terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Divisão do espaço europeu

Adotamos a divisão do continente em Europa ocidental e Europa oriental, considerando o critério socioeconômico. A Europa ocidental engloba os países de elevado nível de desenvolvimento e economia diversificada: Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Países Baixos, Bél gica, Luxemburgo, Suécia, Suíça, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, Áustria, Noruega, Islândia, Grécia e Portugal.
A Europa oriental compreende os países que já foram considerados “econo mias em transição”, que deixaram o socialismo no final do século XX e que apre sentam diversidade em termos de nível de desenvolvimento socioeconômico, mas, comparativamente aos países da Europa ocidental, têm indicadores sociais geralmente inferiores. São eles: Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Rússia, Romênia, Sérvia, Montenegro, Macedônia, Bulgária, Albânia, Estônia, Letônia, Lituânia, Croácia, Ucrânia, Moldávia, Belarus, Bósnia-Herzegovina, Eslovê nia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão. Entre os países da Europa oriental, há ainda alguns que se enquadram no grupo dos emergentes, como Rússia e Polônia.
Alguns países da Europa ocidental, como França, Itália e Espanha, a atividade turística é uma importante fonte de divisas. Alema nha e Reino Unido também ganham destaque como destinos turísticos no continente e no mundo. O mercado internacional da moda também movimenta um grande volume de ca pitais, sendo França e Itália os principais exportadores de produtos de alta-costura, além de abrigarem empresas que detêm patentes de importantes grifes. Esses países são os grandes centros europeus de eventos de divulgação do mundo da moda. Merecem destaque ainda os grandes centros universitários, sobretudo no Reino Unido, na França, na Itália, na Alemanha e na Espanha, que atra em pesquisadores e estudantes do mundo inteiro.

Os países da Europa oriental

Os países da Europa oriental apresentam um nível de desenvolvimento so cioeconômico diferente dos países da Europa ocidental. Esse conjunto é ainda marcado por uma diversidade socioeconômica e espacial que remonta ao período da Guerra Fria, quando fazia parte da zona de influência do bloco soviético.
Nessa região, após a Segunda Guerra Mundial, a atividade da indústria desen volveu-se com base no planejamento estatal, destacando-se a República Tcheca, na indústria metalúrgica, e a Polônia, na construção naval e na metalurgia. Com o surgimento do modelo industrial baseado nas novas tecnologias, o parque indus trial dos antigos países socialistas ficou em grande defasagem tecnológica.
A transição para a economia capitalista, a partir do início dos anos 1990, pro moveu uma reestruturação industrial com a abertura dos mercados, os cortes de subsídios às empresas estatais e a liberalização dos preços, o que acarretou um surto inflacionário. Muitas dessas empresas faliram, e os países sofreram queda de produção e dos níveis de emprego.
Nos últimos anos, os países de maior tradição industrial, como a República Tcheca, a Polônia e a Hungria, iniciaram uma recuperação econômica, marcada pelo aumento dos investimentos estrangeiros e pela instalação de várias em presas transnacionais. Esses três países apresentaram maior nível de indus trialização e uma economia mais diversificada e, em 2017, contavam com indica dores sociais próximos aos dos países da Europa ocidental – República Tcheca, IDH 0,888 (27a posição); Hungria, IDH 0,838 (45a posição); Polônia, IDH 0,865 (33a posição). A Eslovênia (IDH 0,896 – 25a posição), a Eslováquia (IDH 0,855 – 38a posição) e a Croácia (IDH 0,831 – 46a posição), apesar de não apresentarem os mesmos níveis de industrialização e de diversificação econômica dos outros três países, contam com bons indicadores sociais.
Todos esses países enquadram-se na clas sificação de “desenvolvimento humano muito alto”, com IDH superior a 0,800, assim como Estônia (IDH 0,871 – 30a posição), Lituânia (IDH 0,858 – 35a posição) e Letônia (IDH 0,847 – 41a posição), que faziam parte da extinta União Soviética e são denominados países bálticos.
Os demais países da Europa oriental, como Bulgária, Romênia, Bósnia-Herzegovina, Albânia e Macedônia, apresentam níveis de industriali zação e de diversificação econômica inferiores aos da Polônia, da República Tcheca e da Hungria.
Com o avanço do capitalismo, os países da Europa oriental, de modo geral, tornaram-se área de influência da União Europeia, principal mente por meio das relações comerciais e dos investimentos que a Alemanha passou a fazer na região.

Europa ocidental: elevado nível de desenvolvimento


O continente europeu, berço da Revolução Industrial, é formado por alguns dos países mais desenvolvidos do mundo. Segundo o relatório de 2017 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que mede a qualida de de vida dos países do mundo, entre os 20 de mais alto IDH (desenvolvimento humano muito alto), 13 eram europeus, destacando-se Noruega (1o), Suíça (2o), Irlanda (4o), Alemanha (5o), Islândia (6o), Suécia (7o), Países Baixos (10o) e Dinamarca (11o). O Brasil ocupava o 79o lugar e estava entre os países considerados de alto desenvolvimento humano.
Nos países de elevado nível de desenvolvimento da Europa ocidental estão localizadas várias empresas transnacionais, como a British Petroleum e a Bri tish American Tobacco, sediadas no Reino Unido; a Volkswagen, a Bayer e a Basf, com sedes na Alemanha; a Fiat, sediada na Itália; a Peugeot-Citröen, a Danone e a Renault, com sedes na França; a Shell e a Unilever (empresas transnacionais de capital inglês e holandês); a Philips, com sede nos Países Baixos (Holanda); a Ericsson, sediada na Suécia; a Nestlé, sediada na Suíça; entre outras.
Os grandes grupos industriais europeus e mundiais fazem investimentos elevados em pesquisa e tecnologia, criando e desenvolvendo mercadorias, e mo dernizando e automatizando suas fábricas para alcançar um menor custo de pro dução e melhorar sua competitividade global.
Os parques industriais da maioria dos países da Europa ocidental são bastan te diversificados, com destaque para os ramos de produtos eletroeletrônicos, quí micos, farmacêuticos, de telecomunicações, aviões, construção naval, energia nuclear, siderurgia e automobilístico.
O setor terciário desses países também é bastante diversificado, formado por grandes grupos de empresas transnacionais que atuam nas áreas comercial, como redes de hipermercados (o francês Carrefour); financeira, como bancos (o espanhol Santander, os britânicos Lloyd’s Bank e HSBC, o holandês ABN Amro Bank); de telefonia (a espanhola Telefonica, a italiana Tim).

Alguns conflitos no continente europeu

Diversos conflitos na Europa relacionam-se a processos de incorporação de minorias étnicas e de territórios por alguns Estados-nação. Alguns desses confli tos têm origem há séculos. Na primeira metade do século XX, a desintegração de impérios, como o Austro-Húngaro e o Turco Otomano, além das duas Grandes Guerras, ocasionou insta bilidades nos limites políticos entre os países.
Na segunda metade do século XX, o processo de derrocada do socialismo também modificou os limites entre os Esta dos-nação. Em decorrência disso, houve uma sucessão de conflitos, sobretudo nas duas últimas décadas. A região mais instável nessa perspectiva foi a dos Bálcãs.
Como um país normalmente é constituído de diversas culturas e pelo fato de o conceito de cultura estar muito próximo ao de nação, há também um grande número de países constituídos de diversas nações. As diversas nações dentro de um país, aliadas à questão da não aceitação das diferenças, têm dado margem ao desenvolvimento de lutas nacionalistas.

A desintegração da Iugoslávia


Até 1991, a Iugoslávia era um país federativo formado por seis repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia e Montenegro) e duas regiões autônomas (Kosovo e Voivodina, pertencentes à Sérvia). Sua população era composta de várias nacionalidades (sérvia, croata, eslovena, macedônia, albanesa, húngara), das quais algumas estavam espalhadas em praticamente todas as repúblicas. Além disso, havia três religiões (islâmica, cristã ortodoxa e católica romana) e falavam-se cinco idiomas (servo-croata, es loveno, albanês, húngaro e macedônio).
Essa complexa colcha de retalhos per maneceu unida enquanto foi governada por dirigentes autoritários, como o mare chal Tito, que se manteve no poder desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o regime comunista foi instaurado, até sua morte (1980).
Após a declaração de independência de quatro repúblicas — Croácia e Eslovênia (junho de 1991), Macedônia (setembro de 1991) e Bósnia-Herzegovina (março de 1992; —, a Iugoslávia passou a ser constituída pela Sérvia e por Montenegro.
O poderio militar da federação iugoslava, controlado na maior parte pelos sér vios, tentou impedir a independência das repúblicas, contando com o apoio dos sérvios que nelas viviam.
Após a guerra, a única república que permaneceu unida à Sérvia e, portanto, ao poder central de Belgrado, foi Montenegro, que conquistou sua independência em 2006.
Na Eslovênia, com número reduzido de sérvios, o conflito durou dez dias e terminou com a retirada das forças federais. Já na Croácia, onde 12% dos habitantes são sérvios, o conflito transformou-se em guerra: de um lado, as forças croatas; do outro, a força federal, com o apoio dos sérvios da Croácia. Essa guerra estendeu-se até janeiro de 1992, quando foi acertado um cessar-fogo.
Na Bósnia-Herzegovina, etnicamente mais heterogênea, o conflito se deu entre 39,5% de muçulmanos, 32% de sérvios e 18,4% de croatas.
Croatas, muçulmanos e sérvios passaram a disputar fatias do território bósnio, embora a ONU já tivesse reconhecido oficialmente a Bósnia-Herzegovina como país independente.
Apenas em 1995, sob pressão dos Estados Unidos e da Otan, os sérvios e os muçulmanos chegaram a um acordo na Bósnia, intermediado pela ONU. Colocaram um ponto final na guerra, que teve um saldo de mais de 200 mil mortos e 2 milhões de refugiados muçulmanos e foi marcada pela agressão sérvia contra os muçulmanos, conhecida como limpeza étnica.
Por trás dessa luta, de acordo com alguns analistas militares, estaria o sonho dos sérvios de unir todos os territórios dos Bálcãs por eles habitados, formando assim a Grande Sérvia. O acordo de paz dividiu a Bósnia em duas partes: Federação Muçulmano-Croata, que controla 51% do país, e República Sérvia da Bósnia, que controla 49%.
A permanência de povos — como sérvios, croatas e muçulmanos — com dispu tas históricas e ambições territoriais e nacionalistas distintas no mesmo país e as dificuldades de ter uma administração conjunta tornam a região instável e o futuro do país, de algum modo, incerto.

