quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Independências no Oriente Médio

Os processos de independência no Oriente Médio tiveram início ao final da Primeira Guerra Mundial. Com a derrota e a desagregação do Império Turco-Otomano após o conflito, grande parte dos seus domínios no Oriente Médio passou a ser administrada pela Grã-Bretanha e pela França. A Palestina e os atuais Iraque e Jordânia, por exemplo, tornaram-se áreas tuteladas pelos ingleses, enquanto a Síria e o Líbano ficaram subordinados à jurisdição francesa. O processo de independência das nações do Oriente Médio ocorreu de forma gradual. Teve início com a independência do Iraque em 1932 e do Egito em 1936, estendendo-se pela década de 1940. A independência do Líbano se deu em 1943, quando dirigentes políticos libaneses foram libertados pelos franceses e a emancipação do país foi reconhecida. A Jordânia conquistou sua independência em 1946, ao ser assinado o Tratado de Londres entre o governo do Reino Unido e o governo de Abdulá I. Nesse mesmo ano, as últimas tropas francesas se retiraram da Síria, selando a independência do país.

Em 1948, Egito, Líbano, Síria, Jordânia e Iraque, membros da Liga Árabe, aliaram-se na guerra contra o recém-criado Estado israelense, inaugurando os intensos conflitos no Oriente Médio em torno da Questão Palestina.

Os Estados Unidos no mundo contemporâneo

Resultado das políticas neoliberais dos Estados Unidos, a crise econômica de 2008 abalou a confiança no sistema bancário estadunidense e deu origem a movimentos populares que defendiam mudanças radicais no modelo econômico do país. O mais famoso desses movimentos, conhecido como Occupy Wall Street, mobilizou diversas manifestações em diferentes partes dos Estados Unidos a partir de 2011. Os protestos, entretanto, tiveram pouco sucesso, e mudanças efetivas não foram implementadas.

É importante lembrar que Barack Obama, candidato do Partido Democrata, tornou-se o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, em 2008. Muitos tinham a expectativa de que seu governo tomasse medidas para controlar a ação dos bancos e combater a desigualdade social. Entretanto, do ponto de vista prático, pouca coisa mudou: dados indicam que a parcela de riqueza controlada pelos 10% mais ricos dos Estados Unidos aumentou de 34%, na década de 1990, para 47% em 2017, por exemplo. Isso não significa que o governo Obama não tenha tomado algumas medidas sociais importantes, como a criação de um sistema de saúde destinado às pessoas pobres. Porém, essas medidas foram pontuais e não afetaram diretamente o modelo neoliberal de organização da economia. Do mesmo modo, a gestão Obama deu continuidade à política externa adotada desde os ataques terroristas de 2001. Operações militares em diferentes partes do mundo continuaram sendo organizadas com o objetivo de conter movimentos considerados perigosos para a segurança dos Estados Unidos. Exemplo disso foi a manutenção das tropas estadunidenses no Afeganistão.

A presidência de Donald Trump


Após dois mandatos de Obama, Donald Trump, do Partido Republicano, chegou ao poder em 2016. Durante a campanha eleitoral, Trump criticou a glo - balização, mas defendeu medidas neoliberais mais radicais e a adoção de uma postura ainda mais agressiva contra ameaças externas. Por diversas vezes, em suas redes sociais e nos discursos de campanha, Trump atacou minorias étni - cas e desvalorizou as pautas sociais, raciais e de gênero. O candidato associava aos imigrantes o aumento dos índices de violência dos Estados Unidos, além de atribuir aos estrangeiros a piora nos salários e na qualidade de vida da classe trabalhadora estadunidense. Uma de suas propos - tas era a construção de um muro na fronteira com México. Posteriormente à vitória de Trump, soube-se que sua campanha nas redes sociais foi feita com base em dados de eleitores obtidos de grandes empresas de tecnologia sem o consentimento deles. O fato motivou a discussão sobre a manipulação dos usuários das redes sociais pelos algoritmos das empresas de tecnologia digital, que determinam quais notícias, imagens e mensagens entram automaticamente na rede dos usuários, o que limita sua liberdade de escolha e os envolve em uma bolha de publi - cações que direciona suas ideias e opiniões. O caso tam - bém ampliou os debates sobre o direito à privacidade em diversas partes do mundo.

