quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

REGIÃO CENTRO-OESTE

Centro-Oeste: povoamento, urbanização e agronegócio


O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Destacam-se, em nível nacional, justamente os três estados da Região Centro-Oeste: Mato Grosso, principal produtor brasileiro, Goiás e Mato Grosso do Sul, seguidos do Paraná e do Rio Grande do Sul, na Região Sul. A produção dessa commodity agrícola é um fator importante para o desenvolvimento econômico do país, ain da que cause diversos impactos ambientais.

Marcha para o Oeste 


Já no século XVIII, estabeleceram-se os primeiros povoados e as vilas na Região Centro-Oeste, principalmente em razão da atividade mineradora, im pulsionada pelos bandeirantes paulistas, como foi o caso da cidade de Goiás Velho (GO). 
Mas foi somente a partir do século XX que se desenvolveu um grande processo de ocupação da região, promovido pelo go verno federal, nos anos 1940: a Marcha para o Oeste, um pro grama governamental para ocupação das regiões Centro ‑Oeste e Norte do país, por meio da criação de colônias de povoamento e do desenvolvimento da produção agrícola e pecuária. Esse programa oferecia terras na região com valores baixos e crédito bancário facilitado, para estimular a migração voluntária de tra balhadores e o desenvolvimento da agricultura familiar. 
Assim, várias colônias se formaram nos estados de Mato Grosso e Goiás, ora por incentivos federais, ora estaduais e mu nicipais, e até mesmo por incentivos particulares. Intensos flu xos migratórios ocorreram na região, sobretudo de nordestinos. Durante a década de 1950, outro fator atraiu grande quan tidade de trabalhadores para essa região brasileira, como vere mos mais adiante: a construção da nova capital do país, Brasília.

Colonização e cidades planejadas 


A partir da década de 1960, o processo de ocupação do Centro-Oeste ganhou novos contornos, em uma articulação da urbanização com a colonização agrícola. Assim, os projetos de colonização oficiais e particulares passaram a criar “cidades pla nejadas” no interior do Mato Grosso e em áreas da chamada Amazônia Legal. A formação de novas colônias agrícolas obje tivava diminuir os conflitos agrários que ocorriam em diferentes partes do país.
 Destacou-se também nesse período a participação dos sulistas no processo de ocupação da região, uma vez que muitos migrantes eram do Paraná e do Rio Grande do Sul. A ocupação reorganizou a região econômica e politicamente – um exemplo foi a criação do estado do Mato Grosso do Sul, em 1977 – e atraiu novas ondas migratórias nas décadas seguintes.

Produção agropecuária na atualidade


O processo de ocupação do Centro-Oeste consolidou a região, a partir da década de 1980, como importante área de produção de monoculturas para ex portação. Entre essas monoculturas, destacam‑se as plantações de cana‑de-açúcar, soja, milho, arroz, algodão, entre outras. 
Mais recentemente, o uso de sementes transgênicas contribuiu para ampliar as áreas de mono cultura, com o objetivo de elevar a produção de commodities e a geração de divisas para o Brasil, apesar das diversas críticas a essa prática. Já vimos que os três estados da Região Centro-Oeste se destacam na pro dução de soja; conforme dados do Censo Agropecuário (2017), Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul colheram, juntos, mais de 48 milhões de toneladas desse grão no período analisado, sendo Mato Grosso o maior produtor. 
Nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul destacam-se, também, a produ ção das culturas de milho, cana-de-açúcar e sorgo, enquanto no Mato Grosso a produção de algodão está em segundo lugar. Segundo o IBGE (2018), esse estado era o principal produtor brasileiro de algodão respondendo por, aproxi madamente, 66% de toda a produção nacional.
Grande parte da colheita de cana-de-açúcar é destinada à produção de etanol. Em Mato Grosso, somente em 2018, foram plantados mais de 220 mil hectares, cuja colheita foi destinada para a produção de, aproximadamente, 215 mi lhões de litros desse combustível. 
A produção agropecuária é praticada de forma extensiva e intensiva na região. Nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso destacam-se a criação de bovinos e a de gali náceos, seguidas pela criação de suínos. Em Goiás, além de galináceos e bovinos, a criação de perus também se desenvolve bem. Segundo o IBGE (2017), em termos nacionais, a Região Centro‑Oeste lidera a criação de bovinos com 34,5% da cria ção nacional (cerca de 75 milhões de cabeças); a maior parte do rebanho está concentrada em Mato Grosso. A criação de equinos também se destaca na região, com, aproximadamen te, um milhão de cabeças, distribuídas pelos três estados.

