domingo, 16 de novembro de 2025

AS TROCAS CULTURAIS NA GLOBALIZAÇÃO


O começo do processo de mundialização se dá a partir do momento em que diversos locais do mundo passaram a ser conhecidos em escala global. Esse processo ocorreu a partir dos séculos XV e XVII e é marcado pela expansão das redes econômicas dos impérios europeus e asiáticos para a África, a América e a Oceania em busca de novos produtos para comercialização e expansão territorial. Além da comercialização das mercadorias e da disputa pela predominância econômica, o contato entre os diferentes povos, por meio das invasões de novos territórios, resultou na impo sição da cultura dos colonizadores. Os mosaicos formados pelos azulejos mouriscos, por exemplo, foram importados por Portugal durante o século XV, uma das heranças adquiridas após as Conquistas Árabes (VIII-XII). Praticamente todo o território espanhol e português foi tomado pelos árabes, e, por centenas de anos, a cultura moura influenciou os padrões arquitetônicos e outros aspectos culturais. Esses aspectos foram incorporados pela cultura portuguesa e nos países onde houve processo de colonização, que estão evidentes em algumas construções em países como Brasil e Moçambique, por exemplo.

A globalização é o fenômeno que resulta dessa intensa integração entre os aspectos eco nômicos, sociais e culturais dos diferentes lugares do mundo, o que possibilita reduzir distâncias entre eles. As trocas culturais ficaram cada vez mais intensas em decorrência dos avanços das tecnologias de transporte e comunicação, assim como o aumento dos fluxos financeiros. As transformações nas tecnologias de comunicação, por exemplo, permitem-nos enviar e receber mensagens em tempo real, de qualquer lugar do mundo. Além disso, possibilitam a disse minação de produções artísticas, como filmes, séries e músicas, de diferentes países, contribuindo para a difusão de características culturais e modos de vida nos diferentes lugares do mundo. Analise a imagem a seguir. Os cabos submarinos permitem a troca de informações e energia e conectam territórios como Estados Unidos, China e o continente europeu, onde há a expansão dos grandes empreendimentos finan ceiros e tecnológicos. Outra importante caracterís tica da globalização é a organização espacial produtiva. Atualmente, as multinacionais possuem unidades em diferentes lugares do mundo, com o objetivo de diminuir os custos de produção e aumentar os lucros. Assim, as empresas passam a ter influência não apenas em seu país de origem, expandindo seu fluxo de produtos e capitais em escala global.

Na Divisão Internacional do Trabalho, há países que produzem matéria-prima e há outros que são industrializados e fornecem produtos manufaturados. O Brasil, por exemplo, exporta majo ritariamente produtos agrícolas e minérios e importa tecnologia de outros países. Assim, embora a globalização possibilite a intensificação das trocas culturais e tecnológicas, também contribui para o aumento das desigualdades entre os países, tendo em vista que eles apresentam diferentes níveis de influência econômica, política, militar e cultural em escala global. A seguir, vamos conhecer alguns exemplos de trocas culturais na globalização.

A influência cultural estadunidense


Os Estados Unidos, além de serem uma potência política, econômica e bélica, são também uma potência cultural da indústria do entretenimento. Os Estados Unidos não apenas influenciam, mas fazem escola no cinema, nas histórias em quadrinhos, nos pro gramas de televisão, entre outros. A partir da segunda metade do século XX, os Estados Unidos têm ampliado sua influência impe rialista, tanto no campo da política e da economia, quanto na cultura. Eles foram responsáveis pelos empréstimos para reestruturação econômica dos países europeus pós Segunda Guerra Mundial, dolarizando a economia mundial. Assim, os Estados Unidos passaram a exercer influência nos costumes, hábitos e estilos de vida, principalmente por meio da indústria cinematográfica e televisiva. Um exemplo são as constantes propagandas sobre o modo de vida estadunidense, conhecido como American Way of Life. A indústria cinematográfica foi o principal meio de propaganda dos aspectos culturais estadunidenses, passando uma imagem idealizada de suas condições de vida. A presença da cultura estadunidense no mundo pode ser percebida de diversas formas, como a adoção de palavras e expressões da língua inglesa, os hábitos de consumo e a organização pro dutiva em vários países. Esses valores foram aos poucos sendo consolidados nos países da América Latina e em outros no mundo. Na imagem podemos observar pessoas em Dubai, consumindo em um restaurante fast-food, uma característica da cultura estadunidense mais difundida no mundo.

Atualmente, a preocupação dos Estados Unidos em manter seu status de maior potência bélica e econômica mundial é intensificada com a bipolarização causada pelo crescimento econômico e bélico da China, colocando-a como nova potência mundial.

A globalização e o rap


Com a globalização, o rap se disseminou por vários lugares do mundo, incorporando, em seu estilo, características locais. A desterritorialização das culturas faz com que, mesmo estando espacialmente separados, os jovens de vários lugares do mundo criem novas identificações. Um dos exemplos dessas novas identificações pode ser localizado no movimento hip hop como um todo e mais especificamente no rap. Os meios de comunicação, a indústria fonográfica, a televisão a cabo e a internet, especialmente, tornaram-se os canais de “reunificação” das identidades culturais que se formam sem que o território da nação seja sua referência exclusiva. Com isso, outras identidades se sobrepõem de maneira cada vez mais contundente: a negra, a jovem, a excluída, a periférica. O movimento hip hop pode ser considerado exemplo desse processo de globalização das culturas que tem como corolário a ideia de desterritorialização e a reunião daquilo que está ter ritorialmente separado através da comunicação. O rap surgiu como uma música dos jovens negros dos bairros periféricos dos Estados Unidos, no final da década de 1970, e logo foi apropriado por jovens negros, mestiços e excluídos das periferias de todo o mundo. “Periferia é periferia em qual quer lugar” é o título de uma canção do grupo de rap brasileiro Racionais MC’s e resume a ideia de que em qualquer periferia, qualquer jovem negro e/ou excluído está submetido às mesmas e precárias condições de vida.

No caso do Brasil, em particular, forma e conteúdo se adaptam à realidade cul tural brasileira, onde os sons do samba, baião, embolada e outros gêneros musicais produzidos pelos grupos negros e mestiços são incorporados ao som do rap, seja na batida – como base para os scratching ou nos samplers – seja nas letras, com a presença de elementos da cultura negra nacional, como Zumbi dos Palmares.

Hallyu: a onda cultural sul-coreana


A partir dos anos 2000, com a expansão do acesso à internet e às redes sociais, o consumo dos k-dramas (séries coreanas) e do k-pop (gênero musical produzido no país) vem aumentando exponencialmente em diversos países. Essa divulgação da cultura coreana é chamada de Hallyu, a “onda coreana”. É possível notar, por exemplo, a maior presença dessas produções em grandes plataformas de streaming do mundo todo.

