segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Sistemas políticos e econômicos do século XX: socialismo e capitalismo

Com o término da Segunda Guerra Mundial, os EUA e a URSS despontaram como grandes potências mundiais. A partir de então, o cenário geopolítico mundial passou a contar com dois grandes blocos antagônicos: um capitalista e o outro socialista.
O capitalismo e o socialismo são sistemas políticos e econômicos utilizados por governos para dirigir um país.
Atualmente, o capitalismo é predominante na maior parte do mundo, mas, ao longo do século XX, alguns países, como Coreia do Norte, China, Cuba e a extinta União Soviética, adotaram o sistema socialista como alicerce de suas estruturas governamentais.
É importante lembrar que, apesar de o capitalismo e o socialismo apresentarem características particulares bem definidas, cada país implementa o sistema escolhido de acordo com as especificidades históricas, sociais, econômicas e políticas.
Em seguida, veremos as principais características desses dois sistemas e as diferenças básicas entre eles.

Teoria capitalista


A origem do capitalismo está associada às transformações de ordem política e econômica ocorridas na Europa a partir do século XVI, caracterizadas pela ampliação do comércio com outras regiões do mundo, pelo surgimento das cidades comerciais e pelo enfraquecimento do modo de vida feudal. No entanto, o aprofundamento desse sistema ocorreu nos sé culos seguintes, especialmente com a Revolução Industrial, no século XVIII.
De acordo com o sistema capitalista, as leis de um país devem assegurar o direito à propriedade privada dos bens. Dessa forma, os cidadãos que possuem capital acumulado, chamados de capitalistas, podem investir na produção de novos bens e serviços, gerando lucros que aumentam ainda mais o capital acumulado.
Além disso, as leis de um país capitalista devem garantir aos cidadãos a possibilidade de escolherem os produtos que desejam comprar. O Estado deve evitar intervenções na economia, com base no pressuposto de que o mercado deve ser regulado pela lei da oferta e da procura.
Os capitalistas procuram promover o consumismo, estimulando os cidadãos a comprar grandes quantidades de produtos. O consumismo é incentivado principalmente pela propaganda veiculada pelos meios de comunicação de massa. Por meio das propagandas, os capitalistas apresentam os produtos destinados ao consumo de cada grupo social, tentando associar a posse desses produtos à aquisição de status e de prazer imediato.
 Com o surgimento do capitalismo, duas novas classes sociais – a burguesia e o proletariado – se formaram, assim como os princípios econô micos fundamentais desse sistema: 

• propriedade privada dos meios de produção – maquinários, instrumentos, fábricas, etc.; 
• livre concorrência no mercado, isto é, quando empresas competem entre si para venderem seus produtos e serviços sem a ordenação do Estado; 
• trabalho assalariado; 
• busca por lucros. 

No plano político, o surgimento do capitalismo deu origem ao Estado No plano político, o surgimento do capitalismo deu origem ao Estado moderno. Ao longo do tempo, esse sistema passou por diferentes fases, moderno. Ao longo do tempo, esse sistema passou por diferentes fases, adquirindo características distintas: capitalismo comercial, industrial, impe rialista, financeiro, etc.
O sistema capitalista foi disseminado pelo mundo durante a Guerra Fria pelos governantes dos EUA.

Teoria socialista


O socialismo surgiu no fim do século XVIII com base em ideais de transformação do capitalismo, à medida que esse sistema passou a ser responsável por concentração de riqueza e desigualdades sociais. 
Os fundamentos do sistema socialista são baseados no equilíbrio en tre as classes e nos princípios da igualdade e da justiça social. 
A corrente inicial que difundiu os primeiros fundamentos desse siste ma político e econômico é denominada socialismo utópico, cujos prin-ma político e econômico é denominada socialismo utópico, cujos prin cipais pensadores foram Conde de Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837) e Robert Owen (1771-1858). 
Décadas mais tarde, os alemães Friedrich Engels (1820-1898) e Karl Marx (1818-1883) se destacaram como importantes teóricos que aprofun daram o pensamento socialista, dando origem ao socialismo científico.
No sistema socialista, por outro lado, os meios de produção, como as terras e as indústrias, devem ser compartilhados. No socialismo não há propriedade privada de meios de produção, apenas propriedades estatais. Além disso, em todas as atividades, os trabalhadores devem servir à coletividade e ao Estado.
Outra característica importante do socialismo é a planificação da economia pelo Estado. São os altos funcionários do governo socialista que determinam diversos aspectos da economia, como o valor dos salários pagos aos trabalhadores, quais bens devem ser produzidos, a quantidade de cada produto que uma pessoa pode dispor etc.
Enquanto os EUA defendiam os princípios capitalistas, os governantes da URSS passaram o período da Guerra Fria buscando propagar pelo mundo o sistema socialista. Na URSS, esse sistema era chamado de “socialismo real”, ou seja, o socialismo que foi colocado em prática e que se caracterizava pela existência de um único partido político: o Partido Comunista (PC), responsável por todas as funções do Estado.

