terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Índia

Do mesmo modo que a China, a Índia descende de antigas civilizações, cujos preceitos e modos de vida ainda exercem grande influência sobre a população. O hinduísmo, religião professada por mais de 80% da população indiana, define o in divíduo a partir de sua hereditariedade, baseando-se em um sistema de castas, o que para alguns estudiosos é uma das razões da manutenção das desigualdades sociais da Índia. Apesar de abolido pela Constituição promulgada após a independência do país, que ocorreu em 1947, o sistema de castas persiste, por força da tradição.
A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes. O país apresenta também uma elevada densidade de mográfica, com cerca de 400 habitantes por quilômetro quadrado. Atualmente, a Índia é uma das maiores economias da Ásia e vem registrando expressivo crescimento econômico, mas ainda está distante de melhorar a vida de boa parte da população. Cerca de 300 milhões de indianos vivem abaixo da linha da pobreza e, em 2020, o país ocupava a 131a posição no ranking global do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), considerando 189 países. 
Essa realidade é parcialmente explicada pela elevada desigualdade social: cer ca de 1% da população indiana concentrava, em 2020, 40% da riqueza total do país. Dessa forma, são muitos os desafios socioeconômicos que a Índia enfrenta.

Divisão social e mobilidade 

A divisão da sociedade em castas hierarquizadas tem uma história muito an tiga, uma vez que se origina do hinduísmo, uma religião milenar. Na Índia atual, muitos hindus mantêm essa divisão social – principalmente em áreas menos ur banizadas –, perpetuando valores e costumes ancestrais. De acordo com a tradição, o sistema de castas não admite mobilidade social. Sua estrutura é piramidal, contendo milhares de castas divididas em quatro grandes grupos. Na base da pirâmide estão os sudras, que são os servos e os artesãos. Em seguida, vêm os vaixás, que são os comerciantes e os camponeses. Depois aparecem os xátrias, casta formada pelos militares. No topo estão os brâmanes, casta constituída por sacerdotes e estudiosos. Já os párias, também chamados de dalits ou intocáveis, realizam tarefas consideradas menores, como serviços de limpeza; não fazem parte das castas.
O sistema de castas vem de Brahma, divindade criadora do Universo. Segundo a crença, os brâmanes nasceram da cabeça de Brahma; os xátrias, dos braços; os vaixás, das pernas; e os sudras, dos pés da divindade.
O pertencimento a cada cas ta é definido pelo nascimento e por hereditariedade. A proibição do casamento entre pessoas de diferentes origens torna impossível a mudança de casta ao lon go da vida. A consequência mais evidente desse sistema é a per petuação da desigualdade social.
Muitos indianos, porém, questionam essa tradição, principalmente aqueles que Banco de imagens/Arquivo da editora vivem em grandes centros urbanos. Por sua vez, o governo tem implementado políticas públicas, como a criação de cotas em universidades, com o objetivo de facilitar a mobilidade social. 
Mesmo sendo poucos os casos, já existem indianos de castas inferiores em papel de destaque na Índia atual. São pequenos avanços, mas a questão das cas tas e da discriminação social ainda é um dos grandes desafios para o futuro da maioria dos indianos. 

A formação da República da Índia

O território da Índia foi definido em 1947, após a Segunda Guerra Mundial. A colônia britânica dessa porção asiática compreendia Índia, Paquistão e Bangladesh e era habitada por etnias e grupos religiosos diversos, dois deles majoritários: os muçulmanos e os hindus. Suas fronteiras são resultantes do processo de independência, que deu origem ao Paquistão — que se dividia em Paquistão Ocidental (atual Paquistão) e Paquistão Oriental (atual Bangladesh) e abrigava a maioria muçulmana — e à Índia, de maioria hindu. Bangladesh tornou-se independente em 1971 após a luta pela libertação do Paquistão, apoiada pela Índia. Desde a independência, Paquistão e Índia não resolveram suas questões de fronteira, responsáveis por três guerras entre os dois países. A raiz dos conflitos é a Caxemira, região de maioria muçulmana, mas sob o domínio da Índia. Na primeira guerra pela disputa da Caxemira entre Paquistão e Índia, entre 1947 e 1949, a região ficou dividida. Sua maior parte, onde estão os vales férteis e as nascentes de rios importantes, ficou sob o controle do governo indiano. O grande líder da independência da Índia foi Mahatma Gandhi, que pregava uma revolução sem violência, baseada no conceito de desobediência civil, que consistia na não obediência às leis consideradas injustas como forma de protesto e de desestabilização do poder do Estado. Apesar disso, Gandhi não conseguiu controlar a insatisfação de milhões de pessoas com a administração britânica e atos de violência e atentados terroristas foram frequentes durante a luta contra o Reino Unido.

Economia indiana


Com o fim do domínio inglês a partir de 1947, a Índia passou por muitas trans formações. A economia se diversificou com o aumento do número de indústrias e com alterações na agricultura e no setor de serviços. A industrialização indiana apresenta semelhanças com a brasileira. Ela se baseou na substituição de importações, ou seja, deu-se prioridade à instalação de fábri cas que pudessem produzir mercadorias consumidas no próprio país e que antes eram importadas do Reino Unido. 
Após essa fase inicial, o governo passou a investir em infraestrutura, como a construção de ferrovias. Para produzir trilhos e trens, dois setores foram impulsio nados: a siderurgia e a metalurgia.
A maioria da população indiana vive no campo (cerca de 64%) e quase meta de trabalha em alguma atividade ligada à agricultura (aproximada mente 47%). No entanto, as cidades indianas vêm crescendo rapidamente. Por um lado, esse processo amplia problemas sociais e ambientais urbanos. Por outro, vem esti mulando a indústria e o setor de comércio e serviços, que respondem por apro ximadamente 75% da riqueza gerada no país atualmente. 
A Índia tem despertado atenção pela prosperidade de sua economia, cada vez mais importante no contexto mundial. Também chama a atenção o caminho seguido para seu desenvolvimento nas duas últimas décadas. O país fez investimentos bem-sucedidos em tecnologia e formação profissional. Formou milhões de engenheiros e soube criar oportunidades singulares na economia globalizada. A partir dos anos 1990, a Índia promoveu grandes transformações em sua estrutura econômica e integrou-se com sucesso ao mercado internacional. Os mecanismos que apoiaram o crescimento da participação indiana na economia mundial são semelhantes aos aplicados pela China: subvalorização da moeda (rúpia), baixo custo da mão de obra, criação de Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) e incentivos do governo. Grandes investimentos para melhorar a infraestrutura de telecomunicações e de transportes também vêm sendo realizados, sobretudo no setor rodoviário.

 Agricultura 

Na década de 1950, uma série de técnicas agrícolas foi introduzida no país, iniciando a chamada Revolução Verde, que consistiu na modernização da agricul tura pelo uso de agrotóxicos, máquinas agrícolas, novas variedades de sementes e técnicas de irrigação em vastas áreas com monocultura.
Com a mecanização da agricultura, muitos empregos foram perdidos nas áreas rurais da Índia, resultando na migração das pessoas para áreas urbanas, uma das razões para a formação de enormes favelas em cidades como Mumbai e Nova Délhi, capital da Índia. Estes são os centros urbanos mais populosos do país e estão entre as maiores megacidades do mundo. O uso de sementes e agrotóxicos importados aumentou o custo de produção. Houve também uma concentração das terras, que contribuiu para expulsar tra balhadores do campo.

Exportação de serviços

Um traço de originalidade da economia indiana está relacionado ao setor de serviços. Empresas indianas contam com mão de obra com fluência na língua inglesa, qualificada para prestar serviços de natureza variada para empresas estadunidenses, inglesas e até mesmo brasileiras. Empresas de qualquer parte do mundo que não desejam criar um setor específico para atividades e processos que não pertençam a seu negócio principal (como a contabilidade, o recolhimento de impostos, a elaboração da folha de pagamentos) podem repassá-los a empresas instaladas na Índia. Os call centers, por exemplo, prestam serviços de informação ao cliente e suporte técnico ao consumidor, a distância. A prestação de serviços é um produto de exportação da Índia. Tudo é feito com a tecnologia da informação. Outro destaque da nova fase da economia indiana são as empresas de desenvolvimento de software. O setor conta com amplo apoio governamental, por meio de incentivos fiscais e investimentos públicos na formação de profissionais. Bangalore, um dos tecnopolos da Índia, tem mais engenheiros que o Vale do Silício, na Califórnia. São profissionais igualmente qualificados, mas que recebem remuneração bem inferior em comparação aos salários pagos nos Estados Unidos. Outra cidade que se destaca nesse setor é Hyderabab. A Índia é hoje o maior exportador de software do mundo.
Na área de entretenimento, o cinema tem grande destaque: é o país que mais produz filmes no mundo. Bollywood, situado em Mumbai, é a segunda maior indústria cinematográfica, superada apenas pela produção dos Estados Unidos.

Principais setores industriais

Nas décadas de 1960 e 1970, o governo proibiu a presença de empresas estrangeiras no país, como forma de incentivar o desenvolvi mento de indústrias locais. Mas, a partir de 1980, passou a autorizar os investimentos externos, que foram realizados nos setores de produção de automóveis, geração de energia, turismo e infraestrutura. Ao mesmo tempo, as empresas do país prosperaram e conseguiram desenvolver a produção de bens de consumo, como auto móveis, que são fabricados tanto para o mer cado interno como para exportação.
Entretanto, foi a partir da década de 1990 que a Índia passou a se destacar no mundo. O país tornou-se fornecedor de mão de obra qualificada. Muitos jovens indianos foram re crutados por universidades e empresas esta dunidenses e europeias para desenvolver pro gramas de computador. Estima-se que o país tenha cerca de 1,5 milhão de programadores, que atuam em empresas nacionais e estran geiras. Muitos desses jovens retornaram ao país e criaram empresas inovadoras, que de senvolvem programas de computador e robôs, usados na automação da produção industrial de muitos países.
 