Além do cinema e da música, outros produtos como cosméticos, jogos de vídeo game, roupas e alimentos, por exemplo, também sofreram um aumento das impor tações em decorrência da Hallyu. No gráfico a seguir, podemos analisar os produtos culturais da Coreia do Sul que são mais consu midos em outros países.

A xenofobia contra as produções sul-coreanas


Com a difusão do cinema sul-coreano, houve o aumento de discursos de ódio e xenofobia contra várias produções do país asiático. Assim como no cinema, grupos famosos de k-pop presenciam e relatam situações em que sofrem com tal violência. Nas adaptações feitas pela indústria cinematográfica de Hollywood, muitas vezes as características culturais de outros países são apagadas em detrimento da cultura estadunidense. No entanto, o mesmo não acontece quando a indústria cinematográfica da Coreia do Sul produz seus remakes de grandes produções de outros países.

sábado, 15 de novembro de 2025

OS SISTEMAS COLONIAIS


Os cinco principais impérios europeus (britânico, francês, português, espanhol e neerlandês) consolidaram-se principal mente em decorrência do desenvolvimento de tecnologias de navegação; suas embarcações transportavam mercadorias na rota marí tima eurasiática, conectando o Sul e o Sudeste Asiático com os principais centros da Europa. Assim, o enriquecimento comercial dos países europeus se deu com base no controle dos fluxos comerciais de produtos alimentares e matérias-primas. Os fluxos comerciais contribuíram para a ampliação das cidades e dos territórios europeus. Um dos objetivos dessa expansão era o acúmulo de capital, com a exploração de minerais e especiarias, o que resultou na colonização de diversos territórios. Além da exploração dos recursos naturais, os impérios europeus impunham suas práticas culturais e seus modos de vida em suas colônias. Essas imposições culturais tiveram início no século XI, com as Cruzadas, e se intensifi caram no século XV, com as Grandes Navegações, e no século XVIII, com o aumento das trocas comerciais e culturais.

Como resultado da expansão dos mer cados e territórios, ampliou-se a influência das cidades e alteraram-se as dinâmicas de circulação de mercadorias e pessoas, com consequente aumento da circulação de capital. As cidades passaram a ser centros de distribuição de mercadorias e de infor mações sobre o que acontecia em outras partes do mundo, como retrata a obra de arte O mercado de vegetais, de Hendrick Sorgh. As informações, nesse período, eram tão importantes quanto as mercadorias, e muitas delas foram cartografadas como conhecimentos relevantes para os Estados ampliarem seus territórios e os fluxos econômicos.

AS COLÔNIAS FRANCESAS


O processo de desenvolvimento do sistema colonial francês iniciou-se com a fundação do Porto Real (1605) na província de Nova Escócia, na costa canadense, para consolidar o cultivo de tabaco e interferir na estratégia inglesa de dominação da América do Norte.

Os franceses fundaram novos portos marítimos ao longo da costa oeste africana, como no Senegal, em 1624. Anos mais tarde, assentaram-se sobre os territórios asiáticos nas atuais regiões indianas de Bengala e Pondicherry (1673), Yanam (1723), Mahe (1725) e Karaikal (1739) e passaram a exercer enorme influência nas ilhas africanas Bourbon (1664), Maurício (1718) e Seychelles (1756), e nas centro-americanas do Haiti, Guadalupe, Martinica, Granada e Guiana. A ação da colonização francesa indica a magnitude das ocupações por praticamente todas as regiões continentais. Analise o mapa a seguir, que representa as colônias francesas entre os séculos XVI e XX.

O movimento de apropriação territorial francês foi intenso, agressivo e expansivo. O projeto territorial era aproveitar ao máximo o acesso a novas manufaturas e mercadorias. Na América, destacou-se pela produção de peles e peixes, na região dos grandes lagos canadenses; tabaco e corante, no atual estado estadunidense da Louisiana; e açúcar e rum, nas ilhas da América Central. Na África, exploravam marfins e o trabalho escravizado. O principal núcleo comercial existente era entre Europa e os demais territórios: Ásia, na conexão manufatureira de sedas com a Turquia; Pérsia, comercializando ornamentos têxteis, sedas e tapeçarias; e Península Arábica, vendendo café, na cidade de Mokha, e pérolas, extraídas no Golfo Pérsico. Outras conexões de destaque eram a Índia, nas trocas de produtos como sedas, gemas, algodão, canela, tintas e búzios; e a China, ao fornecer corantes, perfumes, ervas, sedas, porcelanas e chás. Essas redes comerciais do Império Francês formavam a relação de produção que determinava seu poder econômico. Quanto mais um império criasse núcleos de trocas, mais poderia operar em diversos territórios e assegurar os recursos neles situados, além de participar da economia global mente, influenciando na definição de preços e no controle das economias de outros territórios.

AS COLÔNIAS BRITÂNICAS


As ocupações britânicas são muito semelhantes às francesas. Ao todo, seu domínio colonia lista englobou mais de 33,7 milhões de quilômetros quadrados, mais que a extensão dos impérios russo e mongol, por exemplo. O início do desenvolvimento de um sistema colonial britânico – no período do Rei Jaime I (1603-1625) – ocorreu por volta de 1606, com a fundação da Companhia Britânica das Índias Orientais e da Companhia Londrina da Virgínia. Impulsionada pelas novidades das técnicas, do desenvolvimento científico e da organização da produção e das relações de trabalho no período da Primeira Revolução Industrial, a Inglaterra assumiu posição de liderança no movimento de integração mundial na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Esse processo resultou em sua influência mundial, na economia e no processo de colonização, em função de suas necessidades de matéria-prima para abastecer as fábricas.

A exploração britânica compreendia todos os continentes do globo e anexou fornecedores de matérias-primas fundamentais, como minérios e alimentos. No continente americano, esse processo se deu com a fundação das 13 colônias, a partir das Companhias Londrina da Virgínia e Companhia de Plymouth. Nesses territórios predominavam a produção de tintas e tabaco (sul) e de peles e peixes (norte); na América Central, predominava a produção de rum, açúcar, tabaco e pau-campeche. As terras africanas foram exploradas, inicialmente, para fins de escravização e de exploração de marfins. O centro comercial do mundo, composto por Índia, China e Indonésia, fornecia mercadorias como ópio, especia rias (cravo, açafrão, canela, anis), aço, sedas, pedras preciosas, algodão, tintas, búzios, corantes, perfumes, ervas, sedas, porcelanas e chás.

