segunda-feira, 5 de agosto de 2024

O crescimento das cidades

Desde a formação das primeiras cidades até a Revolução Industrial, no século XVIII, o campo exerceu papel econômico mais importante que o das cidades, mesmo em grandes civilizações. 

Na Antiguidade, apenas Roma e Alexandria reuniam grandes populações. Nas demais, apesar de haver circulação de pessoas e consumo de mercadorias, a maioria da população residia no campo. Em 1800, apenas dez cidades superavam 100 mil habitantes, enquanto 90% dos indivíduos (o que representava cerca de 87 milhões de pessoas) se estabeleciam no campo. 

Com o desenvolvimento das máquinas e o surgimento das fábricas, a relação entre campo e cidade foi completamente modificada. Um conjunto de fatores passou a atrair os trabalhadores para as cidades, incluindo a grande oferta de empregos gerada pelas fábricas e outras oportunidades que surgiram em decorrência da modernização das cidades. 

No início, a expansão das cidades ocorreu no oeste da Europa e nos Estados Unidos. Na sequência, no Leste Europeu e no Japão. O Brasil ampliou suas cidades apenas após a Segunda Guerra Mundial. A industrialização tardia no Brasil provocou um crescimento urbano desordenado e sem o devido planejamento. Entre os anos de 1950 e 1990, as cidades brasileiras triplicaram o número de habitantes. 

Com o aumento populacional das cidades, a demanda por alimentos ficou cada vez maior. Assim, o campo precisou se modernizar e desenvolver novas técnicas para ampliar a produtividade agropecuária. A mecanização do campo foi a alternativa encontrada pelos grandes proprietários de terras para atender às necessidades do mercado. Esse processo reduziu ainda mais a oferta de empregos, tornando o campo um espaço repulsivo para muitos trabalhadores. O deslocamento definitivo e em massa dessa população do campo para a cidade é chamado de êxodo rural.


A cidade como espaço de reprodução do capital


Por concentrarem ofertas de trabalho e serviços, muitas cidades crescem horizontalmente, transformando espaços rurais em novas áreas urbanas, conectando-se a outras cidades em um processo de formação de amplos aglomerados urbanos, denominados metrópoles.

Algumas cidades, como Nova York, nos Estados Unidos, Tóquio, no Japão, e Londres, no Reino Unido, exercem influência mundial por abrigarem relevantes centros de decisão econômica.

Conhecidas como cidades globais, elas se caracterizam pela presença de sedes de grandes corporações transnacionais e importantes bolsas de valores, o que faz delas engrenagens centrais da economia global.

Além das cidades globais, onde o poderio econômico mundial está concentrado, em algumas cidades, houve a especialização do desenvolvimento de pesquisas dedicadas a subsidiar os avanços tecnológicos. Nelas, há forte interação entre empresas e universidades, tendo em vista a criação de novos produtos e serviços tecnológicos. Esses espaços de pesquisa e inovação são conhecidos como tecnopolos.

Os meios interligados de transporte e comunicação conectam as cidades e promovem a organização de redes globais em diferentes países. Essas redes são compostas de cidades com maior e menor influência sobre seu entorno. Essa organização é o que caracteriza a chamada hierarquia urbana.


A disputa pelo espaço urbano


As cidades desempenham papel crucial no desenvolvimento da economia globalizada. Elas podem abrigar sedes de grandes empresas, atividades de comércio e prestação de serviços. Além disso, a maior parte da população vive em cidades. Isso quer dizer que o espaço urbano corresponde ao lugar de moradia, trabalho, estudo e lazer de boa parte da população mundial.

Nas grandes metrópoles, as áreas dotadas de melhor infraestrutura de transporte e comunicação são procuradas para a instalação das empresas. O aumento da procura por essas áreas as valoriza, o que eleva os preços dos terrenos e dos imóveis.

Na impossibilidade de adquirir imóveis nas regiões mais valorizadas das cidades, pessoas de baixa renda procuram por moradias nas extremidades, ou periferias, das metrópoles, onde os preços são mais acessíveis.

O espraiamento horizontal das metrópoles dificulta a mobilidade dos cidadãos, que precisam se deslocar por longas distâncias até chegar ao local de trabalho.

Dessa forma, a disputa pelo espaço urbano produz ilhas de riqueza e desenvolvimento ocupadas por empresas e pessoas com alto poder aquisitivo. Neles, privilegia-se a criação de estruturas que favoreçam o desenvolvimento econômico e financeiro.

Contraditoriamente, os bolsões de prosperidade, sobretudo em países desiguais, como é o caso do Brasil, são cercados por áreas empobrecidas que não dispõem de infraestrutura básica. Esse processo de separação espacial das áreas pobres e ricas do espaço urbano é denominado segregação socioespacial.


Problemas ambientais nas grandes cidades


A concentração de pessoas e atividades econômicas nas cidades resulta em problemas ambientais. Entre eles, é possível citar a impermeabilização dos solos por edificações e pelo asfaltamento urbano e a ocupação de encostas de morros. Essas intervenções urbanas na paisagem causam prejuízos ambientais e transtornos, como enchentes, inundações e deslizamentos de terra.

Além disso, em algumas cidades, a falta de saneamento básico e de políticas de destinação adequada de resíduos sólidos contribui para a poluição de corpos d’água, do solo e do ar, tornando o ambiente urbano prejudicial à saúde dos habitantes.

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