terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Divisão do espaço europeu

Adotamos a divisão do continente em Europa ocidental e Europa oriental, considerando o critério socioeconômico. A Europa ocidental engloba os países de elevado nível de desenvolvimento e economia diversificada: Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Países Baixos, Bél gica, Luxemburgo, Suécia, Suíça, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, Áustria, Noruega, Islândia, Grécia e Portugal.
A Europa oriental compreende os países que já foram considerados “econo mias em transição”, que deixaram o socialismo no final do século XX e que apre sentam diversidade em termos de nível de desenvolvimento socioeconômico, mas, comparativamente aos países da Europa ocidental, têm indicadores sociais geralmente inferiores. São eles: Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Rússia, Romênia, Sérvia, Montenegro, Macedônia, Bulgária, Albânia, Estônia, Letônia, Lituânia, Croácia, Ucrânia, Moldávia, Belarus, Bósnia-Herzegovina, Eslovê nia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão. Entre os países da Europa oriental, há ainda alguns que se enquadram no grupo dos emergentes, como Rússia e Polônia.
Alguns países da Europa ocidental, como França, Itália e Espanha, a atividade turística é uma importante fonte de divisas. Alema nha e Reino Unido também ganham destaque como destinos turísticos no continente e no mundo. O mercado internacional da moda também movimenta um grande volume de ca pitais, sendo França e Itália os principais exportadores de produtos de alta-costura, além de abrigarem empresas que detêm patentes de importantes grifes. Esses países são os grandes centros europeus de eventos de divulgação do mundo da moda. Merecem destaque ainda os grandes centros universitários, sobretudo no Reino Unido, na França, na Itália, na Alemanha e na Espanha, que atra em pesquisadores e estudantes do mundo inteiro.

Os países da Europa oriental

Os países da Europa oriental apresentam um nível de desenvolvimento so cioeconômico diferente dos países da Europa ocidental. Esse conjunto é ainda marcado por uma diversidade socioeconômica e espacial que remonta ao período da Guerra Fria, quando fazia parte da zona de influência do bloco soviético.
Nessa região, após a Segunda Guerra Mundial, a atividade da indústria desen volveu-se com base no planejamento estatal, destacando-se a República Tcheca, na indústria metalúrgica, e a Polônia, na construção naval e na metalurgia. Com o surgimento do modelo industrial baseado nas novas tecnologias, o parque indus trial dos antigos países socialistas ficou em grande defasagem tecnológica.
A transição para a economia capitalista, a partir do início dos anos 1990, pro moveu uma reestruturação industrial com a abertura dos mercados, os cortes de subsídios às empresas estatais e a liberalização dos preços, o que acarretou um surto inflacionário. Muitas dessas empresas faliram, e os países sofreram queda de produção e dos níveis de emprego.
Nos últimos anos, os países de maior tradição industrial, como a República Tcheca, a Polônia e a Hungria, iniciaram uma recuperação econômica, marcada pelo aumento dos investimentos estrangeiros e pela instalação de várias em presas transnacionais. Esses três países apresentaram maior nível de indus trialização e uma economia mais diversificada e, em 2017, contavam com indica dores sociais próximos aos dos países da Europa ocidental – República Tcheca, IDH 0,888 (27a posição); Hungria, IDH 0,838 (45a posição); Polônia, IDH 0,865 (33a posição). A Eslovênia (IDH 0,896 – 25a posição), a Eslováquia (IDH 0,855 – 38a posição) e a Croácia (IDH 0,831 – 46a posição), apesar de não apresentarem os mesmos níveis de industrialização e de diversificação econômica dos outros três países, contam com bons indicadores sociais.
Todos esses países enquadram-se na clas sificação de “desenvolvimento humano muito alto”, com IDH superior a 0,800, assim como Estônia (IDH 0,871 – 30a posição), Lituânia (IDH 0,858 – 35a posição) e Letônia (IDH 0,847 – 41a posição), que faziam parte da extinta União Soviética e são denominados países bálticos.
Os demais países da Europa oriental, como Bulgária, Romênia, Bósnia-Herzegovina, Albânia e Macedônia, apresentam níveis de industriali zação e de diversificação econômica inferiores aos da Polônia, da República Tcheca e da Hungria.
Com o avanço do capitalismo, os países da Europa oriental, de modo geral, tornaram-se área de influência da União Europeia, principal mente por meio das relações comerciais e dos investimentos que a Alemanha passou a fazer na região.