Principais medidas do Governo Trump


O início da gestão de Trump foi marcado pelo endurecimento das negociações internacionais e pela reversão de medidas sociais da gestão anterior. Além disso, ele defendia a redução dos impostos dos setores mais ricos e o fim de mecanismos estatais de intervenção na economia. Nas relações exteriores, o presidente ampliou a intervenção americana em conflitos internacionais. No Iraque, por exemplo, decidiu intervir no combate ao Estado Islâmico, contrariando a promessa da gestão Obama de não enviar novas tropas àquele país. Já em relação à Coreia do Norte, após surgirem evidências de que o país dominava tecnologia para a produção de mísseis nucleares de longo alcance, Trump ameaçou frequentemente iniciar uma operação militar para derrubar o regime norte-coreano. No contexto da pandemia de covid-19, o presidente Trump negou a disseminação da doença, minimizou os efeitos do coronavírus, além de desencorajar o uso de máscaras e o distanciamento social como forma de combate à propagação do vírus. O presidente estadunidense também fez propaganda de trata - mentos sem eficácia científica e pôs em dúvida a eficácia das vacinas.

Questões raciais nos EUA 


Em 1964, após muita luta dos afro-americanos, a Lei dos Direitos Civis estabeleceu a igualdade de negros e brancos perante a lei e proibiu a discriminação e segregação racial. Diferentes programas de ação afirmativa buscaram equiparar as condições de acesso dos negros a serviços básicos, como saúde e educação. No entanto, ainda hoje os índices de desenvolvimento e emprego mostram que os brancos têm maior escolaridade e renda. Desde 2013, o Black Lives Matter (BLM) – “Vidas Negras Importam”, em português – surgiu nos Estados Unidos como um movimento social de combate ao racismo estrutural. O grupo, por meio das redes sociais, passou a denunciar sistematicamente a violência policial para com as populações negras no país. Em maio de 2020, ainda em meio à pandemia, a morte de George Floyd durante uma abordagem da polícia em Mineápolis mo bilizou milhares de pessoas na luta antirracista nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, dando maior visibilidade ao movimento.

A corrida eleitoral e a virada de Biden 


Com Donald Trump, o nível de tensão e a polarização política nos Estados Unidos aumentou consideravelmente. Sem conseguir se reeleger, Trump recusou-se a aceitar a derrota e moveu uma série de ações judiciais para anular o pleito, alegando, sem provas, que havia ocorrido fraude eleitoral. Em 6 de janeiro de 2021, quando o Parlamento iria validar o resultado das eleições, Trump convocou seus partidários a se dirigirem ao Capitólio, em Washington, para protestar e impedir a realização da sessão. Uma multidão violenta invadiu o prédio, gritando palavras de ordem e intimidando os parlamentares. O episódio levou a Câmara dos Deputados a colocar em votação dois pedidos de impeachment contra o, ainda, presidente.

Em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden – ex-vice de Obama e membro do Partido Democrata – assumiu a presidência com a “missão” de restabelecer a ordem e reconciliar os estadunidenses. No combate à pandemia, o novo governo investiu na testagem em massa e na campanha de vacinação. Em março daquele ano, Biden conseguiu aprovar no Congresso um pacote de US$ 1,9 trilhão para combater os impactos da pandemia na economia. Em relação à imigração, Biden reviu políticas de seu antecessor e paralisou a construção do muro na fronteira com o México. Em 2021, cerca de 2 milhões de pessoas foram flagradas pelas autoridades cruzando a fronteira, das quais 165 mil eram menores.

