quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

REGIÃO NORDESTE

1- Diversidade territorial nordestina


A Região Nordeste apresenta um mosaico de paisagens diferenciadas que se destacam pelos contrastes de regiões de clima chuvoso e com densa vegetação de florestas até regiões de clima seco e com a presença de savanas-estépicas, de grandes metrópoles, com densidades demográficas acima dos 200 habitantes por km² até áreas rurais e reservas naturais com menos de 1 habitante por km². 

Diversidade natural 


Em relação aos aspectos naturais, os contrastes observados no Nordeste refe rem-se, sobretudo, às características dos tipos de clima e de vegetação da região. 
Na Região Nordeste predominam quase todos os tipos climáticos brasileiros, à exceção do clima subtropical. O clima tropical úmido é encontrado na faixa litorânea oriental; o semiárido e o tropical típico na zona interiorana central; e o equatorial na porção ocidental do estado do Maranhão. Essa diversidade climática é acompanhada por uma variedade de formas de vegetação, a qual apresenta áreas dominadas por florestas tropicais (Amazônia e Mata Atlântica), pela Caatinga, pelo Cerrado e por uma formação de transição denominada Mata dos Cocais.

População e sub-regiões do Nordeste 


No que se refere ao aspecto humano, há na Região Nordeste um forte contraste em relação à distribuição populacional. Ela é caracterizada pela concentração de ha bitantes em algumas áreas extremamente urbanizadas do litoral, sobretudo no en torno das capitais, enquanto áreas do inte rior, como as sub-regiões do Meio-Norte e do Sertão, encontram-se pouco povoadas. Observe o mapa ao lado. Com base nesses contrastes popu lacionais e também na diversidade dos aspectos ambientais, o Nordeste pode ser dividido em quatro sub-regiões distintas: a Zona da Mata, o Agreste, o Meio-Norte e o Sertão.

Sertão nordestino 


O Sertão é a mais extensa das sub-regiões nordestinas, compreendendo aproximadamente 60% do território. Essa imensa área é dominada pelos re levos de planaltos e de depressões, entremeados por serras e chapadas, com altitudes médias de cerca de 500 metros. Nessa sub-região predomina o clima semiárido, que se caracteriza por tem peraturas elevadas (entre 24 °C e 28 °C) e duas estações bem definidas durante o ano: uma seca e outra chuvosa. 
As chuvas concentram-se em três ou quatro meses, com uma pluviosidade média de 750 mm anuais. Porém, em algumas áreas sertanejas, pode chover menos de 500 mm ao ano. Essa característica cli mática influencia diretamente na disponibilidade de recursos hídricos na sub-re gião, com a existência de alguns rios permanentes e muitos outros temporários, ou seja, cursos de água que secam parcial ou totalmente durante as estiagens. Em interação com essas características climáticas e hídricas, desenvolve-se no Sertão o bioma da Caatinga. 
Nesse ambiente, há o predomínio de uma vege tação formada por arbustos lenhosos de porte variado e plantas espinhosas, a exemplo dos cactos, como o mandacaru e o xique-xique. As fotografias a seguir mostram paisagens da Caatinga em dois momentos durante o ano: na estação chuvosa e na estação seca.

Fenômeno das secas 


Existem ocasiões em que o período de estiagem, ou seja, sem chuvas, pro longa-se por mais de um ano, dando origem ao chamado fenômeno das secas. Essa ocorrência natural está presente na vida das populações do interior da Região Nordeste há séculos. Os primeiros registros de estiagens extremas datam do século XVI. 
Com inter valos irregulares, longos períodos sem chuva (de até três anos contínuos) atin gem, sobretudo, a sub-região do Sertão. Essa situação decorre das mudanças sazonais na circulação geral dos ventos atmosféricos por conta, principalmente, da atuação do fenômeno chamado El Niño. 

