segunda-feira, 5 de agosto de 2024

PRESERVAÇÃO DAS FORMAÇÕES VEGETAIS

A preservação das formações vegetais originais é fundamental para a manutenção da biodiversidade. Por isso foram criadas, por meio de leis, em muitos lugares do mundo, áreas protegidas, como os parques nacionais e as reservas ecológicas. Em partes dessas áreas, a exploração pelas comunidades tradicionais que nelas vivem é permitida. Em outras, apenas pesquisas científicas ou turismo ecológico são autorizados, por exemplo.

No Brasil, as áreas protegidas por lei são denominadas Unidades de Conservação (UCs). Essas áreas podem ser:
• Unidades de Conservação de Proteção Integral (UCPIs) – áreas onde são proibidas a presença de moradores e a extração de recursos. As atividades permitidas são apenas de pesquisa, educação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.
• Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCUSs) – nessas áreas, a presença de moradores é permitida quando associada ao uso sustentável dos recursos naturais e à proteção das populações tradicionais. Muitas das áreas que concentram biodiversidade estão localizadas em propriedades particulares. Nesse caso, a lei brasileira prevê que o proprietário pode, se desejar, transformar suas terras em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), contribuindo para a preservação ambiental.

Recursos naturais e fontes de energia

Cadeia produtiva 


Grande parte dos produtos que temos à disposição para consumo é produzida em cadeias industriais por meio da transformação dos recursos naturais. A forma que usamos esses recursos e cuidamos deles é essencial para a continuidade da produção industrial e o acesso a tais bens. As cadeias industriais – ou cadeias produtivas – resultam da divisão do tra balho e de acentuada interdependência entre agentes econômicos. É um conjunto complexo de etapas, nas quais as matérias-primas passam por transformações em diversos estágios técnicos integrados, que, por sua vez, são realizados por di ferentes unidades, até se tornarem produtos acabados, que serão distribuídos e vendidos para consumo. Para que determinado produto esteja pronto para consumo, vários recursos são necessários. A cadeia começa com a exploração da matéria-prima em seu local de ocorrência. A matéria-prima pode ser de origem mineral, vegetal, agrícola ou de criação. Dependendo do produto, são necessários inúmeros tipos de material para produzi-lo, oriundos de diversas localidades. Após processado industrialmente, o bem precisa ser distribuído por redes de transporte, com o auxílio da rede de logística, até chegar ao consumidor final. A cadeia produtiva termina quando o bem é consumido ou usado e descartado. Ao longo desse processo, na fabricação de um único produto pode haver a participação de dezenas de países e milhares de pessoas, no contexto da divisão internacional do trabalho e da economia global. Para que uma cadeia produtiva funcione como vimos, a disponibilidade de re cursos naturais é essencial, seja como matéria-prima para ser transformada, seja como fonte de energia. Um dos desafios da atualidade é agir de modo sustentável para garantir o con sumo mais eficiente de energia e de recursos e assegurar tanto o menor impacto possível ao meio ambiente quanto a oferta desses recursos para gerações futuras.

Os recursos naturais


Para fabricar a grande quantidade e variedade de produtos que consumimos em nosso dia a dia, como alimentos, roupas e eletrodomésticos, é necessária também uma grande quantidade de matérias-primas. Chamamos de matéria-prima os materiais empregados na fabricação de qualquer produto. Como exemplos, podemos citar a madeira, principal matéria-prima utilizada na fabricação de móveis (armários, mesas, cadeiras etc.); o leite, principal matéria-prima empregada na fabricação de queijos, manteigas e iogurtes; entre outros. As matérias-primas podem ser utilizadas em seu estado original, ou seja, como são encontradas na natureza. Também podem ser transformadas, passando por algum processo industrial antes de serem utilizadas na fabricação de um produto.

A maioria das matérias-primas utilizadas na fabricação dos bens de que o ser humano necessita é obtida de elementos da natureza, seja por meio do extrativismo, seja por meio da agricultura e da pecuária. Os elementos da natureza usados para isso são chamados recursos naturais. Entre eles estão as florestas, os solos e os rios. As águas dos rios, por exemplo, são recursos naturais utilizados para pesca, navegação, irrigação de lavouras, abastecimento de cidades ou, ainda, para a geração de energia elétrica. Já os solos são utilizados para a formação de lavouras, criação de animais etc. 


Classificações dos recursos naturais 


Os recursos naturais apresentam-se de diversas formas e têm um papel importante em nosso cotidiano. Os recursos naturais podem ser classificados, basicamente, de duas maneiras: quanto à origem e ao poder de renovação natural. Quando os recursos naturais têm origem em seres vivos ou em materiais orgânicos, são chamados de recursos bióticos. Os combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural) estão inseridos nessa classificação, pois se formaram da decomposição orgânica de materiais. Plantas e animais também fazem parte dos recursos bióticos. Já os recursos abióticos se originam de materiais não vivos, como a luz solar, a água e o ar. Os minerais também pertencem a esse grupo. 

Quanto ao poder de renovação natural, os recursos dividem-se em renováveis e não renováveis.

• Recursos naturais renováveis: podem ser renovados pela natureza quando utilizados de maneira sustentável. Entre esses recursos estão as florestas, os solos e as águas dos rios. Uma floresta, por exemplo, pode ser explorada por meio de um planejamento chamado manejo, quando são cortadas somente árvores adultas e o próximo corte na mesma área ocorre somente após a reposição natural das espécies retiradas.

• Recursos naturais não renováveis: não podem ser recriados pela sociedade ou levam milhões de anos para serem repostos pela natureza. Entre eles estão os combustíveis fósseis (petróleo e carvão) e os minerais (ferro, manganês, cobre, ouro e diamante). As reservas desses recursos diminuem à medida que são explorados.

Nos últimos dois séculos, o desenvolvimento das atividades econômicas, sobretudo da indústria, passou a exigir a utilização cada vez maior de matérias-primas e, consequentemente, de recursos naturais renováveis e não renováveis para suprir o aumento da produção. Esse processamento crescente de matérias-primas demanda, por conseguinte, o desenvolvimento de máquinas e instrumentos de trabalho mais avançados, capazes de aumentar ainda mais a produção nas indústrias. Assim, para fornecer mais algodão para uma indústria têxtil, por exemplo, é preciso desenvolver equipamentos que possibilitem o cultivo de lavouras maiores e mais produtivas, como novos tratores, arados e colheitadeiras. 

Os recursos naturais como fonte de energia 

Os recursos utilizados para a geração de energia são chamados de fontes de energia e podem se apresentar de forma renovável ou não renovável, dependendo da matéria-prima utilizada. No quadro apresentado anteriormente (“Recursos naturais e exemplos de uso no cotidiano”), é possível ver alguns tipos de fontes de energia. O petróleo, por exemplo, é a matéria-prima para a produção de alguns combustíveis utilizados em motores à combustão. Atualmente, a maior parte dos carros, ônibus, motos e caminhões usa essa fonte de energia. 

Matriz energética mundial 

Energia pode ser definida como a capacidade de produzir movimento. Ela pode ser transferida ou transformada, sendo um elemento fundamental não só para a vida como também para a produção industrial e para o desenvolvimento da sociedade moderna. A sociedade usa diversos recursos para obter energia. Atualmente, os combustíveis fósseis são a principal fonte energética no mundo. Juntos, petróleo, carvão mineral e gás natural respondem por cerca de 80% da matriz energética do planeta. Vamos conhecer a seguir os principais recursos naturais utilizados pela sociedade. 