A independência de Montenegro


Em menos de dois anos, o que restou da Iugoslávia, que havia sido reduzida a Sérvia e Montenegro e que assumiu esse nome (junção das duas repúblicas) em 2003, vivenciou duas declarações de independência: de Montenegro e de Kosovo.
No primeiro caso, a declaração foi aceita pela Sérvia, que também afirmou sua independência e a sucessão do outrora Estado-nação “Sérvia e Montenegro”, no que se refere aos acordos diplomáticos. Montenegro tinha um papel estratégico muito importante para a Sérvia, pois era a única saída para o mar de que os sérvios dispunham.
A independência de Montenegro foi conquistada em 2006, após a realização de referendo em ambas as repúblicas. Bastava que em uma delas os votos pela separação e pela independência atingissem mais de 55%. Com efeito, os eleitores montenegrinos aprovaram a independência (55,4% dos votos a favor).
O caso de Kosovo é mais complexo, uma vez que se trata de uma região autô noma da Sérvia, e não de uma ex-república da Iugoslávia.

Os conflitos em Kosovo e sua declaração de independência



A região autônoma de Kosovo, habitada em sua maioria por muçulmanos albaneses — cerca de 90% dos 2 milhões de habitantes —, vinha alimentando há tempos uma separação do poder central sérvio, desde a retirada de parte da autonomia dessa região em 1989 pelo então presidente sérvio Slobodan Milosevic´.
Para os sérvios, Kosovo é considerada berço de sua identidade nacional, onde estão seus mosteiros ortodoxos mais antigos e a área da histórica batalha perdida para os turcos otomanos, no século XIV, que controlaram os Bálcãs por mais de 500 anos.
O fracasso das negociações de paz entre separatistas e sérvios preocupou os Estados Unidos, que temiam que a guerra se espalhasse por toda a região balcânica e envolvesse a Grécia e a Turquia, aliadas na Otan.
Mesmo sem a aprovação oficial da ONU, as tropas da Otan, lideradas pelos Estados Unidos, iniciaram em março de 1999 um ataque aéreo à Iugoslávia, bom bardeando-a por 78 dias com armamento pesado e moderno.
O poder central sérvio acabou se rendendo e aceitando um acordo de paz, no qual Kosovo foi mantida como território da república sérvia. Entretanto, em 2008, os kosovares declaram sua independência.
Também na situação de Kosovo, alguns analistas internacionais apontavam a incoerência dos Estados Unidos em sua política externa, pois em 1997 os rebel des albaneses, que lutavam pela independência da região autônoma, eram consi derados terroristas pelos estadunidenses.
A independência de Kosovo, para ser reconhecida pela ONU, precisaria ser aprovada pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e por, pelo menos, mais quatro membros rotativos. A Rússia e a China, que têm poder de veto no Conselho, recusavam-se a aprová-la.
A Rússia, além de ser aliada histórica da Sérvia, não aprova a independência de Kosovo, pois, tendo questões separatistas em seu território (caso também da China), não quer sinalizar que é favorável a movi mentos independentistas.
O mesmo acontece com outros países que enfrentam o separatismo dentro de suas fronteiras ou movimentos nacionalistas fortes, como a Espanha (caso dos bascos no norte — região basca — e dos catalães no nordeste — Catalunha).


O conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte



O conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte é uma questão grave que há muito tempo pedia solução no Reino Unido. Na verdade, não se trata de uma questão apenas religiosa, mas também política e econômica.
O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte constitui um Estado for mado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Na ilha da Grã-Bretanha, a maior do arquipélago britânico, situam-se a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales.
Na ilha da Irlanda, no mesmo arquipélago, localizam-se a Irlanda do Norte (Ulster) e a República da Irlanda (Eire), que se tornou Es tado livre em 1921 e República em 1949, e onde cerca de 93% da população é católica.
Na Irlanda do Norte, os católicos (cerca de 38% da população), que são republicanos e em geral pertencem às camadas não privilegiadas da população, que rem a independência em relação ao Reino Unido. Os protestantes (cerca de 51%), que em sua maioria pertencem às camadas abastadas, querem permanecer liga dos ao Reino Unido, e por isso são chamados de unionistas.
A situação agravou-se de fato em 1969, quando o exército inglês passou a in tervir no conflito. Desde então, milhares de pessoas já morreram, entre soldados ingleses, católicos e protestantes. Diversos atentados a bomba foram executados pelo Exército Republicano Irlandês (IRA), que empreende a luta armada pela inde pendência da Irlanda do Norte.
Em 1o de setembro de 1994, entrou em vigor o cessar-fogo do IRA, e, em outu bro, os protestantes também anunciaram o fim da luta armada. Um segundo cessar-fogo foi realizado em 1997, recomeçando as negocia ções entre os líderes protestantes unionistas e o partido Sinn Féin, braço político do IRA.
Foi selado um acordo de paz em 1998, que propôs a formação de um go verno autônomo para o país, com participação das duas comunidades no estabe lecimento de uma Assembleia — 55% de protestantes e 45% de católicos.
Em 2007, formou-se um governo de coalizão, que reuniu o Partido Unionista Democrático (DUP) e o Sinn Féin, garantindo à Irlanda do Norte o retorno a uma autonomia regional. O país continua a fazer parte do Reino Unido, mas há a possi bilidade de separação, desde que a maioria da população decida por isso.
O IRA, por meio do Sinn Féin, mantém o desejo de que se encerre o domínio britânico na ilha da Irlanda, mas indica que o manifestará apenas pela via política.

Ciganos, um povo perseguido


Estima-se que há cerca de 20 milhões de ciganos espalhados pelo mundo, dos quais grande parte vive na Europa (aproximadamente 8 milhões). A origem desse povo é incerta, mas alguns pesquisadores acreditam que eles tenham vin do da Índia, cerca de mil anos atrás, migrando para a parte oriental da Europa no século XIV e para a parte ocidental após a Segunda Guerra Mundial.
Uma característica importante desse grupo é o nomadismo, apesar de, nos últimos anos, muitos terem procurado se fixar em algum lugar. De modo geral, dedicam-se a atividades tradicionais, como o comércio, o artesanato e a música. Devido à discriminação e ao declínio de algumas dessas atividades, milhões deles vivem em situação de extrema pobreza. É grande o número de analfabetos entre os ciganos. Calcula-se que cerca de 70% não sabem ler nem escrever.
Além disso, ao contrário do que ocorre com a população europeia, as taxas de natalidade do povo cigano são bastante altas. Nos últimos anos, diferentes países europeus têm discutido e realizado ações para a integração desse grupo na sociedade, reduzindo o isolamento, a discriminação e a sua situação de vulnerabilidade.
No entanto, assim como fa zem com os turcos e os norte-africanos, os jovens neonazistas têm promovido atentados a moradias ciganas na Alemanha, na Espanha, na Polônia, na Hungria e na Romênia. Na República Tcheca, a entrada de ciganos em alguns bares e res taurantes é proibida.