A indústria farmacêutica também faz parte do desenvolvimento econômico recente da Índia. Inicialmente produzia drogas genéricas, depois começou a desenvolver e produzir drogas de combate a aids e transformou-se no principal fornecedor desses medicamentos aos países mais pobres. Atualmente os laboratórios indianos têm investido em pesquisa e desenvolvimento e elevaram as empresas desse setor ao patamar de produção do mundo desenvolvido. A indústria automobilística é também importante e começa a ganhar maior projeção internacional. Além de diversas empresas multinacionais do setor instaladas na Índia, o país tem indústrias nacionais, como a Mahindra e a Tata Motors. Esta, de maior destaque, atende a quinta parte do mercado indiano e exporta para diversos países asiáticos. Em 2008, ela lançou o automóvel mais barato do mundo e comprou a Land Rover e a Jaguar. Em 2018, o país se tornou o quarto maior produtor mundial de veículos automotivos. A Índia também disputa a liderança mundial na produção de aço. Os dois recursos minerais básicos para a siderurgia, carvão mineral e minério de ferro, são extraídos em quantidade suficiente para atender ao consumo atual das empresas indianas. As maiores jazidas de ferro estão em Goa, que, além de suprir o mercado doméstico, é responsável por 40% das exportações do país.

A sociedade

A Índia é o segundo país em população do mundo. Apesar de ser o sétimo em extensão territorial, aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes vivem em uma área de 3.287.263 quilômetros quadrados, equivalente a cerca da terça parte do território chinês. Tais fatores fazem da Índia o país de maior densidade demográfica, com mais de 400 habitantes por quilômetro quadrado. A maior parte dos indianos depende do trabalho agrícola, embora cerca de 75% da renda do país seja gerada por atividades urbanas: indústria e serviços. O crescimento econômico acelerado ainda está distante da possibilidade de melhorar a vida de boa parte dos indianos. Cerca de 300 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza e lutam diariamente pela sobrevivência. A desigualdade social é alarmante.

Indicadores sociais 

Os indicadores sociais indianos não melhoraram da mesma forma que os eco nômicos. Em 2016, a expectativa de vida era de 68,5 anos. A média de anos de estudos era de 6,3 anos, ou seja, pouco mais da metade do Ensino Fundamental, se considerarmos um ciclo de 8 anos, como ocorre em muitos países. Quando se analisa esse dado em termos de gênero, as mulheres tinham 4,8 anos de estudo em média, e os homens, 8,2 anos, em 2016, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2017.
Com elevada pobreza, a Índia enfrenta desafios para melhorar a qualidade de vida de sua população.  Em 2016, 27,8% da população estava em extrema pobreza, segundo o mesmo relatório.

Grupos religiosos

Dentre as religiões praticadas na Índia, destacam-se, pelo número de adeptos, o budismo e o bramanismo ou hinduísmo. O budismo corresponde mais a um sistema ético-filosófico do que propriamente a uma religião. Surgiu na Índia, mas acabou se difundindo, com diversas ramificações, entre alguns povos asiáticos. O hinduísmo é praticado predominantemente na Índia, com adeptos também nos países vizinhos. A religião hindu é resultante de uma combinação de culturas. Essa combinação criou o sistema de castas, que, apesar de ter sido extinto por lei, até hoje é adotado em seus princípios básicos pela sociedade indiana. As castas são grupos sociais cujos membros pertencem à mesma etnia, profissão ou religião. Sendo uma classificação hereditária, que passa de pai para filho, nesse sistema são proibidos o casamento entre pessoas de castas diferentes e a mobilidade de uma casta para outra. Além disso, não há igualdade de direitos, ou seja, algumas castas gozam de privilégios, e todas obedecem a uma hierarquia que as classifica em categorias mais elevadas ou inferiores. Vários são os aspectos considerados na classificação das castas. Entre os mais importantes estão: o trabalho, o local de habitação na cidade e a língua. A sociedade hindu divide-se em quatro castas principais: os brâmanes (monges), os xátrias (guerreiros), os vaixás (comerciantes e artesãos) e, na base da pirâmide, os sudras (camponeses).
Compõem também a sociedade hindu os párias (dalits), que são considerados impuros pelas outras castas e exercem atividades de baixa remuneração, como as funções de coveiro e faxineiro. A partir da década de 1990, as castas inferiores vêm obtendo alguns avanços, como a aquisição de propriedades, aumento de renda e melhores empregos no serviço público, além de eleger representantes na política. Essas conquistas têm levado a choques com as castas superiores, que se sentem ameaçadas.

 Influência regional, potência mundial? 

A importância regional da antiga “Joia da Coroa”, como era denominada a Índia quando ainda era colônia inglesa, entre 1858 e 1947, deve-se a vários fatores. O principal foi sua confirmação como po tência nuclear, tendo desenvolvido de forma autônoma seu projeto desde 1974 e consolidado seu poder armamentista a partir dos testes com mísseis atômicos em maio de 1998. 
O país é banhado pelo oceano Índico, tendo a leste o golfo de Bengala e a oeste o mar Arábico. A posição geográfica – que dá ao país duas costas e enorme faixa litorânea – faz parte dos elementos que determinam sua influência regional. Além disso, seu território é extenso, com 3 287 260 km2, e pode aumentar, caso as áreas que o país reivindica junto ao Pa quistão e à China sejam incorporadas.

A Índia chegou a mais de 1,32 bilhão de habitantes em 2016, de acordo com o Relatório do Banco Mundial em 2017. Do ponto de vista socioeconômico, a Índia destaca-se por possuir a maior classe mé dia do mundo, estimada em cerca de 250 milhões de habitantes, o que lhe ga rante um importante mercado consumi dor interno, abastecido por empresas locais e por grupos estrangeiros. Também é considerada a maior democracia do pla neta, já que tem o maior colégio eleitoral do mundo, com cerca de 814,5 milhões de votantes em 2014.
O desenvolvimento científico e tecnológico indiano decorre do investimen to na formação de pessoas em nível superior. A Índia é um dos países com maior número de doutores e é considerada uma “exportadora de cérebros”, já que muitos de seus cientistas atuam em empresas de alta tecnologia no exterior, como aquelas ligadas à informática nos Estados Unidos. Além disso, tem capa cidade de gerar inovações tecnológicas em seu próprio território.
A cidade de Bangalore é chamada de Vale do Silício indiano por concentrar laboratórios, universidades e empresas voltadas para a inovação tecnológica. A Índia é apontada por muitos analistas como uma potência mundial emergente. Um conjunto de características contribui para essa condição, como a capacidade de produzir uma bomba nuclear, grande população e mercado consumidor. Além disso, possui multinacionais, principalmente no setor metalúrgico.

Rumos da economia indiana 

Nas últimas décadas, o setor industrial da Índia passou a enfrentar uma série de dificuldades, como a escassez de capital para novos investimentos, a necessidade de ampliação da infraestrutura (redes de transporte, energia e comunicações) e a baixa qualificação da mão de obra. 
Na tentativa de superar esses problemas, o governo indiano recorreu a em préstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo que se subordinar às regras e à política econômica impostas por esse organismo. Em troca da ajuda financeira, a Índia se viu obrigada a promover, a partir da década de 1990, maior abertura da economia, eliminando barreiras alfandegárias, diminuindo o protecionismo e concedendo maior liberdade às importações e ao capital exter no, como ocorreu em vários países da América Latina.
Com isso, o modelo de economia mista, até então praticado no país, vem sendo, aos poucos, substituído pela economia de mercado, cada vez mais in serida no capitalismo global. Essas medidas provocaram o reaquecimento da economia indiana, sobretudo com a expansão da atividade industrial, que tem apresentado crescimento anual médio de cerca de 7,5% nos últimos anos. Um dos principais motivos desse crescimento é a implantação de grandes multina cionais no país. Essas empresas são atraídas para a Índia principalmente em razão da oferta de mão de obra abundante a baixo custo e do gigantesco mer cado consumidor do país. 
A entrada de grandes empresas multinacionais na Índia tem exigido do Estado vultosos investimentos em infraestrutura, sobretudo em usinas gerado ras de energia elétrica, estradas, pontes, viadutos e terminais intermodais de transporte. Exemplo desses investimentos é o chamado Quadrilátero Doura do, um conjunto de rodovias que une as quatro grandes metrópoles indianas (Nova Délhi, Calcutá, Chennai e Mumbai). Trata-se do mais ambicioso projeto de modernização do setor de transporte, e sua execução consumiu cerca de 40 bilhões de dólares. São aproximadamente 6 mil quilômetros de rodovias em pista dupla, com a mais alta tecnologia disponível no mundo, o que deverá revolucionar a economia indiana nos próximos anos.

