domingo, 11 de agosto de 2024

Industrialização e globalização

A industrialização se baseia na substituição do esforço realizado pelo trabalho humano ou de animais por máquinas. O mundo industrializado é diferente do que existia anteriormente. Por isso, dizemos que a industrialização foi algo revolucionário, lização que mudou a história da humanidade.

Revolução Industrial


A primeira fase da Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a criação de máquinas movidas a vapor de água.
O movimento mecânico do motor era transferido para outras máquinas, como teares e descaroçadores de algodão, que antes dependiam da ação humana ou animal para serem movidos. Depois de usada nas fábricas de tecido, essa tecnologia foi aplicada em locomotivas e navios.
A produção de vapor era feita com a queima de carvão mineral como fonte de energia. Por isso, o modelo de produção industrial, inicialmente, ficou restrito aos locais em que esse recurso era abundante.
A produção industrial se fez sentir em diferentes áreas do
mundo, ampliando a integração econômica entre diferentes regiões, muitas das quais eram fornecedoras de matérias-primas para as fábricas inglesas e, ao mesmo tempo, consumidoras de seus produtos.

Segunda fase da Revolução Industrial


Entre os séculos XIX e XX, a introdução de novas fontes de energia, como o petróleo e a energia elétrica, facilitou a dispersão das indústrias para outras regiões do mundo, sobretudo para países europeus, o Japão e os Estados Unidos, criando dois grandes grupos: países industrializados e não industrializados.
Nessa fase, o grande destaque das indústrias foi o desenvolvimento tecnológico que levou à criação de novos bens de consumo duráveis, como automóveis e eletrodomésticos.
No interior das fábricas, iniciava-se a aplicação dos princípios da administração científica de Frederick Taylor (1865-1915), que defendiam a maximização da produtividade por meio da especialização e da produção contra o tempo. Henry Ford (1863-1947) adotou a ideia da linha de montagem, criando o fordismo, sistema em que cada trabalhador realiza uma pequena etapa da tarefa, aumentando ainda mais o ritmo e o volume da produção. Nesse contexto, a produção em massa de bens de consumo foi acompanhada pelo estímulo ao consumo, promovendo intensas mudanças no estilo de vida da população.
Durante a chamada segunda fase da Revolução Industrial, os Estados Unidos se tornaram o país que mais promoveu inovações tecnológicas.
Assim, pouco a pouco a economia estadunidense consolidou a posição de liderança, que hoje está ameaçada pelo crescimento chinês.

Terceira fase da Revolução Industria


Na segunda metade do século XX, algumas empresas adotaram a automação industrial, eliminando a necessidade do trabalho manual em várias tarefas, que passaram a ser realizadas por robôs.
O avanço da informática otimizou a fabricação industrial, o que favoreceu a chamada produção sob demanda, ou seja, de acordo com a expectativa de venda, evitando a manutenção de grandes estoques de produtos.
As modernas redes de comunicação e transporte e a forte integração entre países, facilitada pelo processo de globalização, contribuíram para que empresas transnacionais se instalassem em vários países, sobretudo naqueles com oferta de mão de obra abundante e barata, aumentando a dispersão espacial das indústrias e intensificando a internacionalização da produção.

Indústria 4.0


A evolução das tecnologias da informação e da comunicação possibilitou uma nova mudança nos padrões produtivos. Com a internet de quinta geração (5G), em um futuro próximo, vários itens do dia a dia estarão conectados às redes, enviando dados para máquinas dotadas de inteligência artificial, e estas, mediante o processamento dessas informações, poderão decidir e cooperar para criar produtos.
É possível que essa transformação nos padrões de produção, também conhecida como Quarta fase da Revolução Industrial ou indústria 4.0, provoque mudanças na distribuição espacial das indústrias, já que somente em países com acesso à internet de alta velocidade será viável instalar parques industriais.

Tecnologia e o futuro do trabalho


Desde o início da Revolução Industrial, mudanças nos padrões tecnológicos ajudaram a ampliar a produtividade, ao mesmo tempo que causaram transformações nas relações de trabalho.
Inovações tecnológicas pretendidas pela indústria 4.0 acarretaram na atualidade a eliminação de uma série de funções e postos de trabalho, causando desemprego estrutural. Por outro lado, é possível que novas profissões sejam criadas para atender à mudança tecnológica.
É preciso considerar se países pobres ou com grandes desigualdades sociais, como o Brasil, têm condições de criar e implementar políticas educacionais que atendam às próximas gerações e também aos trabalhadores atuais para que eles possam se manter produtivos e tenham acesso à renda.
Caso contrário, a sociedade terá de lidar com os efeitos negativos do avanço tecnológico: a produção de grandes massas de pessoas desempregadas vivendo em cidades ambientalmente degradadas.

