Colonização e dinâmicas da natureza
Arquipélagos e ilhas
A Oceania é o menor dos continentes do globo, com uma área de aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente à extensão
do território brasileiro. O continente ocupa apenas 5,8% das terras emersas da
superfície terrestre. Também é o continente menos populoso, com cerca de 42,6
milhões de habitantes (dados de 2020 da ONU) e uma densidade demográfica de
5 hab./km2.
A Oceania é formada por 14 países. Os que mais se destacam pela extensão territorial e pela dinâmica econômica são Austrália e Nova Zelândia, mas o
território também compreende as ilhas do Pacífico adjacentes.
O inglês é o idioma mais falado no continente, e há países em que se fala
francês, além dos dialetos nativos.
As ilhas da Oceania estão divididas em:
• Melanésia (“ilha dos negros”, em referência a como eram chamados os habitantes nativos): compreende os arquipélagos de Bismarck, Salomão, Santa Cruz, Vanuatu, Nova Caledônia e Fiji;
• Micronésia (“ilhas pequenas”): constituída pelos arquipélagos de Marianas, Marshall, Carolinas, Palau e Gilbert (Kiribati), situados entre a Melanésia e o Havaí;
• Polinésia (“muitas ilhas”): agrupa o maior número de ilhas e arquipélagos, entre os quais Havaí, Tahiti, Samoa, Tuvalu, Tonga, Marqueses, Cook, Phoenix, ilhas da Linha e ilha de Páscoa;
• quatro ilhas maiores: Austrália, Nova Zelândia, Tasmânia e Nova Guiné, que se divide em Papua-Nova Guiné e Irian Ocidental.
Aspectos gerais
O relativo isolamento da Oceania em relação aos outros continentes e o
colonialismo tardio quando comparado às Américas e à África preservou meios
de vida e costumes ancestrais e culturais de várias ilhas do Pacífico. Apenas
Papua Nova Guiné tem aproximadamente 1/3 dos idiomas do mundo, com
mais de mil línguas e dialetos. O mesmo não aconteceu com Austrália e Nova
Zelândia, que tiveram grande parte da população nativa exterminada.
A população da Oceania ocupa grande variedade de ambientes, desde as
altas montanhas na Papua Nova Guiné, passando pelos lugares que parecem
saídos de livros de contos de fada da Nova Zelândia, até os sofisticados centros
urbanos de Sydney e Auckland. Há também ilhas que atraem turistas, como
Vanuatu e Fiji. Muitas delas, apesar de grande beleza, carecem de recursos
naturais e são dependentes de turismo e de importações para abastecerem
seus mercados internos.
A povoação da Oceania começou por volta de 50 mil anos atrás, com os
primeiros habitantes desembarcando na Austrália. Saídos da África, eles prova
velmente atravessaram o mar pelo sudeste asiático, muitas vezes via passagens
de terra que não haviam sido submersas na última glaciação. A Oceania, por
sua posição e pela grande quantidade de ilhas, foi o último continente a receber
contingentes ancestrais de indivíduos.
Austrália e Nova Zelândia, as nações de maior destaque no continente.
Austrália
A Austrália tem o maior território da Oceania, com aproximadamente 86%
das terras do continente, por isso é chamada de país-continente. Está localiza
da entre os oceanos Índico
e Pacífico.
Em 2020, a população
total da Austrália era de
aproximadamente 25 mi
lhões de habitantes (dados
do IBGE). O país tem bai
xa densidade demográfi
ca, apenas 3,3 hab./km2. A
maior parte da população é
urbana (86%), concentrada
principalmente no sudeste
do país e ao longo da costa
(dados de 2020 da ONU),
onde se destacam as cida
des de Melbourne, Sydney
e a capital, Camberra. No
interior, encontram-se
grandes áreas desabita
das devido à existência de
imensos desertos.
A população da Aus
trália é predominantemente
de origem europeia (95%, a maioria de ascendência britânica); já os aborígenes
representam apenas1% do total. Eles têm uma expectativa de vida 17 anos
inferior à de um branco e se tornaram uma classe discriminada e marginalizada.
O país tem grande contingente de imigrantes em virtude das políticas de
imigração que foram muito estimuladas pelo governo no passado. Hoje, esse
acesso é mais restrito. Em 2019, a Austrália tinha o oitavo maior IDH do mundo
e elevada expectativa de vida: 84 anos (dados da ONU).
Nova Zelândia
A Nova Zelândia lo
caliza-se no sudoeste do
Oceano Pacífico e é com
posta basicamente de duas
grandes ilhas, a do Norte
e a do Sul, separadas pelo
Estreito de Cook, rodea
das por mais de 600 ilhas
menores. O longo período de
isolamento das ilhas levou
a uma grande diversidade
de fauna, flora e paisagens,
além da rica cultura maori.