Os países não alinhados


Enquanto os EUA e a URSS disputavam áreas de influência, as potências imperialistas europeias, desgastadas pela guerra, não conseguiram impedir o processo de independência de suas colônias na Ásia e na África. Muitos dos governantes dessas novas nações independentes não pretendiam se “alinhar” a um dos dois blocos, o norte-americano ou o soviético.
Em abril de 1995, governantes de 29 países afro-asiáticos se reuniram na Conferência de Bandung, realizada na Indonésia, e criaram um documento no qual exigiam que todos os povos tivessem o direito de se constituírem como nações plenamente independentes, condenavam o imperialismo e o racismo, além de exigirem o direito de ter um papel mais ativo nas questões internacionais, principalmente naquelas que os afetavam diretamente.
Esses países deram início ao grupo que ficou conhecido como Movimento dos Países não Alinhados, ao qual aderiram a Índia, o Egito, a Iugoslávia, entre outros. Entre os Não Alinhados, havia países de regime socialista e também de regime capitalista. Eles rejeitaram a ideia de divisão do planeta em dois blocos ideológicos, o capitalista e o socialista, e enfatizaram que o mundo, na realidade, estava dividido entre países ricos e países pobres.
Dessa forma, os Não Alinhados se autodefiniram como países formadores do Terceiro Mundo, criando o chamado terceiro-mundismo; enquanto o Primeiro Mundo seria constituído pelos países capitalistas desenvolvidos alinhados aos EUA, e o Segundo Mundo seria composto pelos países socialistas desenvolvidos alinhados à URSS.

A CORRIDA ARMAMENTISTA


Os EUA e a URSS foram os países que saíram mais fortalecidos da Segunda Guerra Mundial. Eles se tornaram grandes rivais nas décadas seguintes. Essa rivalidade se manifestava de modo dramático na chamada corrida armamentista, que era a disputa pela capacidade de produzir armas cada vez mais destrutivas.

As armas nucleares


Desde 1942, com o chamado Projeto Manhattan, os EUA se empenhavam na construção da bomba atômica. Esse ambicioso plano foi dirigido pelo físico Robert Oppenheimer. A primeira produzida pelo projeto foi testada em junho de 1945, no deserto do estado norte-americano do Novo México. Nessa ocasião, Oppenheimer e mais três cientistas recomendaram a utilização da bomba contra o Japão, uma decisão da qual se arrependeriam posteriormente.
Após o fim da Segunda Guerra, em 1946, os EUA continuaram os testes atômicos no Atol de Bikini, no oceânico Pacífico, aperfeiçoando a tecnologia até criarem as bombas de hidrogênio, que tem poder destrutivo muitas vezes maior que o da bomba atômica.
Os soviéticos, que desde 1945 já tinham o projeto de construir uma bomba atômica, aceleraram seu programa nuclear e, em 1949, testaram, com sucesso, a sua primeira bomba no deserto do Cazaquistão.
A prática da espionagem foi essencial para que a URSS concretizasse seu projeto nuclear, tanto que os soviéticos também construíram bombas de hidrogênio, menos potentes que as norte-americanas, mas que podiam ser lançadas por aviões.
À medida que os dois países desenvolviam suas armas, o potencial destrutivo aumentava consideravelmente.