O chavismo na Venezuela

A trajetória política de Hugo Chávez foi marcada por alto índice de popularidade e por severas críticas de opositores. Simpatizantes destacam a diminuição da desigualdade social em seu governo. Em 2013, a distribuição de renda do país era a mais igualitária da América Latina (medida pelo coeficiente Gini). Também ganharam apoio popular os programas sociais de combate ao analfabetismo e à mortalidade infantil. No plano internacional, Chávez deu especial atenção aos países em desenvolvimento e ameaçou romper a aliança histórica com os Estados Unidos, grande importador do petróleo venezuelano, o que não se concretizou. Para seus opositores, essa ameaça prejudicou o país. Eles também criticaram a aproximação com regimes autoritários do Oriente Médio e questionaram acordos firmados com Cuba. Ao estabelecer o controle do Estado sobre a exploração de petróleo e gás natural nas reservas venezuelanas, restringindo a atuação de empresas estrangeiras, por um lado, ele agradou aos setores nacionalistas, mas, por outro lado, desagradou grandes grupos petrolíferos internacionais. Uma das maiores críticas a Hugo Chávez era em relação a seu autoritarismo. Após sua segunda eleição, ele promoveu reformas na legislação que lhe permitiram concorrer ao terceiro mandato consecutivo e assegurar sua permanência no poder. Além disso, exerceu forte influência sobre os demais poderes, sobretudo a Justiça, censurou a imprensa e perseguiu opositores.

A herança chavista

A Venezuela possui a maior reserva mundial de petróleo e situa-se entre os maiores produtores. Tudo o que acontece no país tem de ser compreendido à luz dessa realidade e de toda a importância que o ainda representa para o mundo atual.
Inegavelmente, é com a figura do líder Hugo Chaves a partir dos anos 1990 que o país tornou-se tema constante nas relações internacionais. Seu estilo de fazer política reconfigurou o cenário regional latino-americano, especialmente o tom desafiador que teceu à ppotencia estadunidense enquanto esteve à frente do poder.
Hugo Chaves chegou a presidência da Venezuela em 1998. Uma vez eleito, convocou um referendo sobre eleições constituintes, que ocorreram em 1999, e redigiu-se uma nova Constituição. A nova carta impôs uma série de mudanças ao país, tais como o direito à reeleição presidencial, ampliação do mandato do presidente de quatro para seis anos, convocação de novas eleições e mudança do nome do país para República Bolivariana da Venezuela. Hugo Chaves seria ainda eleito mais três vezes:em 2000, 2006 e 2012. Verificava-se que o líder carismático contava com forte respaldo popular, embora sob uma ferrrenha oposição dos setores mais abastados, como a Fedecámaras (sindicato patronal do país) e a mídia local.
No plano internacional, Hugo Chaves teve uma série de controvérsias com os Estados Unidos, particularmente durante os governos de George W. Bush, e estreitou o laços diplomáticos do país com Cuba, China, Rússia e Irã, numa clara demostração de afastamento com os Estados Unidos. Entretanto, as celeumas políticas políticas em nada afetaram as firmes relações comerciais com os Estados Unidos, que seguiu sendo seu principal parceiro comercial e cliente na compra de petróleo.
Quando se reelegeu pela última, em 2012. Hugo Chaves já estava se tratando de um câncer. Venceu as eleições, mas não assumiu, pois a doença se agravara. Foi transferido para Cuba, onde realizou seus tratamentos médicos, mas dessa vez não resistiu, falecendo em 2013. Foram marcadas novas eleições
Seu vice, Nicolás Maduro, assumiu a presidência interinamente em 2012 e como titular em 2013, com a morte de Chávez. Maduro tem se esforçado para imprimir um governo personalista, sem, no entanto, se distanciar do chavismo. Atualmente há uma forte polarização no país entre aqueles que defendem Maduro e os que afirmam que suas políticas enfraquecem a democracia e são responsáveis pela grave crise econômica e humanitária. Nesse cenário, cresceu o fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil, concentrado em Roraima, o que aumentou ali a demanda por serviços públicos. Uma das ações do governo brasileiro foi promover a interiorização dos migrantes a outras regiões do país com mais infraestrutura para recebê-los. O futuro do chavismo e da Venezuela segue incerto.

Cenário social e econômico na América Latina

O fim da Guerra Fria favoreceu a redemocratização latino-americana, com a queda das ditaduras que vigoravam desde os anos 1960-1970. Na década de 1980, a região experimentou a abertura política, pressionada pela mobilização de setores sociais que reivindicavam a volta da democracia aos respectivos países. A transição democrática, entretanto, foi lenta e se construiu com negociações e concessões que envolveram forças governistas, movimentos estudantis e sindicais e partidos políticos de oposição. Do ponto de vista econômico, o período foi caracterizado como “década perdida” para a maioria dos países da América Latina. Eles enfrentaram acentuada crise econômica e endividamento externo, baixa competitividade de seus produtos nos mercados internacionais e queda no nível de industrialização. Na década de 1990, as novas democracias da região adotaram o neoliberalismo como modelo político-econômico. Privatização de empresas estatais, valorização da moeda e combate inflacionário, controle de gastos públicos, incentivo à entrada de capitais externos e tomada de empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) foram mecanismos usados para inserir esses países na chamada Nova Ordem Mundial.

