Centro-Oeste: povoamento, urbanização e agronegócio
O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Destacam-se, em nível nacional, justamente os três estados da Região Centro-Oeste: Mato Grosso, principal produtor brasileiro, Goiás e Mato Grosso do Sul, seguidos do Paraná e do Rio Grande do Sul, na Região Sul. A produção dessa commodity agrícola é um fator importante para o desenvolvimento econômico do país, ain da que cause diversos impactos ambientais.
Marcha para o Oeste
Já no século XVIII, estabeleceram-se os primeiros povoados e as vilas na
Região Centro-Oeste, principalmente em razão da atividade mineradora, im
pulsionada pelos bandeirantes paulistas, como foi o caso da cidade de Goiás
Velho (GO).
Mas foi somente a partir do século XX que se desenvolveu
um grande processo de ocupação da região, promovido pelo go
verno federal, nos anos 1940: a Marcha para o Oeste, um pro
grama governamental para ocupação das regiões Centro ‑Oeste
e Norte do país, por meio da criação de colônias de povoamento
e do desenvolvimento da produção agrícola e pecuária. Esse
programa oferecia terras na região com valores baixos e crédito
bancário facilitado, para estimular a migração voluntária de tra
balhadores e o desenvolvimento da agricultura familiar.
Assim, várias colônias se formaram nos estados de Mato
Grosso e Goiás, ora por incentivos federais, ora estaduais e mu
nicipais, e até mesmo por incentivos particulares. Intensos flu
xos migratórios ocorreram na região, sobretudo de nordestinos.
Durante a década de 1950, outro fator atraiu grande quan
tidade de trabalhadores para essa região brasileira, como vere
mos mais adiante: a construção da nova capital do país, Brasília.
Colonização e cidades planejadas
A partir da década de 1960, o processo de ocupação do Centro-Oeste ganhou novos contornos, em uma articulação da
urbanização com a colonização agrícola. Assim, os projetos de
colonização oficiais e particulares passaram a criar “cidades pla
nejadas” no interior do Mato Grosso e em áreas da chamada
Amazônia Legal. A formação de novas colônias agrícolas obje
tivava diminuir os conflitos agrários que ocorriam em diferentes partes do país.
Destacou-se também nesse período a participação dos sulistas no processo
de ocupação da região, uma vez que muitos migrantes eram do Paraná e do Rio
Grande do Sul. A ocupação reorganizou a região econômica e politicamente –
um exemplo foi a criação do estado do Mato Grosso do Sul, em 1977 – e atraiu
novas ondas migratórias nas
décadas seguintes.
Produção agropecuária na atualidade
O processo de ocupação do Centro-Oeste consolidou a região, a partir da
década de 1980, como importante área de produção de monoculturas para ex
portação. Entre essas monoculturas, destacam‑se as plantações de cana‑de-açúcar, soja, milho, arroz, algodão, entre outras.
Mais recentemente, o uso de sementes transgênicas contribuiu para ampliar as áreas de mono
cultura, com o objetivo de elevar a produção de commodities e a geração de
divisas para o Brasil, apesar das diversas críticas a essa prática.
Já vimos que os três estados da Região Centro-Oeste se destacam na pro
dução de soja; conforme dados do Censo Agropecuário (2017), Mato Grosso,
Goiás e Mato Grosso do Sul colheram, juntos, mais de 48 milhões de toneladas
desse grão no período analisado, sendo Mato Grosso o maior produtor.
Nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul destacam-se, também, a produ
ção das culturas de milho, cana-de-açúcar e sorgo, enquanto no Mato Grosso
a produção de algodão está em segundo lugar. Segundo o IBGE (2018), esse
estado era o principal produtor brasileiro de algodão respondendo por, aproxi
madamente, 66% de toda a produção nacional.
Grande parte da colheita de cana-de-açúcar é destinada
à produção de etanol. Em Mato Grosso, somente em 2018,
foram plantados mais de 220 mil hectares, cuja colheita foi
destinada para a produção de, aproximadamente, 215 mi
lhões de litros desse combustível.
A produção agropecuária é praticada de forma extensiva
e intensiva na região. Nos estados de Mato Grosso do Sul e
Mato Grosso destacam-se a criação de bovinos e a de gali
náceos, seguidas pela criação de suínos. Em Goiás, além de
galináceos e bovinos, a criação de perus também se desenvolve bem.