A OCEANIA E A ECONOMIA AUSTRALIANA


O Pacífico Oriental e a Oceania constituíram-se como uma região tardiamente colonizada (entre os séculos XVIII e XIX), sendo foco de interesse dos principais centros econômicos nesse contexto. A primeira ocupação inglesa foi a partir da fundação da cidade de Perth, na região de Albany. As ilhas, repletas de recursos naturais, foram alvo de grande interesse do mercantilismo inglês. Analise o mapa a seguir, que representa o território da Austrália, Nova Zelândia e os arqui pélagos da Micronésia, Polinésia e Melanésia. Note que a divisão do território da Oceania foi estabelecida a partir dos processos de colonização por parte das grandes potências europeias. A economia colonial se desenvolveu com base na criação de carneiros, ovelhas e bovinos e na exploração de metais, como o ouro, em um complexo envolvendo Melbourne e Sydney, as mais importantes cidades australianas até hoje.

A colonização da Austrália levou mais de dois séculos para se consolidar, só sendo possível pelas atividades primárias extrativistas exercidas e pela criação de redes ferroviárias conectando as seis colônias: Nova Gales do Sul, Tasmânia, Austrália Ocidental, Austrália Meridional, Terra da Rainha e Victoria. O processo de mecanização da agricultura e o uso de diferentes tecnologias na área possibilitou o crescimento da produção agrícola na região. A indústria foi aos poucos sendo desenvolvida e sua expansão é recente, com destaque para a mineral, alimentícia e têxtil. A Austrália é um dos maiores exportadores de minério de ferro, carvão e lítio, entre outros minérios, principalmente em decorrência da formação geológica do território. De acordo com os Dados Mundiais de Mineração divulgados pelo Ministério Federal da Agricultura, Regiões e Turismo da Áustria, o país aumentou sua produção e exploração de minérios em 143% nos últimos 20 anos.

A Austrália é responsável por quase metade da produção de lítio, ficando à frente de grandes potências econômicas como China e Estados Unidos. Esse crescimento e destaque no setor mineral estão atrelados às modificações realizadas pelas mineradoras australianas no processo produtivo, com o investimento em tecnologia para o mapeamento dos minérios, otimização e aumento da produção, além da tentativa de redução de danos ambientais e acidentes. Os minérios se tornaram mais do que commodities na economia australiana, transformando o setor mineral em um importante mercado de investimentos. A maior produção do país é o minério de ferro, como mostra o gráfico a seguir. A exportação de minério de ferro entre 2020-2021 alcançou mais de 150 milhões de dólares australianos.

AS COLÔNIAS NEERLANDESAS


A influência neerlandesa deu-se tar diamente em relação aos outros países colonizadores. A tomada da ilha de Manhattan e a criação de Nova Amsterdã (1626) – pos terior Nova York (1664) – foi feita com muita dificuldade, tanto pela resistência territorial dos povos indígenas algonquins como pela já ante rior instalação britânica, entre 1606 e 1607. Da mesma forma, no Brasil, a tentativa de ocupar Bahia, Pernambuco, Maranhão e Sergipe em 1624 não teve a permanência e o sucesso esperados.

Apesar de as Companhias das Índias Ocidentais (1621), setor neerlandês responsável pelas colônias na América, serem predominantemente financiadas pelo capital das elites neerlandesas e conseguirem controlar os preços e parte da circulação do açúcar na região, os territórios conquistados foram perdidos em 1640, após muita pressão dos países ibéricos.

O principal núcleo operante da colonização neerlandesa situava-se entre América Central e Caribe, Curaçao, Antilhas e Guiana, a partir de um intenso e competi tivo circuito produtivo de açúcar e sal. No Oriente, o Sudeste Asiático foi central no sistema de ilhas que forneciam importantes mercadorias, como cedro, cravos, pérolas, pimen tas e noz-moscada. Como todos os outros mercadores eurasiáticos, os neerlandeses estabeleceram cone xões com os centros persas (sedas e tapeçarias), indianos (sedas, gemas, algodão e canela), chineses (perfu mes, tapeçarias, porcelanas e sedas) e japoneses (sedas).

A EXPANSÃO DA ECONOMIA RUSSA


Historicamente, o Estado russo tem pretensões expansionistas. Desde o século XVI, o país buscou acesso a saídas marítimas, motivando, assim, políticas que levaram à conquista de diversos territórios. Essa expansão foi marcada pela fundação de São Petersburgo, às margens do Mar Báltico, em 1703. A Rússia apresenta o maior território do mundo, com grandes formações de relevo, como os montes Urais, os montes Altai, o Planalto Central Russo, a planície Sarmática e as montanhas do Cáucaso, ao sul. Os rios não atravessam o país, nascendo geralmente em altitudes elevadas dos planaltos e montes e seguindo em direção aos mares de Azov, Cáspio (Rio Volga), Branco e Báltico. Na parte asiática, localizam-se a planície da Sibéria, o Planalto Central Siberiano e vários montes, que circundam o limite da Rússia com a Mongólia e a China. As pradarias e as estepes, assim como a tundra, são áreas que foram ocupadas para a produção de alimentos.

Atualmente, a Rússia mantém essa política expansionista, exercendo sua influência na geopolítica de petróleo e gás, pois é responsável pelo abastecimento desses recursos para o continente europeu. Os gasodutos construídos têm origem nas usinas russas e atravessam toda a Europa, chegando em Portugal e no Reino Unido. Isso mostra uma rede de fluxos econômicos intensa e duradoura. De acordo com a Agência Internacional de Energia, em 2021, a exportação de petróleo e do gás natural correspondeu a 45% da economia russa. Todos os gasodutos europeus estão conectados a redes de distribuição russa, o que evidencia uma dependência de toda União Europeia pelo gás russo enquanto fonte de energia.

A construção de um novo gasoduto conectando diretamente a Rússia e a Alemanha foi desenvolvida em razão do plano de redução e extinção de uso de energia nuclear da Alemanha. Em 2022, em decorrência de conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, parte do governo alemão questionou a construção e o for necimento de gás; no entanto, em razão do investimento de empresas alemãs na construção, o gasoduto segue em ope ração. O conflito ocasionou redução das exportações de gás natural, mas o país ainda se configura como o principal for necedor para a Europa.

A ROTA DA SEDA

A Rota da Seda foi um importante marco para o intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente, considerando que é o maior e mais antigo registro de um sistema de comercialização. A Rota da Seda se desenvolveu entre os séculos I e XV e se estendia da China às proximidades do Mediterrâneo. Durante esse período, foi o principal elo de transmissão cultural e de mercadorias ao longo da Eurásia.