Conflitos na Índia

Muitos conflitos têm origem em rivalidades étnicas e diferenças de caráter religioso, mas, fundamentalmente, são disputas territoriais, econômicas e de poder. Diversos líderes políticos manipulam a população, apropriando-se do discurso religioso para respaldar suas ações contra outros países.  As disputas de maior projeção estão concentradas em dois estados, a Caxemira e o Punjab. A região da Caxemira, no norte da Índia, ultrapassa as fronteiras do país e estende-se por terras da China e do Paquistão. O Paquistão e a guerrilha muçulmana separatista querem anexá-la ao país. Além da localização estratégica, na fronteira da China, o controle da Caxemira significa dispor de nascentes, das águas do curso médio do rio Indo e de vales férteis apropriados à atividade agrícola. Na região do Punjab, também no norte da Índia, desenvolve-se outro foco de conflito, entre os sikhs — minoria étnica seguidora de uma seita própria que difunde elementos do islamismo e hinduísmo — e os hindus. Os sikhs lutam pela independência e pela formação do Estado do Kalistão. A perseguição aos sikhs intensificou-se em 1984, após a morte da primeira-ministra indiana Indira Gandhi, assassinada por membros de sua guarda pessoal e adeptos da seita sikh. O provável motivo do assassinato teria sido o fato de Indira Gandhi ter ordenado a invasão do Templo Dourado de Amritsar — local sagrado para os sikhs, onde se reunia a cúpula do movimento separatista — resultando na morte de 450 pessoas.

China

A história da China é milenar. Vestígios históricos indicam que por volta de 8000 a.C. a agricultura começou a ser praticada junto ao rio Amarelo (Huang Ho). Em 3000 a.C., a cultura do arroz se disseminou nessa região.
No vale do rio Amarelo também se constituíram as primeiras chinesas – a partir de 2200 a.C. (dinastia Xia ou Hsia), segundo a tradição po pular, ou a cerca de 1700 a.C. (dinastia Shang), de acordo com evidências histó ricas. Entre 221 a.C. e 206 a.C., um governante da dinastia Qin instituiu um império que só seria derrubado em 1911, depois de atravessar uma fase de decadência.
Nesse longo período, a China tornou-se um dos maiores impérios da histó ria e contribuiu para o avanço científico da humanidade. Diversas invenções importantes foram desenvolvidas.  No século XX, a China passou por muitas transformações, especialmente com a Revolução Chinesa, antes de reaparecer como um dos países mais im portantes do mundo.

O território


A história da China tem cerca de 5 mil anos. Há mais de 2 mil anos, o Império Chinês já apresentava 55 milhões de habitantes. Hoje mais de 1,3 bilhão de pessoas vivem na China, e há uma numerosa comunidade chinesa espalhada por todo o mundo. Com uma superfície de 9.596.960 km2 , a China é o terceiro país mais extenso do globo, superado apenas pela Rússia e pelo Canadá. É formada por cinco grandes regiões geográficas: Sinkiang, Mongólia Interior, Tibete, Manchúria e China do leste.
O povo chinês construiu duas obras monumentais: o Canal Imperial, ou Grande Canal, e a Grande Muralha. O canal foi escavado para ligar a região norte aos arrozais do vale do rio Yang-tse. Sua construção, iniciada no século V a.C., só foi concluída no século XIII da era atual. A Grande Muralha, com mais de 6 mil quilômetros de extensão, começou a ser construída no século III a.C., para impedir a entrada de invasores nômades do norte.

População chinesa 


 Com cerca de 1,4 bilhão de habitantes, a China é o país mais populoso do mun do. A contenção do crescimento demográfico foi uma das maiores preo cupações do governo chinês nas últimas décadas. Para diminuir o ritmo de crescimento natural da população, que, na década de 1970, girava em torno de 2,3% ao ano, o governo implantou um rígido controle de natalidade: a “política do filho único”. De acordo com essa política, as famílias que tivessem um segundo filho sofreriam medidas punitivas, como o pagamento de altas multas.
Como resultado dessa política antinatalista, a taxa de crescimento demográfico na China re cuou para 0,4% ao ano, o que, de acordo com o governo chinês, impediu o acréscimo de dezenas de milhões de habitantes à população nas últi mas três décadas.
Entretanto, o rápido ritmo de envelhecimento da população (a China terá cerca de 480 milhões de idosos em 2050), associado ao rígido controle de natalidade, causou escassez de mão de obra adulta, o que levou o governo central chinês a diminuir o controle, passando a permitir, a partir de 2016, o segundo filho sem penalidades aos casais.

China: potência emergente mundial


Para entender a situação atual da China e as grandes transformações que le varam o país a se destacar no cenário mundial, vamos analisar sua história mais recente. No século XIX, a China estava submetida aos interesses de nações imperia listas europeias, como Inglaterra e Rússia, além do Japão, que exploravam exaus tivamente seus recursos naturais e controlavam grande parte de sua economia. A subordinação aos interesses imperialistas começou a mudar em 1949, quando um movimento de base camponesa, liderado por Mao Tsé-Tung, de sencadeou a revolução que levou à implantação do regime socialista. As principais medidas estabelecidas pela revolução foram a instalação de um partido único no país, o Partido Comunista; a planificação da economia, centralizada pelo Estado; a estatização dos meios de produção; a reforma agrá ria e a coletivização das terras, entre outras. Ainda na década de 1950, o governo chinês investiu no desenvolvimento da atividade industrial, sobretudo com a criação de indústrias pesadas para acelerar o crescimento econômico do país. Além de fomentar a atividade industrial, os di rigentes do Partido Comunista incluíram nos planos econômicos a priorização do desenvolvimento da agricultura e a modernização do campo, com a construção de indústrias de tratores, máquinas e implementos agrícolas, fertilizantes, adubos etc. A instauração desse modelo, fundamentado na criação de indústrias de base, foi viabilizada pela cooperação técnica e financeira da União Soviética, também socialista, o que acelerou o crescimento econômico da China.

A República Popular da China 


No início do século XX (1911-1912), chegou ao fim o império mais antigo do mundo, ao se estabelecer a República da China. O Partido Nacionalista (Kuo-Min-Tang) conquistou o poder com a proposta de eliminar o domínio estrangeiro e modernizar o país. Entretanto, não conseguiu impor a independência da China diante das grandes potências imperialistas nem unificar todas as regiões chinesas. Na década de 1920, o Partido Comunista da China foi criado em oposição ao Kuo-Min-Tang.
Em 1945, com a derrota do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial, os dois partidos se enfrentaram, desencadeando uma guerra civil. Em 1949, o exército camponês do Partido Comunista venceu os nacionalistas e fundou a República Popular da China. As forças lideradas por Chiang Kai-shek procuraram refúgio na Ilha de Formosa (Taiwan), onde fundaram a China Nacionalista. No período de 1949 a 1976, a China foi governada por Mao Tsé-tung. No início, entre 1953 a 1957, contou com a ajuda da União Soviética e elaborou um plano econômico que deu prioridade ao desenvolvimento da indústria de base. Em 1958, a China rompeu com a URSS. A orientação econômica dos técnicos soviéticos não se adaptou às particularidades da sociedade e da economia chinesas: um país populoso e essencialmente agrário. O estímulo às atividades agropecuárias era essencial à alimentação de milhões de pessoas famintas. O governo de Mao Tsé-tung criou diversas cooperativas agrícolas e, posteriormente, formou as comunas populares, unidades administrativas praticamente autossuficientes na produção de mercadorias (agrícolas e industriais) e em outras atividades básicas, como educação e saúde, que produziam também determinadas cotas destinadas ao Estado.

A Revolução Cultural


De 1966 até a morte de Mao Tsé-tung, em 1976, com o pretexto de moralizar a administração, acabar com os privilégios e incorporar os verdadeiros ideais comunistas na sociedade, o governo chinês promoveu uma cruel perseguição política e cultural ao povo chinês. Essa fase ficou conhecida como Revolução Cultural. Os artistas só podiam realizar obras que exaltassem a revolução; livros, filmes e músicas ocidentais foram proibidos; intelectuais, professores e estudantes universitários eram obrigados a contribuir com alguns anos de trabalho no campo ou nas indústrias estatais. Muitos jovens foram engajados nas Guardas Vermelhas, que tinham como meta fiscalizar o comportamento das pessoas diante dos valores da nova sociedade que se formava. As perseguições atingiram até mesmo o Partido Comunista, com a expulsão e a prisão de muitos dos membros que não apoiavam o radicalismo imposto pela Revolução Cultural à sociedade chinesa.

A China de Deng Xiaoping


Em 1978, dois anos após a morte de Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping assumiu a liderança do Partido Comunista Chinês e deu início a uma série de modificações na economia do país. Visando acelerar o desenvolvimento, o governo implementou um programa denominado Quatro Modernizações. Logo no primeiro ano de seu governo, Deng Xiaoping promoveu o processo de descomunalização (extinção das comunas), com o estímulo às pequenas propriedades agrárias (propriedades particulares) e às pequenas cooperativas que se formaram entre elas. A partir de 1980, a China promoveu uma série de reformas que permitiram a entrada de capital estrangeiro, admitiu o lucro como incentivo ao trabalho e ao desenvolvimento, abriu relações comerciais com praticamente todos os países do mundo e realizou acordos de cooperação técnica e científica.

Abertura econômica 


A China iniciou a abertura econômica no final da década de 1970, quando adotou o chamado socialismo de mercado. Passou a admitir a presença de capital externo, desde que os investidores se tornassem sócios de chineses. Além disso, o governo criou as Zonas Econômicas Especiais, nas quais são permitidos investimentos externos na produção para exportação. Desse modo, a China modernizou-se e passou a ser considerada a “fábrica do mundo”.
Atualmente, quase todo o território chinês está aberto ao capital internacional. Os investidores também são atraí dos por outras condições favoráveis, como o baixo custo de mão de obra e o gigantesco mercado consumidor chinês, que é uma excelente oportunidade para o crescimento das empresas.