Europa ocidental: elevado nível de desenvolvimento


O continente europeu, berço da Revolução Industrial, é formado por alguns dos países mais desenvolvidos do mundo. Segundo o relatório de 2017 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que mede a qualida de de vida dos países do mundo, entre os 20 de mais alto IDH (desenvolvimento humano muito alto), 13 eram europeus, destacando-se Noruega (1o), Suíça (2o), Irlanda (4o), Alemanha (5o), Islândia (6o), Suécia (7o), Países Baixos (10o) e Dinamarca (11o). O Brasil ocupava o 79o lugar e estava entre os países considerados de alto desenvolvimento humano.
Nos países de elevado nível de desenvolvimento da Europa ocidental estão localizadas várias empresas transnacionais, como a British Petroleum e a Bri tish American Tobacco, sediadas no Reino Unido; a Volkswagen, a Bayer e a Basf, com sedes na Alemanha; a Fiat, sediada na Itália; a Peugeot-Citröen, a Danone e a Renault, com sedes na França; a Shell e a Unilever (empresas transnacionais de capital inglês e holandês); a Philips, com sede nos Países Baixos (Holanda); a Ericsson, sediada na Suécia; a Nestlé, sediada na Suíça; entre outras.
Os grandes grupos industriais europeus e mundiais fazem investimentos elevados em pesquisa e tecnologia, criando e desenvolvendo mercadorias, e mo dernizando e automatizando suas fábricas para alcançar um menor custo de pro dução e melhorar sua competitividade global.
Os parques industriais da maioria dos países da Europa ocidental são bastan te diversificados, com destaque para os ramos de produtos eletroeletrônicos, quí micos, farmacêuticos, de telecomunicações, aviões, construção naval, energia nuclear, siderurgia e automobilístico.
O setor terciário desses países também é bastante diversificado, formado por grandes grupos de empresas transnacionais que atuam nas áreas comercial, como redes de hipermercados (o francês Carrefour); financeira, como bancos (o espanhol Santander, os britânicos Lloyd’s Bank e HSBC, o holandês ABN Amro Bank); de telefonia (a espanhola Telefonica, a italiana Tim).

Alguns conflitos no continente europeu

Diversos conflitos na Europa relacionam-se a processos de incorporação de minorias étnicas e de territórios por alguns Estados-nação. Alguns desses confli tos têm origem há séculos. Na primeira metade do século XX, a desintegração de impérios, como o Austro-Húngaro e o Turco Otomano, além das duas Grandes Guerras, ocasionou insta bilidades nos limites políticos entre os países.
Na segunda metade do século XX, o processo de derrocada do socialismo também modificou os limites entre os Esta dos-nação. Em decorrência disso, houve uma sucessão de conflitos, sobretudo nas duas últimas décadas. A região mais instável nessa perspectiva foi a dos Bálcãs.
Como um país normalmente é constituído de diversas culturas e pelo fato de o conceito de cultura estar muito próximo ao de nação, há também um grande número de países constituídos de diversas nações. As diversas nações dentro de um país, aliadas à questão da não aceitação das diferenças, têm dado margem ao desenvolvimento de lutas nacionalistas.

