Os cinco principais impérios europeus (britânico, francês, português, espanhol e neerlandês) consolidaram-se principal mente em decorrência do desenvolvimento de tecnologias de navegação; suas embarcações transportavam mercadorias na rota marí tima eurasiática, conectando o Sul e o Sudeste Asiático com os principais centros da Europa. Assim, o enriquecimento comercial dos países europeus se deu com base no controle dos fluxos comerciais de produtos alimentares e matérias-primas. Os fluxos comerciais contribuíram para a ampliação das cidades e dos territórios europeus. Um dos objetivos dessa expansão era o acúmulo de capital, com a exploração de minerais e especiarias, o que resultou na colonização de diversos territórios. Além da exploração dos recursos naturais, os impérios europeus impunham suas práticas culturais e seus modos de vida em suas colônias. Essas imposições culturais tiveram início no século XI, com as Cruzadas, e se intensifi caram no século XV, com as Grandes Navegações, e no século XVIII, com o aumento das trocas comerciais e culturais.
Como resultado da expansão dos mer cados e territórios, ampliou-se a influência das cidades e alteraram-se as dinâmicas de circulação de mercadorias e pessoas, com consequente aumento da circulação de capital. As cidades passaram a ser centros de distribuição de mercadorias e de infor mações sobre o que acontecia em outras partes do mundo, como retrata a obra de arte O mercado de vegetais, de Hendrick Sorgh. As informações, nesse período, eram tão importantes quanto as mercadorias, e muitas delas foram cartografadas como conhecimentos relevantes para os Estados ampliarem seus territórios e os fluxos econômicos.
AS COLÔNIAS FRANCESAS
O processo de desenvolvimento do sistema colonial francês iniciou-se com a fundação do Porto Real (1605) na província de Nova Escócia, na costa canadense, para consolidar o cultivo de tabaco e interferir na estratégia inglesa de dominação da América do Norte.
Os franceses fundaram novos portos marítimos ao longo da costa oeste africana, como no Senegal, em 1624. Anos mais tarde, assentaram-se sobre os territórios asiáticos nas atuais regiões indianas de Bengala e Pondicherry (1673), Yanam (1723), Mahe (1725) e Karaikal (1739) e passaram a exercer enorme influência nas ilhas africanas Bourbon (1664), Maurício (1718) e Seychelles (1756), e nas centro-americanas do Haiti, Guadalupe, Martinica, Granada e Guiana. A ação da colonização francesa indica a magnitude das ocupações por praticamente todas as regiões continentais. Analise o mapa a seguir, que representa as colônias francesas entre os séculos XVI e XX.
O movimento de apropriação territorial francês foi intenso, agressivo e expansivo. O projeto territorial era aproveitar ao máximo o acesso a novas manufaturas e mercadorias. Na América, destacou-se pela produção de peles e peixes, na região dos grandes lagos canadenses; tabaco e corante, no atual estado estadunidense da Louisiana; e açúcar e rum, nas ilhas da América Central. Na África, exploravam marfins e o trabalho escravizado. O principal núcleo comercial existente era entre Europa e os demais territórios: Ásia, na conexão manufatureira de sedas com a Turquia; Pérsia, comercializando ornamentos têxteis, sedas e tapeçarias; e Península Arábica, vendendo café, na cidade de Mokha, e pérolas, extraídas no Golfo Pérsico. Outras conexões de destaque eram a Índia, nas trocas de produtos como sedas, gemas, algodão, canela, tintas e búzios; e a China, ao fornecer corantes, perfumes, ervas, sedas, porcelanas e chás. Essas redes comerciais do Império Francês formavam a relação de produção que determinava seu poder econômico. Quanto mais um império criasse núcleos de trocas, mais poderia operar em diversos territórios e assegurar os recursos neles situados, além de participar da economia global mente, influenciando na definição de preços e no controle das economias de outros territórios.