Independente do Reino
Unido desde 1947, mas ain
da formalmente subordina
da à Coroa britânica, a maior
parte da população é de des
cendentes de europeus, com
uma minoria maori e de outros povos da Oceania.
A Nova Zelândia é um
país desenvolvido (14o maior IDH em 2019), com altos índices de qualidade de
vida, saúde, educação e economia. Os setores de serviços, industrial e de turismo
predominam nas atividades econômicas das ilhas.
Em 2020, a população total da Nova Zelândia era de aproximadamente
4,8 milhões de habitantes (dados da ONU). A densidade demográfica é de
18,3 hab./km2. A maior parte da população é urbana (86%) e está concentrada
nas cidades de Auckland, Christchurch, Wellington e Hamilton.
Entre os países desenvolvidos e industrializados, a Nova Zelândia é um dos
mais jovens, com uma taxa média de natalidade de dois filhos por casal.
No país, aproximadamente 25% da população é imigrante e mais da me
tade vive na região de Auckland. A maioria dos imigrantes é britânica; outros
vieram da Austrália, China, Índia, África do Sul, Fiji e Samoa.
A colonização e o povoamento
Antes da chegada dos colonizadores, a Austrália era ocupada por povos
nativos que ficaram conhecidos como aborígines. Estima-se que havia aproximadamente um milhão de habitantes que falavam cerca de 250 línguas. Com a
chegada do colonizador europeu, começou um processo de genocídio. Em
2016, os descendentes desses povos somavam 649 mil pessoas.
A colonização da Oceania desenvolveu-se de modo lento e pouco homogêneo. A grande distância e o isolamento do continente em relação à Europa constituíram obstáculos para a rápida ocupação pelos colonizadores. Em 1521, em sua viagem de circum-navegação, o português Fernão de Magalhães navegou o Pacífico Sul, passando pelas ilhas Marianas. No fim do século XVIII, com a perda de seus domínios na América do Norte, o Reino Unido voltou suas atenções para essa região.
Em 1770, o explorador e cartógrafo inglês James Cook (1728-1779) de
sembarcou na costa leste australiana. Em 1788, determinados pontos do território transformaram-se em colônias penais da Inglaterra, a exemplo de Sydney,
onde foram instalados presídios para os condenados das Ilhas Britânicas.
A expedição de James Cook, que para todos os efeitos era uma viagem de caráter científico, proporcionou ao Reino Unido a posse da Austrália. Muitos imigrantes ingleses passaram a colonizar o país, cuja independên
cia ocorreu em 1900. Os laços políticos com a Inglaterra foram preservados
e, em 1901, a Austrália integrou-se à Comunidade Britânica, subordinada ao
chefe de Estado do Reino Unido. Em 1999, houve um plebiscito no país que
confirmou a manutenção da condição de monarquia constitucional sob domínio
da Coroa britânica.
No século XIX, Reino Unido, França e Alemanha, as grandes potências europeias da época, ampliaram a colonização da Oceania, instalando bases navais e comerciais em várias ilhas. No fim do século XIX e início do século XX, os Estados Unidos, ao observarem a posição estratégica das ilhas do Pacífico, decidiram tomar posse de algumas delas (Marshall, Carolinas, Marianas e Palau, entre outras), onde instalaram bases militares que permanecem até os dias atuais.
Esse continente é constituído por territórios sob o controle de Estados
Unidos, Reino Unido e França e onze Estados independentes, cujas áreas so
madas ocupam 8,5 milhões de km2 (5,7% das terras emersas, o que equivale à
área do Brasil). Desse total, a Austrália ocupa, sozinha, 7,7 milhões de km2, ou
seja, o país abrange 90% das terras emersas da Oceania e constitui sua única
porção continental. Os outros 10% compõem-se de diversas ilhas espalhadas
pela imensidão do oceano Pacífico. As duas maiores são Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné (país que ocupa a metade oriental da ilha da Nova Guiné; a
metade ocidental é território da Indonésia e, por isso, é considerada parte da
Ásia). As outras ilhas são parte dos territórios dos países independentes ou
integram protetorados estadunidenses, britânicos e franceses. As ilhas da
Oceania costumam ser agrupadas em três conjuntos: Micronésia, Melanésia e
Polinésia.
No período da colonização da Austrália e da Nova Zelândia, um grande número de habitantes nativos foi massacrado, principalmente pelos britânicos.
Os aborígines que habitavam a Austrália foram mortos, escravizados e degredados pelo colonizador. Na Nova Zelândia, os maoris, povo unido e socialmente bem organizado, impuseram forte resistência à ocupação dos britânicos e foram, durante décadas, duramente combatidos.