Os produtos agrícolas transgênicos


Os chamados organismos transgênicos ou organismos geneticamente modificados (OGM) são seres vivos que rece beram genes das células de outros organismos para modificar algumas de suas características naturais. 
Nas últimas décadas, os genes de várias plantas de grande valor econômico, como soja e milho, foram alterados pela introdu ção de material genético de outras espécies vegetais, ou mesmo de animais, fungos ou bactérias. A ideia é tornar essas plantas mais resistentes à falta de água ou às pragas que as atacam durante o crescimento, por exemplo. 
A criação e o uso de produtos agrícolas transgênicos têm desencadeado muitas discussões na sociedade, porque vários especialistas afirmam que ainda não foram feitos estudos suficientes e conclusivos mostrando que a introdução desses organismos na natureza e para o uso humano seja segura. 

Crescimento das cidades


Os primeiros núcleos urbanos da Região Centro-Oeste surgiram a partir do século XVIII, com o desenvolvimento das atividades de mineração de metais preciosos. Posteriormente, já em meados do século XX, com o desenvolvimento de programas governamentais e de empresas particulares, a formação de cidades intensificou-se na região. 
Naquele período, dois fatores foram fundamentais para acelerar a urbani zação: a construção de Brasília e, principalmente, o processo de modernização das atividades agropecuárias, com aplicação intensiva de tecnologias, como máquinas e equipamentos que dimi nuem o uso da mão de obra no campo. Associado a esses fatores, o crescimento das atividades industriais ligadas ao beneficiamento de produtos agrícolas, dos serviços e do comércio potencializou a urbanização do Centro-Oeste. 
Se na década de 1940 essa era a região menos urbanizada do país (21,52%), o cenário se modificou nas décadas se guintes. De acordo com o IBGE, em 2020, a taxa de urbanização chegou a aproxi madamente 90% e o Centro‑Oeste pas sou a ser a segunda região mais urbanizada do Brasil.
Nos últimos anos, o crescimento populacional médio da Região Centro-Oeste é o maior do Brasil, notadamente marcado pela presença de migrantes. Segundo o IBGE, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad) de 2018, a participação média dos migrantes na população total do Centro‑Oeste ultrapassava 34%, com destaque para Mato Grosso, que apresentava um índice de 38%.

Importantes centros regionais e nacionais 


Além de Brasília (DF), as capitais esta duais Cuiabá (MT), Goiânia (GO) e Campo Grande (MS) tornaram-se importantes centros regionais e nacionais. Há tam bém, em todos os estados, municípios que atuam como polos agroindustriais, comerciais ou centros prestadores de serviços. No Mato Grosso destacam-se, por exemplo, Rondonópolis, como polo agroindustrial, e as cidades de Sinop e Sorriso, como centros prestadores de serviços e comércio.
Em Mato Grosso do Sul, destacam-se municípios como Dourados, com a se gunda maior população do estado, com economia bastante diversificada e bom desenvolvimento nas áreas de educação e turismo; e Corumbá, que faz divisa com Bolívia e Paraguai e tem o quarto maior PIB do estado. 
Em Goiás, destacam-se os municípios de Catalão, Anápolis, Itumbiara, Rio Verde e Jataí, entre outros. Em Catalão, a agropecuária tem grande peso eco nômico, com destaque para a produção de soja, milho, arroz, trigo e café, além de atividades de extração mineral, como as minas de argila, fosfato, nióbio, ti tânio etc. Jataí se destaca por ser o maior produtor de grãos e leite do estado de Goiás e por dispor de um importante distrito agroindustrial, que comporta diferentes empresas.