A desintegração da Iugoslávia


Até 1991, a Iugoslávia era um país federativo formado por seis repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia e Montenegro) e duas regiões autônomas (Kosovo e Voivodina, pertencentes à Sérvia). Sua população era composta de várias nacionalidades (sérvia, croata, eslovena, macedônia, albanesa, húngara), das quais algumas estavam espalhadas em praticamente todas as repúblicas. Além disso, havia três religiões (islâmica, cristã ortodoxa e católica romana) e falavam-se cinco idiomas (servo-croata, es loveno, albanês, húngaro e macedônio).
Essa complexa colcha de retalhos per maneceu unida enquanto foi governada por dirigentes autoritários, como o mare chal Tito, que se manteve no poder desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o regime comunista foi instaurado, até sua morte (1980).
Após a declaração de independência de quatro repúblicas — Croácia e Eslovênia (junho de 1991), Macedônia (setembro de 1991) e Bósnia-Herzegovina (março de 1992; —, a Iugoslávia passou a ser constituída pela Sérvia e por Montenegro.
O poderio militar da federação iugoslava, controlado na maior parte pelos sér vios, tentou impedir a independência das repúblicas, contando com o apoio dos sérvios que nelas viviam.
Após a guerra, a única república que permaneceu unida à Sérvia e, portanto, ao poder central de Belgrado, foi Montenegro, que conquistou sua independência em 2006.
Na Eslovênia, com número reduzido de sérvios, o conflito durou dez dias e terminou com a retirada das forças federais. Já na Croácia, onde 12% dos habitantes são sérvios, o conflito transformou-se em guerra: de um lado, as forças croatas; do outro, a força federal, com o apoio dos sérvios da Croácia. Essa guerra estendeu-se até janeiro de 1992, quando foi acertado um cessar-fogo.
Na Bósnia-Herzegovina, etnicamente mais heterogênea, o conflito se deu entre 39,5% de muçulmanos, 32% de sérvios e 18,4% de croatas.
Croatas, muçulmanos e sérvios passaram a disputar fatias do território bósnio, embora a ONU já tivesse reconhecido oficialmente a Bósnia-Herzegovina como país independente.
Apenas em 1995, sob pressão dos Estados Unidos e da Otan, os sérvios e os muçulmanos chegaram a um acordo na Bósnia, intermediado pela ONU. Colocaram um ponto final na guerra, que teve um saldo de mais de 200 mil mortos e 2 milhões de refugiados muçulmanos e foi marcada pela agressão sérvia contra os muçulmanos, conhecida como limpeza étnica.
Por trás dessa luta, de acordo com alguns analistas militares, estaria o sonho dos sérvios de unir todos os territórios dos Bálcãs por eles habitados, formando assim a Grande Sérvia. O acordo de paz dividiu a Bósnia em duas partes: Federação Muçulmano-Croata, que controla 51% do país, e República Sérvia da Bósnia, que controla 49%.
A permanência de povos — como sérvios, croatas e muçulmanos — com dispu tas históricas e ambições territoriais e nacionalistas distintas no mesmo país e as dificuldades de ter uma administração conjunta tornam a região instável e o futuro do país, de algum modo, incerto.

A independência de Montenegro


Em menos de dois anos, o que restou da Iugoslávia, que havia sido reduzida a Sérvia e Montenegro e que assumiu esse nome (junção das duas repúblicas) em 2003, vivenciou duas declarações de independência: de Montenegro e de Kosovo.
No primeiro caso, a declaração foi aceita pela Sérvia, que também afirmou sua independência e a sucessão do outrora Estado-nação “Sérvia e Montenegro”, no que se refere aos acordos diplomáticos. Montenegro tinha um papel estratégico muito importante para a Sérvia, pois era a única saída para o mar de que os sérvios dispunham.
A independência de Montenegro foi conquistada em 2006, após a realização de referendo em ambas as repúblicas. Bastava que em uma delas os votos pela separação e pela independência atingissem mais de 55%. Com efeito, os eleitores montenegrinos aprovaram a independência (55,4% dos votos a favor).
O caso de Kosovo é mais complexo, uma vez que se trata de uma região autô noma da Sérvia, e não de uma ex-república da Iugoslávia.