Combustíveis fósseis 


O petróleo é responsável por cerca de um terço da energia que movimenta o mundo. Matéria-prima fundamental para a vida moderna e componente bá sico de milhares de produtos, ele fornece derivados como gasolina, querosene, óleo diesel, gás de cozinha, lubrificantes, parafinas, asfalto, ceras e plásticos. Essa fonte energética impulsiona a economia mundial, mas é também res ponsável por problemas ambientais. O primeiro problema é a possibilidade de contaminação de águas marítimas quando a exploração é feita no fundo oceânico ou nos portos, onde ocorre o trans bordo de navios petroleiros. O derramamento e/ou o vazamento de petróleo nas águas oceânicas destroem organismos aquáticos, e a morte de vegetais marinhos diminui a oferta de oxigênio na atmosfera, elemento fundamental para a vida. O segundo problema se refere à poluição provocada pela queima dos deriva dos de petróleo, principalmente gasolina e óleo diesel. Ao entrarem em combustão, esses produtos lançam gases de efeito estufa na atmosfera.  Outro combustível fóssil é o carvão mineral, uma rocha sedimentar orgânica encontrada em bacias sedi mentares. As maiores jazidas carboníferas estão situa das na zona temperada do planeta, principalmente no Hemisfério Norte. O carvão mineral é muito utilizado na produção de eletricidade. As usinas geradoras desse tipo de ener gia, chamadas termelétricas, funcionam com algum tipo de combustível fóssil, como petróleo, gás natural ou carvão mineral. Como esse último recurso é mais barato e abundante, é a fonte que muitos países ado tam para obter energia elétrica. Esse recurso energético foi muito explorado du rante a Primeira Revolução Industrial para o aqueci mento das caldeiras nas indústrias, como as siderúrgicas, que produziam ligas metálicas, principalmente aço. Na atualidade, os maiores produtores de carvão mineral são China, Indonésia, Austrália, Índia, Estados Unidos, Rússia e África do Sul. A queima de carvão em indústrias e termelétricas causa graves impac tos socioambientais por causa da emissão de material particulado e de gases poluentes, entre os quais se destacam o gás carbônico, o dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio. Além de prejudiciais à saúde humana, esses gases são os principais responsáveis pela formação da chamada chuva ácida, que provoca a acidificação do solo e da água e, consequentemente, alterações na biodiver sidade e outros impactos negativos, como a corrosão de estruturas metálicas.

Petróleo 

É formado pela decomposição da matéria orgânica, principalmente algas, no fundo de mares e oceanos, ao longo de milhões de anos. O acúmulo de sedimentos sobre os organismos marinhos causou a compactação e o aquecimento do material orgânico, levando aos processos químicos que lhe deram origem. Por meio de métodos específicos de detecção de jazidas petrolíferas, poços podem ser perfurados a uma profundidade superior a 7 mil metros em relação ao nível médio dos oceanos. 

Após sua extração das rochas reservatórios, no continente ou em subsolo oceânico, esse material líquido e escuro é canalizado até a superfície e, depois, é levado a refinarias. Nelas, o petróleo bruto é transformado em derivados utilizados em diversas atividades. O petróleo é a principal fonte de energia do planeta atualmente (um terço de toda a energia produzida no mundo). Por isso, os países com maior produção de petróleo têm, em geral, um importante papel na política e na economia mundiais. 

Esse recurso natural é fundamental para o funcionamento das indústrias e dos meios de transporte. O aumento do consumo de petróleo no mundo deve-se, sobretudo, à ampliação de seu emprego na atividade industrial e do aumento da frota de veículos movidos por esse combustível fóssil. Essa matéria-prima também é muito empregada na fabricação de inúmeros produtos que usamos diariamente, como plásticos, fertilizantes, borrachas e tecidos sintéticos. 

Considerando esse ritmo mundial de exploração e consumo, aliado ao volume das reservas conhecidas estimadas em cerca de 1,7 trilhão de barris, calcula-se que as jazidas de petróleo devam se esgotar em um futuro próximo.

Gás natural

O gás natural é uma substância incolor e, por ser um combustível fóssil de formação semelhante à do petróleo, é comumente encontrado nas mesmas jazidas petrolíferas.

O gás natural é uma substância incolor e, por ser um combustível fóssil de formação semelhante à do petróleo, é comumente encontrado nas mesmas jazidas petrolíferas. Esse recurso natural é amplamente usado na geração de eletricidade e como combustível para determinados tipos de veículo com motor à combustão. Além disso, pode ser utilizado como matéria-prima química na fabricação do plástico e de outros produtos, como fertilizantes e corantes. Apesar de ter sido descoberto entre os anos 6000 a.C. e 2000 a.C., na região hoje conhecida como Oriente Médio, no oeste do continente asiático, sua aplicação comercial só ocorreu nos Estados Unidos, em 1821. Na ocasião, o gás era distribuído por tubos aos consumidores, que o utilizavam na iluminação residencial e para cozinhar. 

A Rússia detém as maiores reservas de gás natural do mundo (cerca de 20%) e divide com os Estados Unidos o título de principal produtor desse recurso natural não renovável na atualidade – 16,6% e 23,7%, respectivamente. 

Carvão mineral 

Assim como o petróleo e o gás natural, o carvão mineral também é um combustível fóssil não renovável. Geralmente encontrado na cor preta, o carvão mineral é formado pela decomposição de restos vegetais soterrados e comprimidos por camadas sedimentares há milhões de anos. Após um lento processo de solidificação com elevadas temperatura e pressão, esse composto passa a formar os depósitos de carvão. Encontrado de forma abundante na Terra, o carvão mineral pode ser usado como fonte química, de onde são extraídos óleos, ceras, produtos farmacêuticos, pesticidas, entre outros. Mas é como fonte de energia que esse recurso natural ganha maior destaque sendo utilizado para a geração de energia elétrica nas usinas termoelétricas.

Fontes renováveis e alternativas 

Expandir as cadeias industriais e produtivas requer expansão da infraestrutura energética. No Brasil, por exemplo, grande parte da produção de energia é oriunda da força da água obtida nas hidrelétricas. 

Energia hidráulica 

Também é possível gerar energia elétrica com a força da água. O processo consiste em armazenar esse recurso natural em um grande reservatório e canalizá-lo até as turbinas geradoras de eletricidade de uma usina hidrelétrica. A energia gerada por hidrelétricas é renovável e, se comparada às demais fontes de energia, pode ser considerada não poluente e de baixo custo. No entanto, essa fonte de energia também causa impactos ambientais e sociais. Para a instalação de uma usina hidrelétrica, muitas vezes, são ocasionados desmatamentos, destruição do hábitat de várias espécies de animais e, em alguns casos, a inundação de áreas de lavouras e de cidades.

Entre as formas de obtenção de eletricidade, o modelo hidrelétrico merece destaque, por se tratar da principal fonte geradora de energia no Brasil, responsável por pouco mais de 65% da matriz energética do país em 2021. Três das 219 usinas hidrelétricas instaladas no país estão entre as dez maiores do mundo: Itaipu Binacional, Belo Monte e Tucuruí. 

Ainda assim, em razão da demanda, é preciso importar parte da energia. A maior usina do país, situada na divisa de Brasil e Paraguai, é a Itaipu Binacional, e ambos os países compartilham sua produção energética. Mesmo com grande potencial hidráulico, o Brasil precisa ativar temporariamente usinas termelétricas para suprir necessidades de energia. A energia hidrelétrica é renovável, mas a construção de usinas geradoras desse tipo de energia acarreta alterações ambientais, como desvio do curso natural dos rios, inundação de áreas extensas de terras, matas ciliares e flores tas e alterações no regime fluvial, além de impactar a fauna e as populações que habitam regiões próximas ao local de construção das barragens e usinas.

É necessário considerar que as hidrelétricas transformam consideravelmente as paisagens naturais. Extensos lagos são formados devido ao represamento da água, fazendo com que a vegetação fique submersa e impeça o fluxo natural dos peixes. Além disso, comunidades ribeirinhas são removidas, sendo obrigadas a deixar o lugar de vivência, o que gera desequilíbrios sociais, tendo em vista que boa parte desses moradores sobrevive de recursos também extraídos do rio.

Energia nuclear 

A energia nuclear é produzida com a radiação liberada por certos elementos químicos, sobretudo o urânio. Essa energia aquece a água e a transforma no vapor que movimenta as turbinas produtoras de energia elétrica. 

Também chamada de energia atômica, a energia nuclear é produzida a partir da fissão do núcleo de um átomo de urânio, liberando grande quantidade de energia. A energia nuclear, como fonte energética, opera com praticamente zero emissão de CO2 na atmosfera, ao contrário das usinas de carvão, de petróleo e de gás natural, que lançam quantidades significativas de gases de efeito estufa e elementos nocivos. Porém, esse tipo de energia produz resíduos tóxicos que se acumulam ao final da produção e que devem ser armazenados durante períodos que podem chegar a 300 anos. 

Usinas nucleares são muito comuns em países de baixo potencial hidráulico. Os países europeus utilizam bastante da fonte nuclear de energia, apesar dos riscos. O material nuclear, em geral urânio enriquecido, é usado para esquentar a água de seus tanques, que gera vapor e movimenta as turbinas da usina para criar energia. O principal problema das usinas nucleares é o risco de acidentes com material radiativo, como o da usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, e o da usina de Fukushima, no Japão, em 2011, depois de um terremoto seguido de tsunami.