Brasília e a integração nacional 


A necessidade de integração do território nacional preocupava a sociedade e os governantes do Brasil há muito tempo e já havia sido abordada na Consti tuição de 1891. Uma das medidas pensadas para promover essa integração era a mudança da capital federal do litoral para o interior. Porém, somente na década de 1950 esse projeto passou a ser concretizado, com a construção de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek. As obras se iniciaram em 1957, com o estabelecimento da área do Distrito Fede ral (DF). A nova capital foi inaugurada em 1960. 
As obras de construção da capital federal estimularam um grande fluxo mi gratório, inicialmente marcado por trabalhadores da construção civil, que se deslocavam de diversos lugares do país, especialmente do Nordeste, para tra balhar nas obras do Plano Piloto (onde se localizam os prédios administrativos, as residências oficiais, as embaixadas, as asas Norte e Sul, entre outras edifica ções do governo federal). 
Os migrantes que se deslocaram para o Planalto Central eram chamados de candangos. Estima-se que durante os quatro anos de construção da capital federal, aproximadamente 60 mil pessoas fizeram esse movimento migratório. Posteriormente, a migração se intensificou, uma vez que, nos anos seguin tes à inauguração, diversas atividades começaram a ser desenvolvidas em Brasília e no seu entorno, impulsionadas, entre outros fatores, pela chegada de funcionários públicos e outras pessoas para trabalhar no comércio e nos servi ços urbanos. 
Isso acelerou o projeto de criação das cidades-satélite, as quais, conforme o projeto inicial, deveriam ser construídas para abrigar a maior parte dos trabalhadores. Nas últimas décadas, algumas cidades-satélite tornaram-se tão populosas quanto Brasília, como Taguatinga e Ceilândia. Além disso, a aglomeração urba na transformou o Distrito Federal em uma importante metrópole, com influên cia em praticamente todo o território nacional.
reúnem uma população de cerca de 3,3 milhões de habitantes, com grande parcela de migrantes. Segundo o IBGE (2017), a população de Brasília apresenta boa expectativa de vida ao nascer, baixa taxa de mortalidade infantil, elevado IDH e baixas taxas de analfabetismo, em comparação com outras capitais e cidades brasileiras. 
Entretanto, há diversos problemas derivados da urbanização acelerada, como aumento da favelização e dos índices de violência urbana, sistema de transporte ineficiente e insuficiente para atender à demanda da sociedade e carência de infraestrutura de serviços de saúde, saneamento etc., especialmente nas cidades- -satélite, onde vive a maior parte dos trabalhadores.

A malha rodoviária consolida a integração 


A construção de Brasília e o processo de ocupação territorial do Distrito Federal causa ram grande reconfiguração na Região Centro-‑Oeste, que, a partir dos anos 1960, passou a ganhar maior projeção no cenário nacional. A execução do projeto de transferência da ca pital pode ser considerada a continuidade de uma política territorial iniciada, como vimos, com a Marcha para o Oeste, nos anos 1940. 
Essa política articulou ações de povoamento com intenso deslocamento populacional e a construção de vias de transporte e comuni cação que visavam integrar áreas chamadas de “vazios demográficos” – as regiões Norte e Centro‑Oeste – com as regiões litorâneas, mais densamente ocupadas e com maior desenvolvimento econômico, com destaque para o Centro-Sul e parte do Nordeste. Após a construção de Brasília, a partir dos anos 1970, já nos governos militares, finalizou-se a construção de rodovias federais para estimu lar o povoamento do Centro-Oeste e do Norte, com destaque para as que ligam Belém (PA) a Brasília (DF); Cuiabá (MT) a Santarém (PA) e Porto Velho (RO); e Brasília (DF) a Fortaleza (CE).

Centro-Oeste: biomas ameaçados


Nos últimos anos, por causa de belezas naturais, as atividades de turismo aumentaram enormemente na Região Centro-Oeste. Nesse contexto, destaca-se o município de Bonito, no estado do Mato Grosso do Sul, que conta com vários rios, cachoeiras, cavernas e fauna e flora exuberantes, que atraem muitos visitantes para a região. A partir de então, conheceremos as características de destaque do quadro natural da Região Centro-Oeste no que se refere a seus principais biomas: Cerrado, Floresta Amazônica e Pantanal.