Segundo o IBGE (2017), em termos nacionais, a Região
Centro‑Oeste lidera a criação de bovinos com 34,5% da cria
ção nacional (cerca de 75 milhões de cabeças); a maior parte
do rebanho está concentrada em Mato Grosso. A criação de
equinos também se destaca na região, com, aproximadamen
te, um milhão de cabeças, distribuídas pelos três estados.
Os produtos agrícolas transgênicos
Os chamados organismos transgênicos ou organismos
geneticamente modificados (OGM) são seres vivos que rece
beram genes das células de outros organismos para modificar
algumas de suas características naturais.
Nas últimas décadas, os genes de várias plantas de grande valor econômico, como soja e milho, foram alterados pela introdu
ção de material genético de outras espécies vegetais, ou mesmo
de animais, fungos ou bactérias. A ideia é tornar essas plantas
mais resistentes à falta de água ou às pragas que as atacam durante o crescimento, por exemplo.
A criação e o uso de produtos agrícolas transgênicos têm
desencadeado muitas discussões na sociedade, porque vários
especialistas afirmam que ainda não foram feitos estudos suficientes e conclusivos mostrando que a introdução desses organismos na natureza e para o uso humano seja segura.
Crescimento das cidades
Os primeiros núcleos urbanos da Região Centro-Oeste surgiram
a partir do século XVIII, com o desenvolvimento das atividades de mineração de
metais preciosos. Posteriormente, já em meados do século XX, com o desenvolvimento de programas governamentais e de empresas particulares, a formação
de cidades intensificou-se na região.
Naquele período, dois fatores foram fundamentais para acelerar a urbani
zação: a construção de Brasília e, principalmente, o processo de modernização
das atividades agropecuárias, com aplicação intensiva de tecnologias, como
máquinas e equipamentos que dimi
nuem o uso da mão de obra no campo.
Associado a esses fatores, o crescimento
das atividades industriais ligadas ao beneficiamento de produtos agrícolas, dos
serviços e do comércio potencializou a
urbanização do Centro-Oeste.
Se na década de 1940 essa era a região menos urbanizada do país (21,52%),
o cenário se modificou nas décadas se
guintes. De acordo com o IBGE, em 2020,
a taxa de urbanização chegou a aproxi
madamente 90% e o Centro‑Oeste pas
sou a ser a segunda região mais urbanizada do Brasil.
Nos últimos anos, o crescimento populacional médio da Região Centro-Oeste é o maior do Brasil, notadamente
marcado pela presença de migrantes. Segundo o IBGE, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
Contínua (Pnad) de 2018, a participação média dos migrantes na população total do Centro‑Oeste ultrapassava 34%, com
destaque para Mato Grosso, que apresentava um índice de 38%.
Importantes centros regionais e nacionais
Além de Brasília (DF), as capitais esta
duais Cuiabá (MT), Goiânia (GO) e Campo
Grande (MS) tornaram-se importantes
centros regionais e nacionais. Há tam
bém, em todos os estados, municípios
que atuam como polos agroindustriais,
comerciais ou centros prestadores de
serviços. No Mato Grosso destacam-se,
por exemplo, Rondonópolis, como polo
agroindustrial, e as cidades de Sinop e
Sorriso, como centros prestadores de
serviços e comércio.
Em Mato Grosso do Sul, destacam-se municípios como Dourados, com a se
gunda maior população do estado, com economia bastante diversificada e bom
desenvolvimento nas áreas de educação e turismo; e Corumbá, que faz divisa
com Bolívia e Paraguai e tem o quarto maior PIB do estado.
Em Goiás, destacam-se os municípios de Catalão, Anápolis, Itumbiara, Rio
Verde e Jataí, entre outros. Em Catalão, a agropecuária tem grande peso eco
nômico, com destaque para a produção de soja, milho, arroz, trigo e café, além
de atividades de extração mineral, como as minas de argila, fosfato, nióbio, ti
tânio etc. Jataí se destaca por ser o maior produtor de grãos e leite do estado
de Goiás e por dispor de um importante distrito agroindustrial, que comporta
diferentes empresas.
Brasília e a integração nacional
A necessidade de integração do território nacional preocupava a sociedade
e os governantes do Brasil há muito tempo e já havia sido abordada na Consti
tuição de 1891. Uma das medidas pensadas para promover essa integração era
a mudança da capital federal do litoral para o interior.
Porém, somente na década de 1950 esse projeto passou a ser concretizado,
com a construção de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek. As
obras se iniciaram em 1957, com o estabelecimento da área do Distrito Fede
ral (DF). A nova capital foi inaugurada em 1960.