Vias do desenvolvimento chinês 


A partir da década de 1960, a China se afastou politicamente dos soviéticos e passou a buscar as próprias vias de desenvolvimento. Nesse período, a economia chinesa sofreu certa estagnação, que só foi superada na década de 1980, quando o país adotou um conjunto de medidas de liberalização da economia. As medidas incluíam liberdade para a entrada de capitais e tecnologias estran geiras, mais autonomia para empresas estatais, prioridade nos investimentos em tecnologias modernas, ampliação do comércio externo, incentivo ao turis mo, entre outras. Assim, a economia chinesa alcançou resultados espetacula res, crescendo 10% ao ano, em média, nas quatro últimas décadas. Com a abertura econômica, a China passou a adotar um modelo de desenvolvimento bastante particular, chamado economia socialista de mercado. Esse modelo mantém características tanto do socialismo – como a extrema centralização do poder político – quanto do sistema capitalista – como a liberalização econômica.
Socialismo de mercado e organização do espaço chinês 
 A abertura da economia chinesa ao capitalismo internacional incrementou imensamente a atividade industrial no país, sobretudo no setor de bens de consumo. Atualmente, a produção da indústria chinesa é uma das maiores do mundo, com destaque para os setores automotivo e de produtos eletrônicos, que têm crescido aceleradamente nas últimas décadas. Outros fatores de extrema relevância para a arrancada da produção indus trial da China foram a criação de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) e a aber tura de algumas regiões do interior e de importantes cidades portuárias aos in vestimentos estrangeiros, constituindo zonas de livre comércio, estabelecidas por uma legislação mais flexível, com redução ou mesmo isenção de impostos. Essas medidas visavam, até meados da década de 1990, atrair investimentos estrangeiros e absorver as inovações tecnológicas desenvolvidas nos países mais avançados, como Estados Unidos, Japão e Alemanha.

Mudanças econômicas e espaciais


No início dos anos 1980, foram criadas, em alguns pontos do território chinês, as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), que funcionam pelas leis da economia de mercado, nos moldes capitalistas. Posteriormente (na década de 1990), esse modelo econômico foi introduzido em outras cidades. A Bolsa de Valores de Xangai, fechada desde a Revolução Socialista, foi reaberta em 1984. Desde 1978, com o programa das Quatro Modernizações, que priorizaram a produtividade em detrimento da igualdade social, as taxas de crescimento econômico da China figuram entre as maiores do mundo, cerca de 10% ao ano. A necessidade de aumento de produtividade também está relacionada ao fato de o país ter de alimentar mais de 1,3 bilhão de habitantes. Esse crescimento contou com investimentos dos Estados Unidos, de países europeus, do Japão, de Taiwan e de empresários chineses que vivem no exterior. Entre 1980 e 2000, a China recebeu meio trilhão de dólares de investimentos estrangeiros diretos.
Outra consequência da modernização econômica promovida na China foi o intenso processo de urbanização. Em 1970, a população urbana no país era inferior a 20%; em 2017, a taxa já era de 58%. Esse processo resultou de um forte êxodo rural, acompanhado de um acelerado crescimento urbano, impulsionado pela concentração, nas ci dades, das atividades mais dinâmicas e capazes de gerar novos empregos. Na China existem mui tas megacidades: Beijing, Tianjin, Guangzhou, Shenzhen, Xangai. Essas cidades reúnem migrantes das mais variadas procedências, atraídos pelas múltiplas oportunidades oferecidas pelo dinamismo econômico. Elas apresentam, porém, inúmeros desafios: problemas de mobilidade urbana, como congestionamentos e superlotação dos veículos de transporte público; problemas ambientais, como poluição do ar e excesso de lixo; expulsão das populações de baixa renda para bairros periféricos, entre outros.
Entre os mais importantes parceiros comerciais da China estão os Estados Unidos, principal destino dos produtos chineses. Em termos de fornecimento de produtos para a China, destaca-se o vizinho asiático, o Japão.
Nos últimos anos, a presença chinesa se consolidou no mundo. Grande parte de todos os produtos industrializados comercializados tem origem nesse país, o que permitiu o crescimento da economia e a melhoria da renda da população. Esse crescimento, contudo, acarretou problemas ambientais. Essas características, associadas ao poderio militar, já levam alguns analistas a afirmar a existência de uma nova bipolaridade no século XXI, dessa vez entre China e Estados Unidos.

China e Estados Unidos 


O comércio com os Estados Unidos foi fundamental para que a economia chinesa crescesse nas últimas décadas. A China é parceira comercial preferencial dos Estados Unidos, o que permite que empresas estadunidenses recebam finan ciamento para se instalarem no país oriental. Nos últimos anos, os investimentos estrangeiros no país se diversificaram, e o Japão e até o Brasil passaram a instalar indústrias em território chinês. 
Apesar de os Estados Unidos serem um grande parceiro comercial, o país tem alguns problemas com a China. Temas como o respeito aos direitos humanos e à propriedade intelectual têm produzido tensão entre eles. O volume de negócios, contudo, tem feito com que essas questões não sejam tão radicaliza das e não se tornem motivo para um rompimento diplomático ou even tuais conflitos. Se os Estados Unidos veem a China como um imenso mercado consumidor, esta, por sua vez, ganha investimentos e tecnologia com a presença dos grupos estadunidenses.
Em 2018, o presidente dos Esta dos Unidos Donald Trump anunciou a adoção de tarifas de importação sobre diversos produtos chineses: eletrônicos, peças para a indústria aeronáutica, medicamentos, maqui nários, entre muitos outros bens. Desde a campanha eleitoral à presi dência, Trump atacava a relação comercial do país com a China. As medidas protecionistas adotadas seriam resposta a um suposto roubo de propriedade intelectual e de tecnologia de empresas americanas pelo governo chinês. Em contrapartida, a China prometeu taxar produtos dos Estados Unidos. Analistas temem que uma “guerra comercial” prejudique toda a economia mundial.

Reformas capitalistas e controle comunista



Até o início deste século, a economia da China cresceu a uma taxa média de 10% ao ano, impulsionada por investimentos dos Estados Unidos, de países europeus, do Japão, de Taiwan e de empresários chineses que vivem no exterior. Entre 1980 e 2000, a China recebeu meio trilhão de dólares de investimentos estrangeiros diretos. A atividade produtiva assimilou as características do mo delo capitalista, incorporando mecanismos da economia de mercado, apesar do monitoramento do poder central do Partido Comunista. O desenvolvimento da China gerou algumas contradições. Desde 1978, com o programa das Quatro Modernizações, a prioridade passou a ser a produtividade em detrimento da igualdade social. 
A necessidade de aumento de produtividade está relacionada ao fato de o país ter de alimentar mais de 1,4 bilhão de habitantes, mas a sociedade chinesa ainda é bastante desigual. Além disso, as reformas econômicas não foram acompanhadas pela abertura política. O sistema político continua centralizado no Partido Comunista, e as ma nifestações populares são severamente reprimidas. 
A China viveu nas últimas décadas uma aparente contradição. As reformas econômicas não foram acompanhadas pela abertura política. O sistema político continua centralizado no Partido Comunista, e as manifestações populares têm sido severamente reprimidas. Prova disso foi a dura repressão às manifestações estudantis ocorridas em Beijing, Xangai, Guangzhou e em outras cidades chinesas no ano de 1989. Em Beijing, a manifestação da praça Tiananmen (ou praça da Paz Celestial) reuniu mais de 1 milhão de pessoas e comoveu o mundo todo. 
Os manifestantes exigiam reformas democráticas e participação nas transformações econômicas em curso naquele momento. Deixou um saldo de mais de mil mortos e resultou em perseguições políticas posteriores.
Apesar de ter o maior número de pessoas acessando a internet no mundo, os chineses sofrem com a censura na rede mundial de computadores e com a falta de liberdade de expressão. 
 

Atividades econômicas


Com grande disponibilidade de força de trabalho e participação cada vez maior na economia internacional, a China tem destaque em diversos setores econômicos, como veremos a seguir.