Os conflitos em Kosovo e sua declaração de independência



A região autônoma de Kosovo, habitada em sua maioria por muçulmanos albaneses — cerca de 90% dos 2 milhões de habitantes —, vinha alimentando há tempos uma separação do poder central sérvio, desde a retirada de parte da autonomia dessa região em 1989 pelo então presidente sérvio Slobodan Milosevic´.
Para os sérvios, Kosovo é considerada berço de sua identidade nacional, onde estão seus mosteiros ortodoxos mais antigos e a área da histórica batalha perdida para os turcos otomanos, no século XIV, que controlaram os Bálcãs por mais de 500 anos.
O fracasso das negociações de paz entre separatistas e sérvios preocupou os Estados Unidos, que temiam que a guerra se espalhasse por toda a região balcânica e envolvesse a Grécia e a Turquia, aliadas na Otan.
Mesmo sem a aprovação oficial da ONU, as tropas da Otan, lideradas pelos Estados Unidos, iniciaram em março de 1999 um ataque aéreo à Iugoslávia, bom bardeando-a por 78 dias com armamento pesado e moderno.
O poder central sérvio acabou se rendendo e aceitando um acordo de paz, no qual Kosovo foi mantida como território da república sérvia. Entretanto, em 2008, os kosovares declaram sua independência.
Também na situação de Kosovo, alguns analistas internacionais apontavam a incoerência dos Estados Unidos em sua política externa, pois em 1997 os rebel des albaneses, que lutavam pela independência da região autônoma, eram consi derados terroristas pelos estadunidenses.
A independência de Kosovo, para ser reconhecida pela ONU, precisaria ser aprovada pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e por, pelo menos, mais quatro membros rotativos. A Rússia e a China, que têm poder de veto no Conselho, recusavam-se a aprová-la.
A Rússia, além de ser aliada histórica da Sérvia, não aprova a independência de Kosovo, pois, tendo questões separatistas em seu território (caso também da China), não quer sinalizar que é favorável a movi mentos independentistas.
O mesmo acontece com outros países que enfrentam o separatismo dentro de suas fronteiras ou movimentos nacionalistas fortes, como a Espanha (caso dos bascos no norte — região basca — e dos catalães no nordeste — Catalunha).


O conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte



O conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte é uma questão grave que há muito tempo pedia solução no Reino Unido. Na verdade, não se trata de uma questão apenas religiosa, mas também política e econômica.
O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte constitui um Estado for mado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Na ilha da Grã-Bretanha, a maior do arquipélago britânico, situam-se a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales.
Na ilha da Irlanda, no mesmo arquipélago, localizam-se a Irlanda do Norte (Ulster) e a República da Irlanda (Eire), que se tornou Es tado livre em 1921 e República em 1949, e onde cerca de 93% da população é católica.
Na Irlanda do Norte, os católicos (cerca de 38% da população), que são republicanos e em geral pertencem às camadas não privilegiadas da população, que rem a independência em relação ao Reino Unido. Os protestantes (cerca de 51%), que em sua maioria pertencem às camadas abastadas, querem permanecer liga dos ao Reino Unido, e por isso são chamados de unionistas.
A situação agravou-se de fato em 1969, quando o exército inglês passou a in tervir no conflito. Desde então, milhares de pessoas já morreram, entre soldados ingleses, católicos e protestantes. Diversos atentados a bomba foram executados pelo Exército Republicano Irlandês (IRA), que empreende a luta armada pela inde pendência da Irlanda do Norte.
Em 1o de setembro de 1994, entrou em vigor o cessar-fogo do IRA, e, em outu bro, os protestantes também anunciaram o fim da luta armada. Um segundo cessar-fogo foi realizado em 1997, recomeçando as negocia ções entre os líderes protestantes unionistas e o partido Sinn Féin, braço político do IRA.
Foi selado um acordo de paz em 1998, que propôs a formação de um go verno autônomo para o país, com participação das duas comunidades no estabe lecimento de uma Assembleia — 55% de protestantes e 45% de católicos.
Em 2007, formou-se um governo de coalizão, que reuniu o Partido Unionista Democrático (DUP) e o Sinn Féin, garantindo à Irlanda do Norte o retorno a uma autonomia regional. O país continua a fazer parte do Reino Unido, mas há a possi bilidade de separação, desde que a maioria da população decida por isso.
O IRA, por meio do Sinn Féin, mantém o desejo de que se encerre o domínio britânico na ilha da Irlanda, mas indica que o manifestará apenas pela via política.

