto-gigante, com mais de 50 metros de altura. Esse tipo de floresta é encontrado também na Nova Zelândia.

Oceania: espaço socioeconômico

Um continente de contrastes socioeconômicos Com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, países desenvolvidos, com economia diversificada e elevado nível de vida, a Oceania é formada por países em desenvolvimento, que apresentam uma economia dependente de atividades primárias. Muitos territórios são domínios de grandes potências, principalmente dos Estados Unidos e da França, países que chegaram a realizar testes nucleares na região, respectivamente no atol de Bikini e em Mururoa. Em algumas das pequenas ilhas, como Bora Bora e Tahiti, a atividade turística tem grande importância econômica. No entanto, os principais destinos turísticos do continente são Austrália e Nova Zelândia, onde tanto a diversidade dos elementos naturais como as cidades com excelente infraestrutura hoteleira e de lazer são fortes atrativos.

A população Com população de aproximadamente 40 milhões de habitantes em 2017, a Oceania é um continente pouco populoso e pouco povoado (3 hab./km²). Em parte por causa dos aspectos naturais (como o clima), sua população distribui-se de modo irregular pelo território. Em algumas ilhas e em trechos do litoral da Austrália (Sydney e Melbourne) e da Nova Zelândia (Ilha do Norte), encontram-se altas densidades demográficas (300 a 350 hab./km²). Nas áreas desérticas da parte central da Austrália (que correspondem à área do estado do Amazonas), o número de habitantes é muito reduzido (menos de 1 hab./km²). Na composição étnica predominam os brancos, descendentes dos colonizadores. Na Micronésia, na Polinésia e na Melanésia é grande o número de malaio-polinésios. A Austrália conta também com aproximadamente 460 mil aborígines em sua população.

Uma característica importante da população australiana é o grande contingente de imigrantes. Em virtude de sua reduzida população, o país sempre procurou estimular a imigração. Atualmente, de cada três cidadãos, um é imigrante ou filho de imigrantes. Em algumas escolas, chega-se a registrar uma média de 11 nacionalidades em cada sala. Durante a década de 1980, ingressavam anualmente cerca de 150 mil imigrantes na Austrália, enquanto no decorrer da década de 1990, quando foi adotada uma política de imigração mais seletiva em virtude de uma redução no ritmo de crescimento da economia, essa média caiu para 75 mil por ano. A população da Oceania é predominantemente urbana e suas cidades mais populosas e importantes são: Sydney, Melbourne, Brisbane e Perth, na Austrália; Auckland, Christchurch e Wellington na Nova Zelândia; e Honolulu, no Havaí. Essas cidades australianas e neozelandesas abrigam importantes portos, responsáveis pelo escoamento de grande parte da produção agropecuária e mineral desses países.

Atividades econômicas

Na Oceania, as atividades econômicas apresentam grandes contrastes. Ao lado de economias que funcionam segundo o modelo europeu, como Austrália e Nova Zelândia, encontram-se economias organizadas de modo tradicional, cujas bases são a pesca e a agricultura de subsistência, como Papua-Nova Guiné, Fiji e Samoa. Em algumas ilhas de maior extensão, além da agricultura de subsistência, há culturas de produtos destinados à exportação, como coco, abacaxi, cana-de-açúcar e café. Historicamente, australianos e neozelandeses, até por causa dos laços culturais e políticos, sempre mantiveram um comércio bastante intenso com a Europa, em especial com o Reino Unido. A elevada demanda do Japão e da China por matérias-primas agrícolas e minerais e a grande quantidade desses produtos existente na Austrália e na Nova Zelândia, todavia, têm fortalecido as relações comerciais dos países da Oceania com os países asiáticos mencionados. Austrália, Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné também integram a Associação de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec), formada em 1989, que conta com a participação, entre outros, dos Estados Unidos, do Japão, da China, do Canadá, do Chile, da Coreia do Sul e do México. A Apec tem como objetivo a consolidação de um bloco econômico (zona de livre-comércio) até 2020. No entanto, os Estados Unidos, a Austrália e a Nova Zelândia devem ter o comércio liberalizado antes. As economias da Apec representam cerca de 50% do PIB total mundial.

Agropecuária e exploração mineral na Austrália

A agricultura australiana, bastante mecanizada, emprega apenas 3,9% da População Economicamente Ativa (PEA) e é praticada em grandes propriedades. Seus principais produtos são o trigo, a aveia e a cevada, também merecendo destaque as culturas de cana-de-açúcar e de algodão. Quanto à pecuária, seu rebanho mais numeroso é o de ovinos – o maior do mundo, cuja produção de lã representa 25% do total mundial. Destacam-se também os caprinos, que proporcionam uma notável produção de peles e carne, e os bovinos, que, pela alta produtividade e pela qualidade, fazem da Austrália um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo. O subsolo australiano é muito rico em recursos minerais, que somam 50% das exportações do país. A Austrália tem a maior reserva de bauxita (minério de alumínio) do mundo, a segunda de zinco, a terceira de minério de ferro, a quarta de ouro e de níquel, além de reservas expressivas de prata, estanho e cobre. O território australiano concentra também aproximadamente 40% das reservas mundiais de urânio.

A Austrália conta com um dos maiores aquíferos do mundo: a Grande Bacia Artesiana, que corresponde a cerca de 1/5 de seu território. Esse aquífero é de vital importância para um país que tem extensas áreas desérticas e diversas atividades econômicas consumidoras de água em grande quantidade, como a agricultura, a pecuária e a mineração. A energia é obtida principalmente do petróleo e do carvão mineral. A produção de petróleo é insuficiente, sendo necessário importá-lo; o carvão, por sua vez, é produzido em maior quantidade, chegando a ser exportado.

A economia da Nova Zelândia

A pecuária desempenha um papel importante na economia da Nova Zelândia. Nos sopés das montanhas da Ilha do Norte destaca-se a criação de gado leiteiro, enquanto na Ilha do Sul predomina a criação extensiva de ovinos. A criação de ovinos está associada à indústria de transformação de lã, situada próximo aos portos para facilitar o escoamento do produto. Parte expressiva das exportações constitui-se de carne, lã e peles. As indústrias dedicam-se aos produtos da pecuária (carnes, leite e lã). Há também no país indústrias metalúrgicas e siderúrgicas, cujo desenvolvimento foi possível graças, em parte, à boa oferta de energia elétrica.

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