Seus ancestrais já viviam no local havia mais
de 40 mil anos, e hoje estão reduzidos a uma população de cerca de 200 mil,
que ainda enfrenta preconceito e exclusão da sociedade australiana.
Atualmente, os maoris restringem-se a pouco mais de 250 mil habitantes, fixados principalmente na ilha do Norte, próximo a Auckland, cidade mais populosa da Nova Zelândia.
As ilhas e os atóis da Micronésia e da Polinésia são pontos estratégicos
importantes do oceano Pacífico. Além de sediar bases militares, alguns foram
utilizados durante anos para testes nucleares dos Estados Unidos (atol de Bikini) e da França (atol de Moruroa).
A França realizou testes nucleares no atol de Moruroa entre 1966 e 1996. Esse
atol fica na Polinésia Francesa, um conjunto de cinco arquipélagos no oceano
Pacífico. Afastado de tudo, o território francês de 118 ilhas tem como vizinho mais
próximo a Nova Zelândia, localizada a 4 mil quilômetros.
Sociedade e economia da Oceania
Com exceção da Antártica, a Oceania é o continente menos populoso e
menos densamente povoado. Segundo a ONU, em 2017 abrigava somente 40,7
milhões de habitantes (pouco menos do que a população do estado de São
Paulo), o que correspondia a 0,5% da população mundial, e sua densidade
demográfica é de apenas 5 habitantes por quilômetro quadrado. Dessa popu ação, como vimos, 60% encontram-se na Austrália, que tem 24,5 milhões de
habitantes (pouco mais do que a região metropolitana de São Paulo) e apre
senta baixíssima densidade demográfica (3 habitantes/km2).
A população australiana está distribuída de forma muito desigual no território. As maiores concentrações humanas estão no litoral, a leste e a sudeste,
onde o clima é temperado e tropical. Essa região é mais favorável à prática da
agropecuária e abriga grandes cidades, como Sydney, Melbourne e Brisbane.
Em 2018, segundo a ONU, 86% da população australiana era urbana. No interior do país a densidade demográfica é baixa, devido principalmente à aridez
do clima.
O segundo país mais populoso do continente, Papua-Nova Guiné, tinha 8,3
milhões de habitantes em 2017, com apenas 13,2% de população urbana. O
terceiro, a Nova Zelândia, abrigava 4,7 milhões de pessoas, com 86,5% vivendo
em cidades. Os outros 3,3 milhões de habitantes da Oceania estavam distribuídos pelos pequenos países-arquipélago do Pacífico.
A maioria dos habitantes da Austrália é descendente de europeus, principalmente de britânicos (56% da população). Atualmente, o país é muito
procurado por imigrantes. Em 2016, de acordo com dados do governo, 28,5%
de sua população tinha nascido no exterior. Os ingleses continuam sendo o
maior grupo dos recém-chegados, com 15% do total, mas aumentou muito
o número de imigrantes vindos da Ásia, com destaque para chineses (8,3%)
e indianos (7,4%).
Os nativos correspondem a apenas 2,8% da população total. Dos nativos
australianos, o maior grupo étnico é o de aborígines. O restante é composto
de um grupo étnico chamado povo das ilhas do estreito de Torres, que tem
origem melanésia.
Estima-se que, quando os britânicos chegaram à Austrália, no final do sé
culo XVIII, havia cerca de um milhão de nativos. Segundo o censo nacional, em
2016 havia 649 mil descendentes no país (de aborígines e do povo das ilhas do
estreito de Torres), mas parte já é miscigenada.
Os aborígines têm a pele negra, como os povos da África subsaariana.
Como eles, também sofreram discriminação e racismo ao longo da história.
Durante muito tempo, ser classificado de aborígine na Austrália era conside
rado depreciativo.
Nas últimas décadas, muitos nativos migraram para as cidades, rompendo
com sua cultura original e buscando integrar-se ao modo de vida herdado dos
europeus.
Somente nos anos 1970 foram criadas as primeiras leis para proteger
a cultura e as terras dos povos nativos da Austrália, o que tem contribuído para
fortalecer a identidade deles e elevar sua autoestima. Além disso, sob a in
fluência do multiculturalismo, hoje há uma tendência de valorização da cultura aborígine.
A importância cultural e histórica da rica cultura aborígene foi reconhecida
apenas recentemente. Em 1967, eles foram considerados cidadãos australianos
e, em 1976, foi-lhes concedida a propriedade das reservas onde viviam. Esses
povos ainda são a minoria mais pobre da Austrália.
