Palco de diversos conflitos, a Nigéria tem aumentado sua importância no con tinente africano. Isso se deve à produção petrolífera, que desperta a atenção e o interesse de muitos países, especialmente dos Estados Unidos e da China. É justa mente a atração do petróleo que gera problemas. O outro foco de tensões é a divisão do país entre muçulmanos e católicos, com predomínio do primeiro grupo.
Antiga colônia inglesa, a Nigéria tornou-se independente em 1960. Poucos anos depois, teve início a Guerra de Biafra (1967-1970), um dos confrontos mais san grentos do país, no qual morreram cerca de 600 mil pessoas. A causa dessa guerra foi a tentativa de sepa ração do estado de Biafra, ao sul do país, que chegou a se declarar um país autônomo em 1967. Com o fim da guerra, a República de Biafra deixou de existir e a Nigéria ganhou os atuais contornos territoriais.
Outro motivo da Guerra de Biafra foi a disputa pelo
controle da exploração de petróleo, que é abundante no
sul da região (figura 40). Como as reservas estavam em
grande parte na República de Biafra, empresas transna
cionais de petróleo, em especial da França, procuraram
apoiar o movimento autonomista para atender a seus
interesses com a venda de petróleo. O apoio de transna
cionais petrolíferas dos Estados Unidos e do Reino Unido
ao governo nigeriano foi importante para manter o país
unificado, ou seja, houve uma ação para evitar que a em
presa francesa pudesse expandir sua influência na Nigéria.
Depois da Guerra de Biafra, surgiram outros conflitos, dessa vez por causa da
divisão étnica e religiosa do país. Ao norte estão os hauçás, que são majoritaria
mente muçulmanos. Os ibos, cristãos em sua maioria, habitam a área da antiga
República de Biafra. Os yoruba são o terceiro grupo populacional e estão divididos
entre muçulmanos e cristãos.
Estima-se que a maioria da população da Nigéria seja muçulmana. Na década de
1980, surgiram tensões entre partidos muçulmanos
que controlavam o norte e desejavam impor as leis
islâmicas em todo o país. Os cristãos reagiram e as
tensões rapidamente se transformaram em conflitos armados.
Não bastassem essas dificuldades, outras minorias étnicas e religiosas, que se sentiam excluídas
dos ganhos gerados com a extração do petróleo,
praticaram ações terroristas que resultaram em
muitas mortes nas décadas de 1990 e 2000, gerando enormes prejuízos, pois seus alvos preferidos
eram os oleodutos. A intenção era parar a produção
de petróleo e diminuir o poder dos muçulmanos.
Em 2009, uma série de atentados marcaram a presença de um novo grupo
de ativistas na Nigéria: o Boko Haram, que significa “educação ocidental é proibida”.
Formado por militantes islâmicos radicais, o grupo organizou várias ações
que resultaram em mortes de civis e prisão de mulheres adolescentes, com o
argumento de que elas precisam ser reeducadas de acordo com as normas da
sharia, a lei islâmica que não separa o Estado da religião e está baseada na inter
pretação de textos sagrados e na opinião de líderes religiosos.
Em 2015, o Boko Haram controlava parte do território nigeriano e de países
vizinhos com o objetivo de criar um país com regras islâmicas. Nigéria,
Níger e Chade combateram o grupo, que, em 2015, se associou ao Estado Islâmico, que atuava do mesmo modo em países como Síria e Iraque, com o objetivo de criar um país onde os líderes religiosos dominem a vida política, baseados
na sharia.
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