Secas, perda da terra e migrações 


Durante o século XX, o Sertão foi a sub-região de origem de intensos fluxos migratórios. Além das fortes secas ocorridas, foram causas das migrações o pro cesso de perda da terra por milhares de camponeses e o empobrecimento da população. Tais fatores foram determinantes no desencadeamento de grandes ondas emigratórias, que acabaram se destacando historicamente na dinâmica populacional brasileira.
Muitos brasileiros saíram do Nordeste, sobretudo entre as décadas de 1940 e 1980, em busca de melhores oportunidades de trabalho e melhores condições de vida em outras regiões do Brasil, principalmente a Amazônia, a Região Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro) e o Distrito Federal, por oca sião da construção de Brasília.

Economia sertaneja 


A economia do Sertão nordestino baseia-se na agropecuária, atividade que sofre diretamente com os impactos das condições climáticas, sobretudo na época das estiagens. A pecuária bovina é a principal atividade econômica do Sertão. 
Em geral, essa atividade é praticada na forma extensiva, em grandes lati fúndios, mas também em pequenas propriedades, nas quais o rebanho é pouco numeroso. Além da bovi nocultura, destaca-se a criação de caprinos, que são mais resistentes ao clima semiárido. Em todo o Nordeste, os caprinos somam cerca de oito milhões de cabeças, constituin do o maior rebanho do país. 
Em todo o Sertão, desenvolve-se a agricultura de subsistência, pra ticada, basicamente, em pequenas propriedades rurais por meio da utilização de técnicas tradicionais e de mão de obra familiar. Algumas áreas, como as encostas das serras e os vales fluviais, apresentam maior umidade, sendo, portanto, mais favoráveis à prática agrícola. 
Nessas áreas, também co nhecidas como brejos, destacam-se lavouras como as de milho, feijão, arroz e mandioca. Entre as lavouras comerciais, encontram-se as culturas do algodão arbóreo, destinado principalmente às indústrias, e da soja irrigada (no oeste da Bahia), cuja produção atende, sobretudo, ao mercado externo.

2- Nordeste: sub-regiões e desenvolvimento econômico


Vamos analisar as principais características ambientais e socioeconômicas das demais sub-regiões nordestinas: a Zona da Mata, o Agreste e o Meio-Norte. Este será o ponto de partida para compreen dermos que, embora seja uma região com graves problemas sociais, nos últimos anos o Nordeste tem apresentado uma forte tendência de crescimento econômico e de melhoria da qualidade de vida da população.

Zona da Mata e Agreste


A sub-região da Zona da Mata ocupa a parte leste do Nordeste, área domi nada pelo clima tropical úmido (quente e chuvoso). A pluviosidade é elevada (1 800 mm a 2 000 mm anuais), com temperaturas médias anuais altas, varian do entre 24 °C e 26 °C. 
Esse ambiente quente e úmido favoreceu o desenvolvimento da floresta tro pical, também denominada Mata Atlântica, vegetação exuberante e com grande diversidade de espécies de fauna e flora. Originalmente, a floresta ocupava gran de parte dessa sub-região, que, por isso, passou a ser chamada de Zona da Mata. 
Contudo, desde a ocupação pelos europeus, há mais de cinco séculos, exten sas áreas de florestas foram derrubadas, dando lugar a plantações, sobretudo de cana-de-açúcar e cacau, e a dezenas de cidades. Além disso, atualmente as queimadas e os desmatamentos ilegais contribuem para a devastação do que restou dessa floresta.
Partindo do litoral em direção ao interior da Região Nordeste, o clima vai se tornando mais seco. Essa mudança climática dá origem a uma faixa de transição denominada Agreste, sub-região que se estende entre a Zona da Mata e o Sertão. Dessa forma, o Agreste apresenta características naturais tanto da Zona da Mata como do Sertão, pois em seus trechos mais úmidos desenvolve-se a Floresta Tropical, enquanto nas áreas mais secas predomina a caatinga, vegetação típica sertaneja.

