quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

REGIÃO SUDESTE

A Região Sudeste é a mais populosa do Brasil, com cerca de 90 milhões de habitantes em 2021, distribuídos em quatro estados: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Juntas, essas unidades da Federação ocupam uma área de aproximadamente 925 mil km². Isso torna o Sudeste a região mais povoada do país, com uma densidade demográfica média de 86 habitantes por km².  

Sudeste: centro econômico nacional


A Região Sudes te tem a maior participação no PIB brasileiro, gerando a maior parte da riqueza nacional. Isso se deve ao fato de ela concentrar os maiores polos industriais, comerciais e de serviços do país, bem como desenvolver atividades agrope- cuárias modernas e altamente produtivas.
Além disso, o Sudeste conta com uma complexa rede urbana, encabeçada por importantes metrópoles, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro (centros financeiros e culturais do país), além de centros urbanos de porte médio, regionais e locais. Essa rede urbana é interligada por uma densa malha viária e de telecomunicações, pela qual se desloca um intenso fluxo de pessoas, mercadorias, informações e capitais. Neste capítulo vamos conhecer um dos principais aspectos econômicos do Sudeste: o alto nível de industrialização. Identificaremos os fatores de concentração da atividade industrial nessa região, conheceremos a infraes trutura criada para atendê-la e sua distribuição espacial.

Concentração industrial no Sudeste


Entre as atividades econômicas que geram grande parte do PIB do Sudeste está a atividade industrial. Atualmente, a região abriga o maior parque fabril brasileiro, com uma produção bastante diversificada, de matérias-primas pro cessadas (aço, papel, álcool etc.) e máquinas (equipamen tos industriais, tratores, caminhões etc.), além de bens de consumo (eletrodomésticos, automóveis, alimentos etc.) e equipamentos de alta tecnologia (computadores, aviões, sa télites artificiais etc.). 
O processo de industrialização do Sudeste tomou força entre as décadas de 1930 e 1950, sobretudo devido aos incentivos financeiros do governo federal e dos governos estaduais. Inicialmente, foram criadas in dústrias de base, como mineradoras, siderúrgicas e petroquímicas. Assim, desenvolveram-se importantes siderúrgicas nessa região, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), no estado do Rio de Janeiro; a Acesita e a Belgo-Mineira, em Minas Gerais; e a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), em São Paulo. 
Também foram fundadas a Petrobras, com sede no Rio de Janeiro, com a função de procurar, extrair e refinar petróleo e gás natural, e a Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale), em Minas Gerais, até hoje uma das maiores empresas de extração de minério de ferro do mundo.

A área do Quadrilátero Ferrífero 


O desenvolvimento da indústria de base no Sudeste, sobretudo dos parques siderúrgico e metalúrgico, apoiou-se na presença de jazidas minerais, como as de ferro, manganês e bauxita, matérias-primas essen ciais para a fabricação de ligas metálicas. Destacam-se importantes jazidas localizadas na parte central do estado de Minas Gerais, área denominada de Quadrilátero Ferrífero. Durante o último século, milhares de toneladas de minérios têm sido extraídas das jazidas dessa área, tanto para servir de matéria-prima às indústrias nacionais como para a exportação para outros países do mundo.

Parque industrial diversificado


A partir das décadas de 1950 e 1960, houve a diversificação do parque industrial do Sudeste, com a instalação de indústrias de bens intermediários e de consumo, como fábricas de tratores, caminhões e automóveis, eletrodo mésticos e alimentos.

Mão de obra e mercado consumidor 


Além dos investimentos dos governos federal e estaduais, uma numerosa mão de obra e um amplo mercado consumidor para os produtos manufaturados foram fatores essenciais ao pro cesso de concentração industrial no Sudeste. Vimos no Capítulo 5 que, no final do século XIX e nas pri meiras décadas do século XX, o Sudeste foi, entre as regiões brasileiras, a que recebeu um maior contingente de imigrantes estrangeiros. Desembarcaram nessa região, principalmente, italianos, espanhóis, portugueses, sírios e libaneses, além de muitos japoneses. 
Boa parte desses imigrantes já tinha algu ma experiência como operários em fábricas de seus países de origem, o que facilitou o preenchimento das vagas nas indús trias do Sudeste do Brasil. A presença de um grande mercado consumidor para os produtos fabricados também foi importante para a instalação das indústrias, sobretudo nos grandes centros urbanos, como as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Isso ocorreu por que, já na primeira metade do século XX, o Sudeste se tornou a região mais populosa do país, o que possibilitou o desenvolvimento de ampla rede de co mercialização de produtos, tanto no atacado como no varejo.