Durante séculos, a Rota da Seda dinamizou o comércio junto à das Especiarias, abrindo caminhos para os povos da Ásia e da Europa. Eram aproximadamente 8 000 km de estradas entre a então capital chinesa, a cidade de Xian, até o Oriente Médio, que possibilitava a conexão com a região do Mediterrâneo. Os viajantes passavam pelas terras do Afeganistão e do Irã, pelo mar Mediterrâneo, Turquestão e Anatólia, entre outras localidades, onde comer cializavam objetos e alimentos. Também havia a troca de conhecimentos e tecnologias, como a escrita, a navegação, a tecelagem, as técnicas agrícolas, entre outros.

A técnica de produção da seda, criada na China, foi o impulso para o início dessas trocas. De difícil execução, dominada apenas pelos chineses, a tecnologia foi mantida em segredo por um longo tempo. A seda era um artigo luxuoso, que só podia ser comprado por grandes imperadores e famílias ricas associadas à administração dos impérios.

A Rota da Seda teve papel crucial na definição e na transformação das fronteiras ao longo de seu percurso, pois as redes de comercialização eram espaços de disputa entre os povos, com destaque para os impérios Mongol, Romano e Persa. A seda era produzida apenas pelos chineses. Durante três milênios, as mariposas que produziam a seda eram encontradas apenas em território chinês. A produção do tecido nobre, utilizado para fabricação de roupas para serem utilizadas tanto no inverno como no verão, era uma das principais atividades econômicas da China. A importação da seda incentivou a criação de importantes rodas comerciais que conectavam o oeste da Ásia e o oeste da Europa. Entre os séculos I a XV d.C. a Rota da Seda se estabeleceu como a principal rota comercial. 
Atualmente, o governo Chinês pretende restabelecer a Rota da Seda e expandi-la por via marítima, percorrendo o Mar Meridional da China e o oceano Índico, com destino aos países da região do Estreito de Ormuz, expandindo a zona de influência chinesa sobre as rotas comerciais do mundo.

O OCIDENTE E O ORIENTE

Uma das formas de organização do espaço mundial é a regionalização dos continen tes de acordo com as características culturais predominantes em determinada localidade. A chamada Eurásia compreende a massa continental que abriga os continentes europeu e asiático, separando-se dos demais por meio de mares e oceanos. No entanto, a divisão entre Europa e Ásia ocorre principalmente em função de aspectos culturais, e não por causa de grandes barreiras geográficas. Em decorrência das relações entre diversos povos, as diferentes influências culturais estão presentes em muitos países europeus e asiáticos, apesar da distinção cultural entre Oriente e Ocidente. A disseminação e as trocas culturais na Eurásia foram geradas principalmente pelas trocas comerciais e disputas territoriais entre os grandes impérios. Assim, ao mesmo tempo que o contato entre Europa e Ásia proporcionou intercâmbios culturais, também causou conflitos que originaram a fragmentação desses territórios.

O desenvolvimento das sociedades ao longo da história está relacionado a características culturais, ou seja, às formas pelas quais os agrupamentos humanos se relacionavam entre si e com o meio físico. Desse modo, as sociedades desenvolveram características específicas. Os diversos reinos distribuídos pela Eurásia muitas vezes disputavam territórios com o objetivo de obter melhores condições produtivas e conseguir o controle comercial, o que resultava em muitos conflitos e guerras. São exemplos disso os frequentes confrontos entre os impérios Romano, Otomano, Persa, Russo e Chinês. Na disputa territorial, alguns impérios se expandiram e, com isso, ampliaram suas influências religiosas, econômicas e culturais. A ideia de “ocidentes” e “orientes” está relacionada à diversidade étnico-cultural das socie dades na Eurásia, explicada em grande parte pelas significativas transformações territoriais sofridas desde o século XIII a.C. até o século XIX d.C. Durante esse longo período, as populações ocuparam terras, formaram territórios, construíram aldeias e cidades e comercializaram mercadorias. Com isso, também trocavam conhecimentos, o que promoveu intercâmbios culturais.

Os gregos formaram o primeiro núcleo da cultura europeia e per maneceram na Península do Peloponeso até serem incorporados pelas repú blicas romanas, no século II a.C.

O intenso fluxo comercial de sedas, roupas, tecidos, pedras preciosas, incensos, especiarias e ferramentas tornaram as cidades importantes lugares de intercâmbios de valores culturais e de conhecimentos. Na Europa e na Ásia, desenvolveram-se diversas sociedades que influenciaram o mundo todo. Os principais alfabetos usados e as religiões mais praticadas atualmente, por exemplo, são de origem euroasiática. No entanto, apesar de os termos Ocidente e Oriente serem usados comumente para dividir o grande bloco eurasiano, os grupos não são homogêneos. Há um conjunto diversificado de sociedades em cada um deles, as quais se conectam física, social e culturalmente. Analise as imagens a seguir, que representam o Estreito de Bósforo, na Turquia. Esse local conecta o Mar Negro ao de Mármara e marca um dos limites do continente asiático com o europeu. Por isso, trata-se de um importante ponto de troca entre o Ocidente e o Oriente.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Geografia da Paraíba

  Localização e Área Territorial da Paraíba    

A população paraibana chegou a 4.059.905 em 2021, segundo nova estimativa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa um crescimento de 0,5% na comparação com a população estimada em 2020 e, em número absolutos, a alta foi de 20,6 mil habitantes.

O estado da Paraíba ocupa 56.584.6 km² de área territorial brasileira englobando 223 municípios.

Até 1994, a Paraíba possuía 171 municípios. Em 1994/1995 foram criados mais 52, perfazendo um total de 223, com suas cidades-sede, vários distritos, vilas, e inúmeros povoados. Grande parte do seu território está situado no extremo leste da região Nordeste do Brasil. Tem 98% de seu território inserido no Polígono da Seca.



Localização: Região nordeste do Brasil

Limites:         Ao norte (Rio Grande o Norte)

                       Ao sul (Pernambuco)

                       O leste (Oceano Atlântico)

                       O oeste (Ceará)


Pontos extremos:

Ao norte (Serra do vale – Belém do Brejo do Cruz)

Ao sul (Serra Pau D’arco – São João do Tigre)

O leste (Ponta do Seixas – João Pessoa)

O oeste (Serra da Areia – Cachoeira dos Índios)

Na Paraíba se encontra o ponto mais oriental das Américas, conhecido como a Ponta do Seixasem João Pessoa, devido a sua localização geográfica privilegiada (extremo oriental das Américas), João Pessoa é conhecida turisticamente como "a cidade onde o sol nasce primeiro".

Capital: João Pessoa

Cidades principais: João Pessoa, Santa Rita, Guarabira, Campino Grande, Patos, Sousa, Cajazeiras, Cabedelo

Cidades mais populosas - João Pessoa (capital), Campina Grande, Santa Rita, Patos, Bayeux e Souza.