AS COLÔNIAS BRITÂNICAS
As ocupações britânicas são muito semelhantes às francesas. Ao todo, seu domínio colonia lista englobou mais de 33,7 milhões de quilômetros quadrados, mais que a extensão dos impérios russo e mongol, por exemplo. O início do desenvolvimento de um sistema colonial britânico – no período do Rei Jaime I (1603-1625) – ocorreu por volta de 1606, com a fundação da Companhia Britânica das Índias Orientais e da Companhia Londrina da Virgínia. Impulsionada pelas novidades das técnicas, do desenvolvimento científico e da organização da produção e das relações de trabalho no período da Primeira Revolução Industrial, a Inglaterra assumiu posição de liderança no movimento de integração mundial na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Esse processo resultou em sua influência mundial, na economia e no processo de colonização, em função de suas necessidades de matéria-prima para abastecer as fábricas.
A exploração britânica compreendia todos os continentes do globo e anexou fornecedores de matérias-primas fundamentais, como minérios e alimentos. No continente americano, esse processo se deu com a fundação das 13 colônias, a partir das Companhias Londrina da Virgínia e Companhia de Plymouth. Nesses territórios predominavam a produção de tintas e tabaco (sul) e de peles e peixes (norte); na América Central, predominava a produção de rum, açúcar, tabaco e pau-campeche. As terras africanas foram exploradas, inicialmente, para fins de escravização e de exploração de marfins. O centro comercial do mundo, composto por Índia, China e Indonésia, fornecia mercadorias como ópio, especia rias (cravo, açafrão, canela, anis), aço, sedas, pedras preciosas, algodão, tintas, búzios, corantes, perfumes, ervas, sedas, porcelanas e chás.
A OCEANIA E A ECONOMIA AUSTRALIANA
O Pacífico Oriental e a Oceania constituíram-se como uma região tardiamente colonizada (entre os séculos XVIII e XIX), sendo foco de interesse dos principais centros econômicos nesse contexto. A primeira ocupação inglesa foi a partir da fundação da cidade de Perth, na região de Albany. As ilhas, repletas de recursos naturais, foram alvo de grande interesse do mercantilismo inglês. Analise o mapa a seguir, que representa o território da Austrália, Nova Zelândia e os arqui pélagos da Micronésia, Polinésia e Melanésia. Note que a divisão do território da Oceania foi estabelecida a partir dos processos de colonização por parte das grandes potências europeias. A economia colonial se desenvolveu com base na criação de carneiros, ovelhas e bovinos e na exploração de metais, como o ouro, em um complexo envolvendo Melbourne e Sydney, as mais importantes cidades australianas até hoje.
A colonização da Austrália levou mais de dois séculos para se consolidar, só sendo possível pelas atividades primárias extrativistas exercidas e pela criação de redes ferroviárias conectando as seis colônias: Nova Gales do Sul, Tasmânia, Austrália Ocidental, Austrália Meridional, Terra da Rainha e Victoria. O processo de mecanização da agricultura e o uso de diferentes tecnologias na área possibilitou o crescimento da produção agrícola na região. A indústria foi aos poucos sendo desenvolvida e sua expansão é recente, com destaque para a mineral, alimentícia e têxtil. A Austrália é um dos maiores exportadores de minério de ferro, carvão e lítio, entre outros minérios, principalmente em decorrência da formação geológica do território. De acordo com os Dados Mundiais de Mineração divulgados pelo Ministério Federal da Agricultura, Regiões e Turismo da Áustria, o país aumentou sua produção e exploração de minérios em 143% nos últimos 20 anos.
A Austrália é responsável por quase metade da produção de lítio, ficando à frente de grandes potências econômicas como China e Estados Unidos. Esse crescimento e destaque no setor mineral estão atrelados às modificações realizadas pelas mineradoras australianas no processo produtivo, com o investimento em tecnologia para o mapeamento dos minérios, otimização e aumento da produção, além da tentativa de redução de danos ambientais e acidentes. Os minérios se tornaram mais do que commodities na economia australiana, transformando o setor mineral em um importante mercado de investimentos. A maior produção do país é o minério de ferro, como mostra o gráfico a seguir. A exportação de minério de ferro entre 2020-2021 alcançou mais de 150 milhões de dólares australianos.