A descolonização
A descolonização da Oceania se deu em tempos diferentes e de maneiras diversas em cada país. A Austrália e a Nova Zelândia tornaram-se independentes em 1901 e 1931, respectivamente; porém, permaneceram economicamente ligadas ao Reino Unido. As ilhas Marshall, Carolinas, Marianas e Palau, na Micronésia, só deram início ao processo de separação dos Estados Unidos em 1956. Ainda existem arquipélagos subordinados politicamente à França, aos Estados Unidos, à Austrália e à Nova Zelândia.
Dinâmicas da natureza
As formações do relevo das ilhas da Oceania apresentam grandes contrastes, pois se constituíram em períodos geológicos diferentes. A maior parte do relevo australiano é de origem bem antiga, o que justifica as modestas altitudes, em geral pouco superiores a 350 metros. Há predomínio de planaltos e planícies. Na cordilheira Australiana, que se estende paralelamente ao litoral oriental, situam-se as montanhas mais altas do país, cujo ponto culminante é o monte Kosciusko, com 2.228 metros de altitude. As demais ilhas apresentam formações mais recentes, originadas no no Período Terciário, como na Nova Zelândia e no Havaí, onde existe intensa atividade vulcânica. A maior parte das ilhas menores é constituída de atóis de origem coralínea.
A Oceania caracteriza-se pelo predomínio de climas quentes – Tropical e Equatorial – com temperaturas elevadas. As chuvas são abundantes em Papua- -Nova Guiné, no Havaí e no litoral norte e nordeste da Austrália.
Por causa da influência do relevo, nas vertentes voltadas para o litoral, expostas aos ventos úmidos (alísios), a pluviosidade é altíssima. Nas vertentes interiores, as chuvas são escassas e há grande aridez, com extensos desertos na parte central da Austrália. As Savanas e as Estepes dominam as áreas de clima Tropical e de clima Semiárido. Na porção central da Austrália, as Savanas recebem a denominação regional de bush e as Estepes, de scrub. Os rios são poucos e de pequena extensão na Oceania. Apenas a Austrália tem rios um pouco mais extensos: o Murray e seu afluente, o rio Darling, que nascem na cordilheira Australiana.
Nos locais onde as precipitações são mais elevadas, como no Havaí, no litoral norte e nordeste da Austrália, na ilha da Tasmânia e em Papua- -Nova Guiné, a vegetação florestal é densa. Em Papua-Nova Guiné, estendem-se amplos trechos cobertos por Floresta Equatorial, sobretudo nas faixas litorâneas. No sudeste da Austrália e na ilha da Tasmânia, situa-se a Floresta Subtropical, cuja espécie predominante é o eucalipto-gigante, com mais de 50 metros de altura. Esse tipo de floresta é encontrado também na Nova Zelândia.
Relevo e tectonismo
As terras mais altas da Oceania encontram-se na ilha da Nova Guiné, onde
se localiza o ponto culminante do continente, o monte Wilhelm, com 4 509
metros de altitude. Essa
ilha é parte de um cinturão de montanhas submersas que se estende até a
Nova Zelândia. A cordilheira formou-se do contato entre as placas tectônicas
Indo-Australiana e do Pacífico, portanto, em uma zona da crosta sujeita a ter
remotos e vulcões.
A Austrália, por se localizar no meio da placa Indo-Australiana, apresenta – assim como o Brasil, que se localiza no centro da placa Sul-Americana – uma
estrutura geológica antiga e relativamente estável, com formas de relevo con
sideravelmente desgastadas e ausência de vulcões ativos e de terremotos de
elevada magnitude, tão presentes na Ásia e na parte insular da Oceania. O
ponto mais alto do território australiano, o monte Kosciusko, com 2 228 metros
de altitude, encontra-se no sudeste do país, na Grande Cordilheira Divisória. Esse relevo atravessa o país no sentido
norte-sul, às margens do oceano Pacífico, e é formado de escudos cristalinos,
que são tão antigos e desgastados quanto o planalto Atlântico Brasileiro.
No relevo da Austrália há uma pre
dominância de planaltos e planícies,
o que favoreceu a mecanização da
agricultura, feita em grandes proprie
dades, e a criação de gado, como
veremos no próximo capítulo. Mais
uma semelhança com o Brasil. No en
tanto, diferentemente de nosso país,
ali há grandes extensões de desertos.
Na periferia desses desertos, onde o
clima é semiárido, pratica-se agricultura irrigada e pecuária extensiva.
Grande parte das ilhas que com
põem a Oceania, principalmente as
que formam a Melanésia, é de origem
vulcânica. Essas ilhas surgiram no en
contro das placas tectônicas do Pacífico e Indo-Australiana. Nessa área
também concentram-se as atividades
sísmicas, sendo frequente a ocorrên
cia de terremotos de elevada magnitude.