 Mesorregiões: Mata Paraibana - Agreste Paraibano - Borborema - Sertão Paraibano



Número de municípios: 223

Extensão territorial: 56.439 quilômetros quadrados ou 0,66% da área total do Brasil. É o 20º estado brasileiro e o 6º do nordeste.

Extensão do litoral: 138 quilômetros com 56 praias.

IBGE dividiu a Paraíba em 4 mesorregiões: Mata Paraibana, Agreste Paraibano, Borborema e Sertão.

Cada mesorregião divide-se em microrregiões, no estado existem 23 microrregiões.



Mesorregiões da Paraíba: 

  • Mata Paraibana – Faixa de clima úmido que acompanha o litoral. A mata que existia foi substituída pela cana-de-açúcar. É a parte mais povoada e mais urbanizada do estado. 
  • Agreste Paraibano – Região de transição entre a zona da mata e a tradicional região do sertão. O clima e semiárido, embora chova mais do que na Borborema e no sertão. Economia: cana-de-açúcar, algodão, sisal, pecuária. 
  • Borborema - Localiza-se no planalto da Borborema, entre o sertão e o agreste é a região onde as chuvas são mais escassas. Economia: Extração mineral, sisal, algodão, pecuária de caprinos. É principalmente na Borborema que ocorre o fenômeno das secas. 
  • Sertão – É a região da vegetação da caatinga, de clima menos seco que a Borborema, dos rios temporários, da pecuária extensiva de corte e do cultivo do algodão, principal produto cultivado na região.

Mesorregião Paraibana 

Mesorregião Zona da Mata Paraibana



      Compreendendo o litoral, a parte leste do Estado, onde predominam as planícies litorâneas e os tabuleiros, como principais formas de relevo. Possui um regime de chuvas abundantes, especialmente nos meses de março a julho, quando o inverno é regular. As terras são férteis e próprias para o cultivo da cana-de-açúcar.

O Litoral da Paraíba se estende por cerca de 133 quilômetros. Sua extensão vai da desembocadura do rio Goiana - ao sul, onde se limita com o estado de Pernambuco - até o estuário do rio Guaju - ao norte, na divisa com o Rio Grande do Norte.

O litoral paraibano divide-se em Litoral Norte e Litoral Sul. O limite entre esses dois seguimentos é representado pelo estuário do rio Paraíba. Os municípios que compõem o Litoral Norte são: Lucena, Rio Tinto, marcação, Mamanguape, Baia da Traição e Mataraca. O Litoral Sul abrange os territórios municipais de João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita, Conde, Alhandra e Pitimbu.

O relevo é representado por três unidades morfológicas espacialmente desiguais: os baixos planaltos sedimentares ou tabuleiros, com falésias na fachada oceânica; a baixada litorânea, com suas dunas, restingas, lagoas e as planícies aluviais, fluvio-marinhas e estuarinas dos rios que deságuam no Atlântico.

Toda a região do litoral caracteriza-se por uma relativa diversidade econômica responsável pela organização do seu espaço: 

·     Agroindústria sucro-alcooleira; 

·     Extração mineral (ilmenita, titanita, zirconita, cianita, ao norte de Barra de Camaratuba, calcário, na grande João Pessoa; granito, em Mamanguape; 

·     Pesca da lagosta, em Pitimbu; 

·     Agricultura e pecuária; granjas e sítios; 

·     Loteamentos para residências secundárias. 

 Mesorregião do Agreste Paraibano

  

            

      Situada na parte intermediária do Estado, a mesorregião do Agreste que sucede ao litoral, na direção oeste, corresponde inicialmente a uma depressão, com 130m de altitude, formada por rochas cristalinas, e que logo dá lugar às escarpas abruptas da Borborema, cujas altitudes ultrapassam os 600m.

No agreste, permanece o binômio gado-policultura e ainda continua como região fornecedora de alimento. Possui solo muito rico e, pela umidade que apresenta, próprio para a policultura, ou seja, cultivo de várias espécies: feijão, milho, abacaxi, fumo, inhame, mandioca, frutas e legumes diversos, prestando-se também a criação de gado.

A diversificação de produção dessa área acontece, em razão da forte diferença das condições naturais. Nas áreas mais secas predominam as pastagens naturais que favorecem a presença da pecuária extensiva.

            Os rios, nesta zona, já são quase sempre temporários, pois reduzem suas águas ou secam completamente nos períodos de grande estiagem. Um fator marcante que determina esta condição são as chuvas que começam a diminuir tornando mais seco, o clima.

            Há uma transição no aspecto da vegetação desta mesorregião, vez que, ora ela apresenta características de uma mata úmida, parecida com a mata Atlântica, ora da caatinga que vai predominar nas outras áreas: Borborema e Sertão.

Na medida que nos afastamos do Litoral em direção ao interior, serras e vales férteis apresentam roteiros que unem história, natureza e diversão. Em Campina Grande, no Alto da Serra da Borborema, o “Maior São João do Mundo” atrai milhares de turistas para 30 dias de forró. Em Fagundes a famosa pedra de Santo Antonio, palco de peregrinações religiosas em homenagens ao “santo casamenteiro”, é hoje uma das mais procuradas áreas para a prática de Treking. Em Ingá encontraremos as Itacoatiara (pedras riscadas, em Tupi), a mais enigmática presença indígena no Nordeste.

Mesorregião da Borborema


        Área de domínio do Planalto da Borborema, que se constitui num conjunto de terras elevadas, estendendo-se desde o norte do Estado de Alagoas até o sul do Estado do Rio Grande do Norte, na direção SW-NE. Apresenta algumas serras, cujas altitudes variam de 500 a 600m. Entre elas, destaca-se a Serra do Teixeira, onde fica o Pico do Jabre, no Município de Maturéia, considerado o ponto mais elevado da Paraíba, com mais de 1000m de altitude. A parte leste da Borborema recebe chuvas vindas do litoral, o que vai influenciar no seu clima e vegetação – são os brejos úmidos. O restante da Borborema está sob o domínio do clima quente e seco.

O planalto é um importante divisor de águas porque os rios que ali nascem correm em direção leste e deságuam no oceano Atlântico, enquanto os, enquanto os rios da porção oeste, não conseguindo ultrapassar a Borborema correm em direção ao Estado do Rio Grande do Norte e de lá é que alcançam o Oceano.

Na Borborema, vão dominar pastagens plantadas (palma forrageira e capim) que permitirão e facilitarão a prática de uma pecuária extensiva, principalmente a de médio porte, e, em áreas de exceção, pontuais, ocorre a presença de outras culturas. Por exemplo, o tomate nas proximidades de Boqueirão. 