Cerrado


O Cerrado é o segundo maior bioma em extensão do Brasil. Ele predo mina em todo o Centro-Oeste e caracteriza-se por vegetações de gramíneas e de arbustos, os quais, em geral, não ultrapassam a altura de 20 metros. Os espécimes dessa vegetação arbustiva são mais afastados entre si e seus galhos são retorcidos, com casca grossa. As raízes das plantas são profundas, pois, nos períodos de seca, torna-se necessário captar água em maiores profundidades para hidratação. Além dessas características gerais, as formações vegetais de cerrado podem ser diferenciadas.
O solo desse bioma é considerado antigo, profundo, e contém muito alumínio, manganês e ferro. Por essa razão, é um solo ácido e com baixo índice de nutrientes, sendo necessário usar corretivos agrícolas nele, como calcário e fertilizantes, para a prática da agricultura. A biodiversidade no Cerrado é enorme. Estima-se que existam mais de 2 500 espécies de animais, entre eles mamíferos, como antas, preás, quatis e macacos, além de aves, répteis e insetos, como borboletas. 
As áreas da Região Centro-Oeste pelas quais se es tende esse bioma são banhadas por cursos de água pertencentes a quatro grandes bacias hidrográficas: as dos rios Paraná, Paraguai, Araguaia-Tocantins e São Francisco. Além disso, boa parte do Aquífero Guarani se encontra nos três estados da região. Devido a essa grande riqueza hídrica, o Cerrado recebe o apelido de “Caixa-d’água do Brasil”.
Introduzida no Brasil pelos imigrantes japoneses no início do século XX, a produção de soja tornou-se relevante somente a partir da década de 1970, com o processo de modernização agrícola do país. Grande parte da Região Centro-Oeste, principalmente as áreas de Cerrado, tornou-se preferencial para a expansão do plantio desse grão. Isso porque, ainda que os solos necessitem de correção – como foi dito, eles são “pobres em nutrientes” –, as áreas de Cerrado encontram-se preferencialmente sobre rele vos de planalto, chapadas e depressões, com terrenos muito planos e que permitem a ampla mecanização das lavouras, ou seja, o uso de máquinas e equipa mentos agrícolas, como tratores, colheitadeiras e sis temas automatizados de irrigação.
O cultivo da soja em áreas do Cerrado é tão marcante que representa, aproxi madamente, 90% de tudo o que é plantado no Centro-Oeste. Entre 2000 e 2014, por exemplo, a expansão dessa cultura foi de 87%, ou seja, a soja tomou o lugar da vegetação original do Cerrado, de outros produtos agrícolas e, também, de pastagens. Isso contribuiu para que o Brasil se transformasse em um dos principais exportadores de soja do mundo. Na safra de 2018/2019 foram exportadas, aproximadamente, 75 milhões de toneladas. Atualmente, o Brasil desponta como um dos maiores produtores de soja do mundo, disputando, ano a ano, a primeira colocação com os Estados Unidos e estando à frente de países como a Argentina, a China, a Índia e o Paraguai. 

Soja e danos socioambientais 


O avanço da soja sobre o bioma Cerrado tem resultado em diversos impac tos socioambientais. Isso porque, para tornar a área agricultável, são utilizadas técnicas altamente agressivas ao meio ambiente. A sequência de imagens a se guir mostra como geralmente ocorre o processo de ocupação de áreas nativas de Cerrado pelos agricultores e pecuaristas.
Várias ONGs que trabalham para proteger o Cerrado brasileiro apontam que, entre os impactos do desmatamento acentuado e da introdução de culturas agrícolas na região, está a diminuição da biodiversidade, pois as atividades põem em risco muitas espécies de animais, como onças, tamanduás-bandeira, emas, entre outras. 
Além disso, o aumento das queimadas resulta em maior emissão de gases de efeito estufa, e a correção do solo, acom panhada do uso intenso de agrotóxicos nas lavouras, con tamina a terra e as águas superficiais e subterrâneas. Por fim, é importante destacar que diversas comunidades tradicionais (quilombolas, indígenas, ribeirinhos etc.) são afetadas e, muitas vezes, obrigadas a se deslocar, já que suas áreas são ocupadas pela soja e outras monoculturas, como a cana-de-açúcar e o algodão.

Floresta Amazônica

 
Parte da Região Centro-Oeste é recoberta pelo bioma amazônico, especialmente o norte e o noroeste do estado do Mato Grosso. São, aproximadamente, 500 mil km2 de densa floresta, com árvores de mais de 50 metros de altura e grande diversidade ecológica. Nessa porção do território, encontram-se o Parque Nacional do Xingu e o Parque Estadual do Cristalino. 
A área ocupada por projetos de colonização e com atividades agrope cuárias e madeireiras nessa parte do Centro-Oeste ficou conhecida pelo nome de franja amazônica. Esse processo de ocupação tornou-se mais intenso nas décadas de 1960 e 1970, assim como ocorreu em outros espaços geográficos do Centro-Oeste e do Norte do Brasil. Os governos federal, estaduais e muni cipais foram os principais articuladores dessa expansão, em associação com empresas de colonização privadas.