A pobreza na Europa desenvolvida

Apesar do bom nível de desenvolvimento socioeconômico da Europa, têm au mentado os índices de pobreza em alguns países do continente. Uma das principais causas dessa realidade foi o desemprego, que aumentou com a crise internacional iniciada em 2007. No entanto, a partir de meados da década de 2010, as taxas de desemprego começaram a cair. No conjunto dos países adotantes do euro, essa taxa média era de 8,6% no início de 2018 e, na União Europeia, de 7,3%, em média. Já na Grécia, era próxima de 20% e, na Espanha, pouco superior a 16%.
Os países da União Europeia vêm organizando estratégias para conter o de semprego. Entre as medidas que estão sendo propostas para criar empregos, des taca-se a adoção de políticas flexíveis de contratação. Na Itália e no Reino Unido (onde um plebiscito definiu a retirada do país da União Europeia), o trabalho au tônomo tem aumentado em virtude da terceirização na indústria e nos serviços.
Paulatinamente, por pressão das empresas, os trabalhadores vêm aceitando definir acordos de ampliação da jornada de trabalho sem aumento de salário ou acordos de redução da jornada com diminuição de salário, a fim de garantir seus empregos. Além disso, muitas empresas europeias optaram por investir em outros países e continentes, entre eles a China.
Todo esse processo de alteração na estrutura de produção e de empregos está sendo acompanhado pela deterioração das condições de trabalho e de vida das pessoas, mesmo nos países desenvolvidos, o que se traduz em queda dos salários reais, instabilidade no emprego e desemprego dos menos qualificados.
É claro que os critérios de classificação da pobreza nos países desenvolvidos da Europa são bastante diferentes dos padrões dos países em desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo. Pela definição da União Europeia, as pessoas conside radas “ameaçadas de pobreza” recebem menos de 60% do salário médio líquido pago em seu país. Na Alemanha, por exemplo, cujo salário médio é de 1.427 euros mensais, é considerado pobre quem recebe menos de 856 euros.

Europa: composição étnica e a religião

Os europeus podem ser divididos em três grandes ramos étnicos, cada um com uma diversidade de grupos de povos ou etnias. Esses ramos são: atlanto-mediterrâneos, germanos e eslavos. No continente europeu, predominam os idiomas indo-europeus, subdivididos em três grupos principais: o latino (povos atlanto-mediterrâneos, exceto os gre gos), o germânico (povos da Europa Nórdica, exceto a Finlândia) e o eslavo (po vos da Europa Oriental, exceto a Romênia e a Hungria).
Apesar da diversidade étnica e linguística existente na Europa, a maior par te da população que professa alguma religião pratica o catolicismo, dividido em dois grupos: o romano (Espanha, Portugal, França, Itália, Polônia, entre outros) e o ortodoxo (Grécia, Bulgária, Rússia, Ucrânia, Sérvia, Montenegro, entre outros).
Além do catolicismo, praticam-se o protestantismo, que predomina na parte setentrional do continente e se divide em luteranismo, calvinismo e anglicanismo; o islamismo, que possui muitos adeptos na Turquia (parte europeia) e na península dos Bálcãs (Bósnia-Herzegovina, Bulgária e Albânia); e o judaísmo, adotado em diversos países europeus, mas por um pequeno número de adeptos.
Com a onda migratória recente de turcos, norte-africanos e árabes do Oriente Médio em direção à Europa ocidental, cresceu o número de adeptos do islamismo nessa porção do continente europeu. Alguns governos de países europeus vêm se preocupando com a expansão da religião islâmica no continente e têm tomado medidas para limitar os sinais religiosos ostensivos.
Na França, de acordo com uma lei de 2004, é proibida a entrada de estudan tes com esses sinais religiosos nas instituições de ensino públicas. Com isso, alunas que professam o islamismo não podem usar nas escolas o véu islâmi co (chador). Também na França, em 2011, os véus islâmicos integrais (burca e), que cobrem parcial ou totalmente o rosto da mulher, passaram a ser proi bidos em locais públicos. Essa proibição estende-se a outros países europeus, como Bélgica e Holanda.

A disputa pela hegemonia - nova geopolítica


Com o fim da Guerra Fria – a dissolução da União Soviética e a abertura para o capitalismo em quase todos os antigos países socialistas –, foi estabelecida uma nova ordem mundial: os Estados Unidos assumiram, num primeiro momento, nos anos 1990, o papel de potência hegemônica nos planos econômico, político e militar. Entretanto, no decorrer deste século XXI, intervenções militares onerosas e crise econômica envolvendo esse país, além da ascensão de outros centros com grande importância geopolítica e econômica no mundo, levaram a uma nova con figuração do poder mundial.
Nesse novo período, as guerras entre grupos étnicos de um mesmo país, particularmente na África e na Ásia, e a luta pela independência empreendida por vários povos (como os chechenos, na Rússia) ou pela formação de um Estado-nação (como o reivindicado por palestinos) continuam ocorrendo. Ainda são mar cantes disputas territoriais entre países, como o conflito entre Índia e Paquistão pelo controle da região da Caxemira, bem como os atentados terroristas.
Após os atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, uma das prioridades de algumas potências mundiais, em termos políti co-militares, passou a ser o combate ao terrorismo internacional – inimigo dis perso por vários países que age, geralmente, sem anunciar, causando grandes danos humanos e materiais, mesmo sem dispor de um arsenal expressivo. Nesse contexto, os gastos militares globais, que haviam caído logo após o fim da Guerra Fria, voltaram a crescer

Potências hegemônica


Uma potência hegemônica é aquela que influencia, de algum modo, os outros países do mundo. Ela impõe sua política, interferindo nas relações internacionais. Os Estados Unidos, especialmente após a Segunda Guerra, moldaram o sistema mundial de acordo com sua visão e seus interesses. O país, que já era a maior economia mundial desde a Primeira Guerra, passou a controlar cerca de 40% do PIB mundial, mantendo sua força política e militar e exercendo grande influência cultural no mundo.
As potências ocidentais (países da Europa ocidental, Estados Unidos e Cana dá) exercem sua hegemonia no mundo desde a metade do segundo milênio. Porém, a partir da Guerra Fria, passou-se a chamar de “mundo ocidental” os países capita listas desenvolvidos, independentemente de sua localização geográfica. Austrália, Nova Zelândia e Israel também são incluídos nesse grupo, em algumas análises. O mundo ocidental também é chamado, simplesmente, de Ocidente.
Particularmente em relação à influência no continente asiático, os Estados Unidos enfrentam a concorrência de dois fortes protagonistas geopolíticos neste início do século XXI: a Rússia e a China. Assim como os Estados Unidos, esses dois países são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que tem como finali dade manter a paz e a segurança no mundo. Os outros membros permanentes des se Conselho são a França e o Reino Unido. Essa designação confere a esses países o poder de vetar resoluções tomadas pela Organização. Os outros dez membros, de um total de quinze, são eleitos pela Assembleia Geral para um período de dois anos.
A Rússia está mais atuante no cenário político-militar internacional e vem trabalhando para reduzir a influência do Ocidente nos territórios próximos ao seu, como nos países da Ásia Central, nos europeus próximos à sua fronteira e em parte dos países do Oriente Médio, sobretudo Irã e Síria – este último em posição estra tégica por abrigar uma base militar russa, em Tartus, em pleno mar Mediterrâneo, além de ser importante comprador de armamentos da indústria militar da Rússia.
Em relação à ascensão da China, especialistas em relações internacionais entendem que o país compete com os Estados Unidos não apenas no aspecto econômico, mas também no âmbito geopolítico mundial. As relações entre Esta dos Unidos e China cada vez mais desempenham um papel importante na geopo lítica global.
A forte expansão da economia chinesa exige que o país busque fornecedores de matérias-primas e parceiros comerciais ao redor de todo o mundo, am pliando seus mercados e suas possibilidades de investimento. Em decorrência dessa situação, têm sido inevitáveis os choques de interesses com os Estados Unidos. No próprio continente asiático, os chineses já desempenham papel im portante no desenvolvimento econômico de vários países, bem como na África.
Além disso, em termos geopolíticos, uma série de tensões regionais passa pela relação sino-estadunidense, e, de certo modo, também pela relação russo-estadunidense, como a possível proliferação de armas nucleares na Coreia do Norte (Estado socialista), o programa nuclear no Irã e o conflito na Síria.
Apesar de os Estados Unidos serem a maior potência militar do planeta e influenciarem decisões políticas dos organismos interna cionais, como o FMI, o Banco Mundial e a OMC, a crise mundial iniciada em 2007 no país e as ações militares extremamente custosas, como as empreendidas nos territórios do Afeganistão (2001), do Iraque (2003) e da Líbia (2011), fragilizaram sua economia e contribuíram para que perdessem a supremacia econômica abso luta (sobre a influência nos organismos internacionais, em particular no FMI.
Nesse contexto, como visto anteriormente, China e Rússia, além da própria União Europeia, liderada pela Alemanha, do Japão e dos Estados Unidos, torna ram-se relevantes e atingiram patamares mais expressivos nas questões políticas e econômicas internacionais. Em razão disso, é possível afirmar que vem se configurando um mundo multipolar, com vários atores exercendo supremacia no espaço global.
O combate ao terrorismo vem sendo realizado por meio de diversas ações, li deradas especialmente pelos Estados Unidos e por países da Europa, e conta com o apoio da Rússia. Algumas dessas ações são: maior rigor no controle do fluxo de imigrantes; estabelecimento de leis que autorizam os governos a prender, sem julgamento e por tempo indeterminado, pessoas suspeitas de atos terroristas; promulgação de leis que permitem aos órgãos de segurança do governo rastrear e-mails e “grampear” ligações telefônicas.
No entanto, são ações que violam os direitos de liberdade das pessoas. Ao apoiar algumas iniciativas dos Estados Unidos e de alguns países europeus no combate ao terrorismo internacional, o governo russo espera que as potências ocidentais não reprovem as ações de seu exército para reprimir o movimento sepa ratista na Chechênia – república que faz parte da Federação Russa e onde um grupo de guerrilheiros islâmicos havia declarado independência em 1991.
A Rússia, por sua vez, não concorda com ações militares dos Estados Unidos contra países que, segundo os estadunidenses, apoiam e protegem terroristas. Es ses países, como o Irã e a Coreia do Norte, são tradicionais aliados dos russos e man têm com eles acordos de cooperação econômica e científica, especialmente o Irã.
Outras questões divergentes entre Rússia e Estados Unidos no contexto político-militar europeu são:

- o projeto estadunidense de estruturação de escudos antimísseis nucleares na Romênia (inaugurado em 2016) – que integram os escudos de defesa da Otan – e na Polônia, sob justificativa de proteção ao Irã. Esses escudos serão disponibilizados para a Otan e apresentam-se à Rússia como uma questão bastante contestada, já que esta os considera uma ameaça;

- a não adesão da Ucrânia e da Geórgia à Otan, por pressão da Rússia. O Ocidente também vinha se posicionando de forma contrária ao separatis mo no leste e no sul da Ucrânia e ao apoio russo aos separatistas, em meados da década de 2010. Apesar dessas divergências, Estados Unidos e Rússia veem-se mutuamente como aliados na luta contra o terrorismo internacional.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Industrialização e urbanização

O espaço geográfico é construído pela sociedade e modificado constante mente. Nenhuma transformação nesse espaço se igualou à estruturação e à expansão das cidades ocorridas a partir da Revolução Industrial. O desenvolvimento da atividade industrial consolidou o papel da cidade como centro do comando da economia capitalista.
O crescimento da população urbana num ritmo maior que o da população rural caracteriza o processo de urbanização que altera a paisagem, mas esse é apenas seu componente numérico.
Esse processo é caracterizado também por significativas transformações nos territórios dos países, como o aumento do número de cidades e a expansão das áreas ocupadas por elas; a concentração de grande quantidade de atividades econômicas diversas em diferentes setores (industriais, comerciais e de serviços) no espaço urbano; a estruturação de redes de transportes, de comunicação e de energia elétrica; e a ampliação dos fluxos de mercadorias, pessoas, capitais e informações entre as cidades e entre estas e o campo.
No entanto, é preciso ressaltar que o fenômeno da urbanização não é decorrência apenas do aumento da atividade industrial. Mesmo os Estados-nação que não passaram por um intenso processo de industrialização, como a maior parte dos países em desenvolvimento, vêm apresentando uma ampliação da população urbana em ritmo maior que a rural, com concentração cada vez maior de população nas cidades.
Nesses países, de modo geral, a mecanização das atividades no campo e a concentração da propriedade rural nas mãos de poucas pessoas, aliadas à ampliação e à diversificação de atividades eco nômicas no espaço urbano (sobretudo no setor terciário), são fatores, entre outros, que vêm contribuindo para a urbanização.
Na maioria dos países em desenvolvimento, o processo de urbanização vem ocorrendo de forma intensa, caracterizado pelo crescimento significativo e quase imediato das atividades ligadas ao setor terciário. Mesmo em países industrializados como Brasil, México e Argentina, a transferência da População Economica mente Ativa (PEA) do setor primário para o setor secundário ocorreu em menor escala que nos países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, parcela considerável das pessoas que mi gram para as cidades não encontra emprego e passa a realizar trabalhos informais.

Cidades globais


Uma característica importante do processo de urbanização, e particularmente da globalização, é a constituição de uma rede de cidades globais ou mundiais. Essas cidades são responsáveis por grande parte dos fluxos de mercadorias, pesso as, informações e capitais em âmbito mundial. Elas formam o principal elo do país com o exterior, em razão da sua força econômica – concentrada principalmente no setor de serviços, com destaque para os de ordem financeira – e da sua infraestrutura diversificada e modernizada – especialmente nas telecomuni cações e nos transportes (equipamentos de telemática, portos e aeroportos).
Essas cidades se diferenciam das demais metrópoles justamente porque es tabelecem a conexão do território do país com as finanças e a economia mundiais, por meio de complexas redes de transportes e telecomunicações que para elas convergem, possibilitando enormes fluxos de informações, capitais, mercadorias e pessoas. Apesar de muitas dessas cidades serem populosas, o que determina a classificação delas em “global” não é a quantidade de população, mas justamente a qualidade e a representatividade de suas atividades econômicas.
Principalmente a partir dos anos 1970/1980, as cidades globais iniciaram um processo de relativo esvaziamento industrial, especialmente nas atividades indus triais mais tradicionais – alimentícia, têxtil, metalúrgica, mecânica e petroquímica. Nessas cidades, o setor secundário passou a concentrar sobretudo indústrias de tec nologia avançada – telecomunicações, informática, biotecnologia e microeletrônica. Nessa rede de cidades globais, o papel que cada metrópole ocupa varia de acordo com o volume de fluxos, sobretudo de circulação de capitais.
Esses fluxos, por sua vez, se estabelecem em boa parte nessa rede e estão condicionados ao nível de concentração de sedes ou filiais de grandes empresas de serviços, in dustriais, comerciais e financeiras e ao porte de suas bolsas de valores. Esses fa tores determinam a capacidade de influência dessas metrópoles em nível global. Algumas classificações diferenciam as cidades globais por categorias.
De modo geral, é possível destacar algumas cidades que têm grande relevância na economia globalizada, particularmente no sistema financeiro internacional, com expressiva representatividade na circulação de capitais (presentes também no mercado aberto, onde são negociados títulos do tesouro, os CDBs, etc.) e na presença de grandes empresas. Algumas dessas cidades são: Nova York, Los Angeles, Chicago, Londres, Tóquio, Paris, Frankfurt, Milão, Madri, Zurique, Xangai, Hong Kong, e outras também importantes, porém com menor relevância, como São Paulo, Cidade do México e Johannesburgo.

Industrialização e fontes de energia

O modo de produção, pautado, inclusive, na estruturação de cadeias globais industriais, como as que processam petróleo e gás natural, produzindo combus tíveis e diversas mercadorias (como plásticos, borrachas, tintas e vernizes) e o modelo de consumo da sociedade urbano-industrial requerem grande variedade e enorme quantidade de recursos naturais.
A exploração desses recursos acarreta diversos problemas ambientais, como a derrubada de formações vegetais nativas; a degradação de ecossistemas terrestres e aquáticos; a erosão do solo; a formação de imensas crateras no relevo; a poluição e a contaminação de lençóis freáticos, cursos d’água, mares e oceanos; e o assoreamento de rios. Como a produção está estruturada em cadeias, há necessidade de transporte e armazenamento, implicando o consumo e a queima de combustíveis, incluindo a de combustíveis fósseis, que poluem o ambiente.
Os energéticos formam um conjunto importante de recursos naturais utiliza do atualmente, como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural); o urânio e o tório (energia nuclear); a água dos rios (energia hidrelétrica); o vento (energia eólica); o Sol (energia solar); a água dos mares (energia mare- motriz); o calor do interior da Terra (energia geotérmica).
No caso dos biocombustíveis, também utilizados como fonte energética, sobretudo nos transportes, sua produção é resultado da prática da agricultura (cana-de-açúcar, milho, soja, entre outros), e, no caso do biogás, a fonte é o gás metano, resultante de processos que utilizam matéria orgânica (lixo, esterco e folhas de árvores, por exemplo). Os biocombustíveis e o biogás fazem parte da categoria denominada fonte energética biomassa, e, no primeiro caso, os recursos naturais utilizados para produção são principalmente o solo e a água.
Os combustíveis fósseis (não renováveis e poluentes) são responsáveis pela geração de aproximadamente 66% da energia elétrica no mundo. A utilização desses combustíveis também é responsá vel, em boa parte, pela intensificação do efeito estufa. Desse modo, a substituição dessas fontes energéticas é fundamental para combater as consequências nocivas do aquecimento global. Isso exige mudanças nos hábitos de consumo e no estilo de vida de boa parte da sociedade.
No caso da energia nuclear, os principais problemas ambientais são o aquecimento da água do mar utilizada na refrigeração das usinas, afetando a fauna e a flora, e os resíduos dos reatores onde ocorre a reação nuclear, que contêm radia ção que permanece ativa por milhares de anos. Há também o risco de acidente nos reatores, com a liberação de material radioativo, contaminando o ambiente e trazendo sérias consequências para todos os seres vivos.
A energia hidrelétrica oferece vantagens em termos de geração de energia, pois é renovável, tem custo baixo de manutenção se comparada com outras fon tes, e o tempo de vida das usinas é longo. No entanto, os reservatórios, ao serem formados, inundam locais onde há matéria orgânica, cuja decomposição forma o metano, um dos gases de efeito estufa. Além disso, muitos países não têm rios com grande volume de água e características de relevo que possibilitem a cons trução de usinas hidrelétricas.
Outro problema na construção de hidrelétricas é a necessidade de deslocamen to de pessoas que moram na região onde a usina é construída. Com o represamento da água, há elevação no seu nível, e as populações do entorno, como ribeirinhos, povos indígenas e da floresta, além de produtores rurais, acabam desabrigadas. Também pode ser necessário deslocar vilas, povoados e pequenas cidades.

