quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Índia: população e cultura

A Índia é extremamente populosa e etnicamente diversificada. Esse panorama agrega diversos aspectos positivos na promoção do desenvolvimento do país, mas também pressupõe muitos desafios ao tentar conciliar interesses tão variados.

Características da população


A atual população da Índia corresponde a cerca de 18% do total de habitantes do mundo e se distribui por todo o território do país, porém as maiores concentrações estão situadas no extremo norte e ao sul.
As maiores taxas de densidade demográfica são encontradas na planície do rio Ganges, localizada na porção norte do país. A ocupação dessa região está associada ao desenvolvimento de civilizações muito antigas, que se baseavam na prática da agricultura irrigada.
Em 2020, 65% dos indianos (o equivalente a 898 milhões de pessoas) viviam nas áreas rurais. No entanto, o país está se urbanizando rapidamente, e um dos desafios do governo para as próximas décadas é promover melhores condições de vida para a população das cidades, aumentando, por exemplo, a oferta de trabalho nas áreas urbanas.
Outro importante desafio diz respeito às altas taxas de analfabetismo. De acordo com dados de 2018, cerca de 74% da população de 15 anos ou mais é alfabetizada, o que revela que um número elevado de habitantes do país ainda não frequenta escolas adequadamente.
A expectativa de vida na Índia é considerada baixa quando comparada à de outros países emergentes. Em 2019, a média era de 69,7 anos. Associado ao panorama de defasagem educacional, esse fator influencia diretamente o IDH de 0,645 (2019), considerado médio no ranking mundial.
Segundo dados recentes, parte bastante significativa da população indiana não tem acesso à rede sanitária e à água potável. Os percentuais ali registrados em 2020 foram de 71,2% e 90,4%, respectivamente. Esse cenário indica que muitos habitantes ainda vivem em condições precárias e que o governo necessita urgentemente ampliar os investimentos em infraestrutura de saneamento básico e em moradias adequadas para a população, em especial nas grandes cidades.
A população indiana também se caracteriza pela ocorrência, nas próximas décadas, do cenário denominado bônus demográfico. Trata-se do cenário em que a População Economicamente Ativa (PEA), isto é, as faixas etárias entre 15 e 64 anos e aptas a trabalhar, passa a representar a maior parte dos habitantes de um país. As projeções indicam que a PEA indiana atingirá o pico de 1,11 bilhão e será a maior do mundo em 2049.
A grande disponibilidade de mão de obra poderá contribuir para o aumento da produtividade e do desenvolvimento. Por isso, é importante que o governo indiano invista mais recursos na educação e qualifique a força de trabalho necessária para as atividades ligadas a setores estratégicos.

Cultura e religiosidade


A população indiana, além de chamar a atenção por ser muito numerosa, apresenta grande diversidade de povos, línguas e culturas. A Índia tem diversos grupos étnicos, e esse multiculturalismo é resultado dos processos históricos relacionados à ocorrência de fluxos migratórios e de invasões externas no decorrer dos séculos. A atual composição étnica diversificada é explicada pela miscigenação de diferentes povos asiáticos, como árabes, afegãos, persas e mongóis.
Atualmente, além dos idiomas oficiais, 123 línguas principais estão espalhadas por todo o território. O idioma mais falado, por cerca de 43% da população, é o híndi. Mas a língua inglesa (herança da colonização britânica) também é reconhecida como oficial e amplamente falada pela população, sobretudo no norte.
A cultura indiana é repleta de simbolismos e crenças. Entre as principais religiões, destaca-se o hinduísmo, praticado em quase todo o território indiano. Os dados do censo realizado em 2011 revelam que esse grupo religioso corresponde a 79,8% da população. Em seguida, 14,2% se declaram praticantes do islamismo, cuja maioria está concentrada no extremo norte do país, próximo à fronteira com o Paquistão. A Índia também abriga 2,3% de cristãos, concentrados na porção leste do país, e 1,7% de sikhs, situados no estado de Punjab, no oeste da Índia.
Esse sistema estabelece uma hierarquia, dividindo a sociedade praticante da religião hindu em grupos distintos e baseados no grau de poder social e econômico.
A hierarquia é formada por quatro principais grupos: brâmanes, xátrias, vaixás e sudras.
No topo da hierarquia estão os brâmanes, o grupo mais privilegiado por ser considerado descendente direto de Brahma, tido como o criador do universo. É composto de autoridades religiosas e pessoas detentoras de maior conhecimento, como gurus e intelectuais.
A casta dos xátrias está situada logo abaixo e é constituída por pessoas responsáveis por defender o Estado ou administrar o poder público, como soldados, oficiais de Justiça e governantes.
Em seguida, estão os vaixás, responsáveis pelo desenvolvimento dos diversos tipos de atividades econômicas, como agricultura, indústria e comércio.
Por fim, a última casta, a dos sudras, é composta de trabalhadores sem qualificação profissional, como operários e empregados domésticos.
Além dessas quatro castas principais, a base da hierarquia é formada pelos párias (também denominados “intocáveis”), grupo não pertencente a nenhuma casta. Por isso, seus membros realizam os trabalhos menos remunerados, o que se configura como um dos fatores que levam esse grupo a sofrer grande preconceito na sociedade indiana.

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