O relevo e a hidrografia
Os rios mais importantes e extensos da Oceania são o Darling (2 720 km) e
o Murray (2 575 km), em território australiano. Nascem na Grande Cordilheira,
divisor de águas entre os rios que, como esses dois, correm para o oceano Ín
dico, ao sul, e os rios (menos extensos) que correm para o oceano Pacífico, a
leste. A bacia Murray-Darling abrange cerca de 15% do território australiano,
em uma região economicamente muito importante. As águas desses rios são
utilizadas para o abastecimento da população, o sustento de atividades indus
triais, a geração de energia elétrica e, principalmente, para a irrigação agrícola.
O planalto Ocidental Australiano é o divisor de águas entre os rios que cor
rem para o oeste e deságuam no oceano Índico. Na Austrália também há rios
temporários (por estarem em regiões semiáridas), que correm para lagos inte
riores. Já no centro do país, que é extremamente árido, quase não existem rios.
Na Austrália, a maior parte da energia elétrica consumida vem de usinas
termelétricas, que utilizam como fontes primárias o carvão mineral, o petróleo
e o gás natural. Ainda assim, no trecho planáltico, sobretudo no dos rios da
bacia Murray-Darling, como o Tumut, há várias usinas hidrelétricas (observe a
foto). A Austrália tem ao todo 124 hidrelétricas, mas a maioria de pequeno
porte. Todas, somadas, têm uma capacidade instalada de cerca de 8 800 MW
(pouco mais da metade da hidrelétrica de Itaipu, que tem 14 mil MW), assegu
rando cerca de 6,5% do fornecimento de energia elétrica do país.
Clima e vegetação
As terras da Oceania distribuem-se na Zona tropical e na Zona temperada
do planeta, e sofrem influência de correntes marítimas quentes e frias. Por essa
razão, há grande diversidade climatobotânica.
Os climas da Zona do Pacífico são influenciados pela corrente quente Leste-Australiana e, por isso, são quentes e úmidos. Já os climas da Zona do Índico, influenciados pela corrente fria Oeste-Australiana, são mais frios e bem
mais secos. Nas áreas montanhosas o clima é amenizado pela altitude.
Principalmente no sudeste da Austrália, a região mais ocupada do país, a
vegetação foi em parte retirada para o desenvolvimento de atividades agro
pecuárias e a construção de cidades e indústrias.
A Austrália é um dos países mais áridos do mundo: 70% de seu território
recebe menos de 500 mm de chuva por ano e é classificado como de climas
semiárido e árido, como você observou no mapa de climas da página 232.
Os desertos ocupam cerca de 40% do território, com destaque para o
Grande Deserto de Vitória, com 348 mil km2, e o Grande Deserto de Areia,
com 267 mil km2 (os dois equivalem aproximadamente às áreas de Goiás e de
São Paulo, respectivamente).
Oceania: espaço socioeconômico.
Um continente de contrastes socioeconômicos. Com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, países desenvolvidos, com economia diversificada e elevado nível de vida, a Oceania é formada por países em desenvolvimento, que apresentam uma economia dependente de atividades primárias. Muitos territórios são domínios de grandes potências, principalmente dos Estados Unidos e da França, países que chegaram a realizar testes nucleares na região, respectivamente no atol de Bikini e em Mururoa. Em algumas das pequenas ilhas, como Bora Bora e Tahiti, a atividade turística tem grande importância econômica. No entanto, os principais destinos turísticos do continente são Austrália e Nova Zelândia, onde tanto a diversidade dos elementos naturais como as cidades com excelente infraestrutura hoteleira e de lazer são fortes atrativos.
A população
Com população de aproximadamente 40 milhões de habitantes em 2017, a Oceania é um continente pouco populoso e pouco povoado (3 hab./km²). Em parte por causa dos aspectos naturais (como o clima), sua população distribui-se de modo irregular pelo território. Em algumas ilhas e em trechos do litoral da Austrália (Sydney e Melbourne) e da Nova Zelândia (Ilha do Norte), encontram-se altas densidades demográficas (300 a 350 hab./km²). Nas áreas desérticas da parte central da Austrália (que correspondem à área do estado do Amazonas), o número de habitantes é muito reduzido (menos de 1 hab./km²). Na composição étnica predominam os brancos, descendentes dos colonizadores. Na Micronésia, na Polinésia e na Melanésia é grande o número de malaio-polinésios. A Austrália conta também com aproximadamente 460 mil aborígines em sua população.