Infraestrutura de transportes e de geração de energia 


Outros dois aspectos fundamentais para o desenvolvimento industrial da Região Sudeste foram os altos investimentos dos governos na construção de infraestrutura de transportes e de energia elétrica. Enquanto a infraestrutura dos transportes faci litou a circulação de matérias-primas e dos produtos manufaturados, a de geração de energia elétrica foi essencial para movimentar as máquinas industriais e para que a população pudesse utilizar eletrodomésticos, eletroeletrônicos, entre outros. 
No caso dos transportes, a expansão da rede foi focada na ampliação e na construção de rodovias. Isso ocorreu porque, já no final da década de 1950, im portantes indústrias mecânicas, de peças automotivas, de pneus e montadoras de veículos (cami nhões, ônibus e automóveis) ins talaram-se no Sudeste, fazendo com que a região priorizasse o transporte rodoviário. Tal fato levou a região a ter, atualmente, a mais extensa malha de rodo vias do país, reunindo, inclusive, a maior parte das autopistas (rodovias com pistas duplas). 
Por outro lado, também foram muito importantes os investimentos feitos na am pliação dos portos marítimos da região, como os de Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Tubarão (ES), que auxiliam no escoamento da produção de bens manufaturados, minérios e produtos agrícolas para outras regiões brasileiras e para o exterior. 
Destaca-se, ainda, a rede de aeroportos: dos cinco terminais mais movi mentados do país de cargas e de passageiros, quatro estão na Região Sudeste: Guarulhos (SP), Campinas (SP), Confins (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
No caso da ampliação da infraestrutura de geração de energia, além de termoelétricas, a partir da década de 1960 houve a priorização da construção de usinas hidrelétricas, como forma de aproveitar o potencial natural existen te na região. 
O território da maior parte dos estados do Sudeste é composto de planaltos, com a presença de muitos vales e rios caudalosos, o que propi cia a construção de barragens para a geração de energia hidráulica, também chamada de hidroeletricidade. A construção de usinas hidrelétricas em grande escala tornou o Sudeste a região que mais produz energia elétrica no Brasil.

Centros tecnológicos 


A partir da década de 1970, os governos estaduais do Sudeste passaram a investir em centros de pesquisa focados no desenvolvimento de alta tecnologia no entorno de impor tantes universidades e instituições públicas e privadas. 
São exemplos a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Minas Gerais (UFMG), o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA).
Esses centros tecnológicos, também chamados de tecnopolos, influencia ram diretamente a implantação de indústrias nacionais e estrangeiras, que, atualmente, fabricam materiais de telecomunicações, médico-hospitalares, bio químicos, de informática e de tecnologia aeroespacial. A implantação de tecnopolos também foi responsável, em boa parte, por um processo de desconcentração da atividade industrial na própria Região Sudeste. 
Isso ocorreu porque, até então, a maior parte da produção industrial estava concentrada nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e em alguns municípios de seu entorno. A partir da década de 1980, verificou-se um deslo camento de várias indústrias, sobretudo aquelas ligadas à área de tecnologia, para áreas do interior, como a região das cidades de Campinas (SP), São José dos Campos (SP), Resende (RJ) e a região metropolitana de Belo Horizonte (MG).

Complexo agroindustrial do Sudeste


A partir da segunda metade do século XX, a concentração e a diversificação das atividades industriais no Sudeste provocaram um amplo processo de mo dernização das atividades agropecuárias, que atingiu não somente essa região como também outras partes do Brasil. 
Isso ocorreu porque as indústrias passaram a fornecer mercadorias ma nufaturadas com novas tecnologias aos proprietários rurais, como tratores, colheitadeiras e arados mecânicos; defensivos agrícolas, adubos químicos e sementes selecionadas; vacinas, medicamentos e rações balanceadas para os animais de criação, entre outros produtos. O emprego dessas tecnologias no campo provocou aumentos expressivos na produtividade agrícola, propor cionando uma maior rentabilidade a sitiantes e fazendeiros. 
Particularmente no Sudeste, essas e outras inovações desencadearam pro fundas mudanças na paisagem rural do interior dos estados, já que foi priorizada a produção de matérias-primas com grande importância para as agroindústrias e para a exportação, como café, soja, laranja e cana-de-açúcar, e a criação de gado bovino e de aves para o fornecimento de carne, leite e ovos. 
Extensas áreas de plantação desses pro dutos agrícolas e de pastagens para animais ocuparam as grandes propriedades rurais dos municípios, ao passo que as áreas plan tadas com culturas alimentares, como feijão, mandioca, batata, frutas e hortaliças em geral, desenvolvidas em pequenas propriedades ou por grupos comunitários de camponeses, foram reduzidas. 
Esse processo de modernização acabou consolidando o Sudeste como um dos polos do setor agroindustrial do Brasil. Compare no mapa abaixo a distribuição e diversificação de agroindústrias na região em que você vive com a do Sudeste.