Em cidades como Prata, Sumé, Serra Branca, Boqueirão e Cabaceiras, a vida desafia a cinza vegetação da Caatinga e revela roteiros de extrema importância cientifica. No Lajedo de Pai Mateus, município de Cabaceiras, os turistas podem apreciar de perto todo o capricho da natureza. O lugar é hoje visitado por gente do mundo inteiro, todos curiosos em decifrar os enigmas escondidos nas rochas. O Lajedo ficou famoso ao servir de cenário para o filme o Auto da Compadecida, Pai Mateus na verdade foi o nome de um antigo ermitão que durante muitos anos residiu sobre as pedras. Muitos séculos antes, no entanto,  índios já haviam deixado suas marcas por ali. 

Mesorregião do Sertão Paraibano

A mais extensa do Estado, conforme pode ser observado no mapa, o Sertão compreende uma extensa área formada de terras baixas (250 a 300m) em relação às elevações da Borborema e das serras situadas nas fronteiras com os Estados vizinhos, onde se faz presente um clima quente e semi-úmido. As chuvas são muito escassas, a vegetação pobre, não sendo o solo próprio para a agricultura, porém mais favorável à pecuária. A maioria das culturas agrícolas precisam ser irrigadas. No Sertão, a presença das pastagens permanece e constitui um forte indicativo da atividade pecuarista. Registrando-se ainda algodão, cana-de-açúcar, arroz, feijão, milho, cultivados em parte para subsistência em áreas onde solo e clima são favoráveis ocorrendo ou não irrigação.

Quando há inverno regular, é possível colher muito algodão, cultura que se desenvolve bem nas terras do Sertão.

É um prato cheio para quem procura aventura e mistério. Religiosidade cultura e ciência se misturam em roteiros de grande beleza plástica. Achados paleontológicos de mais de 130 milhões de anos fazem do Vale dos Dinossauros, em Sousa, um lugar único no mundo. Ali, em meio ao solo rachado e transformado em pedra pelo tempo, centenas de pegadas registram a época em que os gigantes disputavam territórios. Em Vierópolis, cidadezinha a apenas 20 quilômetros de Sousa, sítios arqueológicos e trilhas pela Caatinga são boas dicas para quem busca um pouco mais de aventura. Outras opções interessantes na região são as águas termais de Brejo Das Freiras, as rochas que compõe a Serra de Teixeira – incluindo aí o ponto culminante do Estado – e o belo artesanato local, a exemplo das famosas redes de São Bento. Destaques para a Fazenda Acauã.


 Climas da Paraíba

A distribuição dos climas da Paraíba está relacionada com a localização geográfica, ou seja, quanto mais próximo do litoral, mas úmido será o clima; quanto mais longe, mais seco.

Três tipos climáticos ocorrem na Paraíba: o Clima tropical quente-úmido, com chuvas de outono-inverno (As'), o Clima semiárido quente (BSh) e o Clima quente semiúmido, com chuvas de verão (Aw'). O primeiro ocorre na baixada litorânea e no rebordo oriental da Borborema. As temperaturas médias anuais oscilam entre 24° C, na baixada, e 22° C no topo do planalto. A pluviosidade, de mais de 1.500mm junto à costa, no interior cai até 800mm, no rebordo do Borborema. Aí, em torno da cidade de Areia, volta a subir e chega a ir além de 1.400mm. O trecho mais úmido da Borborema, chamado Brejo, é uma das melhores áreas agrícolas do estado.

Essa variação climática do litoral para o interior reflete-se, também, na ocorrência de diferentes tipos de solo e vegetação do Estado. Verifica-se na Paraíba a ocorrência dos seguintes climas: 

Clima Tropical quente-úmido – Domina o litoral, a região da mata e parte do agreste. Com chuvas abundantes (média anual de 1.800 mm) e temperatura média anual de 26°C. Com essas características, esse tipo climático domina em todo o litoral. Nessa região aparecem os solos arenosos das praias e restingas.

No agreste há trechos quase tão úmidos quanto às áreas da mata e outros muitos secos. Por outro lado, em virtude da altitude em torno de 600 metros alguns municípios do Brejo, no agreste paraibano, possuem um dos climas mais agradáveis da Paraíba, com temperaturas variando de 20º a 24º.

A formação do Agreste ocorre em faixas entre o Brejo úmido e o Cariri semiárido, ou seja, em área de transição climática.

Clima semiárido – Com chuvas de verão, predomina no Cariri, no Seridó, em grande parte da Borborema e do sertão. Sua principal característica não é a ausência de chuvas, mas sua irregularidade. Depois do Brejo, em toda porção aplainada elevada da Borborema e nos vales que cortam, como os do rio Paraíba, Curimataú, Taperoá, Seridó, etc., a semiaridez do clima caracteriza a paisagem. Esse clima, quente e seco, com chuvas de verão, alcançam os índices mais baixos de precipitação do estado, com média anual de 500 mm e temperatura média anual é de 26°C. Os municípios de Barra de Santa Rosa e Cabaceiras apresentam índices inferiores a 300 mm, e constituem, juntamente com Acari - RN, o chamado "triângulo mais seco do Brasil". Sob essas condições, desenvolve-se a vegetação de caatinga das regiões do Cariri e Curimataú paraibanos;

Clima Tropical semiúmido – Chuvas de verão – outono, estende-se pela região do sertão. Chove mais do que na região semiárida, porém por conta das altas temperaturas e da evaporação a água disponível e insuficiente para o consumo. As chuvas de verão-outono alcançam, em média, 800 mm anuais determinadas pelas massas quentes úmidas oriundas da Amazônia. A temperatura média anual é de 27°C. Esse tipo de clima domina todo o Pediplano Sertanejo, embora com precipitações menos baixas que as do Cariri, também está sujeito ao fenômeno das secas, porque as suas chuvas são igualmente irregulares. A vegetação de caatinga foi sendo degradada ao longo do tempo para a ocupação do solo com o algodão, milho e ainda com o pasto para criação do gado, principal atividade econômica.  

 Vegetação paraibana


Destacam-se os seguintes tipos de vegetação: 

Vegetação litorânea – Localizada bem junto ao litoral, nas partes mais próximas às praias; caracterizam-se pela presença de mangues, dunas, tabuleiros, vegetação rasteira, arbusto e matas de restinga.

No litoral paraibano, destaca-se a vegetação típica das praias: pinheiro das praias, salsa da praia, coqueirais, entre outros. Em Cabedelo, há a mata de restinga. Nela encontramos árvore de porte médio, trocos com diâmetros pequenos, copas largas e irregulares. As espécies principais são o cajueiro, maçaranduba e aroeira da praia.

Na foz dos rios e até onde exista influência das marés, existem solos lamacentos, salinos e instáveis com alto teor de matéria orgânica em decomposição. Uma magnífica vegetação arbórea de mangue dá o devido destaque em algumas partes no litoral do Estado. As espécies dessa formação vegetal apresentam algumas características essenciais para essa adaptação ao meio, por exemplo, raízes suportes e respiratórias.

