A dimensão territorial do Brasil é bastante vasta, o que possibilita a existência de uma imensa diversidade de paisagens.
Primeiros habitantes das terras
brasileiras
As terras encontradas pelos navegadores por
tugueses no século XVI já eram habitadas há sé
culos por centenas de povos indígenas, com cul
turas bastante distintas entre si. Muitos desses
povos foram subjugados pelos portugueses para
serem submetidos ao trabalho escravo; os que
resistiam à escravização eram mortos ou fugiam
para as áreas interioranas.
Quando os portugueses chegaram ao territó
rio que hoje pertence ao Brasil, pesquisadores
estimam que havia entre três e cinco milhões de
indígenas habitando essas terras. Desde então, a
população indígena sofreu uma redução drásti
ca: em 2010, compunha-se de aproximadamente
800 mil pessoas, número que reflete o amplo pro
cesso de dizimação a que foram submetidos esses
povos ao longo do tempo.
Território brasileiro no século XVI
Durante o século XVI, a ocupação das terras portuguesas na América ocorreu apenas nos pontos em que foram instaladas as chamadas feitorias, localidades no litoral em que eram armazenadas as mercadorias extraídas da floresta para posterior embarque em direção à Europa.
Em torno das feitorias, os portugueses passaram a explorar especiarias e pau-brasil, madeira de grande valor comercial na época, abundante na Mata Atlântica. Para a extração desses gêneros naturais, os exploradores usaram a mão de obra dos indígenas que viviam próximo à costa.
Território brasileiro no século XVII
Mesmo com a exploração do pau-brasil, o povoamento e a colonização das terras portuguesas na América do Sul ocorreriam somente a partir da segunda
metade do século XVI. Esse processo de ocupação se deu com o surgimento
de lavouras de cana-de-açúcar, desenvolvidas de acordo com o sistema de
plantation, e dos engenhos para a fabricação de rapadura. Essa atividade eco
nômica foi inicialmente desenvolvida no litoral paulista e depois, com mais su
cesso, na costa nordestina, onde predomina o solo de massapê.
Nesse período, a Coroa portuguesa, visando à obtenção de maiores van
tagens econômicas, substituiu o trabalho forçado de indígenas pelo de africa
nos escravizados. Assim, entre o final do século XVI e a primeira metade do
século XVII, milhares de africanos foram trazidos à força ao Brasil para traba
lhar, sobretudo na atividade canavieira (veja as localizações no mapa abaixo).
Nessa época, passaram também a ser exploradas as chamadas drogas do
sertão, produtos nativos da Floresta Amazônica, como o cacau, a baunilha e
o urucum, usados como condimentos. Muitos desses produtos apresentavam
propriedades terapêuticas e por isso eram chamados de drogas. Geralmente,
a colheita era feita nas margens dos principais rios e igarapés da Amazônia.
Também surgiram nesse período os primeiros núcleos urbanos e as fazen
das com população fixa. A Vila de São Salvador, atualmente capital do esta
do da Bahia, foi escolhida para ser a sede do governo português na colônia.
Território brasileiro no século XVIII
Os séculos XVII e XVIII foram marcados pelo início
da exploração das áreas interioranas, os chamados
sertões, sobretudo por meio das atividades pecuária
e mineradora.
As criações de gado foram deslocadas da costa
nordestina para dar lugar aos canaviais, ocupando, a
partir de então, áreas na direção montante dos princi
pais rios da região, como o São Francisco, o Jaguaribe
e o Parnaíba.
Além do Nordeste, a criação de gado bovino tornou-se uma atividade de grande importância
também para a ocupação do extremo sul da colônia.
Já a mineração desenvolveu-se com as expedições
realizadas pelos bandeirantes paulistas, principalmente para as regiões dos
atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Ao longo dessas expedi
ções, foram descobertas jazidas de ouro, diamantes e esmeraldas, entre outros
minerais de significativo valor comercial.
Durante o século XVIII, especificamente, a atividade extrativa mineral ga
nhou tamanha importância que a sede do governo colonial foi transferida de
Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, cujo porto estava mais próximo dos
núcleos mineradores. Assim, diversos caminhos e estradas foram abertos, per
mitindo, por exemplo, o escoamento da produção mineral até os portos, de
onde era embarcada para a metrópole, e o deslocamento do gado das áreas de
criação até os principais núcleos urbanos.
Território brasileiro no século XIX
Durante o século XIX, destacou-se o desenvolvimento da ati
vidade cafeeira. Introduzido no Brasil no final do século XVIII, o
café foi cultivado inicialmente nas imediações da cidade do Rio
de Janeiro, expandindo-se na direção do Vale do Rio Paraíba do
Sul.
Em apenas algumas décadas, esse produto se transformou
em um dos principais gêneros agrícolas brasileiros de exporta
ção e, já no final da primeira metade do século XIX, alcançou
áreas do interior de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.
Nesse período, o fluxo de africanos escravizados para o Bra
sil ainda era grande, embora tivesse começado a diminuir após
o processo de independência do país. Agora constituído como
Estado-Nação soberano, o Brasil proibiu o tráfico de cativos em
1850, decretando, em 1888, a Abolição total da escravatura.
Como forma de substituir a mão de obra escravizada, o Estado estimulou
a vinda de trabalhadores imigrantes livres, sobretudo europeus, os quais, a
princípio, foram encaminhados para as regiões produtoras de café e para
as áreas de povoamento criadas no sul do país.
Assim, até a metade do sé
culo XX entraram em território brasileiro cerca de 4 milhões de imigrantes.
Além da produção de café, outras atividades agrícolas destacaram-se du
rante o século XIX, como o cultivo do algodão nas áreas de Caatinga da atual
Região Nordeste e a exploração da borracha no interior da Floresta Amazô
nica, no final do século. O desenvolvimento dessas atividades fez com que
o governo ampliasse as vias de acesso ao interior, abrindo caminhos, estra
das de terra e ferrovias, que esboçaram
os primeiros eixos de comunicação e de
integração do território brasileiro.
Território brasileiro no século XX
A partir do início do século XX, as fronteiras nacionais estavam definidas
e começava a se implantar, em determinadas áreas, o processo de tecni
ficação do território, ou seja, de prolongamento das estradas de ferro, da
rede de distribuição de energia elétrica, telegrafia, telefonia, entre outras.
Contudo, a organização espacial interna do país ainda se configurava como
um grande “arquipélago”, com as principais regiões econômicas coexistindo
de maneira desarticulada, voltadas basicamente para o abastecimento do
mercado externo. O intercâmbio entre essas regiões e entre os estados que
as compunham era muito restrito, em decorrência dos pesados impostos
alfandegários internos e da precária infraestrutura das vias de transporte
que vigoravam na época.
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