Apesar de considerada uma energia limpa para a atmosfera, alguns desastres ambientais ao longo da história geraram grandes debates diante de sua ampliação. O Japão, a França e os Estados Unidos operam centenas de usinas nucleares, fornecendo energia para uma parcela considerável de seus cidadãos. No Brasil, há atualmente duas usinas dessa categoria – Angra 1 e Angra 2. Juntas, elas produzem 3% da energia consumida no país.

Por causa da sua complexidade, a instalação de usinas nucleares envolve grandes investimentos e alta tecnologia. A desvantagem dessa fonte de energia é que tanto o vazamento de radioatividade como o lixo nuclear são altamente prejudiciais aos seres vivos.

Com as demandas ambientais, nos acordos firmados entre países e blocos econômicos o objetivo é encontrar formas mais sustentáveis de produ zir energia. Entre elas, destacam-se a energia solar e a eólica. 

Fontes alternativas de energia 

A matriz energética mundial está cada vez mais diversificada e isso se deve, sobretudo, ao uso de novas tecnologias aplicadas ao desenvolvimento de fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica. Países com áreas localizadas na faixa intertropical têm o privilégio de contar com uma exposição mais regular aos raios solares ao longo do ano, podendo aproveitar melhor esse recurso natural. A energia térmica (calor) é convertida em energia elétrica por meio da captação da radiação solar por placas coletoras planas, denominadas células solares ou fotovoltaicas. Quanto maior a placa, maior a captação de calor e, portanto, maior o potencial de geração de energia. Outra fonte alternativa e renovável de energia cujo uso vem se ampliando em alguns países, incluindo o Brasil, é a eólica. Essa tecnologia se baseia na movimentação das pás de uma turbina pela força dos ventos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a energia eólica representou 11,1% da matriz elétrica brasileira em 2021. Destacam-se também os biocombustíveis, que são renováveis e são combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos desenvolvidos a partir de matéria orgânica animal ou, principalmente, vegetal. Os biocombustíveis vegetais podem ser produzidos a partir da soja, do milho, da beterraba e do trigo, entre outros. No Brasil, a cana-de-açúcar é a principal matéria-prima utilizada. Alguns exemplos de biocombustíveis são: biodiesel, etanol (álcool combustível), biogás e carvão.

Apesar de a queima desses combustíveis não gerar poluentes atmosféricos, ambientalistas apontam que esse modelo de produção também tem repercussões negativas. Grandes propriedades são necessárias para o cultivo da matéria-prima e, por isso, áreas florestais podem ser desmatadas para ampliar a produção. Além disso, há problemas como o aumento do consumo de água para irrigação, o uso intensivo do solo e o emprego de pesticidas, entre outros. 

Biomassa 

A biomassa é conhecida como material renovável de origem orgânica (vegetal e animal) utilizado para a geração de energia. A beterraba açucareira, o milho, a cana-de-açúcar, alguns óleos vegetais, como os provenientes do dendê e do algodão, e resíduos orgânicos, como o esterco de curral, são exemplos de biomassa. A cana, o milho e a mamona, por exemplo, são usados como matéria-prima na produção de etanol (álcool). Já o bagaço da cana e do coco pode ser utilizado na queima em fornos e caldeiras, para geração de calor em usinas termoelétricas.

Energia solar e energia eólica 

A energia solar é produzida por painéis que captam a radiação solar e a convertem em eletricidade. Já a energia eólica é produzida a partir da força do vento que, ao girar as hélices dos moinhos de ventos, impulsiona os geradores de eletricidade. A energia eólica e a energia solar são consideradas limpas, ou seja, não poluentes, porém, apresentam baixa produtividade.

A energia solar é virtualmente inesgotável, já que sua fonte é a luz do Sol. É captada por placas de absorção de luz solar, chamadas células fotovoltaicas, ca pazes de convertê-la em energia elétrica. Esta, por sua vez, é armazenada em ba terias ou transferida a sistemas ligados à rede elétrica de distribuição. Nesse caso, a luminosidade é convertida diretamente em energia. 

Nas usinas heliotérmicas, a energia solar movimenta turbinas, que geram energia. Países como Espanha, França, Alemanha, Arábia Saudita, China e outros estão investindo em fazendas solares, nas quais milhares de painéis são dispos tos para captar energia solar, convertê-la em energia elétrica e lançá-la na rede de distribuição, a fim de abastecer casas, indústrias e comércios. Fatores como aprimoramento tecnológico, queda no preço de painéis solares e demanda cres cente por energias limpas – somados a políticas governamentais de incentivo à expansão da captação de energia solar – estão levando ao aumento do número de fazendas solares. Alemanha, China, Dinamarca e Portugal têm relativo des taque na produção desse tipo de energia. 

O Brasil é o país com a maior taxa de irradiação solar do mundo, recebendo uma média de 3 mil horas de insolação por ano. Ainda assim, esse imenso po tencial energético é pouco aproveitado. De toda a geração de energia do país, menos de 1% provém da solar. Em 2020, foi inaugurada em São Gonçalo do Gurgueia, no Piauí, a maior usina fotovoltaica do país, com produção de aproxi madamente 1500 GWh. 

Mesmo com todos os benefícios da energia solar, assim como a expansão do acesso, há alguns aspectos negativos em sua adoção. Por exemplo, esse tipo de energia exige a extração de minérios, como zinco, para a construção das placas de captação de energia. 

A fonte de energia mais limpa do planeta é a eólica, que também é virtual mente inesgotável e não emite poluentes. A energia do vento é captada por hélices ligadas a geradores e convertida em energia elétrica. Para aproveitar toda a potência dos ventos, as hélices são aerodinâmicas. Embora não emitam poluentes, as usinas eólicas não são totalmente isentas de causar impactos e a irregularidade na geração de energia – em razão das calmarias e da variação da velocidade dos ventos – é uma desvantagem.

Os principais consumidores de energia eólica são China, Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Índia. No Brasil há um grande potencial de energia eólica no litoral sul do Rio Grande do Sul e no litoral do Nordeste, com destaque para os estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão.

A energia maremotriz ou das marés tem ganhado recente destaque. Nela, aproveita-se a variação das marés para a construção de barragens próximas ao mar com diques que captam a água durante a alta da maré. Essa água é armazenada e depois liberada na maré baixa e passa por uma turbina, que gera energia elétrica. Também já há tecnologia para gerar energia elétrica pela mo vimentação das ondas do mar. Os maiores produtores atualmente são Japão, França, Coreia do Sul, Inglaterra e Estados Unidos.

domingo, 4 de agosto de 2024

Urbanização e problemas urbanos

Urbano e rural 

O termo urbano, do latim urbanus, remete ao conceito de cidade. Seu oposto, rural, remete a campo. As cidades têm características bem diferentes do campo: em geral, têm maior densidade populacional, maior oferta de serviços e infraestrutura mais desenvolvida, com presença de hospitais, instituições de ensino, vias públicas, redes de transporte, opções de lazer, áreas industriais, comerciais e residenciais. Já o campo é predominantemente domina do por atividades agropecuárias, e em certos espaços há áreas de preservação ambiental. Em comparação aos espaços urbanos, os rurais registram baixa concentração de pessoas. Em algumas localidades, há menor oferta de serviços essenciais e infraestrutura com certa limitação. O campo sofreu intensas transformações nos últimos 50 anos. 
Observa-se no espaço rural o aumento de atividades tanto agropecuárias quanto não agrícolas, como processamento, distribuição e comércio de produtos agrope cuários; mecanização da produção; certa preocupação com a biodiversidade e sua valorização; desenvolvimento do setor terciário; e intensificação de fluxos materiais e imateriais. Essas no vas características se expandiram sobretudo em virtude do crescimento do agronegócio.
À transformação do espaço geográfico devido ao surgimento e crescimento das cidades, incluindo suas estruturas e características típicas, damos o nome de urbanização. Esse processo ocorreu e continua ocor rendo de modo desigual. Há 2 500 anos, por exemplo, Roma, atual capital da Itália, já contava com 1 milhão de habitantes. Ainda na Europa, no século XIX, o processo de industrialização levou milhares de pessoas a sair de áreas rurais e ir para cidades em busca de oportunidades nas indústrias, o que acabou elevando consideravelmente o número de habitantes em cidades como Londres e Berlim.