Uma característica importante da população australiana é o grande contingente de imigrantes. Em virtude de sua reduzida população, o país sempre procurou estimular a imigração. Atualmente, de cada três cidadãos, um é imigrante ou filho de imigrantes. Em algumas escolas, chega-se a registrar uma média de 11 nacionalidades em cada sala. Durante a década de 1980, ingressavam anualmente cerca de 150 mil imigrantes na Austrália, enquanto no decorrer da década de 1990, quando foi adotada uma política de imigração mais seletiva em virtude de uma redução no ritmo de crescimento da economia, essa média caiu para 75 mil por ano. A população da Oceania é predominantemente urbana e suas cidades mais populosas e importantes são: Sydney, Melbourne, Brisbane e Perth, na Austrália; Auckland, Christchurch e Wellington na Nova Zelândia; e Honolulu, no Havaí. Essas cidades australianas e neozelandesas abrigam importantes portos, responsáveis pelo escoamento de grande parte da produção agropecuária e mineral desses países.
Atividades econômicas
A economia da Oceania está bastante atrelada ao sucesso econômico de
Austrália e Nova Zelândia, bem como ao turismo nas ilhas dos arquipélagos ao
redor. Por serem as nações mais desenvolvidas do continente, atraem os maiores volumes de investimentos, exportações e importações.
A Austrália é o país dominante e um dos mais desenvolvidos do mundo,
com baixos níveis de pobreza e elevada renda per capita.
Uma atividade econômica de destaque é a mineração. O subsolo australia
no tem grandes reservas de bauxita (minério de alumínio), urânio, zinco, ferro,
diamante, ouro, níquel e carvão mineral. O grande volume de exportações mi
nerais possibilita o alto desenvolvimento industrial do país.
Os setores industriais
mais importantes são o side
rúrgico e o metalúrgico, e os
principais centros industriais
estão localizados no sudeste
australiano, especificamente
em Sydney e em Melbourne.
A maior parte da energia do
país provém do petróleo e do
carvão mineral.
A agricultura da Austrália
é bastante desenvolvida,
moderna e mecanizada, com
maior produtividade no sul
do país. As culturas que se
destacam são as do trigo, da
aveia, da cevada, da cana-de-açúcar e do algodão,
cultivados em grandes pro
priedades.
Considerada um dos maiores criadores de ovinos do
mundo, a Austrália é o maior exportador de lã do planeta.
Na pecuária, ainda merece destaque a criação de caprinos e
bovinos, e o país é um dos principais exportadores mundiais
de carne bovina. A videira, introduzida pelos colonizadores,
possibilita a produção de um vinho que compete com os
europeus. O turismo, cada vez mais procurado, é o setor que
mais emprega na Austrália. Os locais mais visitados são a
capital – Camberra –, Sydney, a Grande Barreira de Corais,
no litoral, e o Uluru, no interior do país.
Na Oceania, as atividades econômicas apresentam grandes contrastes. Ao lado de economias que funcionam segundo o modelo europeu, como Austrália e Nova Zelândia, encontram-se economias organizadas de modo tradicional, cujas bases são a pesca e a agricultura de subsistência, como Papua-Nova Guiné, Fiji e Samoa.
Em algumas ilhas de maior extensão, além da agricultura de subsistência, há culturas de produtos destinados à exportação, como coco, abacaxi, cana-de-açúcar e café. Historicamente, australianos e neozelandeses, até por causa dos laços culturais e políticos, sempre mantiveram um comércio bastante intenso com a Europa, em especial com o Reino Unido.
A elevada demanda do Japão e da China por matérias-primas agrícolas e minerais e a grande quantidade desses produtos existente na Austrália e na Nova Zelândia, todavia, têm fortalecido as relações comerciais dos países da Oceania com os países asiáticos mencionados. Austrália, Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné também integram a Associação de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec).
Criado em 1989, esse bloco econômico estabelece uma
zona de cooperação econômica que estimula o comércio entre os países-membros e diminui as barreiras alfandegárias.
O objetivo é transformar a Apec numa gigantesca zona de livre-comércio. Criado em 1989, esse bloco econômico estabelece uma
zona de cooperação econômica que estimula o comércio entre os países-membros e diminui as barreiras alfandegárias.
As economias da Apec representam cerca de 50% do PIB total mundial.
A agropecuária é um setor muito desenvolvido e moderno na economia
da Nova Zelândia. Está vinculada às indústrias, especialmente à alimentícia e à
têxtil, responsáveis por grande parte das exportações de carne, lã, leite e pele.
A tecnologia empregada na pecuária leiteira intensiva neozelandesa e sua pro
dutividade fazem dela uma das mais avançadas do mundo.
Como a Austrália, o país conta com uma relevante criação extensiva de
ovinos. Na agricultura, as principais áreas de cultivo estão localizadas na Ilha
do Sul, onde sobressaem as plantações de trigo, cevada, aveia, milho e batata.