Industrialização e agropecuária

O desenvolvimento da atividade industrial possibilitou transformações nas técnicas agrícolas, com a introdução de máquinas e outros equipamentos no es paço rural. Tal fato contribuiu para o aumento da produção, sem ser necessário ampliar a área de cultivo, caracterizando um aumento de produtividade.
No entanto, já no século XIX, a crescente população urbana, o aumento da po pulação em geral, as novas mercadorias produzidas com matérias-primas agrícolas e as demandas geradas pela alimentação para abastecer a atividade pecuária exigiram também a ampliação das áreas agrícolas nos diversos continentes. O desenvolvimento tecnológico aplicado à agricultura e as significativas transfor mações no modo de produção rural e nas relações de trabalho no campo ficaram conhecidos como Revolução Agrícola.
As bases técnicas da Revolução Agrícola foram propiciadas, sobretudo, pelas indústrias fornecedoras de insumos para a agricultura (máquinas, sementes se lecionadas, agrotóxicos, adubos e fertilizantes químicos, por exemplo). Os períodos de expansão colonial constituíram fases importantes da expansão agrícola.
Nas terras colonizadas pelos europeus na América e, posterior mente, naquelas tomadas durante a expansão imperialista na África e na Ásia, no século XIX, foi implantado o sistema de plantation, responsável por abastecer o mercado europeu.
Após a Segunda Guerra Mundial, com o processo de descolonização em an damento, os países desenvolvidos criaram uma estratégia de incremento da pro dução agrícola mundial: era o início da Revolução Verde. Concebida nos Estados Unidos, objetivava combater a fome e a miséria nos países então considerados subdesenvolvidos, por meio da introdução de um “pacote tecnológico”, que con sistia em novas técnicas de cultivo, equipamentos para mecanização, fertilizan tes, defensivos agrícolas e sementes selecionadas.
Embora a Revolução Verde tenha contribuído para o aumento da produtivi dade em escala mundial, ela acarretou problemas de concentração da proprieda de rural, pois apenas os grandes proprietários rurais tiveram acesso ao “pacote tecnológico”. Desse modo, a competição nos novos parâmetros de produtividade ocorreu em detrimento dos pequenos produtores.

As redes geográficas

As redes são sistemas que interligam e estruturam relações entre diversos pontos dos territórios dos países e entre os países, portanto, em nível mundial. Elas contribuem para a circulação ou o fluxo de mercadorias, capitais, informa ções e pessoas entre os diferentes pontos do planeta.
No caso das informações e dos capitais, podemos considerar que o fluxo é virtual, pois não vemos as informações ou o capital circulando de um local para outro. Quando, por exemplo, uma pessoa paga um serviço ou compra uma merca doria usando cartão de débito, o valor correspondente a esse serviço ou compra sai de modo instantâneo de sua conta-corrente e é creditado na conta-corrente do vendedor.
Nesse caso, não há circulação de dinheiro físico. Em cada etapa do desenvolvimento industrial, e mesmo antes, estrutura ram-se diferentes redes, que foram sendo incorporadas ao espaço geográfico e provocaram diversos tipos de alteração nas paisagens dos territórios dos países e nas relações entre a sociedade e a natureza.
Assim, no mundo atual, temos diversas redes: redes viárias ou de transportes de vários tipos (aéreas; rodoviárias; ferroviárias; de metrôs e trens urbanos; rodoviária municipal; navegação marítima, fluvial e lacustre); elétricas, de comu nicação por satélite artificial; de cabos de fibra óptica; de antenas para celulares; de produção de empresas multinacionais; de circulação de capitais entre bolsas de valores; de telefonia móvel; de telefonia fixa.
Umas dependem do suporte material, que outras proporcionam: por exemplo, para que haja circulação de capitais entre bolsas de valores, é necessário que existam satélites artificiais de comunicação e cabos de fibra óptica.

Melanésia, Micronésia e Polinésia

Além da Austrália e da Nova Zelândia, vários outros países integram a Oceania. Eles têm seus territórios situados nas numerosas ilhas do continente, que são divididas em três grupos: Melanésia, Micronésia e Polinésia.
Entre os países da Melanésia estão Papua-Nova Guiné, que se destaca pela presença de uma rica biodiversidade; Fiji, cuja economia se baseia na produção de açúcar e de gengibre, seus principais produtos de exportação, além do turismo, que atrai visitantes o ano todo graças ao clima tropical, o que garante um bom nível de vida à população; e Ilhas Salomão, que, ao contrário de Fiji, apresentam baixos indi cadores sociais e agricultura de subsistência na maior parte do território. 
Fazem parte da Micronésia países como Palau e Kiribati, que não têm o mesmo desenvolvimento de Fiji. Esses países se destacaram como pontos de disputa de potências durante a Segun da Guerra Mundial. A presença de atóis de coral é uma atração turística pouco explorada, pela falta de infraestrutura para receber hóspedes. 
Na Polinésia estão países como Samoa, que tem no turismo sua atividade principal, além de ilhas sob domínio francês, como o atol de Mururoa, que foi usado por décadas para testes de armas nucleares pela França.

Nova Zelândia

Do mesmo modo que a Austrália, a Nova Zelândia foi colonizada por ingleses. Antes, porém, em 1642, o navegador holandês Abel Tasman (1603-1659) esteve lá, mas foi recebido com hostilidade pelos maoris, o povo que habitava as terras. Os europeus só retornariam às ilhas que hoje formam a Nova Zelândia em 1769, por meio de James Cook. Por isso os ingleses reivindicaram aquele território.

População 


Os maoris foram os primeiros povos a se estabelecer nas ilhas do Norte e do Sul. Eles têm tradições, como cantos, danças e tatuagens no rosto, que se man têm ainda hoje. Embora preservem suas tradições e vínculos culturais, as comunidades maoris se encontram bastante integradas com a cultura ociden tal, adquirindo, por exemplo, hábitos alimentares e de vestimenta. 
A relação deles com os colonizadores europeus, embora parecida com a dos aborí gines australianos, teve algumas diferenças, como você poderá ler na seção Olhar interdisciplinar. Na Nova Zelândia, a população total estimada em 2018 era de cerca de 4,8 milhões de pessoas, de acordo com o Statistics New Zealand. Desse total, cerca de 15% eram maoris ou descendentes deles. Cerca de 90% da população vivia em cidades. No campo concentrava-se principalmente a população maori tradicional.

Economia 


Considerado um país de renda elevada, a Nova Zelândia possui indústrias de vários setores na capital, Wellington, e em Auckland, a maior cidade em termos populacionais. Também se destaca a criação de bovinos e de ovinos. Os principais produtos exportados têm como mercado a Austrália, pela proximi dade geográ fica. Destacam-se a exportação de produtos de origem animal, como leite, carne bovina, lã, manteiga e queijos. Outros produtos exportados são ma deira e vinho. 
A produção agropecuária neozelandesa é marcada pelo uso de tecnologia e por ser intensiva, dadas as dimensões de seu território. Outra atividade importante para o país é o turismo. A Nova Zelândia atrai muitos visitantes interessados em turismo de aventura e na prática de esportes, já que o país reúne áreas naturais montanhosas, propícias para caminhadas e escalada, e praias, onde se pode praticar surfe e mergulho.

Austrália

A Austrália está entre os dez maiores países em extensão territorial do mundo. Entre as atividades econômicas desenvolvidas no país, destacam-se a exploração de minerais em larga escala e o turismo . País de colonização inglesa, possui uma população composta também de povos originários.

Colonização


As terras correspondentes à atual Austrália foram povoadas milhares de anos antes da chegada dos europeus. Os aborígines, primeiros habitantes dessas terras, lá se estabeleceram entre 50 mil e 60 mil anos atrás, de acordo com estu dos arqueológicos. 
Para alguns, viviam nessas terras cerca de 1 milhão de aborígines até o início da ocupação do território pelos britânicos, no fim do século XVIII. Eles eram caçadores e seminômades, ou seja, permaneciam por um tempo em certo local e depois migravam para outras terras. 
No século XVII, navegadores holandeses exploraram a costa da atual Austrá lia e deram-lhe o nome de Nova Holanda, mas não tomaram iniciativas coloniza doras. Isso seria feito pelos ingleses a partir de 1770, quando o capitão James Cook explorou e mapeou a costa leste para o governo britânico. 
Em 1788, depois da independência dos Estados Unidos, os britânicos transfor maram o território da atual Austrália em colônia penal e passaram a ocupá-lo, des considerando os habitantes aborígines. Estima-se que mais de 160 mil prisioneiros, muitos condenados por pequenos crimes, tenham sido levados para a colônia penal britânica. 
Os aborígines resistiram à ocupação, mas os britânicos dizimaram grande parte deles e conseguiram expulsá-los para o interior. Com o tempo, os ingleses tomaram posse das terras, enviando homens livres para colonizá-las. As terras foram declaradas de domínio da Coroa inglesa, que as dividiu em seis colônias.