Atividade agropecuária


A atividade agrícola e a pecuária encontram condições naturais bastante favoráveis nas planícies fluviais situadas no leste (o que corresponde a cerca de 15% do território). Os chineses conseguem produzir safras anuais de mais de 500 milhões de toneladas de grãos (o que inclui trigo, arroz, milho, aveia, centeio, cevada e soja), usando técnicas intensivas de mão de obra, irrigação e terraceamento em regiões onde as condições naturais são menos adequadas às atividades de cultivo. A partir de 1978, com o processo de modernização implementado por Deng Xiaoping, o setor rural chinês passou por profundas transformações. Iniciou-se a descomunalização: a unidade de produção agrícola deixou de ser a comuna e voltou a ser o camponês e sua família. Atualmente a propriedade rural continua a pertencer ao Estado, mas é gerenciada pelos próprios agricultores mediante um contrato de uso da terra por 30 anos, que pode ser renovado. Além das unidades de produção familiar, há as fazendas do Estado, pouco numerosas e, geralmente, em áreas de difícil acesso, que funcionam como frentes pioneiras. A China é o maior produtor mundial de cereais. Apesar da grande produção agrícola, o país ainda importa alguns produtos, em razão do alto consumo de sua população. Um deles é a soja, importada do Brasil, destinada em parte para a alimentação do rebanho suíno.
A extensão territorial do país, a diversidade de solos e climas e a tradição da atividade agrícola entre os chineses contribuíram para a formação de uma grande variedade de culturas, entre as quais se destacam a de arroz, cultivado principalmente no sul, e a de trigo, cujo cultivo se concentra no norte. A China é o maior produtor mundial de arroz, cujas principais áreas de cultivo localizam-se no vale do rio Yang-tse e nos vales fluviais do sudeste. O trigo é a principal cultura do vale do Huang-Ho e da Manchúria, onde é cultivado associado à soja. A China também é o maior produtor mundial de trigo e o quarto de soja, apesar de ser importadora desses cereais. Na parte central das planícies, a cultura do trigo é associada às do algodão e do amendoim. Outros produtos de destaque são o sorgo, a cevada, a aveia, o milho (segundo maior produtor mundial), o milhete (milho miúdo), o chá e a cana-de-açúcar. Na pecuária chinesa, destaca-se a criação de suínos. Com cerca de 450 milhões de cabeças, é o maior rebanho do mundo. Mas os rebanhos de equinos, aves, caprinos, ovinos e bovinos também estão entre os maiores do mundo. A porção oeste do território é dominada por desertos e montanhas que dificultam o cultivo, predominando a atividade de criação extensiva ou nômade.

Atividade extrativista


No setor extrativista mineral, o produto mais importante é o carvão mineral, a principal fonte de energia do país. A China responde por cerca de 25% da produção mundial desse minério. Suas áreas carboníferas mais importantes estão situadas na Mongólia Interior e na Manchúria. Os principais campos de petróleo estão no mar da China Meridional e no Sinkiang, oeste da China. Até o início da década de 1990, o país mantinha autossuficiência nesse setor e, no fim da primeira década do século XXI, era o quarto maior importador mundial, atrás apenas da União Europeia, dos Estados Unidos e do Japão. A China apresenta grande potencial hidrelétrico, mas 70% de sua energia elétrica provém de usinas térmicas movidas a carvão. A hidrelétrica de Três Gargantas, no rio Yang-tse, é a maior do mundo, e quando estiver funcionando com capacidade total responderá por 10% da produção chinesa de eletricidade. No entanto, o projeto é bastante polêmico. Questiona-se não só o custo elevado, mas principalmente os problemas ambientais causados pelo represamento da água: aumento da poluição do rio, impacto na vida aquática e deslizamentos que já ocorreram no entorno da represa e soterraram casas e pessoas. Questiona-se também o impacto social provocado pela necessidade de remoção das pessoas que vivem próximo às áreas que foram inundadas. Estimava-se que essa remoção atingiria até 4 milhões de chineses até 2020. Merece ainda destaque a extração de minerais de ampla aplicação industrial, como estanho, cobre, chumbo, mercúrio, manganês, ferro, antimônio e tungstênio.

Atividade industrial


Apesar de ainda ter aproximadamente 35% da população ocupada em atividades agrárias, o motor da economia chinesa atual é movido principalmente pela atividade industrial. Os produtos industriais predominam na pauta das exportações. A China detém uma das cinco maiores indústrias siderúrgicas do globo. Produtos químicos, locomotivas, navios e tratores também ampliaram a escala de produção. As indústrias de bens de consumo conquistaram destaque no mercado internacional, principalmente a têxtil, a alimentícia, a de brinquedos, a de calçados e a de eletroeletrônicos. Esses setores receberam grandes investimentos de empresas estrangeiras, que instalaram filiais nas ZEEs.
Nos últimos anos, a China tem conquistado os setores industriais de maior desenvolvimento tecnológico. O grupo chinês Lenovo é proprietário do setor de computadores pessoais da IBM e um dos maiores fabricantes mundiais desses produtos. O setor automobilístico de capital totalmente chinês (Chery, JAC Motors, Geely e Brilliance Auto) tem se ampliado no mercado externo, com maior presença de produtos de transnacionais chinesas. A localização industrial, desde o processo de transformações econômicas adotadas por Deng Xiaoping, concentrou-se nas regiões litorâneas. Essas regiões, que abrigam a maior população urbana do país, dirigem sua produção para o mercado externo. Posteriormente, o governo chinês passou a estimular também a instalação industrial no interior do país. Desde então, diversas cidades situadas ao longo do rio Yang-tse estão se industrializando.

Indústria e meio ambiente


O forte crescimento industrial chinês apoiou-se no consumo de fontes não renováveis e bastante poluidoras. O país é o maior emissor global de gases do efeito estufa e um dos principais problemas ambientais das grandes cidades chinesas é a poluição atmosférica. Apesar de ser atualmente o país que mais investe no mundo em energias renováveis (eólica, solar e hidrelétrica), é forte a dependência do carvão mineral na geração de energia. Esse combustível fóssil, altamente poluidor, é responsável por 70% da energia total gerada no país (considerando consumo industrial, doméstico e geração de energia elétrica). Somente na geração de eletricidade o carvão mineral participa com 65%. Somando-se as emissões da China com as dos estadunidenses, chega-se a aproximadamente 40% das emissões totais no mundo. Os chineses se comprometem a atingir o ápice das emissões de gás carbônico até 2030 e, a partir desse ano, elas deverão começar a cair. Para tanto, os governantes da China anunciaram que o país vai realizar investimentos para que 20% de suas fontes energéticas sejam originárias de fontes não emissoras de gases do efeito estufa.

Comércio exterior


Nos últimos 30 anos, apesar das oscilações no ritmo de crescimento econômico, a China cresceu, em média, mais do que qualquer outro país. Os baixos salários e a subvalorização da moeda chinesa (yuan) em relação ao dólar atraem capitais de todas as partes do mundo e garantem à China elevada competitividade no mercado mundial. O potencial de consumo, em um país com mais de 1 bilhão de habitantes, é outra importante razão de seus elevados investimentos externos, que alavancaram o surpreendente crescimento econômico chinês.
Quando, em 1978, Deng Xiaoping lançou as bases da abertura da economia chinesa, o volume total do comércio externo do país posicionava-se em 32o lugar no ranking mundial. No fim de 1994, havia passado para a décima posição. Atualmente, a China é a maior potência comercial e detentora do maior superavit comercial do planeta. A admissão da China na OMC, em 2001, foi outro fator que contribuiu para a ampliação do intercâmbio comercial e a geração de superavits recorde.

Transformações sociais e demográficas na China


A China é o país mais populoso da Terra e abriga mais de um quinto da população mundial. A cada ano, nascem cerca de 20 milhões de habitantes na China. Entretanto, a taxa de crescimento vegetativo vem decaindo. Em médias anuais, no período de 1975 a 1985, esse crescimento era de 1,4%; caiu para 1,3% entre 1985 e 1995; para 0,9% entre 1995 e 2000; e para 0,7% entre 2000 e 2005. Em 2017, a taxa de crescimento vegetativo anual prevista era de aproximadamente 0,41%. O intenso crescimento da população chinesa levou à adoção da política de um filho por casal, estabelecida em 1979 e que durou até 2015, quando foi extinta devido à constatação do governo da tendência de envelhecimento da população. De acordo com essa política, casais com mais de um filho eram multados pelo Estado por excesso de contingente familiar. Na China, cerca de 85% das mulheres entre 15 e 49 anos usam métodos contraceptivos. É o maior índice do mundo, seguido pelos do Reino Unido e da Suíça. A política de controle de natalidade ocasionou sérios problemas a algumas famílias chinesas. Em um país onde predomina a população rural (a maioria vive no campo), o trabalho masculino é bastante valorizado. Para não afrontar a lei de um filho por casal, tornaram-se comuns os casos de infanticídio feminino.
Estima-se que aproximadamente 15 milhões de bebês do sexo feminino foram mortos desde 1979. Isso provocou um desequilíbrio na distribuição da população por sexo, tendendo a uma predominância da população masculina. Aproximadamente 90% dos chineses concentram-se na parte oriental do país, ao longo dos vales dos grandes rios, especialmente o Huang-Ho e o Yang-tse, e nas planícies costeiras. A fertilidade do solo, a disponibilidade de água e o transporte fluvial favoreceram a ocupação. As duas cidades mais importantes são Xangai, uma das mais populosas do mundo, e Beijing, a capital. A porção ocidental, contrastando com a oriental, apresenta grandes vazios demográficos. Isso se deve ao maior rigor do clima (desertos de Gobi e Takla Makan) e ao relevo (altitudes elevadíssimas).
O processo de ocupação do território chinês levou à formação de “três Chinas”: a da faixa litorânea, a do interior e a do oeste. Na faixa litorânea estão localizadas as principais áreas industrializadas do país, como Shenyang, ao norte; a capital Beijing (também conhecida como Pequim), Xangai; e Guangzhou, ao sul. As indústrias também estão presentes em cidades como Nanquim e Chongqing, ambas localizadas no interior da China, área em que a agricultura predomina. A China do oeste é menos ocupada em razão de fatores naturais, como o deserto de Gobi, ao norte, e elevadas montanhas a oeste,onde vivem os tibetanos, povo que reivindica autonomia polí tica em relação à China.
Aproximadamente 49% dos chineses vivem no campo, mas o crescimento do país tem acelerado a migração para as áreas urbanas. A população chinesa é constituída de 56 etnias, com costumes e estilos de vida próprios: 92% pertencem à etnia han; os 8% restantes são compostos de tibetanos, mongóis, manchus, huis, chuans e uigures, entre outras. Alguns desses grupos étnicos minoritários reivindicam independência: os tibetanos do Tibete, os uigures de Sinkiang e os mongóis da Mongólia Interior. O idioma chinês tem muitos dialetos, com tantas diferenças na pronúncia que podem ser considerados línguas distintas. Assim, para melhorar a comunicação, o governo chinês tornou oficial o dialeto mandarim, que é falado por aproximadamente 70% da população e é atualmente ensinado nas escolas de todo o país. Na China, a maior parte da população segue os sistemas filosófico-religiosos do taoísmo, do budismo e do confucionismo.