As obras de construção da capital federal estimularam um grande fluxo mi
gratório, inicialmente marcado por trabalhadores da construção civil, que se
deslocavam de diversos lugares do país, especialmente do Nordeste, para tra
balhar nas obras do Plano Piloto (onde se localizam os prédios administrativos,
as residências oficiais, as embaixadas, as asas Norte e Sul, entre outras edifica
ções do governo federal).
Os migrantes que se deslocaram para o Planalto Central eram chamados de candangos. Estima-se que durante os quatro anos de
construção da capital federal, aproximadamente 60 mil pessoas fizeram esse
movimento migratório.
Posteriormente, a migração se intensificou, uma vez que, nos anos seguin
tes à inauguração, diversas atividades começaram a ser desenvolvidas em Brasília e no seu entorno, impulsionadas, entre outros fatores, pela chegada de
funcionários públicos e outras pessoas para trabalhar no comércio e nos servi
ços urbanos.
Isso acelerou o projeto de criação das cidades-satélite, as quais,
conforme o projeto inicial, deveriam ser construídas para abrigar a maior parte
dos trabalhadores.
Nas últimas décadas, algumas cidades-satélite tornaram-se tão populosas
quanto Brasília, como Taguatinga e Ceilândia. Além disso, a aglomeração urba
na transformou o Distrito Federal em uma importante metrópole, com influên
cia em praticamente todo o território nacional.
reúnem uma população de cerca de 3,3 milhões
de habitantes, com grande parcela de migrantes. Segundo o
IBGE (2017), a população de Brasília apresenta
boa expectativa de vida ao nascer, baixa taxa de
mortalidade infantil, elevado IDH e baixas taxas
de analfabetismo, em comparação com outras
capitais e cidades brasileiras.
Entretanto, há diversos problemas derivados
da urbanização acelerada, como aumento da
favelização e dos índices de violência urbana,
sistema de transporte ineficiente e insuficiente
para atender à demanda da sociedade e
carência de infraestrutura de serviços de saúde,
saneamento etc., especialmente nas cidades- -satélite, onde vive a maior parte dos trabalhadores.
A malha rodoviária consolida a integração
A construção de Brasília e o processo de
ocupação territorial do Distrito Federal causa
ram grande reconfiguração na Região Centro-‑Oeste, que, a partir dos anos 1960, passou a
ganhar maior projeção no cenário nacional. A
execução do projeto de transferência da ca
pital pode ser considerada a continuidade de
uma política territorial iniciada, como vimos,
com a Marcha para o Oeste, nos anos 1940.
Essa política articulou ações de povoamento
com intenso deslocamento populacional e a
construção de vias de transporte e comuni
cação que visavam integrar áreas chamadas
de “vazios demográficos” – as regiões Norte e
Centro‑Oeste – com as regiões litorâneas, mais
densamente ocupadas e com maior desenvolvimento econômico, com destaque para o Centro-Sul e parte do Nordeste.
Após a construção de Brasília, a partir dos
anos 1970, já nos governos militares, finalizou-se
a construção de rodovias federais para estimu
lar o povoamento do Centro-Oeste e do Norte,
com destaque para as que ligam Belém (PA) a
Brasília (DF); Cuiabá (MT) a Santarém (PA) e Porto
Velho (RO); e Brasília (DF) a Fortaleza (CE).
Centro-Oeste: biomas ameaçados
Nos últimos anos, por causa de belezas naturais, as atividades de turismo aumentaram enormemente na Região Centro-Oeste.
Nesse contexto, destaca-se o município de Bonito, no
estado do Mato Grosso do Sul, que conta com vários
rios, cachoeiras, cavernas e fauna e flora exuberantes,
que atraem muitos visitantes para a região. A partir de então, conheceremos as características de
destaque do quadro natural da Região Centro-Oeste
no que se refere a seus principais biomas: Cerrado,
Floresta Amazônica e Pantanal.
Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma em extensão do Brasil. Ele predo mina
em todo o Centro-Oeste e caracteriza-se por vegetações de gramíneas e de
arbustos, os quais, em geral, não ultrapassam a altura de 20 metros. Os espécimes dessa vegetação arbustiva são mais afastados entre si e seus galhos são
retorcidos, com casca grossa. As raízes das plantas são profundas, pois, nos
períodos de seca, torna-se necessário captar água em maiores profundidades
para hidratação. Além dessas características gerais, as formações vegetais de
cerrado podem ser diferenciadas.