O processo de urbanização  


A urbanização é o processo no qual a população urbana cresce a taxas mais elevadas do que a população rural. Caracteriza-se pela tendên cia de concentração da população de um país ou região nas cidades. A urbanização mais acelerada aconteceu a partir das Revoluções In dustriais, entre a segunda metade do século XVIII e o século XIX, em paí- ses europeus, nos Estados Unidos e no Japão. 
A industrialização atraiu contingentes populacionais do campo para as cidades, em razão da ne cessidade de mão de obra para as fábricas. Em países como Brasil, México, Argentina e outros, a urbanização é mais recente – intensificou-se a partir dos anos de 1950, com o crescimento da atividade industrial. É importante lembrar, porém, que em alguns desses países, como é o caso do Brasil, a urbanização não foi resultado apenas da industrialização, mas também de problemas existentes no campo, como a concentração fundiária, o difícil acesso à propriedade da terra e outros. A mecanização e a introdução de inovações científicas e tecnológicas em atividades agropecuárias também têm relações com a urbanização nos últimos 50 anos.
Embora tardio em comparação às potências europeias, o processo de urbanização no Brasil foi significativamente acelerado e transformou completamente a configuração do país. Fatores como a Proclamação da República, o fim da escravidão e o desenvolvimento industrial – este impulsionado especialmente pelo café – pressionaram e aceleraram a urbanização de cidades brasileiras. A partir dos anos 1970, com a modernização da agricultura e a expansão das atividades industriais no Brasil, a população das cidades superou a do campo e o país se tornou, de fato, urbano. 
A evolução da população urbana brasileira entre 1960 e 2015. Recife, São Paulo e Rio de Janeiro foram algumas das primeiras cidades a receber saneamento básico e aparelhos de infraestrutura urbana. Na cidade de São Paulo, por exemplo, foi demolida grande parte do an tigo centro, cujo projeto paisagístico lembrava o das ruas de Paris. Entre as décadas de 1950 e 1970, a cidade foi reurbanizada por meio da verticalização das construções e da abertura de grandes vias, além do alargamento da Avenida Rio Branco e da Avenida São João. 
O processo de urbanização no Brasil, principalmente começando na década de 1950 e se estendendo pelas décadas seguintes, está vinculado à expansão e à modernização das atividades industriais – sobretudo nas cidades das regiões Sudeste e Sul – e à modernização da agricultura. Em virtude dessas moderni zações e do crescimento econômico acentuado, houve expressivo êxodo rural e intensa migração interna entre regiões, com destaque para o fluxo da Região Nordeste para o Sudeste. Além disso, ocorreram mudanças na paisagem natural dessas cidades, entre as quais pode-se destacar a redução de áreas florestais, a retificação dos rios e o aumento da poluição atmosférica e hídrica.

O crescimento da população urbana 


Até o início do século XIX, a população urbana mundial não havia atin gido 7% do total. Cerca de dois séculos depois, em 2008, pela primeira vez na história, a população urbana ultrapassou os 50% (cerca de 3,3 bilhões de pessoas). Segundo previsões da ONU, esse número chegará a 5,2 bilhões em 2030, representando 60,4% da população mundial. Estima-se que, nas próximas décadas, o crescimento urbano nos paí ses desenvolvidos não será muito elevado (cerca de 13%); entretanto, du plicará principalmente em países da Ásia e da África em cerca de 15 anos. Diante disso, uma parcela cada vez maior da população mundial estará exposta à pobreza, ao desemprego e aos riscos ambientais associados à urbanização acelerada, como a deficiência de saneamento básico. 
Segundo a ONU, aproximadamente 30% da população urbana mun dial vive em condições de pobreza, cerca de 1,2 bilhão de pessoas moram em áreas irregulares e habitações precárias e entre 20 e 40 mi lhões de famílias não têm moradia. A falta de emprego é outro grave problema, levando 50% dos moradores de áreas urbanas a trabalhar na informalidade. Além disso, se confirmada a previsão de que, até 2050, a população urbana será de 6,7 bilhões, a pobreza nas cidades deverá se agravar caso não sejam tomadas providências para erradicá-la.
Os problemas associados à urbanização serão mais graves nas megacidades e nas megalópoles (consulte o mapa). Em 1950, Nova York e Tóquio eram as duas megacidades do planeta; em 2007, havia dezeno ve; e, em 2022, o número de megacidades passou a ser de 32, a maioria concentrada nos países menos desenvolvidos, onde os problemas eco nômicos, sociais e ambientais são graves (desemprego, violência, carên cia de transporte público, poluição, saneamento básico deficiente etc.). 
Nas próximas décadas, as megacidades se concentrarão nos países emergentes e nos menos desenvolvidos, enquanto o crescimento desse tipo de aglomeração urbana nos países desenvolvidos tenderá à estabilização.


Cidades e hábitos de consumo mundializados 


Para 2022, estimava-se que haveria mais de 570 cidades no mundo com mais de um milhão de habitantes; em 1950 elas eram apenas 86. Nas últimas décadas, o aumento de pessoas nas cidades tem impulsionado o consumo de produtos diversos, desde aqueles essenciais à sobrevivência, como os alimentos, até os mais supérfluos. Como nessas aglomerações não há espaço para a produção de alimentos em larga escala, as pessoas são obrigadas a adquiri-los em feiras e supermercados ou em outros pon tos de abastecimento. Além disso, o estilo de vida nas grandes cidades demanda o uso de produtos específicos para as pessoas trabalharem, se locomoverem, se comunicarem, entre outras necessidades. Como estudamos nos Percursos 2 e 3, os modelos de consumo das grandes cidades são difundidos mundialmente e, em geral, seguidos por grande parte da população. Assim, as empresas transnacionais têm expandido seus negócios e investido muito em propaganda, o que influencia na mundialização de alguns hábitos e na implantação da globalização cultural.

Transformações da produção agropecuária e urbanização 


As transformações da atividade agropecuária, decor rentes da introdução de inovações científicas e tecnológicas no campo, desde os anos 1960, ajudam a explicar não somente a intensa urbanização após esse período, como também o desemprego estrutural no campo. A intensificação do uso de máquinas agrícolas, fer tilizantes, agrotóxicos e rações, além do melhoramen to genético de plantas e animais, alterou o rendimento e a produtividade da agropecuária. Já em 1960, as sementes híbridas de cereais, obtidas em laboratórios de pesquisas, possibilitaram maior rendi- mento das lavouras e maior resistência a pragas e doen ças, o que ficou conhecido como Revolução Verde. 
Nos anos 1980, organismos geneticamente modificados (OGMs) começaram a ser desenvolvidos a partir de sementes transgênicas, representando outra inovação cientí fica e tecnológica importante para as transformações na agropecuária. Os cultivos com sementes de alto rendimento da Revolução Verde, como também os OGMs, exigem aplicação de defensivos agrícolas, fertilizantes etc. Entretanto, o uso intensivo de agrotóxicos é responsável por grandes danos ambientais: ao solo, pois este os retém, comprometendo a sua biodiversidade; ao ar, pois o material em suspen são provoca danos à saúde humana e a outros seres vivos, além da contaminação de alimentos; às águas superficiais e subterrâneas, além de outros. 
Nos anos 1990, com o desenvolvimento da informática, muitas de suas inovações foram empregadas na agropecuária: aplicativos para o gerenciamento dessa ativida de; drones para detectar doenças e pragas em plantações e pastagens, falhas de plan tio, contagem do número de cabeças de gado, localização de nascentes de águas etc.; além de máquinas agrícolas computadorizadas. 
Se, por um lado, as inovações científicas e tecnológicas favoreceram a agropecuária por meio do aumento do rendimento e da produtividade, por outro, substituíram parte da mão de obra empregada no campo e provocaram o desemprego estrutural. Dispensadas do trabalho no campo, populações migraram para as cidades, contribuindo para o processo de urbanização.

A urbanização nos séculos XX e XXI 


A urbanização intensificou-se a partir de 1950, principalmente em decorrência do crescimento populacional mundial, da industrialização em vários países – fato que atraiu populações do campo para as cidades em busca de emprego – e também em virtude de vários problemas nas zonas rurais que provocaram êxodos para as cidades.

Entretanto, com o crescimento populacional, problemas que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas se agravaram: destinação inadequada do lixo, congestionamento do tráfego de veículos, falta de emprego, transporte público precário e sobrecarregado, poluição atmosférica e hídrica em rios que banham as cidades, redes de abastecimento de água e de esgoto insuficientes, pequena quantidade de escolas e hospitais para atender a população etc. A urbanização acelerada provocou também a ocupação desordenada no espaço urbano, por exemplo, com a localização de indústrias causadoras da poluição ambiental, incluindo sonora, ao lado de residências. Outro resultado grave foi a formação de bairros sem infraestrutura urbana necessária – redes de água e de esgoto, energia elétrica, pavimentação de ruas, coleta de lixo, escolas etc. –, além da expansão de moradias precárias em favelas, principalmente em países em que grande parte da população vive em condição de pobreza – no Brasil, em 2021, mais de 17 milhões de pessoas viviam em favelas. 