O setor siderúrgico e o de metalurgia, nas
ilhas do norte e do sul, respectivamente, são
os destaques da atividade industrial da Nova
Zelândia. Embora o país não tenha um subsolo
rico em minerais, apresenta expressivas reservas de recursos energéticos: carvão mineral, pe
tróleo e gás natural. Na Nova Zelândia há grande
disponibilidade de energia geotérmica. Isso se
deve à intensa atividade tectônica, que gera ca
lor subterrâneo.
O turismo é um dos setores fundamentais
da economia. Milhares de visitantes de todo o
mundo são atraídos pelo ecoturismo que o país
proporciona, desde caminhadas contemplativas
em meio a paisagens naturais até a prática de
esportes radicais.
A grande maioria da população das ilhas do
Pacífico trabalha na área de serviços (turismo,
educação e setor financeiro).
Os grandes mer
cados receptores da Oceania são Japão, China,
Coreia do Sul e Estados Unidos.
Os negócios da maioria das ilhas depen
dem de relações comerciais com Austrália,
Nova Zelândia e Estados Unidos, já que muitas
delas não produzem o suficiente para o mercado interno, devido à escassez de recursos.
A indústria da pesca e o turismo têm bastante
importância econômica entre os países insula
res da Oceania.
Agropecuária e exploração mineral
A agricultura australiana, bastante mecanizada, emprega apenas 3,9% da População Economicamente Ativa (PEA) e é praticada em grandes propriedades. Seus principais produtos são o trigo, a aveia e a cevada, também merecendo destaque as culturas de cana-de-açúcar e de algodão. Quanto à pecuária, seu rebanho mais numeroso é o de ovinos – o maior do mundo, cuja produção de lã representa 25% do total mundial. Destacam-se também os caprinos, que proporcionam uma notável produção de peles e carne, e os bovinos, que, pela alta produtividade e pela qualidade, fazem da Austrália um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo. O subsolo australiano é muito rico em recursos minerais, que somam 50% das exportações do país. A Austrália tem a maior reserva de bauxita (minério de alumínio) do mundo, a segunda de zinco, a terceira de minério de ferro, a quarta de ouro e de níquel, além de reservas expressivas de prata, estanho e cobre. O território australiano concentra também aproximadamente 40% das reservas mundiais de urânio.
A Austrália conta com um dos maiores aquíferos do mundo: a Grande Bacia Artesiana, que corresponde a cerca de 1/5 de seu território. Esse aquífero é de vital importância para um país que tem extensas áreas desérticas e diversas atividades econômicas consumidoras de água em grande quantidade, como a agricultura, a pecuária e a mineração. A energia é obtida principalmente do petróleo e do carvão mineral. A produção de petróleo é insuficiente, sendo necessário importá-lo; o carvão, por sua vez, é produzido em maior quantidade, chegando a ser exportado.
A Austrália é a maior economia da Oceania. Segundo dados do Fundo
Monetário Internacional (FMI), em 2017 o país era responsável por 85,5% do
produto interno bruto (PIB) do continente.
Já a Nova Zelândia respondia por
12,5%, enquanto todos os outros doze países somados eram responsáveis por
apenas 2% do PIB continental.
Indústria e mineração
Austrália e Nova Zelândia têm um parque fabril diversificado e são os únicos
países industrializados do continente. São também os que têm a agricultura
mais moderna e produtiva.
A maioria das indústrias australianas localiza-se em torno das grandes ci
dades, sobretudo no sudeste do país, onde se concentra a maior parte da mão
de obra e do mercado consumidor. Ali há também maior disponibilidade de
energia elétrica e de infraestrutura de transportes e telecomunicações.
A Austrália também é um dos países mais ricos em recursos minerais do
planeta. Seu subsolo abriga grandes reservas de diversos minérios. Esse foi
um dos fatores que, somado à disponibilidade de capitais para investimentos
e à mão de obra qualificada (grande parte dela imigrante), mais contribuíram
para a industrialização do país.
Os outros países vivem basica
mente da agricultura de subsistência
e da indústria extrativa mineral, como
é o caso de Papua-Nova Guiné, e do
turismo, especialmente os países da
Polinésia e Melanésia.
A economia da Nova Zelândia
A pecuária desempenha um papel importante na economia da Nova Zelândia. Nos sopés das montanhas da Ilha do Norte destaca-se a criação de gado leiteiro, enquanto na Ilha do Sul predomina a criação extensiva de ovinos. A criação de ovinos está associada à indústria de transformação de lã, situada próximo aos portos para facilitar o escoamento do produto. Parte expressiva das exportações constitui-se de carne, lã e peles. As indústrias dedicam-se aos produtos da pecuária (carnes, leite e lã). Há também no país indústrias metalúrgicas e siderúrgicas, cujo desenvolvimento foi possível graças, em parte, à boa oferta de energia elétrica.