O dragão chinês 


De acordo com o Ranking de Força Militar 2018, publicado pelo Global Firepower – organização que se dedica ao levantamento e publicação de dados sobre milita rização no mundo –, a China detém o maior contingente armado do mundo, com um efetivo de mais de 2,6 milhões de militares, sendo que 80% desses soldados estão na ativa. É uma potência nuclear, participa como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e tem a maior população do planeta. Quando se discute o sistema internacional, a China não pode ser ignorada. O país tem atraído investimentos, além de desenvolver tecnologias de ponta, como a produção de satélites artificiais e de foguetes. Por isso, possui armas sofisticadas, como mísseis e submarinos nucleares e aviões de alta capacidade militar. Apesar desse poder, enfrenta problemas internos. 
Em 2021, a China lançou o módulo principal da sua própria estação espacial, revelando que não só emergiu como uma das maiores economias mundiais, mas também como uma importante potência no campo da tecnologia, ciência e inovação. A Estação Espacial Chinesa(CSS, sigla em inglês) é um dos planos ambiciosos do país e consiste em realizar pesquisas científicas explorando o Sistema Solar para, assim, desenvolver o quisas científicas explorando o Sistema Solar para, assim, desenvolver o setor aeroespacial.
A transformação das áreas urbanas em cidades inteligentes e sustentáveis também tem sido um projeto colocado em prática nos últimos anos. Em 2020, Xangai foi reconhecida internacionalmente pela implantação de sistemas inteligentes que fornecem, por exemplo, informações sobre as condições da rede de transporte público aos órgãos responsáveis pela administração.
A posição da China no cenário geopolítico tem se tornado cada vez mais importante nos âmbitos regional e internacional. Esse papel de destaque se deve a um conjunto de fatores favoráveis e potenciais: as riquezas naturais do território (é o terceiro mais extenso do mundo), o gigantismo do mercado con sumidor (o mais numeroso do planeta) e o dinamismo da economia (uma das que mais crescem no globo). Internamente, a política chinesa caracteriza-se pela centralização excessiva do poder pelo Partido Comunista, o único do país. A liberdade democrática pra ticamente não existe, e as manifestações populares são reprimidas com o uso da força. No plano internacional, a China tem aumentado sua influência nas decisões político-econômicas, ocupando uma das cinco cadeiras permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
A China se tornou uma grande potência no atual sistema internacional também no campo político. Como estratégia para ampliar suas áreas de influência também no campo político, o país vem estabelecendo relações diplomáticas com diversos outros, por meio de seu poderio econômico-financeiro.
Além disso, os chineses ampliam cada vez mais suas parcerias comerciais e têm buscado matérias-primas, sobretudo na África, na América Latina e no Oriente Médio. O país fez parceria com vários blocos econômicos, como Apec e Asean, e é um dos componentes do grupo Brics.
Países da África, da América Latina, da Ásia e do Oriente Médio têm recebido recursos financeiros, empréstimos e investimentos diretos dos chineses para o desenvolvimento de projetos locais. Em troca, a China tem acesso às fontes de matérias-primas e aos mercados locais desses países, além de apoio nas questões internacionais.
A importância político-estratégica da China é reforçada por seu grande pode rio militar e aeroespacial. O arsenal bélico inclui mísseis carregados com bombas atômicas, além de o país dominar tecnologias espaciais, como a fabricação de fo guetes, satélites artificiais e naves espaciais. Portanto, a China tem grande possi bilidade de tornar-se a mais nova potência econômica e geopolítica do século XXI.

Os novos hábitos chineses


Os reflexos da economia de mercado são cada vez mais evidentes na China, a começar pelas maiores cidades, que se tornaram imensos canteiros de obras, onde enormes edifícios são erguidos para abrigar shopping centers e novas empresas. As cidades, por sua vez, não foram organizadas para receber a numerosa frota de automóveis que tem substituído as bicicletas, meio de transporte tradicional na China. Os hábitos da população chinesa mudaram radicalmente, sobretudo dos jovens. Essa parcela da população é ávida consumidora de produtos, como smartphones e roupas de grifes ocidentais. 
O nível de vida de boa parte da população chinesa elevou-se e as pessoas passaram a viver em moradias mais confortáveis, alimentar-se melhor e ter acesso a eletrodomésticos básicos, como fogões, geladeiras e televisores. O consumismo também passou a fazer parte dos hábitos chineses: ter um cartão de crédito, um celular ou um carro passou a ser símbolo de status na China.

Produção de alimentos na China 


Um dos maiores desafios da China é alimentar sua imensa população, já que apenas 13% das terras podem ser aproveitadas para uso agrícola. A maior parte do território chinês é formada por grandes montanhas e extensos desertos. Grande esforço tem sido despendido para evitar a queda na produção agrícola e, consequentemente, o desabastecimento de gêneros alimentícios. A imensa produção agrícola chinesa deve-se, em grande parte, ao aproveita mento máximo do espaço agricultável do país. Assim, é muito rara a disponibili dade de solos cultiváveis que não estejam sendo aproveitados. Isso é explicado pelo acesso garantido ao campo: as terras pertencem ao Estado e são cedidas aos agricultores, que ainda recebem apoio do governo para desenvolver as atividades. Outra condição que propicia a grande produção agrícola chinesa é o alto ín dice de produtividade das lavouras. Em alguns cultivos, como o de arroz, a pro dução chega a alcançar até três safras anuais. Isso se deve ao uso constante de irrigação e ao emprego intensivo de mão de obra. 
O processo de modernização do campo ainda é lento, já que o governo con trola a mecanização das lavouras para incentivar a permanência da população na zona rural. Esse fato ajuda a explicar o imenso contingente populacional que vive no campo: aproximadamente 565 milhões de habitantes, cerca de 41% da popu lação do país. O governo se preocupa muito com um possível êxodo rural, o que certamente causaria uma explosão demográfica nos grandes centros urbanos.

Problemas ambientais em território chinês 


O rápido crescimento econômico da China nas últimas quatro décadas foi acompanhado de altos níveis de degradação ambiental, tanto no campo como nos centros urbanos. Os principais proble mas gerados são a exaustão dos recursos minerais, florestais e hídricos e a poluição dos solos, dos rios e do ar, sobretudo nas grandes áreas industriais, entre outros. A falta de planejamento e de leis rígidas de contro le ambiental pelo governo levou a China à condição de nação campeã de índices de poluição: atualmente, o país emite mais dióxido de carbono na atmosfera do que os Estados Unidos.

Japão e Tigres Asiáticos

Aspectos socioeconômicos do Japão e dos Tigres Asiáticos

O Japão, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, transformou-se em exemplo de crescimento econômico, aumentando sua participação no comércio internacional. A partir dos anos 1960, essa situação de crescimento econômico e comercial expressivo passou a ocorrer também nos Tigres Asiáticos.

Há, evidentemente, diferenças significativas entre esses países. O Japão é um país desenvolvido e forma, com os Estados Unidos, com a União Europeia e com a China, o principal eixo de poder econômico do mundo. O país é uma grande potência econômica, exportadora de mercadorias de alta tecnologia, sede de várias empresas transnacionais com filiais espalhadas pelo mundo, além de possuir diversos centros de desenvolvimento de tecnologia avançada. Constitui também um dos principais centros das finanças globais.

Tailândia, Indonésia, Malásia, Filipinas e Vietnã — considerados os novos Tigres Asiáticos, apresentam indicadores sociais bem inferiores aos do Japão e aos dos quatro Tigres. Esses cinco países vêm se industrializando recentemente, a partir dos anos 1980, e oferecem mão de obra extremamente barata. Suas economias passam por um processo de diversificação, com aumento significativo nas exportações de bens industrializados. Mas ainda é grande a porcentagem de mão de obra empregada em atividades primárias, principalmente no setor agrário. São economias dependentes dos investimentos estrangeiros, sobretudo de capitais japoneses e dos Tigres. Os Tigres apresentam indicadores sociais próximos aos dos países desenvolvidos e economia bastante diversificada, além de exportarem grandes quantidades de bens industrializados, inclusive equipamentos de alta tecnologia. A Coreia do Sul conta com importantes grupos empresariais transnacionais, que competem com grandes empresas transnacionais nos setores de eletroeletrônicos e de automóveis. No entanto, são economias dependentes de investimentos dos países centrais do sistema capitalista, especialmente do Japão.

Apesar da diversidade, esses países apresentam uma característica comum: a economia bastante orientada para o mercado externo, com grande capacidade de competição no mercado mundial. Isso se evidencia no grande volume de exportações. Outra característica comum importante no caso do Japão e dos Tigres é a forte presença do Estado na economia. Além de direcionar investimentos, o Estado desenvolve pesquisas e análises sobre o mercado internacional, elabora sistemas de organização empresarial, cria linhas de produtos e promove o desenvolvimento tecnológico, com o objetivo de apoiar as empresas privadas. Os sistemas de organização das empresas desses países, sobretudo do Japão, passaram a servir de modelo para programas de reestruturação de empresas do mundo inteiro. Embora os investimentos japoneses estejam distribuídos por todo o mundo, boa parte deles está concentrada no Sudeste e no Leste da Ásia. O capital japonês foi fundamental para o crescimento econômico desses países asiáticos. Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong recebem investimentos japoneses há mais de 40 anos.