Zona da Mata e Agreste: aspectos econômicos


Atualmente, a Zona da Mata é a sub-região economicamente mais impor tante do Nordeste. Nela, concentram-se diferentes segmentos da atividade fabril, como indústrias têxteis e alimentícias, agroindústrias (sobretudo usinas de açúcar e álcool), indústrias extrativas minerais, petroquímicas e, mais recentemente, automobilísticas.
As indústrias extrativas são responsá veis pela exploração de cobre, chumbo, tungstênio e cloreto de sódio (sal de cozinha). Também ocorre a extração de petróleo, recurso energético fóssil cuja exploração favoreceu a instalação de grandes indústrias petroquímicas, principalmente na área do Recôncavo Baiano, próxima a Salvador, no estado da Bahia. A existência de um grande mercado consumidor, formado pela população dos principais centros urbanos do Nor deste, contribui de maneira significativa para o desenvolvimento industrial dessa área.
Outro fator que favorece a atividade industrial na Zona da Mata é sua rede de transportes (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos), mais bem estruturada do que a das outras sub-regiões, o que facilita o deslocamento de matérias-pri mas e de produtos industrializados para as demais áreas do país e o exterior. 
Além das atividades industriais, na Zona da Mata desenvolvem-se impor tantes atividades econômicas ligadas ao meio rural, predominando os latifúndios monocultores de cana-de-açúcar, fumo e cacau, que atendem ao consumo industrial e ao comércio exterior. Outras culturas importantes são as de frutas tropicais, como manga, mamão, coco--da-baía e caju.
Grande parte dos gêneros alimentí cios básicos que abastecem os grandes centros urbanos da Zona da Mata vem do Agreste. Nessa sub-região, desta cam-se pequenas e médias propriedades rurais policultoras, que produzem principalmente mandioca, feijão, milho e hortaliças, além de criarem gado para o fornecimento de leite e derivados.
O desenvolvimento das atividades agropecuárias no Agreste contribuiu para o crescimento de cidades como Campina Grande (PB), Caruaru e Garanhuns (PE), Arapiraca (AL) e Feira de Santana (BA), que se tornaram polos de comercializa ção e de distribuição de produtos agrícolas. Atualmente, essas cidades também são importantes centros regionais de comércio e de prestação de serviços.

Meio-Norte 


A sub-região do Meio-Norte corresponde a uma área de transição entre o clima semiárido do Sertão e o clima equatorial da Floresta Amazônica, abran gendo o estado do Maranhão e parte do Piauí.

Economia do Meio-Norte 


As atividades econômicas predominantes no Meio-Norte são ligadas ao campo. A atividade extrativa vegetal é praticada em grande parte dessa região, sobretudo na Mata dos Cocais, onde são exploradas duas espécies de palmei ras: o babaçu e a carnaúba. Com base em técnicas de exploração tradicionais, essa coleta constitui a principal fonte de renda para muitos trabalhadores. Na região da Mata dos Cocais, também é comum a criação extensiva de gado bovino. 
Nas margens dos principais rios do Meio-Norte, onde os solos são mais úmidos, desenvolvem-se grandes plantações de arroz de várzea, no Piauí e no Maranhão, sendo este último estado um dos maiores produtores do país. Nas áreas mais secas, são cultivadas lavouras de mandioca, milho e algodão. 
Além dessas lavouras, há cerca de três décadas a cultura de soja vem sendo praticada em diversos municípios localizados no Meio-Norte, sobretudo nas áreas de Cerrado, como no sul do Maranhão e em parte do Piauí e no sertão baiano. Essa região foi recentemente denominada pela sigla Matopiba, como veremos mais adiante. 
A criação do Complexo Portuário e Industrial de São Luís, no Maranhão, que congrega os portos do Itaqui e da Madeira, também tem colaborado para im pulsionar o crescimento dessa sub-região nordestina. Esses portos são funda mentais para as exportações agrícolas e o embarque de minério de ferro, cobre e manganês extraídos da Serra dos Carajás, no Pará.

Desigualdades sociais e crescimento econômico nordestino


Ainda que o Nordeste apresente alguns dos índices de qualidade de vida mais baixos do país, sobretudo nas áreas rurais, verifica-se nos últimos anos um ritmo de crescimento da economia mais intenso nessa região do que nas demais, como apontam as notícias acima. Isso tem se refletido na melhoria de alguns indicadores socioeconômicos importantes, como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). 
O IDHM é um indicador que avalia com maior fidelidade as condições em que vivem os habitantes de um município. Para calcular o IDHM são utilizados os seguintes índices em relação à população do município: 
- a expectativa de vida, ou seja, o número de anos que os habitantes po derão viver, levando-se em consideração as taxas de mortalidade locais; 
- o nível de escolaridade, que se refere ao número médio de anos de estudo da população adulta; 
- a renda média dos trabalhadores, que possibilita determinado nível de consumo de bens e serviços.