O medo da guerra nuclear


Além das bombas nucleares, os EUA e a URSS desenvolveram mísseis intercontinentais que podiam ser lançados a longas distâncias para atingir o território inimigo. A produção dessas armas e a possibilidade de uma guerra nuclear provocavam pânico nos habitantes desses países.
Em 1961, o presidente norte-americano John Kennedy iniciou uma política de incentivo à construção de abrigos antinucleares, a fim de que a população pudesse se proteger de ataques inimigos. As pessoas, dominadas pelo temor de uma possível guerra nuclear, construíram muitos desses abrigos, abastecendo-os com víveres suficientes para sobreviverem longos períodos caso houvesse uma guerra nuclear.

Os serviços de inteligência


Durante a Guerra Fria, o acesso às informações secretas do inimigo era essencial e, por isso, tanto os EUA como a URSS mantinham serviços de inteligência. Os norte-americanos tinham a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), criada em 1947, e os soviéticos, o Comitê de Segurança do Estado (KGB, na sigla em russo), criado em 1954.
Cada uma dessas instituições atuava na obtenção de informações secretas por meio da espionagem, infiltrando seus agentes em muitos países sob influência da potência rival. Com isso, planos políticos, projetos militares para construção de aviões supersônicos, submarinos atômicos e espaçonaves, por exemplo, não estavam seguros.
Além disso, essas agências de espionagem exerciam um papel importante dentro de seus próprios países, pois, por serem controladas pelo governo, perseguiam pessoas que eram consideradas subversivas, ou mesmo “traidoras”, que pudessem agir de forma a favorecer o rival. Assim, as agências de espionagens representavam também um mecanismo de controle ideológico sobre a população.

Rumo ao espaço


Durante a Guerra Fria, os EUA e a URSS também investiram no desenvolvimento de tecnologia espacial. Esses investimentos eram estratégicos, pois os foguetes utilizados nos lançamentos de espaçonaves e satélites podiam ser utilizados para lanças mísseis nucleares a longa distância. Além disso, os satélites colocados na órbita terrestre poderiam servir para a monitoração e o controle do que acontecia nas mais diversas regiões do planeta.
Os soviéticos saíram na frente, dando início à corrida espacial ao lançar um satélite artificial na órbita da terrestre, o Sputnik I, em 1957. Eles também foram os primeiros a enviar um homem ao espaço, Yuri Gagarin, em 1961, e uma mulher, Valentina Tereskova, em 1963.
Os norte-americanos, por sua vez, foram os primeiros a alcançar a Lua, com Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin a bordo da astronave Apolo 11, em 1969. A partir de então, os dois países passaram a adotar uma política de cooperação, compartilhando informações das suas pesquisas espaciais.
[...] a exploração espacial passou a ser vista cada vez mais como uma aventura da humanidade como um todo e não de uma nação em particular. Além de expandir o conhecimento humano do cosmo, ela estimulou novas tecnologias e levou ao desenvolvimento de novos materiais e processos de fabricação. Muitas dessas inovações tiveram aplicação comercial, do isolamento e lubrificação avançados até a conservação de alimentos por congelamento e secagem a vácuo.

sábado, 29 de novembro de 2025

Europa: Demografia e conflitos


Questões demográficas


Na maioria dos países europeus, a expectativa de vida é elevada e as taxas de natalidade são inferiores às taxas de mortalidade – a Europa apresenta as mais baixas taxas de natalidade no mundo – ocasionando taxas de crescimento vegetativo negativas e o envelhecimento populacional. Esse processo gera impactos nos gastos da previdência social e, futuramente, poderá afetar a disponibilidade de mão de obra no continente.
Mesmo após a transição do chamado Leste Europeu para o sistema capitalista, a regionalização do continente sição em Europa ocidental e Europa oriental ainda é válida, sobretudo em função dos diferentes padrões de vida.
A crise político-econômica que levou ao fim do modelo socialista no Leste Europeu tem levado à diminuição dos investimentos em serviços públicos. Por isso, na atualidade, comparativamente, a Europa ocidental apresenta índices sociais mais elevados.
De modo geral, a Europa se caracteriza por altas taxas de urbanização e baixas taxas de natalidade. De um lado, os países apresentam proporcionalmente poucas crianças em suas populações; de outro, a alta qualidade de vida aumenta a longevidade. A combinação da alta expectativa de vida com a baixa taxa de fecundidade leva a crescimentos vegetativos baixíssimos. Em alguns países, eles chegam a ser negativos, pois, com uma população envelhecida, a mortalidade supera a natalidade.
Apesar de refletir a boa qualidade de vida, o envelhecimento da população traz problemas para os países europeus, pois a quantidade de pessoas em idade ativa é pequena em relação ao número de aposentados. Assim, muitos países europeus dependem de fluxos de imigrantes para suprir a demanda de mão de obra.
Além da questão relacionada ao baixo crescimento populacional, destacam-se os deslocamentos populacionais. A Europa apresenta alto nível de desenvolvimento socioeconômico e representa uma área de atração, recebendo fluxos migratórios provenientes de outros continentes e regiões do mundo, principal mente da África e do Oriente Médio, onde um número crescente de pessoas tem sido forçado a se deslocar em função de conflitos e perseguições em seus países.