Desde a década de 1980, as grandes empresas do Japão têm investido em países da região que se encontram em processo de industrialização, como Malásia, Indonésia, China, Tailândia e até mesmo Vietnã. A expansão desses investimentos faz parte do contexto da globalização, caracterizado por um aumento da concorrência internacional. Essas empresas japonesas buscam diminuir o custo de produção, utilizando mão de obra mais barata oferecida por diversos países do Leste e Sudeste Asiático.

Japão: grande potência industrial

Até 1868 o Japão era um país feudal (xogunato) e agrícola. A partir daquele ano (início da Era Meiji) foi restaurado o poder imperial, e teve início um rápido processo de desenvolvimento econômico e de transformações na sociedade japonesa. A industrialização, o combate ao analfabetismo e os investimentos em infraestrutura foram a base da modernização do país. Esse período durou até 1912. A Era Meiji concluiu o processo de ruptura com o passado feudal, estabelecendo uma estrutura de produção e relações sociais capitalistas. A partir dessas mudanças o Japão deu início a um período de expansionismo imperialista, que se estendeu até a Segunda Guerra Mundial. Ao final dessa guerra, o país, derrotado, estava com parte significativa de sua infraestrutura e capacidade produtiva desestruturadas. No entanto, graças a um conjunto de fatores, o Japão atingiu uma vigorosa recuperação econômica, que chegou a elevá-lo ao posto de segunda potência econômica mundial (em 2017, o país ocupava a terceira posição). Entre esses fatores, podemos destacar:

• a mão de obra barata e abundante, submetida a longas jornadas de trabalho;

• a valorização do trabalho em grupo;

• os fortes investimentos em educação, inclusive na qualificação de mão de obra;

• o amparo do Estado à economia, com forte apoio às empresas privadas;

• a adoção de uma política econômica protecionista, que mantinha (e, de certa forma, ainda mantém) impostos de importação elevados, com o objetivo de proteger a indústria nacional (proteção também presente no setor agrícola, especialmente no caso da produção de arroz);

• a enorme capacidade de poupança interna, que fez do país um dos maiores investidores nacionais;

• o auxílio financeiro-econômico dos Estados Unidos, que estavam preocupados com a possibilidade de um avanço do socialismo no Extremo Oriente.

O arquipélago japonês

O Japão é um arquipélago vulcânico, situado no oceano Pacífico (Extremo Oriente). Esse arquipélago compreende cerca de 3,4 mil ilhas de vários tamanhos, que se estendem paralelamente ao litoral oriental da Ásia na forma de um grande arco.

Quatro ilhas do arquipélago japonês apresentam grandes dimensões, correspondendo a 97% do território do país:

• Honshu, a maior delas (230.822 km2 ), abriga a capital do país, Tóquio;

• Hokkaido (83.519 km2 ) é a mais setentrional;

• Kyushu (42.030 km2 ) situa-se ao sul de Honshu;

• Shikoku, a menor dessas ilhas (18.780 km2 ), situa-se entre Honshu e Kyushu. De modo geral, suas ilhas são resultantes do vulcanismo ocorrido no fundo do oceano Pacífico em tempos geológicos recentes (há menos de 200 milhões de anos). O vulcanismo e o tectonismo continuam ativos no Japão, provocando, em algumas ocasiões, terremotos de grande intensidade e de graves consequências materiais e humanas, como o ocorrido em Kobe, em janeiro de 1995, que causou a morte de mais de 5 mil pessoas e atingiu 7,2 pontos na escala Richter, além do trágico terremoto seguido de tsunami ocorrido no dia 11 de março de 2011.

A questão demográfica

O Japão é um dos países mais populosos do mundo. Em 2018, contava cerca de 126 milhões de habitantes. Com uma pequena extensão territorial, sua densidade demográfica é, consequentemente, muito elevada (337 hab./km2 ). Na faixa compreendida entre Tóquio e Kobe (no centro-sul da ilha de Honshu) ocorre a maior aglomeração urbana do mundo, com mais de 70 milhões de habitantes. Nessa região estão as três principais áreas conurbadas do território japonês: Tóquio, com 38 milhões de habitantes (inclusive Yokohama); Nagoya, com 8 milhões; e Osaka, com 16 milhões (inclusive Kyoto e Kobe). Observe essa distribuição no mapa da figura 6. A partir de 2020, a população absoluta de Tóquio começa a reduzir e, segundo estimativas, a cidade permanecerá como a maior aglomeração do mundo em 2030, abrigando cerca de 37 milhões de habitantes.

A redução da natalidade e o envelhecimento populacional

Há décadas o Japão vem apresentando taxas de crescimento demográfico muito baixas e em declínio: 1,2% no período de 1965 a 1975; 0,8% no de 1975 a 1985; e 0,4% entre 1985 e 1995. Atualmente essa taxa está próxima de zero. Com uma taxa de fecundidade de apenas 1,39 filho por mulher, o governo japonês chegou a desenvolver campanhas de incentivo à natalidade, sem obter resultados satisfatórios. Para os casais jovens, os custos de moradia e educação dos filhos representam um peso econômico. A escassez de terras no Japão ocasionou uma grande elevação dos preços de imóveis, obrigando as famílias jovens a alugar ou comprar apartamentos minúsculos.

O envelhecimento da população japonesa é outro aspecto que preocupa as autoridades. Em 2015, a expectativa de vida no Japão era de aproximadamente 84 anos. Nesse mesmo ano, cerca de 25% da população tinha mais de 65 anos de idade. Em decorrência, há uma elevação dos gastos sociais, como previdência e saúde. Se a situação de baixa fecundidade persistir, o governo japonês estima que haverá uma redução de 14% no número de habitantes do país até 2050. No entanto, como a esperança de vida é alta, cerca de um terço dos japoneses terá, nesse mesmo ano, mais de 65 anos.

Atividades econômicas

A agropecuária e a pesca

A política agrícola japonesa, apesar das pressões internacionais, é marcada pelos subsídios aos agricultores, por limitação das importações e pelas elevadas tarifas sobre produtos agrícolas importados. Apenas 16% do território japonês é apropriado para as práticas agrícolas. Apesar disso, o Japão consegue obter grandes colheitas de seu solo, com o auxílio de técnicas modernas, máquinas e fertilizantes. A agricultura é desenvolvida nas planícies, sendo também aproveitadas as encostas das montanhas, por meio da técnica do terraceamento. No espaço rural japonês predominam as pequenas propriedades, consequência da reforma agrária instituída logo após a Segunda Guerra Mundial (1946). O principal produto cultivado no Japão é o arroz, alimento básico da população. Sua cultura ocupa 45% das terras agrícolas (figura 8). O país é um dos maiores produtores de arroz do mundo, apresentando também o maior rendimento por hectare (cerca de 6.500 kg por hectare, enquanto a média mundial é de aproximadamente 3.800 kg por hectare). Além do arroz, cultivam-se o chá, o algodão, a soja, a cana-de-açúcar e o trigo.

Apesar da elevada produtividade, o Japão não é autossuficiente, dependendo da importação de diversos produtos como trigo, açúcar, milho e soja. O Japão é o primeiro produtor mundial de pescado, sendo considerado o país mais desenvolvido tecnologicamente no setor. Navios-fábricas percorrem milhares de quilômetros de mares em busca de pescado.

Extrativismo

Parte da cobertura vegetal do Japão é aproveitada para exploração da madeira (construção, fabricação de papel) e geração de energia. Essa exploração é controlada pelo governo, que incentiva o reflorestamento. Devido à intensa demanda interna, o Japão importa madeira de vários países do globo, especialmente da Indonésia e do Brasil, sendo um dos maiores importadores de madeira tropical do mundo. Quanto ao extrativismo mineral, seus recursos são escassos, necessitando importar praticamente todas as matérias-primas essenciais ao desenvolvimento de sua atividade industrial, tais como: petróleo, carvão, minério de ferro, cobre, níquel e bauxita.

Indústria e dinamismo econômico

Em 1868, o país começou a se modernizar, construindo os alicerces de seu processo de industrialização. Nessa ocasião, o governo estimulou a formação dos zaibatsus, grandes conglomerados industriais (familiares), verdadeiros impérios com elevado grau de competição. Logo após a Segunda Guerra Mundial, os zaibatsus, que haviam contribuído também para a grande concentração de riquezas nas mãos de poucos indivíduos, tiveram seu poder drasticamente reduzido; membros das famílias desses impérios e seus principais executivos perderam vez na vida pública, e a maior parte de suas propriedades passou para o domínio do governo. Entretanto, muitas das grandes companhias que compunham os zaibatsus continuaram a existir e tiveram um papel importante na reconstrução do país no pós-guerra.