Percalços na construção da democracia

No início dos anos 2000, alguns países da América Latina, incluindo o Brasil, elegeram, democraticamente, governos de esquerda, identificados com demandas populares de diversos movimentos sociais (urbanos, rurais, indígenas). No entanto, minorias conservadoras e contrárias às demandas populares continuaram a ganhar protagonismo político, refletindo o crescimento dos movimentos de ultradireita no mundo. No plano global, quando algum país latino-americano enfrenta instabilidade monetária, inflação, descontrole do déficit público ou outro sinal de crise, os capitais externos ali aplicados migram para países com economias mais estáveis. As sucessivas crises econômicas na América Latina impactaram de forma muito desigual pobres e ricos, aprofundando a concentração de renda e dificultando o desenvolvimento socioeconômico sustentável. Além disso, há muitos segmentos sociais sem acesso à terra, e o desemprego e o subemprego são ameaças constantes, sobretudo nas parcelas da população com baixa qualificação profissional. A pandemia de covid-19, embora tenha castigado duramente a região, trouxe à tona a necessidade de valorizar as políticas públicas, sobretudo a saúde e a segurança alimentar. Atualmente, projetos políticos e sociais integrados fazem parte da agenda de alguns países da América Latina, como México, Chile, Peru e Bolívia, refletindo a tentativa de reabilitar o papel do Estado na promoção do desenvolvimento econômico e do combate à pobreza por meio de políticas públicas.

Até o momento, nenhuma das democracias da América Latina foi capaz de quebrar definitivamente a estrutura colonial historicamente herdada. Em outras palavras, à exceção de Cuba e Venezuela, que trilharam o caminho do socialismo, os países latino-americanos continuam a desempenhar, no sistema capitalista globalizado, os papéis de fornecedores de matérias-primas, de mão de obra barata e de espaços disponíveis para a instalação de vastas plantas industriais. As experiências cubana e venezuelana, por sua vez, enfrentam baixo desenvolvimento econômico e queda na qualidade de vida da população. Espera-se que, nos próximos anos, haja maior intercâmbio de mercadorias e uma integração produtiva, a fim de desenvolver a região.

O terrorismo na contemporaneidade

No mundo contemporâneo, o terrorismo tem se constituído como uma estratégia de grupos radicais que, por meio da força e da violência, chamam a atenção da opinião pública para suas reivindicações, tentando impor seus projetos políticos. Por outro lado, o discurso da necessidade de se combater o terrorismo, adotado principalmente pelas potências militares ocidentais, tem motivado muitas guerras, sendo usado para justificá-las, ao invés de contê-las.

No século XX, cresceu o número de organizações terroristas. Em 1972, o grupo palestino Setembro Negro sequestrou e matou atletas israelenses que participavam das Olimpíadas de Munique, na Alemanha. Desde o final da década de 1960, Espanha e França enfrentaram atentados da organização nacionalista ETA que, motivada por questões étnicas, reivindicava a independência das províncias de origem basca e a formação de um novo país; os atentados foram interrompidos em 2011, e o ETA anunciou sua dissolução em 2018. A Inglaterra foi alvo do IRA – organização irlandesa antibritânica cujo objetivo era pôr fim à subordinação política da Irlanda do Norte à Inglaterra e unificar Irlanda e Irlanda do Norte. Em 2005, o grupo anunciou o fim da luta armada e a atuação por meios políticos.

No século XXI, o terrorismo se caracteriza pelo nacionalismo exacerbado, por choques culturais em sociedades multiétnicas, por contrastes de valores políticos nas sociedades locais e nas internacionais, tornando o fenômeno bastante complexo. Alguns dos principais grupos terroristas da atualidade são Al Qaeda, Estado Islâmico, o já mencionado Talibã e o Boko Haram.