A agropecuária
Por causa da sua posição geográfica, a Austrália cultiva produtos da Zona
tropical e da Zona temperada do planeta. Grande parte do território australia
no é imprópria para a agricultura, por causa da grande extensão dos desertos.
Entretanto, muitas áreas de climas semiárido são irrigadas, o que amplia as
possibilidades de cultivo.
O país é um importante produtor agrícola, com destaque para o plantio de
trigo, cevada e algodão. Desenvolve também uma agricultura do tipo mediter
rânea irrigada, com destaque para o cultivo de uvas. O país tem aumentado sua
participação no mercado mundial de vinhos (em 2017, era o quarto maior expor
tador, com 5,8% do mercado mundial). Sua pecuária também é muito importan
te; é um dos maiores produtores mundiais de carne bovina, ovina e de lã.
A agropecuária é moderna e de alta produtividade, o que torna o país muito
competitivo no mercado agrícola internacional.
Segundo dados da Organização
de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), em 2016, a Austrália foi o
sétimo maior exportador de produtos agrícolas, com 2,5% do mercado mundial.
A Austrália é um dos maiores exportadores mundiais de cereais, como a cevada e
o trigo. Em 2016, foi o quinto maior produtor mundial de carne bovina e o segundo
de carne e de lã de ovinos, produtos importantes em sua pauta de exportação.
A Nova Zelândia, segundo a FAO, em 2016 foi o 13o maior exportador de
produtos agrícolas do mundo, com 1,6% do mercado mundial. O país se des
taca como produtor de carne e de lã de ovinos, produtos muito importantes
em sua pauta de exportação. O país também se destaca como exportador de
frutas, com destaque para o kiwi.
A pauta da exportação
Embora seja um país industrializa
do, a Austrália é um grande exporta
dor de matérias-primas, sobretudo
para a China e o Japão. Em 2017,
80,5% do valor de sua pauta de ex
portações era composta de produtos
primários, especialmente minérios e
carvão. O país é o maior exportador
mundial de minério de ferro e de carvão mineral. No mesmo ano, respondeu
por 33% do total mundial desse combustível fóssil vendido no exterior. Os
australianos também exportam manganês, bauxita, ouro, diamante, zinco,
entre outros minérios.
A Austrália também exporta matérias-primas industrializada (como aço e
alumínio), bens acabados (como automóveis e máquinas) e produtos químicos,
mercadorias com maior valor agregado, o que proporciona maior ingresso de
reservas estrangeiras na economia do país.
A Nova Zelândia também é grande exportadora de matérias-primas, mas
com forte predominância de produtos agrícolas, embora tenha uma exportação
significativa de produtos industrializados.
Papua-Nova Guiné exporta predominantemente produtos primários, sem
nenhum tipo de transformação, com destaque para minérios, como ouro, níquel
e cobre. A participação de produtos industrializados em sua pauta de exportação é baixa.
As condições de vida
Apenas dois países da Oceania são desenvolvidos: Austrália e Nova Zelândia. Os outros (pequenas ilhas da Micronésia, Melanésia e Polinésia) são con
siderados países em desenvolvimento, sendo alguns muito pobres, como Pa
pua-Nova Guiné e Ilhas Salomão. Essa realidade se reflete nos indicadores de
desenvolvimento humano.
Apesar de a Austrália ser o segundo país do mundo em IDH, a população
aborígine e das ilhas do estreito de Torres tem indicadores bem abaixo da
média nacional. O padrão de vida médio da população nativa ainda é inferior
ao da população não nativa (descendente de imigrantes), o que se reflete na
expectativa de vida.
Segundo o governo australiano, para a população aborígine nascida entre 2010 e 2012 a expectativa de vida era de 69,1 anos (homens)
e 73,7 anos (mulheres), enquanto para o restante da população a expectativa
de vida era de 79,7 anos (homens) e de 83,1 anos (mulheres).
Áreas Protegidas na Austrália
As Áreas Protegidas da Austrália são áreas pertencentes ou administradas pela população nativa (composta de aborígines e do povo das ilhas do estreito de Torres). Elas fazem parte do Sistema de Reservas Nacionais da Austrália, que é a rede de parques, reservas e áreas protegidas formalmente reconhecidos em todo o país. Em 2017 existiam 75 Áreas Protegidas para a população nativa na Austrália, que ocupavam 45% do sistema de reservas. Além de proteger a biodiversidade, elas foram criadas com a intenção de contribuir para a manutenção da cultura das comunidades nativas.