O espaço geográfico é construído pela sociedade e modificado constante mente. Nenhuma transformação nesse espaço se igualou à estruturação e à expansão das cidades ocorridas a partir da Revolução Industrial. O desenvolvimento da atividade industrial consolidou o papel da cidade como centro do comando da economia capitalista.
O crescimento da população urbana num ritmo maior que o da população rural caracteriza o processo de urbanização que altera a paisagem, mas esse é apenas seu componente numérico.
Esse processo é caracterizado também por significativas transformações nos territórios dos países, como o aumento do número de cidades e a expansão das áreas ocupadas por elas; a concentração de grande quantidade de atividades econômicas diversas em diferentes setores (industriais, comerciais e de serviços) no espaço urbano; a estruturação de redes de transportes, de comunicação e de energia elétrica; e a ampliação dos fluxos de mercadorias, pessoas, capitais e informações entre as cidades e entre estas e o campo.
No entanto, é preciso ressaltar que o fenômeno da urbanização não é decorrência apenas do aumento da atividade industrial. Mesmo os Estados-nação que não passaram por um intenso processo de industrialização, como a maior parte dos países em desenvolvimento, vêm apresentando uma ampliação da população urbana em ritmo maior que a rural, com concentração cada vez maior de população nas cidades.
Nesses países, de modo geral, a mecanização das atividades no campo e a concentração da propriedade rural nas mãos de poucas pessoas, aliadas à ampliação e à diversificação de atividades eco nômicas no espaço urbano (sobretudo no setor terciário), são fatores, entre outros, que vêm contribuindo para a urbanização.
Na maioria dos países em desenvolvimento, o processo de urbanização vem ocorrendo de forma intensa, caracterizado pelo crescimento significativo e quase imediato das atividades ligadas ao setor terciário. Mesmo em países industrializados como Brasil, México e Argentina, a transferência da População Economica mente Ativa (PEA) do setor primário para o setor secundário ocorreu em menor escala que nos países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, parcela considerável das pessoas que mi gram para as cidades não encontra emprego e passa a realizar trabalhos informais.
Cidades globais
Uma característica importante do processo de urbanização, e particularmente da globalização, é a constituição de uma rede de cidades globais ou mundiais. Essas cidades são responsáveis por grande parte dos fluxos de mercadorias, pesso as, informações e capitais em âmbito mundial. Elas formam o principal elo do país com o exterior, em razão da sua força econômica – concentrada principalmente no setor de serviços, com destaque para os de ordem financeira – e da sua infraestrutura diversificada e modernizada – especialmente nas telecomuni cações e nos transportes (equipamentos de telemática, portos e aeroportos).
Essas cidades se diferenciam das demais metrópoles justamente porque es tabelecem a conexão do território do país com as finanças e a economia mundiais, por meio de complexas redes de transportes e telecomunicações que para elas convergem, possibilitando enormes fluxos de informações, capitais, mercadorias e pessoas. Apesar de muitas dessas cidades serem populosas, o que determina a classificação delas em “global” não é a quantidade de população, mas justamente a qualidade e a representatividade de suas atividades econômicas.
Principalmente a partir dos anos 1970/1980, as cidades globais iniciaram um processo de relativo esvaziamento industrial, especialmente nas atividades indus triais mais tradicionais – alimentícia, têxtil, metalúrgica, mecânica e petroquímica. Nessas cidades, o setor secundário passou a concentrar sobretudo indústrias de tec nologia avançada – telecomunicações, informática, biotecnologia e microeletrônica. Nessa rede de cidades globais, o papel que cada metrópole ocupa varia de acordo com o volume de fluxos, sobretudo de circulação de capitais.
Esses fluxos, por sua vez, se estabelecem em boa parte nessa rede e estão condicionados ao nível de concentração de sedes ou filiais de grandes empresas de serviços, in dustriais, comerciais e financeiras e ao porte de suas bolsas de valores. Esses fa tores determinam a capacidade de influência dessas metrópoles em nível global. Algumas classificações diferenciam as cidades globais por categorias.
De modo geral, é possível destacar algumas cidades que têm grande relevância na economia globalizada, particularmente no sistema financeiro internacional, com expressiva representatividade na circulação de capitais (presentes também no mercado aberto, onde são negociados títulos do tesouro, os CDBs, etc.) e na presença de grandes empresas. Algumas dessas cidades são: Nova York, Los Angeles, Chicago, Londres, Tóquio, Paris, Frankfurt, Milão, Madri, Zurique, Xangai, Hong Kong, e outras também importantes, porém com menor relevância, como São Paulo, Cidade do México e Johannesburgo.