Produtos agropecuários de destaque no Sudeste


Nas últimas décadas, boa parte das atividades agropecuá rias desenvolvidas no Sudeste passou por um amplo processo de modernização, apresentan do atualmente elevado grau de emprego de tecnologia. Entre aquelas que mais se destacam estão as atividades agrícolas que envolvem as lavouras de cana--de-açúcar, laranja, café, além da pecuária de corte e leiteira. 
A produção de laranja tem muita relevância econômica para essa região e estabelece uma grande articulação com a indús tria na produção de sucos. No que se refere à pecuária, observamos o predomínio da pe cuária melhorada ou intensiva em grande parte do território dos estados do Sudeste. Destaca-se a criação de bovinos destinada à produção leiteira, que fornece matéria-prima para as principais agroindústrias de laticínios do país.
O café é outro produto agrícola de destaque do Sudeste, que é a principal região produtora do país. Historicamente, o Brasil tem uma forte tradição no cultivo de cafeeiros e é, na atualida de, o maior produtor mundial de café, o que se deve sobretudo às colheitas obtidas nos quatro estados do Sudeste.

Agricultura 4.0 


Além de importantes instituições de pesquisa, no Sudeste também estão sediadas grandes empresas, algumas delas multinacionais que desenvolvem equipamentos e técnicas de cultivo e de criação com a mais alta tecnologia. Isso vem influenciando diretamente a forma de produzir no campo, dando origem àquilo que especialistas chamam de “agricultura 4.0”. É uma nova eta pa da produção agrícola que agrega recursos tecnológicos avançados como GPS, imagens de satélite, drones e computadores, todos conectados em tempo real.

Produção da cana-de-açúcar


De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil é atualmente o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Na safra entre 2018 e 2019, foram colhidos 625 milhões de toneladas desse produto agrícola no país. A liderança dessa produção fica com a Região Sudeste, com cerca de 405 milhões de toneladas. 
 Em nosso país, as safras da cana-de-açúcar são divididas em dois momen tos. Entre abril e novembro, há um excelente período de safra nos estados da porção centro-sul. Já de setembro a março, essa produção se destaca no eixo norte-nordeste. 
O estado de São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar do país, porém também há significativa produção nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. 
A cana-de-açúcar é uma matéria-prima agrícola com excelente articulação com a indústria, for mando um complexo agroindustrial para a pro dução de açúcar refinado e álcool combustível, chamado etanol. A Região Sudeste responde por mais de 60% de toda a produção nacional desse tipo de combustível, e a maior produção de etanol anidro e etanol hidratado ocorre nos estados de São Paulo e Minas Gerais. 

As transformações no campo e a urbanização do Sudeste


Na segunda metade do século XX estabeleceu-se no Sudeste um amplo complexo agroindustrial. Esse processo foi apoiado pelos governos estaduais e federal, beneficiando a modernização de atividades agrícolas co merciais, em sua maioria desenvolvidas em grandes propriedades rurais, em detrimento daquelas atividades mais tradicionais, praticadas geralmente em pequenas e médias propriedades. Esse modelo de desenvolvimento agrícola causou profundas transforma ções no espaço rural da região, pois: - ocasionou, por um lado, a perda da terra por boa parte dos agricultores familiares devido às dívidas bancárias e à baixa produtividade de suas pequenas propriedades, e, por outro lado, o aumento da área ocupada por grandes fazendas; 
- provocou a dispensa de um número expressivo de trabalhadores, cuja força de trabalho foi substituída, em sua maioria, por máquinas, implementos agrícolas e outras tecnologias empregadas nas grandes propriedades rurais.
Dessa forma, principalmente entre as décadas de 1970 e 1990, centenas de milhares de pequenos proprietários e de trabalhadores rurais, sem alternativa de sobrevivência, abandonaram o campo e migraram, sobretudo para os médios e grandes centros urbanos da região, em um intenso processo de êxodo rural.