▪ As moradias precárias 

Embora um grande número de pessoas no mundo viva em moradias precárias, ninguém gosta de morar em habitações sem conforto e higiene, sem redes de abastecimento de água e esgoto, sem espaço suficiente para dormir, cozinhar, fazer refeições, tomar banho, reunir-se etc. 

É importante compreender as moradias precárias como forma de sobrevivência social, ou seja, não tendo onde morar em condições dignas ou apropriadas, a população de baixa renda constrói moradias em espaços fragilizados ou de risco – encostas de morros, margens de rios e córregos –, em terrenos baldios (terreno não aproveitado) e até mesmo sob viadutos e pontes. Compreendemos, assim, que há razões sociais, econômicas e políticas que levam o ser humano a morar nessas condições. Entre as razões políticas está a falta de investimento suficiente do poder público – os governos – no desenvolvimento de ações de prevenção e de medidas para retirar essa população da situação em que se encontra.

▪ A organização do espaço urbano 

Para ordenar a ocupação e o uso do espaço urbano por residências, estabelecimentos comerciais, indústrias, escritórios, parques públicos etc., os poderes Executivo e Legislativo do município, geralmente com participação de seus moradores, têm procurado criar um conjunto de princípios e regras que orientam a ação humana no espaço da cidade. No Brasil, esses princípios e leis recebem o nome de Plano Diretor, cuja elaboração está prevista na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Cidade (Lei no 10257/2001). É fundamental que haja a participação da população ao longo das etapas de elaboração do Plano Diretor, cujo objetivo é orientar as ações do poder público a fim de promover a ordenação dos espaços do município, a urbanização e a sustentabilidade, garantindo o direito à cidade e à cidadania de forma mais justa e a qualidade de vida à população local, tornando possível o desenvolvimento das funções sociais urbanas em sua plenitude, bem como de cada propriedade em particular.

Aterramento marítimo 

Em algumas cidades do mundo, em virtude de limitações impostas pelo meio físico – relevo montanhoso, rede hidrográfica e solo –, para a cidade crescer e ganhar espaço para acomodar suas construções, entre elas indústrias, vias de tráfego, parques públicos etc., as administrações das cidades – prefeituras, no caso do Brasil – usam técnicas de engenharia que possibilitam ocupar terras inundadas por pântanos ou mares. Isso ocorre principalmente naquelas muito povoadas, localizadas junto ao mar e com restrições de território para se expandir, construindo-se o aterramento marítimo ou aterro marítimo. Trata-se de um processo de depositar areia ou terra em áreas ocupadas pela água do mar, com uso de tecnologia, transformando-as em terras emersas para a agropecuária e para construções residenciais, comerciais, industriais e, até mesmo, para aeroportos, como é o caso do Aeroporto Haneda, no Japão.

O recurso do aterro marítimo para ampliar o espaço urbano e as áreas de agricultura tornou-se uma prática realizada por vários países, incluindo o Brasil. Ele foi implantado nos Países Baixos, Emirados Árabes, Coreia do Sul, Cingapura, Nova Zelândia, China, Estados Unidos e outros. No Brasil, destaca-se o Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, que permitiu ampliar consideravelmente a faixa de terra litorânea, facilitando a implantação de vias de circulação de veículos e dificultando a invasão das águas do mar por ocasião das ressacas. É nesse aterro que se situa o Parque do Flamengo, importante área de lazer ao ar livre.

Problemas urbanos 

Em maior ou menor intensidade, as cidades brasileiras, como também as de muitos outros países, enfrentam vários problemas. Entre eles, os de saneamento básico, violência, condições precárias de moradia, má qualidade dos transportes urbanos, congestionamentos de trânsito, poluição atmosférica, sonora, dos rios e de aquíferos, serviços públicos deficientes – limpeza urbana, conservação de vias públicas, falta de escolas e hospitais –, além de outros. Todos esses problemas precisam ser resolvidos, pois comprometem a qualidade de vida dos moradores e geram inseguranças, como é o caso, principalmente, da violência urbana. Quanto ao saneamento básico ou ambiental, está estritamente relacionado à saúde da população. A sua falta ou cobertura incompleta é responsável pela ocorrência de várias doenças: febre tifoide, cólera, leptospirose, disenteria bacteriana etc.


Urbanização e capital financeiro 


O recente processo de urbanização se confunde com a história da industrialização e da formação do capital financeiro – o capital representado por títulos e papéis negociá veis que podem ser convertidos em dinheiro. Os bancos ou instituições financeiras, fru tos do desenvolvimento do capitalismo, tiveram e têm função importante na produção e na circulação de mercadorias em todo o mundo.

Essas empresas passaram a financiar as atividades produtivas e o consumo. Hoje, o capital financeiro está presente em quase todas as transações comerciais – a maioria das empresas e das pessoas dependem de empréstimos para adquirir imóveis, máqui nas, matérias-primas etc.


As cidades globais

 

As metrópoles que sediam as bolsas de valores mais importantes do mundo tam bém concentram as sedes administrativas ou filiais das grandes multinacionais, os maio res bancos e instituições financeiras, entre outros. Assim, elas funcionam como centros para onde converge e propaga-se a maior parte dos fluxos gerados pela globalização e, por isso, são chamadas cidades globais ou metrópoles mundiais. 

Daí se explica a concentração espacial da atividade financeira em grandes cidades como Nova York, Londres, Paris, São Paulo, entre outras, o que, contemporaneamente, permitiu a formação das chamadas cidades globais. 

As cidades globais configuram-se como centros de poder e comando das decisões econômicas e financeiras mundiais. Também formam os polos de uma rede mundial, que se articulam por meio de uma infraestrutura que possibilita a circulação dos fluxos da globalização. Desse modo, o espaço geográfico das cidades globais destaca-se por abrigar:

• os mais altos e modernos edifícios, nos quais se encontram as sedes das maiores corporações empresariais, dos grandes bancos, das bolsas de valores e das com panhias financeiras, que movimentam os fluxos de capitais; 

• as grandes redes de telecomunicações (emissoras de televisão e rádio, agências de notícias e empresas de telefonia e provedores de internet), que possibilita a circulação dos fluxos de informações; 

• as melhores infraestruturas de transportes (rede rodoviária, ferroviária e aero portuária), pelas quais circulam os fluxos de pessoas e de mercadorias.

As cidades globais se destacam pela importância econômica e por concentrarem atividades e infraestruturas indispensáveis na economia globalizada: bolsas de valores, aeroportos internacionais, amplos serviços de hotelaria, grandes centros de eventos, extensas redes de telecomunicação, muitos hospitais, diversos equipamentos culturais etc.

Embora algumas cidades globais também estejam localizadas em países subdesenvolvidos, devemos ressaltar que a distribuição dos fluxos é bastante desigual entre países ricos e pobres.

As megacidades 


As megacidades são metrópoles muito populosas, com mais de 10 milhões de habitantes, comuns, sobretudo, em países menos desenvolvidos. Essas megacidades resultaram de um intenso e rápido processo de urbanização, cuja infraestrutura, muitas vezes, é insuficiente para atender às necessidades da população. De modo geral, as megacidades exercem um papel secundário na economia mundial e na articulação dos fluxos globais devido à sua menor importância financeira, comercial, política etc.


Indústria e impactos ambientais

A necessidade cada vez maior de matérias-primas minerais, vegetais e animais, decorrente das revoluções industriais, do crescimento da população mundial e do modo de vida com base na sociedade de consumo (ou do desperdício), intensificou a exploração dos recursos naturais. Esse processo, que já dura cerca de 250 anos, causou profundas alterações no meio ambiente. Se, por um lado, a industrialização proporcionou inúmeros benefícios, por outro, causou e ainda causa, geralmente, danos ambientais.

Exploração dos recursos naturais e desmatamento 

Para atender ao crescimento populacional e ao intenso consumo e desperdício de produtos, principalmente pelas sociedades dos países desenvolvidos e classes abastadas dos países menos desenvolvidos, tem havido grande exploração de recursos naturais (para a fabricação desses produtos), com ameaça de esgotamento de alguns deles. Tomando como exemplo o desmatamento, observamos que ele tem ocorrido não somente pela expansão da agropecuária, mas também pela atividade industrial. Muitas indústrias, por exemplo, ainda empregam o carvão vegetal como fonte de energia. Entretanto, algumas empresas siderúrgicas exploram florestas plantadas para a produção de carvão vegetal, minimizando o desmatamento.