Ciganos, um povo perseguido


Estima-se que há cerca de 20 milhões de ciganos espalhados pelo mundo, dos quais grande parte vive na Europa (aproximadamente 8 milhões). A origem desse povo é incerta, mas alguns pesquisadores acreditam que eles tenham vin do da Índia, cerca de mil anos atrás, migrando para a parte oriental da Europa no século XIV e para a parte ocidental após a Segunda Guerra Mundial.
Uma característica importante desse grupo é o nomadismo, apesar de, nos últimos anos, muitos terem procurado se fixar em algum lugar. De modo geral, dedicam-se a atividades tradicionais, como o comércio, o artesanato e a música. Devido à discriminação e ao declínio de algumas dessas atividades, milhões deles vivem em situação de extrema pobreza. É grande o número de analfabetos entre os ciganos. Calcula-se que cerca de 70% não sabem ler nem escrever.
Além disso, ao contrário do que ocorre com a população europeia, as taxas de natalidade do povo cigano são bastante altas. Nos últimos anos, diferentes países europeus têm discutido e realizado ações para a integração desse grupo na sociedade, reduzindo o isolamento, a discriminação e a sua situação de vulnerabilidade.
No entanto, assim como fa zem com os turcos e os norte-africanos, os jovens neonazistas têm promovido atentados a moradias ciganas na Alemanha, na Espanha, na Polônia, na Hungria e na Romênia. Na República Tcheca, a entrada de ciganos em alguns bares e res taurantes é proibida.

A pobreza na Europa desenvolvida

Apesar do bom nível de desenvolvimento socioeconômico da Europa, têm au mentado os índices de pobreza em alguns países do continente. Uma das principais causas dessa realidade foi o desemprego, que aumentou com a crise internacional iniciada em 2007. No entanto, a partir de meados da década de 2010, as taxas de desemprego começaram a cair. No conjunto dos países adotantes do euro, essa taxa média era de 8,6% no início de 2018 e, na União Europeia, de 7,3%, em média. Já na Grécia, era próxima de 20% e, na Espanha, pouco superior a 16%.
Os países da União Europeia vêm organizando estratégias para conter o de semprego. Entre as medidas que estão sendo propostas para criar empregos, des taca-se a adoção de políticas flexíveis de contratação. Na Itália e no Reino Unido (onde um plebiscito definiu a retirada do país da União Europeia), o trabalho au tônomo tem aumentado em virtude da terceirização na indústria e nos serviços.
Paulatinamente, por pressão das empresas, os trabalhadores vêm aceitando definir acordos de ampliação da jornada de trabalho sem aumento de salário ou acordos de redução da jornada com diminuição de salário, a fim de garantir seus empregos. Além disso, muitas empresas europeias optaram por investir em outros países e continentes, entre eles a China.
Todo esse processo de alteração na estrutura de produção e de empregos está sendo acompanhado pela deterioração das condições de trabalho e de vida das pessoas, mesmo nos países desenvolvidos, o que se traduz em queda dos salários reais, instabilidade no emprego e desemprego dos menos qualificados.
É claro que os critérios de classificação da pobreza nos países desenvolvidos da Europa são bastante diferentes dos padrões dos países em desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo. Pela definição da União Europeia, as pessoas conside radas “ameaçadas de pobreza” recebem menos de 60% do salário médio líquido pago em seu país. Na Alemanha, por exemplo, cujo salário médio é de 1.427 euros mensais, é considerado pobre quem recebe menos de 856 euros.

Europa: composição étnica e a religião

Os europeus podem ser divididos em três grandes ramos étnicos, cada um com uma diversidade de grupos de povos ou etnias. Esses ramos são: atlanto-mediterrâneos, germanos e eslavos. No continente europeu, predominam os idiomas indo-europeus, subdivididos em três grupos principais: o latino (povos atlanto-mediterrâneos, exceto os gre gos), o germânico (povos da Europa Nórdica, exceto a Finlândia) e o eslavo (po vos da Europa Oriental, exceto a Romênia e a Hungria).
Apesar da diversidade étnica e linguística existente na Europa, a maior par te da população que professa alguma religião pratica o catolicismo, dividido em dois grupos: o romano (Espanha, Portugal, França, Itália, Polônia, entre outros) e o ortodoxo (Grécia, Bulgária, Rússia, Ucrânia, Sérvia, Montenegro, entre outros).
Além do catolicismo, praticam-se o protestantismo, que predomina na parte setentrional do continente e se divide em luteranismo, calvinismo e anglicanismo; o islamismo, que possui muitos adeptos na Turquia (parte europeia) e na península dos Bálcãs (Bósnia-Herzegovina, Bulgária e Albânia); e o judaísmo, adotado em diversos países europeus, mas por um pequeno número de adeptos.
Com a onda migratória recente de turcos, norte-africanos e árabes do Oriente Médio em direção à Europa ocidental, cresceu o número de adeptos do islamismo nessa porção do continente europeu. Alguns governos de países europeus vêm se preocupando com a expansão da religião islâmica no continente e têm tomado medidas para limitar os sinais religiosos ostensivos.
Na França, de acordo com uma lei de 2004, é proibida a entrada de estudan tes com esses sinais religiosos nas instituições de ensino públicas. Com isso, alunas que professam o islamismo não podem usar nas escolas o véu islâmi co (chador). Também na França, em 2011, os véus islâmicos integrais (burca e), que cobrem parcial ou totalmente o rosto da mulher, passaram a ser proi bidos em locais públicos. Essa proibição estende-se a outros países europeus, como Bélgica e Holanda.