Algumas espécies como o mangue vermelho, mangue de botão, mangue branco e a siriúba vivem obrigatoriamente no setor pantanoso, e outras, como a samambaia-assu e a guaxuma, ocorrem nos setores marginais de solos, com características mais estáveis, só esporadicamente alcançados pelas marés.

Mata atlântica – Corresponde á área da zona da mata, os tabuleiros e as várzeas que antes eram ocupados pela vegetação da Mata Atlântica, hoje são ocupados pela cana-de-açúcar e pelas cidades. Encontrava-se nas várzeas e tabuleiros, estando bastante alterada ou mesmo inexistente na maior parte do litoral devido à expansão da monocultura canavieira.

Nas encostas orientais e nos vales úmidos que cortam o Baixo Planalto (Tabuleiro), aparecem os solos areno-argilosos e os solos férteis de várzeas. Ai predominava a chamada Mata Atlântica, infelizmente hoje reduzida a apenas 5% de sua área primitiva do Estado. Ainda existe atualmente “relíquias” desta mata, representada pela Mata do Buraquinho, Mata de Pacatuba entre outros. Nessa vegetação, encontram-se árvores altas, copas largas, troncos com grande diâmetro, folhas perenes, muitos cipós, orquídeas e bromélias. Já recobriu grande extensão do território paraibano; atualmente, quase toda devastada pelo homem ficando algumas reservas como Pau-Brasil, Jatobá e outros. 

Cerrados – Tipo de vegetação campestre, é formado por árvores e arbustos distanciados entre si, com árvores tortuosas e tufos de capim encontrados nos tabuleiros. Localizam-se nos baixos planaltos costeiros, onde predominam a mangaba, a lixeira, o cajuí e o batiputá, entre outros. 

Agreste – Na faixa de transição entre o clima tropical úmido e o clima semiárido, surge o agreste. Trata-se de uma vegetação intermediária entre a caatinga e a floresta, com espécies das duas formações.

Vegetação acaatingada com espécies de mata atlântica vegetação de transição, observa-se a presença de plantas tanto dos tabuleiros quanto dos sertões. Sua vegetação é constituída por espécies que se misturam, floresta tropical e caatinga (cactos, pequenas árvores e arbustos).

A formação do Agreste também vai ocorrer em faixas entre o brejo úmido e o Cariri semiárido, ou seja, em área de transição climática. Algumas espécies que não ocorrem ou são raras na depressão aparecem no chamado Agreste da Borborema, como umbuzeiro, catingueira, aroeira, facheiro, etc.

Mata Serrana – Vegetação das encostas úmidas das serras isoladas da região semiárida e semiúmida (Serra do Teixeira, Monte Horebe, Araruna, Santa Luzia, Cuité entre outros. São formadas por espécies de mata úmida e arbustos da caatinga.

Desenvolveram-se nessas serras, uma formação vegetal classificada como Mata Serrana, com espécies arbóreas e arbustivas da caatinga (baraúna, angico, jurema) e algumas espécies de Mata úmida como pau-d’óleo, praíba. Ocorrem ainda a tatajuba, violeta, etc.

Caatinga – Área de domínio do clima semi-árido, isto é, no Sertão, Cariri, Curimataú, Seridó, recobrindo em 65% o território.

Vegetação dominante, formada por xerófilas, cactáceas, caducifólias e aciculifoliadas. Pode ser dividida em hiperxerófila – áreas mais secas (Cariri, Seridó e Curimataú) ou hipoxerófila (proximidades do Agreste e no Sertão).

É formado por xiquexique, mandacaru, macambira, baraúnas, aroeira, angico, umbuzeiro, juazeiros e outros.

Os solos são rasos e pedregosos. A vegetação da caatinga, com muitas baraúnas, angicos e aroeiras, primitivamente arbustivo-arbórea, foi sendo degradada, ao longo do tempo, para a ocupação do solo com o algodão, milho e ainda com o pasto para a criação do gado, principal atividade econômica. A caatinga ocorre atualmente, quase como uma formação do tipo arbustiva esparsa, com predomínio de favela, marmeleiro, pereiro, jurema preta, macambira, mandacaru, xique-xique, etc. somente ao longo de alguns rios aparecem oiticicas, craibeiras e carnaúbas, testemunhando antigas matas ciliares. 

Algumas áreas protegidas por iniciativa do IBAMA, SUDEMA e grupos ambientalistas. 

  • Reserva Biológica Guariba - (4.321 hectares) nos municípios de Mamanguape e Rio Tinto. 
  • Área de Proteção Ambiental - (APA 14.640 hectares) da Barra do Rio Mamanguape nos municípios de Rio Tinto e Lucena. 
  • Reserva Florestal Mata do Amém – (103.370 hectares) no município de Cabedelo, última reserva de Mata Alta de Restinga. 
  • Parque Estadual Mapa do Pau – Ferro (600 hectares) no município de Areia. 
  • Monumento Natural Vale dos Dinossauros (40 hectares) nos Municípios de Souza. 
  • O Porquê Estadual Pico do Jabre (400 hectares) nos Municípios de Matureia de Mãe D’Água. 
  • Jardim Botânico – João Pessoa (500 hectares) – É considerado a maior área verde em ambiente urbano dos pais.

A Paraíba só possui 0,7% de área preservada. Como continua o processo desmatamento nas regiões do Cariri e do Sertão a caatinga paraibana segue com certeza o caminho da desertificação.

                                       Hidrografia paraibana                                                                            

    Os rios dependem muito do relevo e do clima. Por isso existem os rios perenes e temporários de planície ou encachoeirados.


A mais forte característica dos rios paraibanos é o fato de a maioria serem temporários, ou seja, diminuem bastante de volume ou mesmo secam nos períodos de saca, principalmente no sertão, o que complica a agricultura na região.

As principais bacias hidrográficas da Paraíba estão representadas pelos rios Piranhas, Paraíba e Mamanguape. Nas bacias do litoral estão os rios Camaratuba, Miriri e Gramame. Finalmente na Bacia da Borborema Setentrional, podemos encontrar o Rio Curimataú.

Na hidrografia da Paraíba, os rios fazem parte de dois grupos, Rios Litorâneos e Rios Sertanejos.

Grupo dos Rios Litorâneos - são rios que nascem na Serra da Borborema e vão em busca do litoral paraibano, para desaguar no Oceano Atlântico. Entre estes tipos de rios podemos destacar: o Rio Paraíba, que nasce no alto da Serra de Jabitacá, no município de Monteiro, com uma extensão de 360 km de curso d'água, correndo com seus afluentes em direção ao mar, constituindo na maior “bacia hidrográfica” do Estado. Também na porção oriental podemos destacar outras bacias, a do Rio Curimataú, que continua no Rio Grande do Norte, Camaratuba e Mamanguape, entre outros.