Mudanças climáticas

Não são apenas os automóveis, os caminhões e as queimadas os fatores responsáveis pela emissão de gases capazes de provocar alterações climáticas. O uso de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural) em atividades industriais e as usinas termelétricas, por exemplo, também colaboram para a emissão de gases de efeito estufa, poluindo a atmosfera.

▪ Poluição do solo e das águas

A atividade industrial pode gerar diversos detritos. Ao escoar com a água da chuva, esses detritos podem se infiltrar no solo e provocar a contaminação de lençóis de água subterrâneos; se são transportados pelas enxurradas, acabam poluindo rios, lagos e mares. Em alguns casos, há indústrias que despejam os resíduos diretamente em córregos ou rios, o que é proibido pela legislação ambiental em muitos países.

▪ Poluição sonora

O ruído provocado por máquinas de algumas indústrias pode incomodar os moradores vizinhos. Quando o barulho ou a poluição sonora ultrapassa determinado limite, é capaz de provocar danos ao aparelho auditivo, distúrbios nervosos e insônia.

ONGs e meio ambiente

A partir dos anos 1960 e 1970, a degradação ambiental passou a preocupar um número cada vez maior de pessoas em todo o mundo. Com isso, surgiram movimentos sociais em prol do meio ambiente – os chamados movimentos ambientalistas. Muitos desses movimentos deram origem a organizações não governamentais (ONGs), das quais várias pessoas participam voluntariamente em defesa do meio ambiente. Hoje, existem ONGs que lutam por muitas outras causas: justiça social, igualdade de gênero, combate à pobreza, cuidados de saúde a vítimas de crise humanitária, respeito aos direitos humanos, direitos dos portadores de necessidades especiais, entre outras. Entre as ONGs que lutam pela defesa do meio ambiente destaca-se o Greenpeace (do inglês green, verde; e peace, paz), com atuação em muitos países. Quando o meio ambiente é agredido ou ameaçado pela ação inadequada de empresas (sejam elas industriais, sejam comerciais ou de serviços), os ativistas dessas ONGs protestam publicamente para que a população tome conhecimento dos desastres ambientais que podem ocorrer. Além disso, essas organizações pressionam os órgãos públicos, como o Ministério do Meio Ambiente, no caso do Brasil, e outras entidades governamentais, para que tomem providências, movendo, até mesmo, ações na justiça contra os agressores.
Graças às pressões das ONGs, leis têm sido elaboradas para a defesa do meio ambiente, visando à proteção de matas, rios, oceanos, mares e da atmosfera, estabelecendo, por exemplo, regras sobre a destinação adequada do lixo. No entanto, mesmo com medidas desse tipo, muito ainda precisa ser feito para evitar os impactos ambientais, a começar pela atitude individual. O respeito ao meio ambiente e os esforços para não destruí-lo devem ser um compromisso de todos para que as gerações futuras recebam um planeta saudável e reconheçam nas nossas atitudes um exemplo do que devem continuar fazendo.

Indústria: transformações sociais e econômicas

As mudanças na sociedade e na paisagem

As revoluções industriais provocaram grandes transformações nas sociedades, nos espaços geográficos e nas paisagens da Terra. Agora, você vai conhecer algumas dessas transformações.

▪ Formação de novas classes sociais

O nascimento da indústria moderna deu origem a duas classes sociais distintas: a burguesia industrial, proprietária das indústrias, que passou a competir com a burguesia comercial pelo poder político e econômico; e o proletariado ou operariado, formado por trabalhadores assalariados.

▪ Fortalecimento do trabalho assalariado e do capitalismo

Na manufatura, por exemplo, o oficial era um trabalhador assalariado, mas o aprendiz recebia, como pagamento pelo seu trabalho, apenas alimentação, vestuário e alojamento na casa do mestre de ofício. Com a Revolução Industrial, as relações assalariadas de trabalho se generalizaram e fortaleceram o capitalismo.

▪ Intensa urbanização

Urbanização é o processo em que o crescimento numérico da população urbana é maior que o da população rural. Nos países em que ocorreram as revoluções industriais, houve um grande processo de urbanização. Isso aconteceu porque, geralmente, as indústrias se instalam em cidades e, dessa forma, atraem populações em busca de emprego, provenientes das zonas rurais e de outras cidades. Devemos considerar também que, em alguns casos, a implantação de indústrias fora das cidades ocorre por causa da necessidade de proximidade de matérias-primas (minério de ferro e outras), fonte de energia (por exemplo, carvão mineral) e vias de transporte (rios e ferrovias). Além disso, a implantação de indústrias na zona rural deu origem à formação de novas cidades. E a mão de obra dessas indústrias recém- -implantadas provinha do próprio campo, pois as precárias condições de vida do camponês o levavam a se transformar em operário com a esperança de ter vida melhor.

Divisão social do trabalho

Com a industrialização e a consequente urbanização, a divisão social do trabalho tornou-se mais diversificada, mais complexa. Algumas pessoas passaram a trabalhar nos sistemas de abastecimento de água, na construção de redes de esgoto, na coleta de lixo, nos transportes urbanos, na pavimentação de ruas; outras, no comércio, nos bancos, em hospitais e escolas, por exemplo. Além disso, na própria indústria, a divisão do trabalho se acentuou. Cada operário tornou-se responsável por parte do processo de fabricação de um produto, com o objetivo de elevar a produção e, com isso, gerar maiores lucros para a indústria.

▪ Alterações na paisagem urbana

A industrialização alterou o espaço geográfico e a paisagem urbana. O crescimento das cidades provocou desmatamento, ocupação de vales fluviais, desvios e canalização de rios. Foram construídas edificações industriais (galpões e fábricas), estações ferroviárias, surgiram bairros nobres e operários, centros comerciais etc. Algumas ruas foram abertas e outras foram alargadas para permitir a passagem de automóveis, bondes e outros meios de transporte, alterando profundamente a paisagem urbana que existia até então. Durante a Primeira Revolução Industrial – aproximadamente entre 1750 e 1840, na Europa –, as condições higiênicas das cidades eram deploráveis: faltavam redes de água e esgoto, coleta de lixo, as moradias de operários eram geralmente pequenas e insalubres e a sujeira nas ruas de terra e lama favorecia a ocorrência de surtos de cólera.
Essas condições urbanas passaram a atingir os mais ricos e impulsionaram a aprovação de leis sanitárias na segunda metade do século XIX. Iniciou-se, então, a implantação de redes de água e esgoto, a coleta de lixo, a pavimentação de ruas, entre outras melhorias urbanas. O crescimento dos bairros centrais das cidades, que concentravam o comércio e grande circulação de pessoas, carruagens e, depois, automóveis e caminhões, resultou no deslocamento das residências de famílias ricas para bairros periféricos construídos para tal fim, com infraestrutura de água, esgoto etc.

▪ As cidades e a interação humana com a natureza

Com a intensa urbanização e a diversificação da divisão social do trabalho, a interação humana com a natureza alterou-se profundamente. Se antes o ser humano se relacionava diretamente com ela, obtendo da terra o seu sustento, a vida urbana o levou a uma nova situação, marcada por certo distanciamento em relação à natureza, por mudanças nos hábitos e no modo de vida. Em verdade, campo e cidade se complementam: o campo fornece alimentos e matérias-primas; e as cidades oferecem serviços – saúde, comércio, bancos etc. –, além de serem, geralmente, local da instalação de indústrias, que fabricam as mercadorias de que tanto os habitantes do campo como os das cidades necessitam.

▪ Capitalismo e cidade

Com a consolidação do sistema capitalista por meio das revoluções industriais, o espaço geográfico das cidades – formado por lotes, casas etc. – foi transformado em mercadoria de compra e venda. Pessoas ou famílias que não possuíam recursos financeiros suficientes para comprar ou alugar melhores parcelas do espaço urbano para morar passaram a buscar casas precárias ou em áreas periféricas das cidades, onde havia pouca infraestrutura urbana. Como resultado, muitas cidades observaram um grande crescimento de suas manchas urbanas. Até os dias atuais, a influência do valor da terra sobre a ocupação do espaço urbano pode ser percebida. De modo geral, as áreas mais centrais das cidades são mais valorizadas, pois há coleta regular de lixo, redes de água e esgoto, rede elétrica e iluminação e equipamentos de lazer, como praças, parques, cinemas e teatros. Enquanto isso, nas áreas menos valorizadas das cidades, como periferias e áreas de risco, os serviços e a infraestrutura urbana são insuficientes e não atendem satisfatoriamente à população.