População 


Resultado da colonização inglesa, a população australiana, estimada em cerca de 24,9 milhões pelo Australian Bureau of Statistics em 2018, é formada por descendentes de europeus, por imigrantes de várias nacionalidades, que compõem 5% desse total, e por aborígines, cerca de 1% da população total. Ainda hoje os aborígines são discriminados na sociedade australiana. 
A maioria vive em áreas afastadas, e os que habitam as grandes cidades recebem sa lários até três vezes mais baixos do que os dos brancos, além de sofrer com o desemprego e viver em condições precárias. 
Como grande parte da Austrália é dominada pelos climas árido e semiárido, a maioria da população australiana vive na costa leste do país, onde ficam as cidades de Sydney e Melbourne. 
Em razão do número relativamente reduzido de habitan tes, o governo incentiva a imigração de profissionais, sendo, portanto, encontradas pessoas de diversas nacionalidades no país, como ingleses, irlandeses, escoceses, italianos, alemães, chineses e indianos.
A Austrália apresenta excelentes indicadores de saúde, educação e renda. Em 2017, o país estava na terceira posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), atrás somente da Noruega e da Suíça.

Economia 


No território australiano, as atividades industriais e agropecuárias estão presen tes, mas a maior parte da economia do país é representada pelo setor de serviços. A produção de bovinos e de ovinos é importante no país e ocupa grande parte do território australiano.
A Austrália está entre os maiores expor tadores de carne do mundo, e parte dessa produção segue para países europeus. Entre os produtos agrícolas, o trigo é o de maior destaque, sendo um item relevante nas exportações da Austrália. 
O cultivo da cana-de-açúcar também é importante, destinando-se ao mercado interno, para a produção de açúcar. Apenas 10% do território apresenta áreas agricultáveis, mas o uso de tecnologias moder nas permite uma produção elevada.

Turquia: entre o Oriente Médio e a Europa


Assim como a Rússia, a Turquia também descende de um importante império do passado. Trata-se do Império Otomano, cujo núcleo se concentrava nos limites territoriais turcos atuais.

Território e população


Com um território de 774 820 km2, a Turquia está em uma posição estratégica, pois permite a ligação terrestre entre a Europa e o Oriente Médio por meio de pontes sobre o estreito de Bósforo.
A Turquia possuía cerca de 80 milhões de habitantes em 2016, de acordo com o Banco Mundial. Nas últimas décadas, a população turca vem apresentando uma redução das taxas de natalidade e sua pirâmide reflete um país em transição demográfica.
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, a expecta tiva de vida ao nascer na Turquia era de 75,5 anos. Quanto à escolaridade, a média de anos de estudo era de 7,9 anos, ou seja, menos que o necessário para concluir o Ensino Fundamental, que, em geral, é de 8 anos. Apenas 43,5% das mulheres haviam concluído o Ensino Médio, enquanto entre os homens esse indicador che gava a 64,8%.
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, a expectativa de vida ao nascer na Turquia era de 75,5 anos. Quanto à escolaridade, a média de anos de estudo era de 7,9 anos, ou seja, menos que o necessário para concluir o Ensino Fundamental, que, em geral, é de 8 anos. Apenas 43,5% das mulheres haviam concluído o Ensino Médio, enquanto entre os homens esse indicador chegava a 64,8%.

Principais cidades


Cerca de 72% da população turca era urbana em 2016, de acordo com o Banco Mundial. Istambul, a maior cidade do país, com cerca de 13,5 milhões de habitantes na área metropolitana, é dividida pelo estreito de Bósforo. Uma pequena parte de seu território está localizada na Europa e a outra parte, na Ásia, o que dá à cidade um caráter muito particular.
Ancara, com 4,5 milhões de habitantes, é a capital da Turquia e sede do governo e do poder de Estado. Istambul é o polo econômico e cultural do país.

Atividades econômicas

Os produtos que a Turquia exporta são bastante diversificados, o que constitui uma vantagem para o país, pois, se algum item tem seu preço diminuído, outro pode compensar com uma eventual valorização.
Em 2016, a Turquia era a 29a maior economia de exportação do mundo. Ouro, carros, caminhões e peças de veículos eram seus principais produtos de exportação, cujos principais destinos eram Alemanha, Reino Unido, Itália e Estados Unidos.
Por causa das condições naturais do território turco, apenas 35% das terras são aráveis e quase 20% das terras cultivadas são irrigadas. As frutas representam mais de três quartos dos produtos agrícolas. A Turquia é o maior produtor mundial de damascos, avelãs e figos. Também merece destaque a produção de azeitonas, uvas e trigo.
Rússia e Turquia têm uma posição geográfica estratégica que permite a ligação terrestre entre a Europa e a Ásia.

Rússia: política e economia

A Rússia é herdeira de um enorme território, que se estende da Ásia à Europa. Ela foi formada pela conquista de terras pelos czares, muitas vezes com o uso de violência.
Parte do território russo está localizada na Europa e outra, na Ásia. Essa loca lização deixou o país em uma posição estratégica, já que ele pode ser um dos caminhos para uma maior integração terrestre entre os dois continentes. 
Entre 1922 e 1991, a Rússia foi parte de um país mais extenso, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou apenas União Soviética, que levou sua influência a pontos mais afastados da capital, Moscou, em direção à Europa. Ape sar da presença de outras culturas e povos, os russos praticamente dominavam culturalmente a União Soviética.

A União Soviética 


Com a Revolução Russa de 1917, que transformou radicalmente a estrutura social da Rússia, os czares foram expulsos do poder e os revolucionários assumiram o controle do Estado. Teve início um novo período que resultou na formação da União Soviética, em 1922. 
Durante quase trinta anos, a economia da União Soviética foi regida pelos Planos Quinquenais, estabelecidos a cada cinco anos pelo poder central. Por meio deles as atividades econômicas eram planejadas. 
O setor agrícola foi organizado em cooperativas e em fazendas do Estado. Já o setor industrial priorizou as indús trias de base, para depois focar na produção de bens necessários à população. Esse sistema permitiu ao país equipar-se militarmente e participar ativamente da Segunda Guerra Mundial.
A União Soviética rivalizou com os Estados Unidos entre o fim da Segunda Guer ra Mundial e o começo da década de 1990, período da Guerra Fria, como já foi abor dado. Essas duas potências disputavam o desenvolvimento de novas armas e a con quista do espaço, caracterizando uma corrida armamentista e uma corrida aero espacial. 
Além disso, procuravam influenciar países e atraí-los para seus interesses. A União Soviética mostrava-se como uma alternativa de poder até começar a enfrentar problemas de abastecimento de alimentos, o que gerou revoltas e, com outros fatores, culminou em sua desintegração, em 1991. 

A Comunidade dos Estados Independentes 


Para manter a articulação econômica entre os antigos integrantes da União Soviética, formou-se a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que repre sentou uma solução para que os países não fossem desabastecidos repentinamen te, já que suas economias eram complementares. 
A CEI reunia as antigas repúbli cas da União Soviética, com exceção de Estônia, Letônia e Lituânia. Com o passar do tempo, o bloco passou a ter outros objetivos políticos e econômicos.
De início, os critérios de integração que sustentavam a CEI foram efetivos, mas, aos poucos, disputas econômicas e geopolíticas entre a Rússia e os outros membros comprometeram a unidade do bloco. Em 2005, o Turcomenistão deixou de ser um membro pleno para tornar-se um membro associado; em 2009, a Geórgia abandonou o bloco. 
A Ucrânia, embora não costume comparecer a cúpulas e reuniões da CEI, continuou formalmente como membro da organização. Seu afastamento se deu a partir de 2014, em razão de graves conflitos com a Rússia.

O retorno da Rússia 


Desde o fim da União Soviética, a Rússia passou por várias transformações, o que leva muitos estudiosos a apontá-la como uma nação emergente, que consegue influenciar outros países, além de promover melhorias na qualidade de vida de sua população. 
A herança de parte dos armamentos da antiga União Soviética, o elevado potencial de recursos naturais e a postura geoestratégica do governo nas últimas duas décadas têm confirmado o destaque russo no mundo atual. 
O território russo é o maior do mundo, com 17 075 200 km2. A extensão de sua costa é de 37 653 km. Porém, estima-se que apenas 8% dessas terras sejam cultiváveis em razão dos invernos rigorosos e de grandes áreas com perma frost, tipo de solo que permanece congelado por longos períodos.