AS COLÔNIAS NEERLANDESAS
A influência neerlandesa deu-se tar diamente em relação aos outros países colonizadores. A tomada da ilha de Manhattan e a criação de Nova Amsterdã (1626) – pos terior Nova York (1664) – foi feita com muita dificuldade, tanto pela resistência territorial dos povos indígenas algonquins como pela já ante rior instalação britânica, entre 1606 e 1607. Da mesma forma, no Brasil, a tentativa de ocupar Bahia, Pernambuco, Maranhão e Sergipe em 1624 não teve a permanência e o sucesso esperados.
Apesar de as Companhias das Índias Ocidentais (1621), setor neerlandês responsável pelas colônias na América, serem predominantemente financiadas pelo capital das elites neerlandesas e conseguirem controlar os preços e parte da circulação do açúcar na região, os territórios conquistados foram perdidos em 1640, após muita pressão dos países ibéricos.
O principal núcleo operante da colonização neerlandesa situava-se entre América Central e Caribe, Curaçao, Antilhas e Guiana, a partir de um intenso e competi tivo circuito produtivo de açúcar e sal. No Oriente, o Sudeste Asiático foi central no sistema de ilhas que forneciam importantes mercadorias, como cedro, cravos, pérolas, pimen tas e noz-moscada. Como todos os outros mercadores eurasiáticos, os neerlandeses estabeleceram cone xões com os centros persas (sedas e tapeçarias), indianos (sedas, gemas, algodão e canela), chineses (perfu mes, tapeçarias, porcelanas e sedas) e japoneses (sedas).
A EXPANSÃO DA ECONOMIA RUSSA
Historicamente, o Estado russo tem pretensões expansionistas. Desde o século XVI, o país buscou acesso a saídas marítimas, motivando, assim, políticas que levaram à conquista de diversos territórios. Essa expansão foi marcada pela fundação de São Petersburgo, às margens do Mar Báltico, em 1703. A Rússia apresenta o maior território do mundo, com grandes formações de relevo, como os montes Urais, os montes Altai, o Planalto Central Russo, a planície Sarmática e as montanhas do Cáucaso, ao sul. Os rios não atravessam o país, nascendo geralmente em altitudes elevadas dos planaltos e montes e seguindo em direção aos mares de Azov, Cáspio (Rio Volga), Branco e Báltico. Na parte asiática, localizam-se a planície da Sibéria, o Planalto Central Siberiano e vários montes, que circundam o limite da Rússia com a Mongólia e a China. As pradarias e as estepes, assim como a tundra, são áreas que foram ocupadas para a produção de alimentos.
Atualmente, a Rússia mantém essa política expansionista, exercendo sua influência na geopolítica de petróleo e gás, pois é responsável pelo abastecimento desses recursos para o continente europeu. Os gasodutos construídos têm origem nas usinas russas e atravessam toda a Europa, chegando em Portugal e no Reino Unido. Isso mostra uma rede de fluxos econômicos intensa e duradoura. De acordo com a Agência Internacional de Energia, em 2021, a exportação de petróleo e do gás natural correspondeu a 45% da economia russa. Todos os gasodutos europeus estão conectados a redes de distribuição russa, o que evidencia uma dependência de toda União Europeia pelo gás russo enquanto fonte de energia.
A construção de um novo gasoduto conectando diretamente a Rússia e a Alemanha foi desenvolvida em razão do plano de redução e extinção de uso de energia nuclear da Alemanha. Em 2022, em decorrência de conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, parte do governo alemão questionou a construção e o for necimento de gás; no entanto, em razão do investimento de empresas alemãs na construção, o gasoduto segue em ope ração. O conflito ocasionou redução das exportações de gás natural, mas o país ainda se configura como o principal for necedor para a Europa.
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