O terrorismo tornou-se, assim, um problema de escala global. No Ocidente, os principais alvos das ações de grupos terroristas são os Estados Unidos e os países europeus, impactando diretamente o crescimento da xenofobia e do racismo contra os imigrantes árabes e africanos que vivem nesses países, bem como contra as comunidades muçulmanas. O uso de táticas violentas para combater a violência terrorista tem comprovado sua ineficácia; ao contrário, agravou as tensões e multiplicou os discursos de ódio e de desinformação nas redes sociais.

O sensacionalismo das coberturas da mídia, por sua vez, não ajuda a solucionar o problema. É preciso insistir em ações educativas para que a sociedade tenha acesso a informações sobre as razões que levaram à organização de grupos terroristas e, assim, possa compreender melhor os contextos em que ocorrem as migrações em massa e os choques entre diferentes culturas.

Afeganistão ganhou a atenção mundial

O Afeganistão tem uma história colonial distinta das outras regiões asiáticas. Durante o imperialismo do fim do século XIX, o país chegou a ser invadido por tropas britânicas, mas não foi efetivamente colonizado, pois era um “Estado-tampão” que separava o Império Russo e domínios coloniais do Império Britânico. Se por um lado o país evitou, assim, a exploração colonial, por outro teve seu desenvolvimento econômico muito reduzido. Durante o século XX, o Afeganistão foi um país independente, mas que passou por diversas mudanças de regimes e golpes de estado. 
Em 1978, no contexto da Guerra Fria, partidos de orientação comunista apoiados pela União Soviética tomaram o poder no país, o que também deu início à insurgência de grupos armados oposicionistas. Em 1979, tropas soviéticas invadiram o Afeganistão, dando início a uma ocupação que duraria até 1989. Durante esse período, o exército soviético lutou contra os mujahidins, combatentes islâmicos que foram apoiados por diversos países, sobretudo pelos Estados Unidos. A guerra vitimou aproximadamente 15 mil soviéticos e, estima-se, mais de 1 milhão de afegãos.
O Afeganistão ganhou a atenção mundial ao derrotar as tropas da União Soviética em 1989, após 10 anos de uma ocupação comparável à Guerra Fria. Mergulhado alguns anos na guerra civil, o Afeganistão novamente despertou a atenção da comunidade internacional quando, em 1996, a facção islâmica fundamentalista denominada Talibã tomou o poder. Instalou-se então no país uma ditadura, cuja principal característica é a manutenção radical das tradições religiosas e culturais do Islã.
Após a retirada das tropas soviéticas, o Afeganistão mergulhou em uma guerra civil que resultou na tomada do poder pelo grupo extremista islâmico Talibã, uma das principais facções do conflito e que recebeu forte apoio do serviço secreto paquistanês.
Esse cenário político-religioso favoreceu a aliança do país com grupos terroristas que combatiam a ocidentalização dos costumes nas sociedades árabes, representada, principalmente, pela influência política, econômica e cultural estadunidense nos países muçulmanos. Em setembro de 2001, o mundo assistiu a uma violenta demonstração desses impasses. Em ações planejadas, terroristas atacaram as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, causando a morte de aproximada - mente 3 mil pessoas.
O impacto das cenas transmitidas em tempo real causou comoção, angústia e incerteza. Boa parte do mundo se solidarizou com o povo estadunidense. Ao mesmo tempo, buscava-se entender as razões históricas da tragédia, lançando novos olhares sobre a geopolítica dos Estados Unidos em relação às nações do Oriente Médio e da Ásia central. O governo estadunidense, após investigação, atribuiu a autoria dos atentados à rede terrorista Al Qaeda, liderada pelo árabe saudita Osama Bin Laden.