Grupo dos Rios Sertanejos - são rios que vão em direção ao norte em busca de terras baixas e desaguando no litoral do Rio Grande do Norte. O rio mais importante deste grupo é o Rio Piranhas, que nasce na Serra de Bongá, perto da divisa com o estado do Ceará. Esse rio é muito importante para Sertão da Paraíba, pois através desse rio é feita a irrigação de grandes extensões de terras no sertão. Tem ainda outros rios, como o Rio do Peixe, Rio Piancó e o Rio Espinhara, todos afluentes do Rio Piranhas.

         Os rios da Paraíba estão inseridos na Bacia do Atlântico Nordeste Oriental e apenas os rios que nascem na Serra da Borborema e na Planície Litorânea são perenes. Os outros rios são temporários e correm em direção ao norte, desaguando no litoral do Rio Grande do Norte.

  Relevo Paraibano 

O revelo da Paraíba apresenta 5 áreas distintos: A baixada litorânea, os tabuleiros, a depressão sub-litorânea. O Planalto da Borborema e a Depressão Sertaneja.


         
  • Baixada litorânea – Corresponde a área mais plana baixa do relevo paraibano. Nela encontramos as praias, as restingas e os mangues. Está presente ao longo da costa formando uma faixa com cerca de 80 a 90km de largura, com altitudes que variam entre 0 e 10 metros. 
    • Tabuleiros – Compreendem os baixos planaltos costeiros. Seus limites com a baixada litorânea são as falésias viva ou mortas. 
    • Planalto da Borborema – É o acidente de releve mais importante da Paraíba. As maiores altitudes estão na divisa com Pernambuco. O ponto mais alto do relevo paraibano está na Serra do Teixeira no município de Matureia, o Pico do Jabre com 1197metros de altitude.


    • Depressão Sertaneja – Localiza-se no oeste da Paraíba e constitui uma área de terras baixas onde predomina o solo pedregoso em extensões aplainadas. Em alguns locais essas superfícies são interrompidas por morros isolados.

       

    No Agreste, temos algumas depressões que ficam entre os tabuleiros e o Planalto da Borborema, onde se encontram muitas serras, como a Serra de Araruna, a Serra de Cuité e a Serra de Teixeira. Encontra-se no município de Araruna a Pedra da Boca.

    No sertão, temos uma depressão sertaneja que se estende do município de Patos até após a Serra da Viração.

    O Planalto da Borborema ou Chapada da Borborema é o mais marcante acidente do relevo do estado. Na Paraíba ele tem um papel fundamental no conjunto do relevo, rede hidrográfica e nos climas. As serras e chapadas atingem altitudes que variam de 300 a 800 metros de altitude.

    Serra do Jatobá é uma grande rocha de cor branca (que pode ser vista até do espaço), predominando sobre a caatinga e que forma em seu redor área permanentemente verde em função do solo arenoso e a presença de umidade, mesmo nos períodos de seca. O local tem tudo para o turismo, possibilitando voos de asa delta. A Serra do Jatobá, é apenas um pedaço (o maior), o qual se vê claramente que é uma única pedra, de uma grande região de pedras que pertencem ao município de Serra Branca. É considerada como maior batólito das Américas do Sul e Central.

    Serra de Teixeira é uma das mais conhecidas, com uma altitude média de 700 metros, onde se encontra o ponto culminante da Paraíba, a saliência do Pico do Jabre, que tem uma altitude de 1.197 metros acima do nível do mar, e fica localizado no município de Maturéia.


    Referências: 

    Paraíba: Desenvolvimento econômico e a questão ambiental / Antônio Sérgio Tavares de Melo, Janete Lins Rodriguez – João Pessoa , Grafset,  2003

    Atlas Escolar da Paraíba / Coordenadora : Janete Lins Rodrigues – João Pessoa, Grafset,  2002

     



     


    Mundo atual

    Com o fim da Guerra Fria e do mundo bipolar, uma Nova Ordem Mundial teve início. Dois conceitos são muito usados para explicar o complexo mundo atual: o realismo e o multilateralismo. Muitas vezes eles são vistos como antagônicos e contraditórios, mas, na verdade, são complementares. O realismo se manifesta de forma bastante clara quando os países impõem sua vontade por meio da força militar. Por isso, alguns autores afirmam que vivemos em um mundo unipolar, dado o grande poderio militar dos Estados Unidos, uma superpotência capaz de influenciar os demais. Mas eles também apontam novos países ativos no debate das questões mundiais. Mesmo sem ameaçarem o poderio militar estadunidense, tornam o mundo multidimensional, ou seja, composto de diferentes pontos de vista, ainda que o dos Estados Unidos tenha certa predominância. O multilateralismo se expressa na busca do diálogo entre países, empresas e movimentos sociais para solucionar problemas. Seus críticos dizem que esse método é demorado e pouco eficaz. Seus defensores argumentam que é mais democrático e permite aumentar a colaboração entre os países. Nos últimos anos, alguns países se juntaram em ações multilaterais para tentar aumentar sua influência no mundo, o que fortalece as organizações internacionais.

    O mundo unipolar e multidimensional


    Na Guerra Fria, dois países dominavam o mundo. Com o término da União Soviética, em 1991, apenas uma superpotência militar se manteve. Porém, outros países, como China, Índia e Rússia, passaram a se destacar no contexto das relações internacionais no século XXI, criando uma ordem multidimensional. Algumas potências passaram a influenciar as decisões mundiais, embora em menor escala se comparadas à superpotência estadunidense. No jogo de forças das relações internacionais, há ainda as potências regionais, dominantes em suas respectivas regiões. Atualmente, o número de países que influenciam as decisões mundiais é bem maior. Isso produz um intenso movimento na geografia política contemporânea em escala internacional, porque, ao aumentar os interessados pelo poder, crescem também as disputas mundiais. Para alguns estudiosos, a ordem que se estabelece no mundo atual é multidimensional e unipolar: as potências mundiais e regionais buscam participar e atuar nas decisões, isto é, um número maior de países influencia o cenário mundial, mas permanece a ampla vantagem militar dos Estados Unidos, conquistada e mantida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Enquanto as potências regionais se ocupam em influenciar política e economicamente uma quantidade cada vez maior de países, essa superpotência mantém liderança isolada no campo militar

    O fundamentalismo islâmico no Oriente Médio

    O fundamentalismo islâmico, ou muçulmano, ganhou força com a ascensão política, econômica e militar do Ocidente e a dominação imperialista d...