Rápido processo de urbanização


Além do êxodo rural, a mi gração de pessoas de outras regiões brasileiras, principal mente de estados do Nordeste, e as altas taxas de natalidade al cançadas no final do século XX desencadearam um intenso processo de urbanização do Sudeste, ou seja, de aumento da proporção de pessoas vi vendo em cidades. Veja o grá fico ao lado. 
Atualmente, além de ser a região mais populosa do país, com cerca de 90 milhões de habitantes (em 2020), o que corresponde a 43% do total da população brasileira, o Sudeste conta com aproximadamente 95% de seus habitantes vivendo em cidades, boa parte delas de médio e grande porte, como é o caso das metrópoles paulistana, carioca e belo-horizontina. 
Além disso, a Região Sudeste abriga a maior conurbação urbana do país, a chamada megalópole brasileira, também denominada pelo IBGE de Complexo Metropolitano do Sudeste. Dele também fazem parte as cidades localizadas na região do Vale do Rio Paraíba do Sul, como São José dos Campos (SP), Tauba té (SP), Volta Redonda (RJ) e Resende (RJ), e as regiões metropolitanas da Baixa da Santista e de Campinas, ambas localizadas no estado de São Paulo. No total, viviam nessa área, em 2020, aproximadamente 48 milhões de pessoas, ou cerca de 23% do total da população brasileira.

Problemas das metrópoles do Sudeste


Assim como em outras regiões brasileiras, o rápido crescimento das capitais e cidades de porte médio do Sudeste ocasionou uma série de problemas liga dos à infraestrutura urbana, como a falta de saneamento básico e de moradia, o aumento do preço dos imóveis, o colapso do sistema de transportes e a po luição de rios e córregos e do ar atmosférico. 
Além disso, ainda que o crescimento da atividade industrial e principalmen te do comércio e dos serviços tenha ampliado os postos de trabalho, a oferta de emprego não cresceu na mesma proporção que a população urbana. Dessa forma, houve um processo de empobrecimento dos trabalhadores, o que au mentou as desigualdades sociais e a segregação do espaço urbano, sobretudo no interior das grandes cidades. 

Impactos das atividades agroindustriais e da urbanização nos biomas


O processo de crescimento e expansão das atividades agropecuárias e in dustriais, aliado ao intenso ritmo de urbanização, têm causado profundos impactos nos biomas do Sudeste. 
Entre os biomas que se estendem pela região, há a Caatinga, sobretudo no norte de Minas Gerais, o Cerrado, principalmente no interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais, e a Mata Atlântica, atualmente em trechos preser vados apenas na porção leste dos estados do Sudeste.

Mata Atlântica: maior biodiversidade do mundo


Dentre os biomas da Região Sudeste, certamente o mais impactado pelas atividades humanas é o da Mata Atlântica. Isso porque, já no início do século XIX, sua vegetação passou a ser derrubada em grande escala para a expansão das lavouras de café e, mais tarde, durante o século XX, para o avanço das la vouras de cana-de-açúcar, laranja e soja. 
Além disso, nas últimas décadas, nos domínios desse bioma houve uma “explosão” do crescimento de boa parte das cidades do Sudeste, com destaque para os centros urbanos: Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória e Santos.

Florestas, manguezais e restingas


A maior parte da área remanescente do bioma de Mata Atlântica do Brasil está localizada no Sudeste. Atualmente, ela se encontra protegida em parques e em outras áreas de preservação, sobretudo na região da Serra do Mar e do litoral. Nessa região, a área de Mata Atlântica pode ser dividida em três biomas: a floresta atlântica, nas porções de serras e vales; os manguezais, nas áreas alagadas pelas cheias e vazantes das marés nas áreas de planícies litorâneas; e as restingas, que se desenvolvem nos trechos de areia seca das praias e das dunas. Cada bioma apresenta sua complexidade de fauna e flora.
A biodiversidade existente nos domínios de Mata Atlântica do Sudeste é considerada a maior do planeta. Nela vivem centenas de espécies de fauna e flora, sendo boa parte delas endêmicas, ou seja, encontram-se exclusivamen te nessas áreas remanescentes da região e em mais nenhuma outra parte do Brasil ou do mundo. Entretanto, por causa da pressão exercida pelas atividades humanas, é nesse bioma que cerca de 60% de todas as espécies ameaçadas de extinção de nosso país estão abrigadas.






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