Industrialização e globalização


Esse é um dos aspectos do capitalismo atual: a globalização do comércio e da indústria. Desde o século XV as trocas de matérias-primas e produtos manufaturados ou industrializados entre os continentes vêm sendo intensificadas. 
O desenvolvimento recente de modernos sistemas de transporte e comunicação diminuíram as distâncias e reduziram o tempo de deslocamento das pessoas entre os países. A mobilidade de mercadorias e empresas, do capital e das informações acentuou a integração entre países e regiões do mundo. 
A globalização e o desenvolvimento das tecnologias de transporte e informação possibilitaram que as grandes corporações transnacionais, na busca de lucros e de redução de custos, produzissem suas mercadorias em diversas partes do mundo, dominando importantes mercados. 
Os países industrializados instalaram empresas em países cujo setor industrial não era significativo para a economia, os quais passaram, então, a fabricar produtos industrializados. 

Distribuição das riquezas


As transações comerciais não são iguais para todos os lugares. Regiões como a Europa Ocidental, a América Anglo-Saxônica e parte dos países da Ásia são altamente participativas no comércio internacional. Essas são as regiões que centralizam os maiores fluxos de produção e consumo de mercadorias. 
De outro lado, os países da América Latina (entre eles, o Brasil), da África e do sudoeste da Ásia têm participação menos influente no desenvolvimento industrial e tecnológico e apresentam fluxos menores de importação e exportação.
As empresas multinacionais e transnacionais são as principais responsáveis por impulsionar e controlar o comércio internacional. 
Os países que são sedes dessas empresas se tornam grandes polos globais de desenvolvimento científico, tecnológico, produtivo e econômico. Com o intuito de diminuir os custos de produção, as multinacionais buscam os países em desenvolvimento para utilizar a matéria-prima, a mão de obra barata e aproveitar os grandes mercados consumidores.

Maior desigualdade entre os países


A atual fase do processo de globalização criou, por um lado, a possibilidade de integração e conexão entre os países de um modo jamais imaginado cem anos atrás. Por outro lado, aumentou significativamente as desigualdades socioeconômicas entre eles. 
Os países desenvolvidos produzem e exportam produtos altamente tecnológicos e importam os produtos do setor primário da economia, feitos nos países subdesenvolvidos e com pouco valor agregado. A realidade econômica e social dos países ricos e a dos países pobres são cada vez mais diferentes. 
Segundo a ONU, atualmente cerca de 783 milhões de habitantes vivem nas 50 nações menos desenvolvidas do mundo. Dessas, 34 estão na África, 15 na Ásia e ilhas do Oceano Pacífico e uma na América Central. A maioria de seus habitantes vive com menos de 2 dólares por dia e a renda per capita desses países não ultrapassa os 400 dólares. Do ponto de vista social, muitas dessas nações ainda passam por guerras civis, têm expectativa de vida inferior a 50 anos e altas taxas de mortalidade infantil.

Desemprego 


O aumento da produtividade visto na atual fase do capitalismo não gerou um aumento significativo na oferta de novos postos de trabalho. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), existem cerca de 188 milhões de habitantes desempregados (dados de 2019). 
De acordo com a própria OIT, o número de pessoas sem emprego é um dos índices mais altos já registrados, afetando principalmente os mais jovens. A OIT afirma ainda que, mesmo havendo 3,2 bilhões de pessoas empregadas, quase a metade desse número – cerca de 1,3 bilhões de pessoas – ainda se encontra em situação de pobreza e miséria. Em sua maioria, esses trabalhadores recebem menos de 2 dólares por dia. 
Na América Latina, observa-se o crescimento do setor informal como uma alternativa para minimizar os riscos do desemprego e da miserabilidade extrema.