Em poucas semanas, o presidente estadunidense, George W. Bush, que estava em seu primeiro ano de mandato, adotou uma política militarista: organizou uma coalizão internacional contra o terrorismo e iniciou uma caçada contra Bin Laden, chegando a oferecer vultosa recompensa para quem o capturasse. 
Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos invadiu o Afeganistão, no contexto da guerra contra o terrorismo interna cional, derrubou o governo talibã e iniciou uma ocupação militar do país que duraria quase 20 anos. Durante esse período, o novo governo e seus aliados (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, entre outros) lutaram contra diversos grupos insurgentes, entre eles o próprio Talibã. 
A ironia do fato é que, na década de 1980, Bin Laden trabalhara para a CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, que, durante a Guerra Fria, realizava serviços de espionagem internacional e treinava guerrilheiros pró-capitalistas.
Da invasão à retirada das tropas estadunidenses Em outubro de 2001, a fim de capturar Bin Laden, os Estados Unidos declararam guerra ao Afeganistão, país que supostamente acolhera o terrorista. O fracasso na captura de Osama Bin Laden fez crescer a preocupação estadunidense com a segurança nacional e diminuir a popularidade de George W. Bush. Mesmo assim, Bush foi reeleito em 2004 e, em sua política externa, priorizou o combate ao terrorismo e aos países que representavam ameaças aos interesses dos Estados Unidos.
Em 2009, após ser eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama prosseguiu a busca por Bin Laden, que foi capturado e morto em maio de 2011, no Paquistão, por soldados estadunidenses. Porém, isso não significou o fim dos conflitos no Afeganistão. O Talibã continuou lutando para recuperar o controle do Estado e derrubar o governo apoiado pelos Estados Unidos. No início de 2018, as forças do Talibã agiam em grande parte do país, e o governo afegão tentou iniciar negociações de paz para reconhecer o grupo como um ator político legítimo.
A partir de 2011, as tropas internacionais começaram a se retirar gradualmente do país e o ambiente de segurança se deteriorou ainda mais com a escalada de ataques de grupos insurgentes.
Durante o governo de Donald Trump (2017-2021), iniciaram-se as tratativas para a retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão, na expectativa de que forças políticas afegãs reassumissem o controle do país.
Em 2020, os Estados Unidos firmaram um acordo com o Talibã para a retirada de suas tropas do Afeganistão. Em contrapartida, o grupo afegão se comprometeu a cortar laços com o grupo terrorista Al-Qaeda. 
A retirada dos estadunidenses consumou-se em agosto de 2021, durante o governo de Joe Biden, que havia tomado posse em janeiro afirmando que encerraria a mais longa guerra em que o país se envolvera. No ano de 2021, o último soldado estadunidense deixou o solo afegão. 
No entanto, o governo afegão, reconhecido internacionalmente, não possuía força militar para contrapor os insurgentes talibãs, e a retirada esta dunidense ocorreu às pressas em meio aos rápidos avanços militares do grupo fundamentalista.
A comunidade internacional criticou duramente a forma como se deu a retirada das tropas, que ficou marcada por tumultos, com milhares de afegãos que haviam colaborado com a presença estadunidense tentando escapar do país por medo de represálias por parte do Talibã. 
Com a retirada do exército dos Estados Unidos do Afeganistão, o Talibã - ao contrário do que se esperava derrubou rapidamente o governo e retomou o controle central do país e ocupou rapidamente as principais cidades do país.
Agora no poder, o grupo tem adotado medidas restritivas em relação à liberdade das mulheres e imposto uma interpretação mais estrita da lei islâ mica a toda a população. 
Embora tenha tomado o controle do país, o Talibã tem sido contestado interna e externamente. O grupo vem sofrendo críticas por parte de outros países e de organis mos internacionais por não respeitar os direitos humanos. 

Unificação de mercados

O colapso do socialismo representou a vitória do sistema capitalista. Desde o final do século XX, esse sistema tem adotado características do neoliberalismo, como a diminuição da intervenção do Estado na economia, a redução dos investimentos públicos em políticas sociais (educação, saúde, habitação), o controle dos gastos estatais, o fortalecimento da economia de mercado, a privatização das empresas públicas e a crescente participação de capitais externos nos mercados financeiros mundiais. 
No âmbito internacional, uma das características mais marcantes do neoliberalismo é a existência de blocos econômicos regionais, ou seja, associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si. 
Entre tais blocos, destacam-se: a União Europeia (UE), que agrupa diversos países do continente europeu; o Bloco do Pacífico, que reúne o Japão, os Tigres Asiáticos (Singapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan) e países do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Filipinas); o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), cujos membros são Estados Unidos, Canadá e México; o Mercado Comum do Sul (Mercosul), constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Criados para garantir mercado aos países-membros e fortalecer suas economias diante da alta competitividade mundial, os blocos econômicos sinalizam com a diminuição ou eliminação das barreiras alfandegárias no comércio entre eles. No entanto, não raro as negociações dos blocos privilegiam os interesses dos países mais industrializados e desenvolvidos que os compõem. Outro aspecto observado é que a cooperação comercial no interior de blocos formados por países em desenvolvimento varia de acordo com a estabilidade das economias nacionais.