Impactos socioambientais da franja amazônica 


Até o início do século XX houve uma ocupação “espontânea” dessa franja da floresta, realizada por pequenos agricultores que se deslocavam especial mente do Nordeste do Brasil. Como vimos, posteriormente, empresas privadas promoveram projetos de colonização estimulando a ocupação e o desenvolvi mento agropecuário em vários municípios. Assim, as ocupações do norte do Mato Grosso foram marcadas pelas seguintes características:
- elevado desmatamento e queimadas para a implantação de culturas, como as de café, com intenso uso de agrotóxicos; 
- plantio de lavouras introduzidas pelos primeiros colonos, como de arroz, feijão e milho, substituídas, em vários municípios, pela pastagem para criação de gado bovino (corte e leite); 
- desenvolvimento de exploração mineral e de madeira (extração de ma deira em toras, em grande escala e, muitas vezes, de forma irregular, em áreas indígenas); 
- expansão da fronteira da soja, com grandes desmatamentos e poluição do solo e das águas. 
Atualmente, ainda se observam nessa franja do bioma atividades de extra tivismo vegetal, pequenas lavouras familiares, práticas de pecuária extensiva e intensiva, além do avanço da agricultura comercial, com vários impactos ambientais, como os já citados. 
Observam-se, também, o avanço de algu mas doenças tropicais, como a malária, resultantes do desmatamento e da ocupação desordenada da região; grande destruição da floresta; e contamina ção de ecossistemas aquáticos causada pelo uso dos agrotóxicos e de mercúrio nos garimpos. Além dos danos ambientais, todos esses problemas atingem diretamente as populações indígenas que vivem na região.

Pantanal 


O Pantanal é um bioma que se estende, em território brasileiro, pelos es tados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Nos países vizinhos, ele tam bém ocupa parte da Bolívia e do Paraguai, totalizando uma área com cerca de 250 mil km2, sendo considerado, pela Organização das Nações Unidas (ONU), Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. 
Nele encontramos vá rias áreas indígenas homologadas (com a demarcação administrativa ratificada por decreto presidencial) e algumas delimitadas e declaradas (já identificadas e com os limites estabelecidos e demarcados pelo Ministério da Justiça) ou em estudo (áreas em fase de levantamento para identificação e delimitação). Predomina no bioma Pantanal o clima tropical, com elevados índices pluvio métricos, especialmente no verão.
Nesse bioma, há grande ocorrência de gra míneas, arbustos e árvores de porte médio. Também há elevada biodiversidade, com muitas espécies de fauna e flora da Mata Atlântica, da Floresta Amazônica e do Cerrado. Calcula-se que existam mais de mil espécies catalogadas nessa área, entre peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. 
Há ainda uma riqueza de plantas muito grande, e várias delas têm excelente poder medicinal. O relevo da região é extremamente plano – ela é conhecida como planície do Pantanal – e sua altitude varia de 100 a 200 metros. A quase totalidade dos rios que banham esse bioma são afluentes do Rio Paraguai que, devido à planura do relevo, são bastante afetados pelo fenômeno das cheias (meses de verão) e das vazantes (meses de inverno) que ocorre durante o ano.

Pecuária e o meio ambiente pantaneiro


Em decorrência da presença de imensos campos com pastagens e da gran de disponibilidade de água, a pecuária avançou muito na região pantaneira nas últimas décadas. Além desses recursos naturais, diversos pecuaristas, pro curando aumentar a produtividade, têm retirado a vegetação nativa e plantado pastagens para alimentação dos rebanhos. Esse processo é feito com aplicação de diversos insumos, para a correção e fertilização dos solos, que contaminam tanto os solos quanto as águas do Pantanal. Ao mesmo tempo, a expansão das áreas de pastagens aumentou o assoreamento dos rios do bioma. 
Essa prática da pecuária tem contribuído também para diminuir a exploração econômica de outra potencialidade regional: o turismo. A região do Pantanal apresenta inúmeras belezas naturais, porém a expansão da atividade pecuária reduziu as áreas naturais da região, transformando-as em grandes pastagens. 



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