▪ Concentração do poder econômico, financeiro e político

Desde o fim do século XIX, com a Segunda Revolução Industrial, formaram-se grandes e poderosas empresas industriais, comerciais e financeiras (bancos) nos países que primeiramente se industrializaram. Ao longo do século XX, outras importantes empresas se desenvolveram. Muitas delas montaram filiais em diferentes países, incluindo o Brasil. Essas empresas, que têm a sede (matriz) em um país e operam em outros, recebem o nome de transnacionais ou multinacionais. Com muito poder e recursos econômicos, tecnologia e conhecimento científico, elas exercem forte influência econômica e política no mundo.

sábado, 3 de agosto de 2024

Do artesanato à indústria moderna

O artesanato

O artesanato, desenvolvido nos núcleos familiares, é a forma mais antiga de transformação dos recursos naturais em objetos para satisfazer as necessidades humanas. Inicialmente, destinava-se a abastecer a própria família, com a fabricação de panelas, jarros, canecas, roupas, instrumentos de trabalho, entre outros objetos. Com o passar do tempo, porém, permitiu que as famílias trocassem entre si os utensílios excedentes de sua produção. Com o crescimento da população urbana e, consequentemente, o aumento da procura por produtos ou objetos, o artesanato familiar tornou-se insuficiente. Diante disso, ao longo do século XIV, em algumas cidades europeias começaram a surgir oficinas de artesãos, que deram origem à manufatura.

A manufatura

Diante da procura crescente por mercadorias do artesanato, alguns artesãos decidiram expandir o negócio, contratando oficiais e aprendizes de ofício (sapateiros, alfaiates, ferreiros, entre outros). Assim, a nova forma de produzir mercadorias deixou de ser individual e passou a ser executada por várias pessoas contratadas, assumindo, a partir de então, a feição de empresa – a manufatura. A comercialização dos produtos, realizada pelos comerciantes, tornou-se intensa e rentável, levando ao rápido crescimento das manufaturas na Europa. Isso permitiu que muitos proprietários investissem na criação e no desenvolvimento de novas e avançadas técnicas de produção, capazes de aumentar ainda mais a oferta de produtos e o lucro. Desse processo surgiu a indústria.

A indústria

Dá-se o nome de indústria ao conjunto de atividades produtivas que transformam matérias-primas em mercadorias para uso ou consumo tanto doméstico como em todas as atividades econômicas, até mesmo em outras indústrias.

Da indústria moderna – que teve início no século XVIII – até os dias atuais, o desenvolvimento tecnológico foi tão intenso que desencadeou as chamadas “revoluções industriais”.

Primeira Revolução Industrial

Com o investimento em novas técnicas de produção, muitas invenções começaram a surgir por volta de 1750, principalmente na Inglaterra (atual Reino Unido) e, posteriormente, nos países que hoje conhecemos como França, Alemanha, Rússia, Bélgica, Itália, Japão e Estados Unidos. A invenção de máquinas possibilitou ao trabalhador produzir uma quantidade maior de mercadorias em menor tempo, comparando-se à produção da manufatura. Nasceu, assim, a indústria moderna, na qual a produção passou da manufatura para a maquinofatura. Segunda Revolução Industrial Entre as principais invenções desse período, que se estende da primeira metade do século XIX até meados do século XX, destacam-se a locomotiva a vapor; o motor de combustão interna, que permitiu o aparecimento do automóvel; o telefone; o rádio; o cinema; a televisão. Nesse período, também ocorreram a descoberta e o aproveitamento de novas fontes de energia, como o petróleo. Tudo isso revolucionou a produção industrial, os transportes e as comunicações.

Terceira Revolução Industrial

Para alguns estudiosos, a Terceira Revolução Industrial ou Revolução Científica e Tecnológica teve início quando a ciência descobriu a possibilidade de explorar a energia nuclear do átomo. Para outros, caracterizou-se pelas grandes conquistas da eletrônica, no início dos anos 1970, que permitiram os avanços da informática e de novas técnicas de produção, incluindo o uso de robôs (robótica). É importante lembrar que o processo de industrialização não se desenvolveu de forma semelhante em todos os países e espaços geográficos e que essa desigualdade ainda é observada atualmente.

Quarta Revolução Industrial

Nessa fase, as indústrias caracterizam-se por empregar elevado nível de automação obtido por meio de uma combinação de recursos tecnológicos, por exemplo, a inteligência artificial, a robótica avançada, a conectividade entre equipamentos e dispositivos (internet das coisas), as redes informacionais, entre outros. Desse modo, a produção industrial torna-se mais autônoma, ágil e competitiva. Da mesma forma que o processo de industrialização não ocorreu de maneira semelhante em todos os países do mundo, o mesmo vem acontecendo com a Indústria 4.0. Países como Alemanha, Finlândia, Estados Unidos e Israel estão na dianteira desse tipo de indústria. Essa fase da revolução industrial exige mão de obra altamente especializada e qualificada. E aí está o desafio: ou os países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos superam esse obstáculo ou ficarão na rabeira do desenvolvimento científico-tecnológico e dependentes dos centros mais avançados. Percebe-se, assim, a importância de investimentos nos setores de educação e pesquisas científico-tecnológicas para a formação de profissionais tecnicamente cada vez mais capacitados para o trabalho nesse tipo de indústria.

Tipos de indústria

▪ Classificação de acordo com o destino da produção

Com base no destino dos bens produzidos, as indústrias se classificam em: indústrias de bens de consumo, indústrias de bens intermediários e indústrias de bens de produção. As indústrias de bens de consumo produzem para consumo ou uso pela população. Abrangem:

Indústria de bens de consumo não duráveis: produz bens usados ou consumidos apenas uma vez ou por pouco tempo, como calçados, roupas, alimentos etc.

Indústria de bens de consumo duráveis: produz bens usados por um período relativamente longo, como móveis, eletrodomésticos, computadores, automóveis etc. 
As indústrias de bens intermediários produzem matérias-primas para outros segmentos industriais. É o caso da indústria de extração e transformação de minérios, que produz matéria-prima para as indústrias automobilísticas e químicas, por exemplo. 
As indústrias de bens de produção, também chamadas de base ou de bens de capital, produzem máquinas e equipamentos destinados a outras indústrias, como as de máquinas têxteis, as de motores e, até mesmo, as usinas de energia elétrica etc.

Classificação de acordo com a tecnologia empregada

Em relação à tecnologia que empregam, distinguem-se dois tipos de indústria: a tradicional ou de trabalho intensivo e a moderna ou de tecnologia avançada.

Nas indústrias tradicionais, empregam-se tecnologias antigas e mão de obra numerosa. Esse tipo de indústria é encontrado em vários ramos (bebida, metalurgia, confecção etc.) e em empresas que, por diversas razões, não investiram na modernização.

Nas indústrias modernas, os progressos científicos e tecnológicos são intensamente aplicados à produção industrial. A mão de obra é altamente especializada, com produção e produtividade elevadas, destacando-se as indústrias de informática, de telecomunicação, aeroespacial e automobilística com o uso de robôs.

Trabalho humano e produtos 

Um produto é o resultado da atividade humana, física ou mental, isto é, o que fazemos, criamos ou construímos por meio de nosso trabalho. 
Para que algo seja um produto, no sentido econômico do termo, é necessário que as pessoas atribuam valor a ele e o comprem para uso ou consumo. Podemos afirmar, portanto, que consumo é o uso de um bem ou serviço por uma pessoa ou por uma empresa. Assim, o objetivo da produção humana é fornecer produtos ou serviços ao mercado de consumo. Conheça alguns exemplos de produtos a seguir. 
Quando o ser humano prepara a terra, planta e colhe vegetais, obtém como resultado produtos agrícolas: cana-de-açúcar, milho, arroz, feijão, soja etc. Assim, dizemos que os produtos agrícolas são o resultado da atividade humana, ou seja, do trabalho do ser humano na agricultura. 
 Os operários que participam da produção de um automóvel trabalham em diferentes tipos de indústria que fornecem produtos para as montadoras de automóveis. O automóvel é, então, um produto resultante do trabalho humano em diferentes indústrias.
O poeta também realiza um trabalho. O resultado de seu trabalho são os poemas; eles são o produto do trabalho intelectual do poeta. No entanto, esse trabalho só se torna um produto de valor econômico quando, por exemplo, os poemas são publicados em livros, que são distribuídos às livrarias para consumo dos leitores.