A disputa pela hegemonia - nova geopolítica


Com o fim da Guerra Fria – a dissolução da União Soviética e a abertura para o capitalismo em quase todos os antigos países socialistas –, foi estabelecida uma nova ordem mundial: os Estados Unidos assumiram, num primeiro momento, nos anos 1990, o papel de potência hegemônica nos planos econômico, político e militar. Entretanto, no decorrer deste século XXI, intervenções militares onerosas e crise econômica envolvendo esse país, além da ascensão de outros centros com grande importância geopolítica e econômica no mundo, levaram a uma nova con figuração do poder mundial.
Nesse novo período, as guerras entre grupos étnicos de um mesmo país, particularmente na África e na Ásia, e a luta pela independência empreendida por vários povos (como os chechenos, na Rússia) ou pela formação de um Estado-nação (como o reivindicado por palestinos) continuam ocorrendo. Ainda são mar cantes disputas territoriais entre países, como o conflito entre Índia e Paquistão pelo controle da região da Caxemira, bem como os atentados terroristas.
Após os atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, uma das prioridades de algumas potências mundiais, em termos políti co-militares, passou a ser o combate ao terrorismo internacional – inimigo dis perso por vários países que age, geralmente, sem anunciar, causando grandes danos humanos e materiais, mesmo sem dispor de um arsenal expressivo. Nesse contexto, os gastos militares globais, que haviam caído logo após o fim da Guerra Fria, voltaram a crescer