Produção, consumo e meio ambiente


O objetivo do sistema capitalista é que as mercadorias sejam produzidas para serem vendidas no mercado, e não para serem utilizadas apenas por quem as produz. O modelo de desenvolvimento adotado no mundo em geral visa à produção em excesso, muito superior às necessidades básicas das sociedades. 
Alguns mecanismos estimulam o consumo, como a propaganda nos meios de comunicação de massa, que induz as pessoas a comprarem mais – até mesmo bens considerados supérfluos. A isso chamamos de consumismo. As inovações tecnológicas contribuem muito para o consumismo, pois, por causa delas, novos produtos são lançados no mercado constantemente, novos hábitos de consumo são criados e muitos produtos, mesmo com pouco uso, perdem a serventia e são descartados. 
Nas sociedades capitalistas, o ato de consumir tornou-se sinônimo de prestígio social, e a vida das pessoas é fortemente marcada pelo desejo de compra. As campanhas publicitárias ocupam todos os meios de comunicação com o objetivo de induzir a sociedade ao consumo.
O aumento crescente da produção coloca à nossa disposição uma variedade de produtos e serviços para consumo. Muitos deles são necessários à nossa sobrevivência; outros, entretanto, são comprados por nós por fatores como o conforto e as facilidades da vida moderna.
Para atender à grande produtividade e à demanda atual do mercado por vários produtos, exploram-se incessantemente os recursos da natureza em todos os estágios da produção, desde a obtenção da matéria-prima para a fabricação do produto (minérios e madeira, por exemplo) até o destino final, o consumidor. Em todo o processo são necessários recursos naturais, capital, energia, água e trabalho humano. 
A humanidade vive um momento em que é preciso uma mudança drástica na relação com o meio ambiente, pois os recursos da natureza não são mais capazes de manter a sustentabilidade dos espaços geográficos e, ao mesmo tempo, suprir a demanda de consumo cada vez mais intensa imposta pelos padrões das sociedades modernas. 
Os recursos naturais somente deveriam ser utilizados no processo industrial até o limite da capacidade do ambiente de se renovar, o que não acontece atualmente. Diversos problemas ambientais são decorrentes dessa situação provocada pelos seres humanos. 
As indústrias são responsáveis por grande parte da poluição do planeta, pois liberam, principalmente, dióxido de carbono na atmosfera. O mesmo acontece com a opção pelo uso de veículos automotores. Os recursos financeiros requeridos para combater essa poluição poderiam ser investidos em outros setores da sociedade, melhorando assim a qualidade de vida.
Desde a Primeira Revolução Industrial, as atividades econômicas estão fundamentadas na queima de combustíveis fósseis – inicialmente o carvão mineral e, posteriormente, o petróleo. China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão estão entre os países que emitem mais gases de efeito estufa, resultado de seu alto nível de industrialização. 
Muitos países já tomaram providências para racionalizar o uso de matéria-prima, água e energia e, assim, reduzir os impactos ambientais causados pela emissão de gases e resíduos tóxicos. A produção de energias renováveis, como a solar e a eólica (que impactam menos o ambiente), é uma alternativa.

A globalização e o mercado brasileiro


O Brasil é um grande exportador de produtos do setor primário: agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral. Parte desses recursos são transformados e exportados para outros países. Muitos dos problemas ambientais brasileiros estão ligados a essas atividades, bem como à má gestão dos resíduos urbanos (esgoto e lixo doméstico e industrial). 
A agricultura e a pecuária desenvolvidas no país demandam áreas extensas para o cultivo e para a criação de animais. Sendo assim, algumas atividades de cultivo e criação, ao crescerem para novos espaços, principalmente locais onde há vegetação nativa, geram desmatamento. 
A retirada da cobertura vegetal causa diversos impactos ao ambiente, como: perda de fertilidade do solo e aceleração de processos erosivos; redução da biodiversidade animal e vegetal; desequilíbrio no regime de chuvas; e alterações climáticas. 
Nas grandes metrópoles brasileiras, são altos os índices de poluição atmosférica, devido à queima de combustíveis fósseis, produzida principalmente pelos automóveis, e à emissão de gases poluentes pelas indústrias. 
A intensificação das trocas comerciais, propiciada pelo processo de globalização, e o aumento do consumo causam diversos impactos ao ambiente. A longo prazo, parte dos recursos naturais terá o seu uso comprometido, assim como algumas áreas se tornarão improdutivas para o cultivo de alimentos e a criação de animais. 
Além disso, há o risco de termos menor quantidade de água potável disponível para consumo, com a contaminação e a poluição das águas subterrâneas e superficiais.

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