Indicadores sociais 


Para um país que, de algum modo, esteve no comando de ações internacionais durante anos, a situação social da Rússia poderia ser melhor. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a expectativa de vida ao nascer na Rússia era de 70,3 anos, mais baixa que a de países como o Canadá, por exemplo. Quanto à escolaridade, a média do período de estudo era de 12 anos. 
Entre as mulheres com mais de 25 anos de idade, 89,6% concluíram ao menos o Ensino Médio, percentual que sobe para 92,5% no caso dos homens, para a mes ma faixa etária e nível escolar. 
Os homens estavam mais presentes no mercado de trabalho: 71,7% do total da população masculina trabalhava, enquanto 56,6% das mulheres estavam empregadas. As mulheres representavam, na época, apenas 14,5% do Parlamento, enquanto na Suécia, por exemplo, elas ocupavam 43,6%. Ainda de acordo com o PNUD, em estimativa divulgada em 2018, a Rússia es tava na 49a posição entre os países do mundo quanto ao Índice de Desenvolvimen to Humano (IDH), apresentando a pontuação de 0,816, considerada muito alta.

Atividades econômicas 


Apesar do rigor das baixas temperaturas, predominante no território russo, as exportações agrícolas têm aumentado nos últimos anos, segundo o Ministério da Agricultura do país. Mesmo assim, os produtos de origem agropecuária represen tam apenas cerca de 6% das exportações do país, destacando-se: cereais, açúcar, batatas e carnes de frango e suína. 
A Rússia ocupa uma posição importante no mundo como grande fornecedora de fontes de energia e de recursos naturais, em especial o petróleo e o gás natural. Para escoar essa produção – incluindo o fornecimento para a Europa ocidental –, o território russo apresenta uma ampla rede de oleodutos e gasodutos.

Conflitos entre a Rússia e Ucrânia


Nos últimos anos, graves conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, que também envolvem interesses da União Europeia (UE), têm ganhado repercussão mundial. Em 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, anunciou a intenção de romper negociações para a associação do país à União Europeia e de promover maior aproximação econômica com a Rússia. 
Contudo, grande parcela da população ucraniana era pró-União Europeia e não concordou com esse novo posicionamento do governo, dando início a intensos e prolongados protestos. Nas manifestações, prédios públicos foram destruídos e os embates com as tropas do governo causaram inúmeras mortes. Yanukovych foi deposto e se exilou na Rússia em 2014. 
A parcela da população ucraniana que apoiava a aproximação com a Rússia, por sua vez, posicionou-se contra a deposição de Yanukovych e também iniciou protestos na porção leste do país e na Crimeia. 
A Crimeia é uma república autônoma que pertencia à Ucrânia. Seu território está localizado em uma península no mar Negro, que é o único acesso de território ucraniano ao mar Mediterrâneo e, por isso, é de grande importância estratégica, abrigando uma importante base naval russa, além de ser cortada por gasodutos e possuir importantes reservas de gás.
A maioria da população da Crimeia é de etnia russa e se manifestou contra a deposição de Yanukovych e a favor da associação com a Rússia. 
Em março de 2014 foi realizado um referendo no qual mais de 96% dos votantes decidiram que a Crimeia deveria se separar da Ucrânia e ser anexada à Rússia  O resultado deu ao governo de Moscou a legitimidade de que necessitava para controlar completamente a península e ampliar sua área de influência estratégica. 
Porém, o referendo e a anexação da Crimeia não foram reconhecidos pelo governo da Ucrânia, tampouco pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que julgaram a manobra uma agressão internacional e, em retaliação, impuseram um bloqueio econômico à Rússia. 
Em maio de 2014 foi eleito um novo presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko. Entre suas primeiras ações estava a assinatura de um acordo de livre-comércio com a União Europeia. 
Esse fato gerou forte reação do governo russo, que ameaçou cortar o fornecimento de gás à Ucrânia no inverno. No mesmo mês, os estados ucranianos de Donetsk e Luhansk, localizados no extremo leste do país, realizaram referendos. Os resultados também apontaram a separação de ambos os estados e sua anexação à Rússia. 
O governo ucraniano reagiu, o que resultou em uma guerra civil, na qual os rebeldes se paratistas pró-Rússia se confronta ram com as tropas do governo, que lutavam para garantir a integridade do território ucraniano.
Assim, a Ucrânia tem sido, nos últimos anos, palco de disputas entre União Europeia e Rússia por ampliação de suas áreas de influência econômica e geopolítica. 

Parlamento Europeu

É a instituição parlamentar da União Europeia, composta de representantes políticos dos países-membros do bloco, escolhidos por meio de eleição direta, a cada cinco anos. Alguns historiadores identificam na união de Bélgica, Países Baixos e Luxembur go, em 1944, que resultou no Benelux – da sigla composta dos nomes desses países, em que a sílaba “ne” corresponde a Países Baixos (Netherlands, em inglês) –, a pri meira organização que inspirou a criação da União Europeia.
Outro momento importante rumo a uma maior cooperação entre países eu ropeus ocorreu em 1952, ano de criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), resultado de um tratado assinado em Paris (França) que reuniu Alema nha, Bélgica, França, Países Baixos, Itália e Luxemburgo. Esses países decidiram não cobrar as taxas de importação e exportação sobre o comércio de carvão e aço quando as transações fossem entre eles.
Em 1957, os seis países que formaram a Ceca criaram o Mercado Comum Eu ropeu, também chamado de Comunidade Econômica Europeia (CEE), que previa, entre outras medidas, a liberação do fluxo de trabalhadores entre seus integrantes. Em 1973, mais três países ingressaram na CEE: Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.
Em 1981 foi a vez da Grécia. Cinco anos mais tarde, Espanha e Portugal passaram a ser membros do bloco, constituindo a “Europa dos doze”. Em 1985, França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo decidiram eliminar o controle das fronteiras comuns, facilitando o fluxo de pessoas. Era o começo do Espaço Schengen.
Em uma reunião dos países-membros do Mercado Comum Europeu realizada em 1993, redefiniu-se esse nome para União Europeia e foi criada uma moeda comum, o euro. Seis anos depois, o euro já era usado em transações comerciais, mas só em 2002 chegou como dinheiro circulante (cédulas e moedas) nos países que o aceitaram como moeda, criando-se a zona do euro.
Outras decisões tomadas naquela reunião foram a permissão para a livre cir culação de cidadãos europeus entre os países-membros; estímulo à livre circulação de mercadorias entre os países do bloco; criação do Banco Central Europeu, loca lizado em Frankfurt (Alemanha) para fiscalizar as contas dos países-membros.
A partir daí, a União Europeia viu seu grupo de países crescer. Em 1995, ingres saram a Áustria, a Finlândia e a Suécia. Dez países se tornaram membros em 2004: Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca. Em 2007, entraram para o bloco a Bulgária e a Romênia. A Croácia passou a fazer parte da União Europeia em 2013.
O Parlamento Europeu é formado por 751 deputados, que elegem o presiden te da Comissão Europeia, a instituição responsável por formular políticas e pro postas de leis e por aplicar a legislação da União Europeia. No Parlamento se discutem, desde 2009, ano em que o Tratado de Lisboa passou a vigorar, o orça mento e a política agrícola do bloco. Outra questão em debate diz respeito à crise migratória.

Espaço Schengen

O Acordo de Schengen, firmado em 1985, facilitou o fluxo de pessoas entre países europeus. Ele foi assinado na cidade de Schengen (Luxemburgo), que se localiza próximo à tríplice fronteira entre Alemanha, França e Luxemburgo. Inicialmente, esses três países, além de Bélgica e Países Baixos, concordaram em fortalecer suas fronteiras externas e em eliminar o controle interno. Isso tornou mais simples a vida de sua população e de turistas, que não necessitavam mais apresentar documentos para circular entre eles. Aos poucos, outros países aceitaram os termos do acordo e passaram a fazer parte dessa área de livre circulação de pessoas, o Espaço Schengen.
Em 1999, o Acordo de Schengen foi integrado à União Europeia, mas nem todos os seus membros aderiram completamente a ele. O Reino Unido e a Irlanda não aceitaram as normas e ainda exigem docu mento de identidade dos europeus, mas concordaram em trocar informações com os demais países, prin cipalmente relativas a segurança e controle do terrorismo. Por outro lado, há países que não fazem parte da UE, mas integram o Espaço Schengen, como Islândia, Suíça e Noruega. O acordo também prevê que, em situações excepcionais, alguns países retomem o controle fronteiriço temporariamente.

domingo, 7 de dezembro de 2025

Conferências sobre Meio Ambiente

Aos poucos, os temas ambientais foram ganhando importância no debate entre países. Em 1972, ocorreu a primeira reunião da ONU dedicada exclusivamen te a esse assunto. Trata-se da Conferência sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia). Naquela época, a poluição do ar estava entre as maiores preocupações dos participantes dessa conferência. Também havia interesse em tratar do acesso aos recursos naturais.
Nessa primeira grande conferência da ONU dedicada ao tema ambiental, os países mais ricos propuseram aos mais pobres o crescimento zero, baseados em estudos que indicavam que os recursos naturais do planeta seriam insuficientes para dar a toda a população humana condições iguais de consumo. 
Isso gerou uma resposta clara dos países mais pobres, que recusaram a proposta e reivindicaram o direito ao desenvolvimento. Por isso, esse debate ficou conhecido como Zeristas versus Desenvolvimentistas. Os países então reunidos decidiram criar um órgão da ONU para cuidar das discussões internacionais ambientais: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

PNUMA 


Criado em 1972, o PNUMA (figura 16) começou a funcionar no ano seguinte, mas só teve uma sede definitiva em 1984, em Nairóbi (Quênia). A criação do PNUMA permitiu o surgimento da ordem ambiental internacional, um conjunto de tratados internacionais que buscaram regular as ações humanas sobre o ambiente. 
Entre as atividades do PNUMA está a produção de relatórios que ajudam a conhecer a situação do mundo em relação a assuntos ligados ao meio ambiente, como os desastres ambientais – que acontecem devido a secas prolongadas ou a períodos de chuvas que causam deslizamento de terra e inundações. 
Também são produzidos estudos sobre a conservação da biodiversidade e sobre o acesso à água doce de qualidade pela população mundial. Além disso, são produzidos guias que incentivam a adoção de práticas para um uso mais eficiente dos recursos naturais. 
Desde então, houve um importante crescimento da quantidade de acordos internacionais com o objetivo de tentar controlar a degradação ambiental, orga nizados a partir do PNUMA.