O solo desse bioma é considerado antigo, profundo,
e contém muito alumínio, manganês e ferro. Por essa
razão, é um solo ácido e com baixo índice de nutrientes,
sendo necessário usar corretivos agrícolas nele, como
calcário e fertilizantes, para a prática da agricultura.
A biodiversidade no Cerrado é enorme. Estima-se
que existam mais de 2 500 espécies de animais, entre eles mamíferos, como antas, preás, quatis e macacos,
além de aves, répteis e insetos, como borboletas.
As áreas da Região Centro-Oeste pelas quais se es
tende esse bioma são banhadas por cursos de água pertencentes a quatro
grandes bacias hidrográficas: as dos rios Paraná, Paraguai, Araguaia-Tocantins
e São Francisco. Além disso, boa parte do Aquífero Guarani se encontra nos
três estados da região. Devido a essa grande riqueza hídrica, o Cerrado recebe
o apelido de “Caixa-d’água do Brasil”.
Introduzida no Brasil pelos imigrantes japoneses no início do século XX, a
produção de soja tornou-se relevante somente a partir da década de 1970, com
o processo de modernização agrícola do país.
Grande parte da Região Centro-Oeste, principalmente as áreas de Cerrado,
tornou-se preferencial para a expansão do plantio desse grão. Isso porque,
ainda que os solos necessitem de correção – como foi
dito, eles são “pobres em nutrientes” –, as áreas de
Cerrado encontram-se preferencialmente sobre rele
vos de planalto, chapadas e depressões, com terrenos
muito planos e que permitem a ampla mecanização
das lavouras, ou seja, o uso de máquinas e equipa
mentos agrícolas, como tratores, colheitadeiras e sis
temas automatizados de irrigação.
O cultivo da soja em áreas do Cerrado é tão marcante que representa, aproxi
madamente, 90% de tudo o que é plantado no Centro-Oeste. Entre 2000 e 2014,
por exemplo, a expansão dessa cultura foi de 87%, ou seja, a soja tomou o lugar
da vegetação original do Cerrado, de outros produtos agrícolas e, também, de
pastagens. Isso contribuiu para que o Brasil se transformasse em um dos principais exportadores de soja do mundo. Na safra de 2018/2019 foram exportadas,
aproximadamente, 75 milhões de toneladas.
Atualmente, o Brasil desponta como um dos maiores produtores de soja do
mundo, disputando, ano a ano, a primeira colocação com os Estados Unidos
e estando à frente de países como a Argentina, a China, a Índia e o Paraguai.
Soja e danos socioambientais
O avanço da soja sobre o bioma Cerrado tem resultado em diversos impac
tos socioambientais. Isso porque, para tornar a área agricultável, são utilizadas
técnicas altamente agressivas ao meio ambiente. A sequência de imagens a se
guir mostra como geralmente ocorre o processo de ocupação de áreas nativas
de Cerrado pelos agricultores e pecuaristas.
Várias ONGs que trabalham para proteger o Cerrado brasileiro apontam
que, entre os impactos do desmatamento acentuado e da introdução de culturas agrícolas na região, está a diminuição da biodiversidade, pois as atividades
põem em risco muitas espécies de animais, como onças, tamanduás-bandeira,
emas, entre outras.
Além disso, o aumento das queimadas resulta em maior
emissão de gases de efeito estufa, e a correção do solo, acom
panhada do uso intenso de agrotóxicos nas lavouras, con
tamina a terra e as águas superficiais e subterrâneas.
Por fim, é importante destacar que diversas comunidades tradicionais (quilombolas, indígenas,
ribeirinhos etc.) são afetadas e, muitas vezes,
obrigadas a se deslocar, já que suas áreas são
ocupadas pela soja e outras monoculturas,
como a cana-de-açúcar e o algodão.
Floresta Amazônica
Parte da Região Centro-Oeste é recoberta
pelo bioma amazônico, especialmente o norte e o noroeste do estado do Mato
Grosso. São, aproximadamente, 500 mil km2 de densa floresta, com árvores
de mais de 50 metros de altura e grande diversidade ecológica. Nessa porção
do território, encontram-se o Parque Nacional do Xingu e o Parque Estadual
do Cristalino.