As inovações no processo de fabricação também foram de grande importância para a transformação do Japão em uma potência industrial (figura 11). Com o objetivo de reduzir custos, ciclos de produção e prazos, priorizando a qualidade dos produtos, desenvolveu-se uma nova organização da produção: o toyotismo. Esse sistema teve origem em meados do século XX na indústria automobilística Toyota. No entanto, é preciso ressaltar os aspectos negativos, particularmente para os trabalhadores, nesse sistema, como o fato de as empresas subcontratadas pagarem salários mais baixos e exigirem mais horas de trabalho. As novas estratégias produtivas do Japão levaram esse país a se tornar uma potência industrial, disputando com os Estados Unidos a liderança na fabricação de produtos como automóveis, eletrônicos, máquinas industriais e robôs. O país obteve, principalmente nos anos 1980, um período de grande acúmulo de capitais, graças aos superavits (saldos positivos) de sua balança comercial e à poupança financeira expressiva de sua população, que transformou o país em uma poderosa fonte de investimento, uma potência financeira.

No fim dos anos 1990, a economia japonesa entrou em recessão, isto é, diminuiu seu ritmo por causa do colapso de alguns bancos (que emprestaram dinheiro de retorno duvidoso para muitas empresas), da elevação do deficit (saldo negativo) do orçamento do governo e da queda na rentabilidade das empresas mais fracas, fato que contribuiu para o aumento do desemprego no país. Ainda no início do século XXI, com a migração de fábricas globais para países que ofereciam mão de obra mais barata, a estagnação do consumo interno, o elevado deficit público e as dificuldades para dinamizar setores ligados ao setor terciário mais moderno (consultoria, produção de software, publicidade, atividades ligadas à internet), entre outros motivos, o Japão passou por outro período de recessão em sua economia. Em junho de 2002, o Japão havia ratificado o Protocolo de Kyoto, acordo entre países para diminuir a emissão de gases na atmosfera e, em 2017, ratificou o Acordo de Paris. O país é responsável pelo lançamento de 7,5% dos gases de efeito estufa do planeta.

Diversificação e distribuição espacial da indústria No Japão, onde o parque industrial é amplamente diversificado, destacam-se as seguintes indústrias:

• siderúrgica e metalúrgica, com grandes estabelecimentos localizados próximo da zona carbonífera de Kyushu; embora importem matérias-primas, superam a produção de aço de vários países europeus;

• de construção naval (primeiro produtor mundial), com grandes e modernos estaleiros situados em Nagasaki e ao redor do porto de Kobe;

• têxtil, cujo principal produto é a seda (primeiro produtor mundial), seguida pelas fibras artificiais e sintéticas;

• eletroeletrônica, que é competitiva e das mais modernas do mundo, respondendo por cerca da metade das exportações de produtos eletrônicos e eletrodomésticos do mundo (fornos de micro-ondas, televisores, etc.);

• automobilística, cujos veículos, produzidos a baixo custo, são modernos e conquistaram parte dos mercados estadunidense e europeu, além de diversos países da própria Ásia e da América Latina. A robotização da atividade industrial atinge no Japão o índice mais elevado do mundo.

Tigres Asiáticos

Entre os anos 1960 e meados da década de 1990, nenhum local do mundo teve crescimento econômico tão expressivo como o apresentado por alguns países do Leste e Sudeste da Ásia. Na liderança desse crescimento estavam Taiwan, Cingapura, Coreia do Sul e Hong Kong — os quatro Tigres Asiáticos. Em suas pautas de exportações predominam os produtos eletroeletrônicos (televisores, DVDs, aparelhos de som, fornos de micro-ondas), equipamentos para computadores e para telecomunicações, tecidos sintéticos, roupas, plásticos e veículos. O crescimento econômico dos Tigres Asiáticos foi alicerçado no estreito relacionamento entre as empresas privadas e o governo, que oferecia proteção ao mercado interno, por meio de impostos elevadíssimos para os produtos importados. Além disso, o governo ofereceu grandes incentivos às exportações, adotou estratégias para atrair investimentos externos, investiu maciçamente na educação e na qualificação da mão de obra. A mão de obra barata, se comparada à dos países desenvolvidos, foi um grande atrativo para que empresas transnacionais, principalmente japonesas, se instalassem nesses países. O processo de desenvolvimento dos Tigres Asiáticos ocorreu sob regimes políticos ditatoriais, com exceção de Hong Kong. Assim, liberdade de imprensa e de expressão e eleições para governantes não faziam parte do dia a dia dos habitantes desses países.

Crise e retomada do crescimento

Após apresentarem uma relativa desaceleração no crescimento econômico no início dos anos 1990, os Tigres acabaram mergulhando em uma profunda crise na segunda metade da década de 1990. Apesar disso, não se deve desprezar o espetacular crescimento dessas economias. Foram mais de 30 anos (desde meados da década de 1960 a 1997) de conquistas de mercados mundiais que promoveram um aumento em torno de 700% do PIB dos Tigres. A ocorrência da crise é explicada por uma série de fatores, entre eles o crescimento do endividamento de curto prazo dos países e das empresas; o aumento crescente e irreal do preço dos imóveis; a desaceleração da economia global em 1996, que provocou queda nas exportações e levou as indústrias a reduzir bastante sua produção. No entanto, já no fim do século XX, os Tigres retomaram um ritmo de crescimento mais acelerado.

Coreia do Sul

Os principais produtos exportados pela Coreia do Sul são: veículos, calçados, roupas, tecidos, chapas de aço e produtos eletrônicos. Algumas grandes empresas sul-coreanas (chaebols) constituem atualmente poderosas transnacionais: a Hyundai, que fabrica veículos e navios (os veículos Hyundai tiveram, na década de 1980, suas vendas aumentadas em 400% nos Estados Unidos); a Samsung e a LG, que produzem equipamentos eletroeletrônicos e computadores; e a Daewoo, que fabrica veículos. Com a crise, alguns desses grandes grupos industriais coreanos faliram ou tiveram de fundir-se, sendo comprados também por outros grupos. A Hyundai, por exemplo, comprou a Kia e a Asia Motors.

Taiwan

Em 1949, com a formação da República Popular da China, o líder do partido Kuo-Min-Tang, Chiang Kai-shek, acompanhado de várias divisões do exército nacionalista, atravessou o estreito de Formosa e estabeleceu-se na ilha de Taiwan a República da China Nacionalista. A política posta em prática fundamentou-se na distribuição equilibrada da riqueza, na melhor utilização da terra e em melhores condições para o povo.

A China considera Taiwan uma província rebelde, não a reconhece como Estado-nação (país) e defende uma “reunificação pacífica”. As hostilidades entre ambas existem desde a Revolução Socialista na China continental. A entrada de Taiwan na Organização Mundial do Comércio, em novembro de 2001, deu-se como território, não como país. Apesar de haver ingressado na OMC, esse país ainda luta pelo seu reconhecimento internacional como Estado-nação, uma vez que foi obrigado a se retirar da ONU em 1971, com a entrada da República Popular da China na organização. Em 2014 ocorreram manifestações no país contra um acordo comercial firmado naquele ano que poderia significar uma possível invasão econômica da China no país.

Cingapura

Situado entre o estreito de Málaca (oeste) e o estreito de Cingapura (sudeste), que ligam os oceanos Índico e Pacífico, o país situa-se em uma área geográfica estratégica, pois está no percurso de rotas marítimas que ligam a Europa ao Extremo Oriente, à Indonésia e à Austrália. Sua localização tornou-se ainda mais importante a partir do fim do século XIX, com a abertura do canal de Suez, no Egito. Atualmente, Cingapura é uma república parlamentarista, mas há apenas um partido político no país. Seu sistema político é extremamente fechado. O comércio exterior de Cingapura é muito expressivo. Seus produtos de exportação são basicamente derivados de petróleo, borracha natural e maquinaria elétrica. Seu porto é o maior da Ásia e um dos mais movimentados do mundo.

Hong Kong

Hong Kong, território chinês que permaneceu entre 1842 e 1997 sob a administração colonial do Reino Unido, tem o status de Região Administrativa Especial da China. Suas características socioeconômicas atuais são resultado de um processo histórico marcado pelo desenvolvimento da economia de mercado, com uma integração muito forte ao sistema capitalista internacional, notadamente no Leste e Sudeste da Ásia. O sistema socioeconômico capitalista de Hong Kong está previsto para ser mantido até 2047, conforme acordo de devolução firmado entre Reino Unido e China. Atualmente, Hong Kong é um dos maiores centros financeiros do mundo, contando com cerca de 140 grandes bancos e sedes de várias empresas transnacionais. Esse setor é responsável por 80% de toda a renda gerada no território. O porto de Hong Kong é um dos maiores do mundo.

Os Novos Tigres

Os Novos Tigres, como vêm sendo chamados Malásia, Tailândia, Indonésia, Filipinas e Vietnã, oferecem, além da mão de obra barata, outros atrativos às empresas transnacionais: isenção de impostos, concessão de terrenos, investimento em infraestrutura (energia, meios de transporte, portos, comunicações) e grandes incentivos às exportações. Muitas empresas que empregam relativa quantidade de mão de obra na montagem de produtos, como televisores, rádios, brinquedos, aparelhos de som, computadores, e também empresas do setor têxtil, consideram altos os salários pagos nos quatro Tigres. Por esse motivo, buscam a mão de obra extremamente barata dos Novos Tigres e da China. No Vietnã, por exemplo, foram instalados 50 bancos estrangeiros; empresas multinacionais dos mais diversos ramos (alimentício, tecnologia, automobilístico, etc.). Outro aspecto interessante nesse processo de transformação dos Novos Tigres é o grande volume de investimentos proveniente dos quatro Tigres. Nos anos 1990, na liderança dos investimentos no Vietnã estavam Taiwan, Hong Kong, Cingapura e Coreia do Sul.

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