Da Rio-92 à Rio+20 


Durante 20 anos, uma série de conferências foi realizada para discutir temas ambientais. Diferentemente da reunião de Estocolmo (Suécia), nesse período, as discussões não culparam a pobreza pela degradação ambiental, mas, sim, o modelo de produção capitalista, que necessita de matéria-prima constantemente para produzir as mercadorias. Essa maneira de produzir consome bastante energia, além de gerar muito descarte rapidamente, o que causa sérios impactos ambientais.

Rio-92 


Em 1992, mais de 170 países participaram da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92, por ter sido realizada no Rio de Janeiro (RJ). O evento também recebeu o nome de Eco-92. Pela primeira vez em reuniões da ONU, as ONGs também puderam participar como membros das delegações dos países presentes. Essa conferência foi influenciada por uma ideia divulgada um pouco antes, em 1987: o desenvolvimento sustentável, que é uma forma de produzir mercadorias sem esgotar os recursos naturais atuais para que as gerações futuras também possam usufruir desses recursos. Esse desafio ainda não foi alcançado.
O evento no Rio de Janeiro visava elaborar um plano de ação para recuperar o planeta da degradação ambiental e que deveria ser aplicado até o ano 2000. Ele ficou conhecido como Agenda 21. Mais duas declarações resultaram do evento no Brasil: a Declaração de Florestas, na qual os países afirmaram que manteriam as florestas, e a Declaração do Rio, que firmava o compromisso dos países em manter o planeta em condições de ser habitado pelas gerações futuras. Aproveitando a reunião de líderes e chefes de Estado, foram assinados mais dois acordos muito importantes: a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

Convenção sobre Diversidade Biológica 


A Convenção sobre Diversidade Biológica estabeleceu que a conservação da biodiversidade é importante para garantir a reprodução das espécies e de suas relações. Além disso, ela é a base da engenharia genética. 
De nada adianta ter conhecimento para manipular genes se não existirem seres vivos que possam ser utilizados em estudos e experiências que favoreçam a pesquisa e a descoberta de novos remédios, alimentos e materiais. 
Por isso, esse tratado internacional estabeleceu que, caso alguma tecnologia ou produto venha a ser gerado a partir de um ser vivo que existe em um país, o país que o desenvolveu deve repassar o conhecimento àquele que mantém a in formação genética em uma área natural. Ou seja, o país que detém a informação genética deve receber a tecnologia desenvolvida a partir dela. 
Também foi estabelecido que o conhecimento associado de comunidades tradicionais locais, que vivem em áreas protegidas, como povos indígenas, qui lombolas e caiçaras, deve ser reconhecido no processo de desenvolvimento tecnológico e, por isso, ser remunerado de algum modo. 
Depois da Rio-92, ocorreram novas rodadas de discussão sobre a ordem am biental internacional. No caso da biodiversidade, um dos resultados do encontro dos países-membros da Convenção foi o Protocolo de Biossegurança, assinado no ano 2000, em Cartagena (Colômbia). Esse documento estabeleceu normas para o transporte de organismos geneticamente modificados, que devem ser obede cidas pelos países que adotaram o Protocolo. 
Outro documento importante foi definido em 2010, em Nagoya (Japão). Trata-se do Protocolo de Nagoya, que regulamentou como será a participação dos países nos benefícios que resultem da utilização de recursos ge néticos, o que interessa diretamente às comunidades tra dicionais, as maiores beneficiadas com essa decisão. 
Por exemplo, se um laboratório desenvolver um remédio utilizando o conhecimento de uma comunidade tradicional, ela deverá ser paga. Mas como será esse pagamento? Não é simples definir, já que algumas comunidades não usam o dinheiro para expressar valor e outras têm mais de um líder, o que não deixa claro a quem pagar o benefício. Enfim, o debate vai continuar por mais alguns anos para tentar resolver esses impasses. 

Convenção sobre Mudanças Climáticas 


Controlar as emissões de gases que aumentam o efeito estufa é o principal objetivo da Convenção sobre Mudanças Climáticas. De acordo com o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (International Panel of Climate Change – IPCC), órgão assessor da Convenção, para conter o aquecimento global, é preciso diminuir a emissão dos gases que retêm calor. 
Isso gerou um impasse, pois tornou-se necessário definir quais países deveriam reduzir a emissão deles. Esse documento reconheceu que os países que mais lan çaram gases de efeito estufa na atmosfera no passado deveriam ser os primeiros a reduzir a emissão deles. 
Desse modo, países que ainda estavam em uma situação econômica e social inferior poderiam ter a oportunidade de melhorar as condições da população, o que, segundo os modelos de desenvolvimento econômico atuais, implica aumentar a emissão de gases de efeito estufa. 
Para gerar emprego e renda, é preciso aumentar a atividade econômica, o que leva à necessidade de aumentar a produção de energia, uma das fontes de emissão desses gases. Em 1997, foi assinado o Protocolo de Quioto, resultado de uma reunião na cidade de Quioto (Japão). Esse protocolo confirmou o princípio adotado na Convenção sobre Mudanças Climáticas e determinou aos países que se industrializaram primeiro que reduzissem as emissões de gases de efeito estufa entre 2008 e 2012. 
Os Estados Unidos não concordaram com o Protocolo e não o ratificaram, ficando sem a obrigação de diminuir as emissões desses gases. Os países da União Europeia assumiram outra posição e concordaram em reduzir as emissões. 
Na conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP18) em Doha (Catar), em 2012 (figura 22), ficou decidido que o Protocolo de Kyoto terá seu período de funcio namento prorrogado até 2020. Em 2015, na COP21, foi assinado o Acordo de Paris, que entrará em vigor a partir de 2020. 
O principal objetivo do acordo, ratificado por 195 membros da Convenção do Clima da ONU e a União Europeia, é manter o aquecimento global “mui to abaixo dos 2 oC”. Segundo cientis tas ligados à ONU, se o aquecimento global chegar aos 2 oC, o planeta estaria condenado a um “futuro sem volta”, com eventos que vão prejudicar a economia e a sociedade, como mudanças climáticas extremas e escassez de água.
O texto do acordo também diz que todos os países do mundo devem fazer esforços para limitar o aumento da temperatura global a até 1,5 oC. Os pontos do acordo também deverão ser revisados a cada cinco anos e os países desenvolvidos, em um primeiro momento, vão investir 100 bilhões de dólares por ano em medidas de combate à mudança climática e de adaptação dos países em desenvolvimento. Porém, para garantir a participação dos Estados Unidos no acordo, apenas alguns pontos do documento terão força de lei internacional, sendo os outros pontos de cumprimento voluntário. Mesmo assim, em 2017, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída dos Estados Unidos do acordo, alegando que só voltaria a integrá-lo quando houvesse cláusulas econômicas que ele considerasse justas ao país.

Rio+20 


Em 2012, foi realizada uma reunião no Rio de Janeiro (RJ), a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, também chamada de Rio+20, que teve como meta discutir a adoção de um modelo de desenvolvi mento econômico, denominado economia verde, capaz de: 

•não esgotar recursos naturais para que gerações futuras possam utilizá-los; 
•promover, ao mesmo tempo, a inclusão social de parcelas pobres da popu lação sem que elas esgotem ainda mais as reservas naturais. 

Pensar em formas de produção que gerem poucos impactos ambientais e promovam o acesso dos mais pobres a uma vida melhor é bastante complexo. Com a globalização, em geral, aumentam as dificuldades para conseguir emprego e a riqueza fica concentrada, o que resulta em elevado nível de desemprego, até mesmo de mão de obra qualificada, como se verifica atualmente em países como Espanha e Grécia. 
Na Rio+20, pela primeira vez na história da ONU, um cidadão pôde se mani festar diretamente, sem precisar estar vinculado à delegação de um país ou ser membro de uma ONG. 

Divisão do espaço europeu

Adotamos a divisão do continente em Europa ocidental e Europa oriental, considerando o critério socioeconômico. A Europa ocidental engloba o...