A pecuária no Brasil

A agropecuária brasileira exerce um papel importante para a economia nacional, gerando riquezas ao país por meio da comercialização no mercado interno e, principalmente, externo. Apesar da considerável produção associada a suínos (porcos), equinos (cavalos), ovinos (ovelhas e carneiros) e caprinos (bodes e cabras), os dois principais destaques nacionais na pecuária vêm do rebanho bovino (bois e vacas) e galináceo (galinhas e galos).
O Brasil no mercado internacional de carnes O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de carnes do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com o crescimento do consumo mundial de carne e a valorização desse produto no mercado internacional, os criadores são incentivados a aumentar a produção, resultando em transformações do uso da terra. Atualmente, cerca de um quarto da produção brasileira de carnes se destina à exportação. De acordo com o Atlas da Complexidade Econômica, em 2018, o Brasil foi responsável por 10,72% do fornecimento do produto para o mercado internacional.
O Brasil, em 2020, foi detentor do segundo maior rebanho bovino do mundo, atrás apenas da Índia – onde a criação de gado não é voltada para fins comerciais por questões religiosas. Segundo o IBGE, em 2020 o Brasil detinha o maior rebanho bovino comercial do mundo, com cerca de 218 milhões de cabeças, e era o segundo maior exportador de carne desse segmento do planeta, atrás dos Estados Unidos. Entre 2000 e 2020, os valores de exportação de todas as carnes produzidas no Brasil somaram US$ 265 bilhões.
Segundo o IBGE, em 2020, no Brasil, a relação entre o número de habitantes e o número de cabeças de gado bovino foi de quase 1 para 1, ou seja, havia aproximadamente uma cabeça de gado bovino para cada habitante (em 2020, a população brasileira foi estimada em cerca de 213 milhões de habitantes e o rebanho bovino foi de pouco mais de 218 milhões de cabeças). 

Tipos de produção 

A pecuária pode ser realizada de duas formas. 
Na pecuária extensiva os animais são criados soltos e se alimentam de pastagens naturais ou plantadas em áreas amplas. Entre as formações vegetais nativas no Brasil, o Pantanal e os Campos, na região Sul, são aproveitados como pastagens naturais para a alimentação do gado, principalmente bovino. No Pantanal, o gado precisa ser conduzido para locais mais altos nos períodos mais chuvosos, quando ocorre a cheia na região. 
Na pecuária intensiva, os animais vivem confinados em pequenas áreas, onde são alimentados com ração. Entre os recursos utilizados para acelerar o crescimento dos animais e aumentar a produtividade, estão a seleção genética e o uso de hormônios e suplementos na alimentação. Além disso, esse sistema exige a participação de profissionais especializados, como médicos-veterinários que acompanham a engorda dos animais. 
O uso de pastagens também pode ser associado ao confinamento dos animais. Nesses casos, o sistema de produção é classificado como semi-intensivo
No Brasil, aves e gado bovino e suíno formam os maiores rebanhos, sendo suas carnes um dos principais produtos de exportação. Além disso, a atividade pecuária é realizada para a obtenção de couro, lã, leite e ovos, entre outros produtos.
No Brasil, a pecuária bovina de corte, ou seja, destinada à produção de carne, é realizada predominantemente segundo o sistema extensivo e semiextensivo, com o objetivo de abastecer os mercados interno e externo. Esse sistema é praticado principalmente em grandes propriedades, nas Grandes Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Na Grande Região Norte, a expansão da pecuária tem sido responsável por grandes desmatamentos da Floresta Amazônica, como já assinalamos. A pecuária intensiva é amplamente praticada nas Grandes Regiões Sudeste e Sul, onde o preço da terra é mais elevado, e visa, sobretudo, à produção de leite.

Principais rebanhos 

De acordo com o IBGE, em 2020, havia no país mais de 218 milhões de cabeças de gado bovino, que inclui bois, vacas e touros. A produção animal também possui importantes destaques na criação de aves, suínos, caprinos e ovinos. 

Bovinos 

Com rebanhos presentes em todo o território nacional, os estados da região Centro-Oeste merecem destaque. O gado leiteiro predomina no Pará, em Minas Gerais, em Goiás e nos estados da região Sul. Além de se destacar na criação de gado bovino, o Brasil possuía, em 2020, o terceiro rebanho mundial de gado suíno, superado apenas pela China e pelos Estados Unidos. A maior criação e produção de suínos é realizada de forma intensiva, principalmente nos estados de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul.

Aves 

A produção comercial de aves e ovos tem maior destaque nos estados das regiões Sul e Sudeste. Em 2017, o Paraná respondia por 24,4% da produção nacional de aves, enquanto São Paulo concentrava um terço da produção de ovos do país.
Quanto à produção de carne de aves (galináceos, codornas, avestruzes, perus, etc.), o Brasil é o maior exportador, com 4,3 milhões de toneladas por ano (20,9%), tendo rendido ao setor US$ 6,6 bilhões em 2020. A avicultura de galináceos, em granjas, ocupa posição de destaque no Brasil por abastecer os mercados interno e externo.

Suínos 

A criação de suínos para produção de carne é realizada principalmente nos estados da região Sul, com maior parte da produção nacional, e em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro consomem parte relevante da produção de carne de aves e suínos realizada no oeste de Santa Catarina e Paraná. Em território nacional, o transporte desses produtos é realizado em ferrovias e rodovias. A produção exportada é escoada principalmente pelos portos de Paranaguá (PR) e Itajaí (SC).

Ovinos 

Os ovinos (ovelhas e carneiros) são animais de médio porte criados principalmente para a produção de carne e lã. Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará e Piauí são os principais produtores no país. Juntos esses estados dão conta de 73% do rebanho nacional. 

Caprinos 

A região Nordeste tem destaque na produção de ovinos e caprinos (cabras e bodes). Segundo o Censo agropecuário de 2017, cerca de 93% do efetivo de ovinos está em estados nordestinos, sendo 28,9% na Bahia, 22,4% no Piauí, 17,1% em Pernambuco e 10,7% no Ceará. A carne, o leite de cabra e o couro desses animais são aproveitados comercialmente.

 Bubalinos 

O termo “bubalino” se refere aos búfalos, animais de grande porte presentes principalmente nos estados do Pará e Amapá. Os búfalos são usados no transporte de carga e pessoas e na produção de leite e queijo. Introduzidos no Brasil no século XIX, foram domesticados e atualmente fazem parte da cultura e do turismo regional da ilha de Marajó, no Pará.

Desafios e perspectivas comerciais 

Como vimos, a pecuária está presente em todas as unidades federativas. A distribuição da produção exige a integração dos principais centros produtores e consumidores, que ocorre principalmente por meio de rodovias. Sua expansão resultou em maior complexidade da atividade, que hoje incorpora grandes abatedouros, centros industriais de processamento de carne e frigoríficos, formando uma extensa cadeia produtiva. O avanço da pecuária sobre áreas da Floresta Amazônica, causando desmatamento, e o rigor dos mercados consumidores internacionais têm motivado a criação de certificados que atestem a origem da carne, com o objetivo de garantir que a produção siga padrões sanitários adequados, sem gerar graves impactos ao meio ambiente.
Apesar da importância econômica gerada pelo setor pecuarista, muitos impactos ambientais são gerados em decorrência da criação de animais em grande escala. No caso da bovinocultura, é comum que haja a necessidade da retirada da vegetação original de determinada localidade para abertura ou ampliação das pastagens. Outro impacto ambiental é a intensificação do efeito estufa. O gado é responsável por 15,4% das emissões dos gases de efeito estufa, gerados pela eructação (arroto) e pela decomposição dos dejetos (esterco), além de outros fatores.

Pecuária orgânica 

O aumento da produção pecuária foi acompanhado por preocupações quanto às condições de vida dos animais. A busca por maior produtividade, muitas vezes, resulta em processos de criação inadequados, como confinamento excessivo, criadouros lotados e uso intensivo de hormônios e medicamentos. Como alternativa, formas de produção identificadas como orgânicas vêm se desenvolvendo, nas quais se evitam o estresse dos animais e o uso de substâncias artificiais no trato do rebanho e no cultivo das pastagens. De modo geral, esses produtos chegam aos consumidores com maioes custos, tornando-se inacessíveis às parcelas mais pobres da população. 
Na produção orgânica, são consideradas ainda as condições de vida e a atividade dos trabalhadores rurais. Segundo a Embrapa, existem algumas características importantes na pecuária orgânica, entre elas garantir que todos que vivam na propriedade tenham boa qualidade de vida; conservar a biodiversidade; prezar o bem-estar animal; garantir acesso à água e a alimentos adequados; controlar os procedimentos realizados no rebanho e garantir ambientes adequados do ponto de vista de lotação e sombreamento.

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