A área ocupada por projetos de colonização e com atividades agrope
cuárias e madeireiras nessa parte do Centro-Oeste ficou conhecida pelo nome
de franja amazônica. Esse processo de ocupação tornou-se mais intenso nas
décadas de 1960 e 1970, assim como ocorreu em outros espaços geográficos
do Centro-Oeste e do Norte do Brasil. Os governos federal, estaduais e muni
cipais foram os principais articuladores dessa expansão, em associação com
empresas de colonização privadas.
Impactos socioambientais da franja amazônica
Até o início do século XX houve uma ocupação “espontânea” dessa franja
da floresta, realizada por pequenos agricultores que se deslocavam especial
mente do Nordeste do Brasil. Como vimos, posteriormente, empresas privadas
promoveram projetos de colonização estimulando a ocupação e o desenvolvi
mento agropecuário em vários municípios. Assim, as ocupações do norte do
Mato Grosso foram marcadas pelas seguintes características:
- elevado desmatamento e queimadas para a implantação de culturas,
como as de café, com intenso uso de agrotóxicos;
- plantio de lavouras introduzidas pelos primeiros colonos, como de arroz,
feijão e milho, substituídas, em vários municípios, pela pastagem para
criação de gado bovino (corte e leite);
- desenvolvimento de exploração mineral e de madeira (extração de ma
deira em toras, em grande escala e, muitas vezes, de forma irregular, em
áreas indígenas);
- expansão da fronteira da soja, com grandes desmatamentos e poluição
do solo e das águas.
Atualmente, ainda se observam nessa franja do bioma atividades de extra
tivismo vegetal, pequenas lavouras familiares, práticas de pecuária extensiva
e intensiva, além do avanço da agricultura comercial, com vários impactos
ambientais, como os já citados.
Observam-se, também, o avanço de algu
mas doenças tropicais, como a malária, resultantes do desmatamento e da
ocupação desordenada da região; grande destruição da floresta; e contamina
ção de ecossistemas aquáticos causada pelo uso dos agrotóxicos e de mercúrio
nos garimpos. Além dos danos ambientais, todos esses problemas atingem diretamente as populações indígenas que vivem na região.
Pantanal
O Pantanal é um bioma que se estende, em território brasileiro, pelos es
tados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Nos países vizinhos, ele tam
bém ocupa parte da Bolívia e do Paraguai, totalizando uma área com cerca de
250 mil km2, sendo considerado, pela Organização das Nações Unidas (ONU),
Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.
Nele encontramos vá
rias áreas indígenas homologadas (com a demarcação administrativa ratificada
por decreto presidencial) e algumas delimitadas e declaradas (já identificadas
e com os limites estabelecidos e demarcados pelo Ministério da Justiça) ou em
estudo (áreas em fase de levantamento para identificação e delimitação).
Predomina no bioma Pantanal o clima tropical, com elevados índices pluvio
métricos, especialmente no verão.
Nesse bioma, há grande ocorrência de gra
míneas, arbustos e árvores de porte médio. Também há elevada biodiversidade,
com muitas espécies de fauna e flora da Mata Atlântica, da Floresta Amazônica
e do Cerrado. Calcula-se que existam mais de mil espécies catalogadas nessa
área, entre peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Há ainda uma riqueza de
plantas muito grande, e várias delas têm excelente poder medicinal.
O relevo da região é extremamente plano – ela é conhecida como planície do
Pantanal – e sua altitude varia de 100 a 200 metros. A quase totalidade dos rios
que banham esse bioma são afluentes do Rio Paraguai que, devido à planura
do relevo, são bastante afetados pelo fenômeno das cheias (meses de verão) e
das vazantes (meses de inverno) que ocorre durante o ano.
Pecuária e o meio ambiente pantaneiro
Em decorrência da presença de imensos campos com pastagens e da gran
de disponibilidade de água, a pecuária avançou muito na região pantaneira
nas últimas décadas. Além desses recursos naturais, diversos pecuaristas, pro
curando aumentar a produtividade, têm retirado a vegetação nativa e plantado
pastagens para alimentação dos rebanhos. Esse processo é feito com aplicação
de diversos insumos, para a correção e fertilização dos solos, que contaminam
tanto os solos quanto as águas do Pantanal. Ao mesmo tempo, a expansão das
áreas de pastagens aumentou o assoreamento dos rios do bioma.
Essa prática da pecuária tem contribuído também para diminuir a exploração
econômica de outra potencialidade regional: o turismo. A região do Pantanal
apresenta inúmeras belezas naturais, porém a expansão da atividade pecuária
reduziu as áreas naturais da região, transformando-as em grandes pastagens.
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