Potências hegemônica


Uma potência hegemônica é aquela que influencia, de algum modo, os outros países do mundo. Ela impõe sua política, interferindo nas relações internacionais. Os Estados Unidos, especialmente após a Segunda Guerra, moldaram o sistema mundial de acordo com sua visão e seus interesses. O país, que já era a maior economia mundial desde a Primeira Guerra, passou a controlar cerca de 40% do PIB mundial, mantendo sua força política e militar e exercendo grande influência cultural no mundo.
As potências ocidentais (países da Europa ocidental, Estados Unidos e Cana dá) exercem sua hegemonia no mundo desde a metade do segundo milênio. Porém, a partir da Guerra Fria, passou-se a chamar de “mundo ocidental” os países capita listas desenvolvidos, independentemente de sua localização geográfica. Austrália, Nova Zelândia e Israel também são incluídos nesse grupo, em algumas análises. O mundo ocidental também é chamado, simplesmente, de Ocidente.
Particularmente em relação à influência no continente asiático, os Estados Unidos enfrentam a concorrência de dois fortes protagonistas geopolíticos neste início do século XXI: a Rússia e a China. Assim como os Estados Unidos, esses dois países são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que tem como finali dade manter a paz e a segurança no mundo. Os outros membros permanentes des se Conselho são a França e o Reino Unido. Essa designação confere a esses países o poder de vetar resoluções tomadas pela Organização. Os outros dez membros, de um total de quinze, são eleitos pela Assembleia Geral para um período de dois anos.
A Rússia está mais atuante no cenário político-militar internacional e vem trabalhando para reduzir a influência do Ocidente nos territórios próximos ao seu, como nos países da Ásia Central, nos europeus próximos à sua fronteira e em parte dos países do Oriente Médio, sobretudo Irã e Síria – este último em posição estra tégica por abrigar uma base militar russa, em Tartus, em pleno mar Mediterrâneo, além de ser importante comprador de armamentos da indústria militar da Rússia.
Em relação à ascensão da China, especialistas em relações internacionais entendem que o país compete com os Estados Unidos não apenas no aspecto econômico, mas também no âmbito geopolítico mundial. As relações entre Esta dos Unidos e China cada vez mais desempenham um papel importante na geopo lítica global.
A forte expansão da economia chinesa exige que o país busque fornecedores de matérias-primas e parceiros comerciais ao redor de todo o mundo, am pliando seus mercados e suas possibilidades de investimento. Em decorrência dessa situação, têm sido inevitáveis os choques de interesses com os Estados Unidos. No próprio continente asiático, os chineses já desempenham papel im portante no desenvolvimento econômico de vários países, bem como na África.
Além disso, em termos geopolíticos, uma série de tensões regionais passa pela relação sino-estadunidense, e, de certo modo, também pela relação russo-estadunidense, como a possível proliferação de armas nucleares na Coreia do Norte (Estado socialista), o programa nuclear no Irã e o conflito na Síria.
Apesar de os Estados Unidos serem a maior potência militar do planeta e influenciarem decisões políticas dos organismos interna cionais, como o FMI, o Banco Mundial e a OMC, a crise mundial iniciada em 2007 no país e as ações militares extremamente custosas, como as empreendidas nos territórios do Afeganistão (2001), do Iraque (2003) e da Líbia (2011), fragilizaram sua economia e contribuíram para que perdessem a supremacia econômica abso luta (sobre a influência nos organismos internacionais, em particular no FMI.
Nesse contexto, como visto anteriormente, China e Rússia, além da própria União Europeia, liderada pela Alemanha, do Japão e dos Estados Unidos, torna ram-se relevantes e atingiram patamares mais expressivos nas questões políticas e econômicas internacionais. Em razão disso, é possível afirmar que vem se configurando um mundo multipolar, com vários atores exercendo supremacia no espaço global.
O combate ao terrorismo vem sendo realizado por meio de diversas ações, li deradas especialmente pelos Estados Unidos e por países da Europa, e conta com o apoio da Rússia. Algumas dessas ações são: maior rigor no controle do fluxo de imigrantes; estabelecimento de leis que autorizam os governos a prender, sem julgamento e por tempo indeterminado, pessoas suspeitas de atos terroristas; promulgação de leis que permitem aos órgãos de segurança do governo rastrear e-mails e “grampear” ligações telefônicas.
No entanto, são ações que violam os direitos de liberdade das pessoas. Ao apoiar algumas iniciativas dos Estados Unidos e de alguns países europeus no combate ao terrorismo internacional, o governo russo espera que as potências ocidentais não reprovem as ações de seu exército para reprimir o movimento sepa ratista na Chechênia – república que faz parte da Federação Russa e onde um grupo de guerrilheiros islâmicos havia declarado independência em 1991.
A Rússia, por sua vez, não concorda com ações militares dos Estados Unidos contra países que, segundo os estadunidenses, apoiam e protegem terroristas. Es ses países, como o Irã e a Coreia do Norte, são tradicionais aliados dos russos e man têm com eles acordos de cooperação econômica e científica, especialmente o Irã.
Outras questões divergentes entre Rússia e Estados Unidos no contexto político-militar europeu são:

- o projeto estadunidense de estruturação de escudos antimísseis nucleares na Romênia (inaugurado em 2016) – que integram os escudos de defesa da Otan – e na Polônia, sob justificativa de proteção ao Irã. Esses escudos serão disponibilizados para a Otan e apresentam-se à Rússia como uma questão bastante contestada, já que esta os considera uma ameaça;

- a não adesão da Ucrânia e da Geórgia à Otan, por pressão da Rússia. O Ocidente também vinha se posicionando de forma contrária ao separatis mo no leste e no sul da Ucrânia e ao apoio russo aos separatistas, em meados da década de 2010. Apesar dessas divergências, Estados Unidos e Rússia veem-se mutuamente como aliados na luta contra o terrorismo internacional.

Divisão do espaço europeu

Adotamos a divisão do continente em Europa ocidental e Europa oriental, considerando o critério socioeconômico. A Europa ocidental engloba o...