Os efeitos sociais do neoliberalismo


Um dos efeitos da vitória do capitalismo no mundo globalizado contemporâneo foi o enfraquecimento dos mecanismos dos Estados para controlar a especulação financeira e a circulação de capitais em grande velocidade pelo planeta. Isso vem contribuindo para fragilizar as economias mundiais, que se tornaram suscetíveis a crises constantes.
A crise financeira de 2008 No final da década de 2000, grandes bancos dos Estados Unidos passaram a realizar empréstimos arriscados visando ao lucro rápido. O governo do país não impôs medidas para conter esses empréstimos, que saíram do controle e começaram a ser feitos sem garantia de pagamento. Em 2007, muitos bancos começaram a quebrar pela falta de pagamento dos empréstimos. Em pouco tempo, a crise estadunidense afetou diversos países. Os efeitos sociais dessa crise ainda estão presentes: redução de salários, aumento do desemprego, crescimento do número de pessoas empobrecidas e significativo aumento das desigualdades sociais.
Nesse contexto, muitos países passaram a adotar novas medidas neoliberais com o objetivo de superar a crise, como reformar leis trabalhistas e diminuir direitos sociais dos cidadãos. Isso fez com que, em diversos países, os trabalhadores perdessem direitos e sofressem reduções salariais. Além disso, muitos governos diminuíram os recursos aplicados em políticas públicas, como forma de cortar os gastos do Estado e possibilitar investimentos para retomar o crescimento econômico, abalado pela crise. Essas medidas agravaram os efeitos da crise e contribuíram para o crescimento da pobreza em muitas regiões do mundo. Contudo, isso não afeta todos os setores da mesma forma, e uma pequena parcela de indivíduos ampliou suas riquezas.
Organizações internacionais indicam que, em 2015, apenas 1% da população mundial concentrava mais de 99% das riquezas do planeta. Além disso, de 1988 até 2011, a renda dos 10% mais pobres do planeta aumentou cerca de 65 dólares, enquanto a renda do 1% mais rico aumentou cerca de 11 800 dólares – ou seja, 182 vezes mais.


Desigualdade entre países


Para compreender as causas e as consequências das desigualdades entre os países, diversas teorias foram formuladas, buscando soluções que diminuam essas diferenças.

A teoria do livre mercado


Segundo a teoria baseada no livre mercado, o desenvolvimento de um país decorre da máxima liberdade de pessoas e empresas em realizar negócios. Nesse sentido, a atuação do Estado na economia, seja pela criação de leis reguladoras, seja pela cobrança de impostos, dificulta o ganho de capitais e a geração de empregos. Assim, a solução para os problemas econômicos estaria na redução da ação estatal.
Os teóricos do livre mercado atribuem, portanto, os problemas econômicos de um país à sua forma de se autogovernar, minimizando fatores externos e relações desfavoráveis impostas por países mais ricos.

O papel do Estado


Em oposição aos defensores do livre mercado, há aqueles para os quais a presença de um Estado forte é essencial para o desenvolvimento de um país. Essas teorias têm como exemplo o caso de países do Leste Asiático, como China, Coreia do Sul e Cingapura.
Neles, o Estado investiu em setores estratégicos, como educação e desenvolvimento tecnológico, e agiu para favorecer o crescimento de setores da economia.

Teoria da dependência


A teoria da dependência avalia que as desigualdades globais remontam ao período colonial, quando foi estabelecido um sistema em que alguns países acumulavam recursos em função da exploração de outros.
Esse quadro se agravou após a industrialização e, ainda hoje, mesmo que a indústria tenha se espalhado pelo mundo, há forte dependência entre os países que desenvolvem novas tecnologias e aqueles que apenas as consomem.

O fundamentalismo islâmico no Oriente Médio

O fundamentalismo islâmico, ou muçulmano, ganhou força com a ascensão política, econômica e militar do Ocidente e a dominação imperialista d...