Frentes do crescimento nordestino: indústria e geração de energia 


É possível afirmar que a melhoria do IDHM em boa parte do Nordeste se deve às significativas modificações ocorridas nos últimos anos em sua economia. De maneira geral, nas primeiras décadas do século XXI, a região destacava-se no panorama financeiro nacional, apresentando crescimento econômico acima da média brasileira. Sua população tinha alto potencial de consumo, apesar da forte concentração de renda. 
Por isso, o Nordeste tem sido chamado por alguns especialistas de “China brasileira”, em uma comparação às atuais características socioeconômicas da potência econômica asiática. Durante a década de 2010, foram feitos grandes investimentos em diversos setores da economia nordestina. No setor industrial, além do crescimento das próprias empresas, muitas fábricas de outras partes do país, sobretudo do Sul-Sudeste, estão mudando para a região ou abrindo filiais no Nordeste. 
Estão sendo atraídas indústrias dos mais diversos setores, como alimentício, calçadista, de vestuário e até mesmo automobilístico e de informática. Essas empresas são estimuladas, principalmente, pelo menor custo da mão de obra e pelos benefícios que vários governos estaduais estão concedendo, como a redução e até mesmo a isenção de impostos. Outro estímulo para a instalação de empresas é a posição geográfica do Nordeste em relação a alguns merca dos de exportação.

Potencial turístico do Nordeste 


Outro setor que demonstra grande potencial de desenvolvimento na região é o turismo, que cresceu consideravelmente nos últimos anos e apresenta pers pectivas promissoras para a economia nordestina. A grande quantidade de cidades litorâneas com belas praias e o inves timento da maioria dos estados na construção de complexos hoteleiros, parques aquáticos e polos de ecotu rismo contribuem de maneira deci- siva para o desenvolvimento do setor. Esse crescimento, entretanto, favorece também a especulação imo biliária, que, em muitos casos, ame aça a preservação de importantes ecossistemas da região.
Além das belezas naturais, a cultura nordestina atrai muitos turistas, tanto brasileiros como estrangeiros. Em cada estado há danças, canções e ritmos pró prios, hábitos seculares preservados, artesanatos e comidas tradicionais, entre outros aspectos, que fascinam visitantes de várias partes do Brasil e do mundo. As Festas Juninas em Campina Grande (PB) e em Caruaru (PE), por exemplo, são as mais populares do país, e o Carnaval é o evento que mais atrai turistas, principalmente para Salvador (BA),  Recife (PE) e Olinda (PE). Cada uma dessas cidades chega a receber mais de 1 milhão de turistas durante a folia carnavalesca.

Matopiba: nova fronteira agrícola 


No espaço rural nordestino, merece destaque o crescimento agrícola ocor rido em áreas do Sertão. A introdução de projetos de irrigação viabilizou o avanço de uma moderna agricultura fruticultora para exportação, proporcio nando a obtenção de elevados índices de produtividade. Atualmente, estão sendo colhidas grandes safras, sobretudo de cebola, tomate, frutas tropicais (maracujá, manga, melão) e uva. Além disso, na última década, extensas áreas, como o oeste da Bahia e o sul do Maranhão e do Piauí, junto com o norte do Tocantins, estão sendo ocupadas por plantações de soja, algodão e milho, mediante a correção dos solos do Cerrado. É a região agrícola chamada pelo Ministério da Agricultura de Matopiba, sigla que utiliza as sílabas iniciais de cada um dos estados onde está localizada. 

Números do Matopiba 


Essa região, que se configura como uma das últimas fronteiras agrícolas do mundo, é constituída por: 
• 337 municípios dos quatro estados; 
• 5,9 milhões de habitantes; 
• 73 milhões de hectares ao todo; 
• 13 milhões de hectares so mente no oeste baiano. Além disso, a previsão da safra de 2024 é de 24 milhões de toneladas.




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