Movimentos populacionais


São bastante conhecidos os deslocamentos da população europeia para outros continentes, como a América, a Ásia, a África e a Oceania. Durante sécu los, os europeus deixaram seu continente à procura de novas perspectivas de emprego e melhores condições de vida ou para fugir de guerras em seus países. Esses movimentos se intensificaram, principalmente, a partir do século XIX.
Após a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução da Europa contou com o estímulo à entrada de imigrantes e com melhorias no padrão de vida na maior parte dos países do continente. A situação então se inverteu: a Europa passou a receber imigrantes provenientes do norte da África, do Oriente Médio, da Amé rica Latina e de outras regiões do mundo.
Além das migrações externas, a Europa vivenciou intensas migrações internas após a criação da União Europeia (UE), com destaque para os fluxos provenientes dos países do Leste Europeu em direção aos mais desenvolvidos do continente, como Alemanha e França. A partir de 2004, com a admissão de oito países do Les te Europeu na União Europeia, esse fluxo migratório diminuiu, tendo em vista os investimentos que o Oeste Europeu destinou aos novos ingressantes.
A continuidade dos movimentos populacionais em direção à Europa e o fato de o crescimento demográfico da população imigrante (não europeia) ser su perior ao da população europeia geram uma crescente diversidade cultural nos países do continente.
Na composição étnica, ainda predominam os latinos (povos atlanto-mediterrâneos, exceto os gregos), os germânicos (povos da Europa nórdica, exceto a Finlândia) e os eslavos (povos da Europa oriental, exceto a Romênia e a Hungria) – entre estes, indivíduos que praticam alguma religião professam, principalmente, ocatolicismo, o protestantismo e o judaísmo. No entanto, intensos fluxos migratórios provenientes da Turquia, da África do Norte e do Oriente Médio vêm alterando a configuração étnica em alguns países, principalmente do Oeste Europeu, provocando aumento da proporção de turcos, árabes e norte-africanos adeptos do islamismo.

Espaço Schengen


Um fator que facilita as migrações internas na Europa é a livre circulação de cidadãos de países signatá rios do Espaço Schengen. Esse acordo estabelece uma convenção que institui a abertura de fronteiras entre a maior parte dos países da União Europeia e alguns que não fazem parte do bloco.

Movimentos xenófobos


Diante do aumento do número de deslocados, principalmente na década de 2010, têm crescido os movimentos xenófobos e o sentimento de nacionalismo em alguns países. A xenofobia, caracterizada pelo precon ceito contra estrangeiros, é estimulada por ideologias nacionalistas, pelo racismo e pela intolerância religiosa.
O aumento da aversão aos imigrantes e refugiados por parte de alguns membros da população, entre outros fatores, explica o crescimento dos partidos políticos de extrema direita, que entre suas propostas defendem o estabelecimento de políticas rígidas de combate à imigração e atribuem aos imigrantes a culpa pelo aumento do desemprego e da criminalidade.

Cultura e minorias étnicas


A população do continente europeu sempre abrigou grande diversidade de etnias. Atualmente, algumas têm sido excluídas dos direitos assegurados aos cidadãos da União Europeia, o que fere segurados os acordos e os tratados estabelecidos no âmbito do bloco econômico, como é o caso das dificuldades enfrentadas pela comunidade eslovena na Itália, na Áustria e na Hungria. Por exemplo, a emissora de televisão estatal húngara destina verbas a seus programas. No entanto, em decorrência de uma decisão do governo, o programa Slovenski Utrinki, o único em língua eslovena, passou a receber metade do financiamento dos demais programas da emissora.
Além dos casos de comunidades estrangeiras europeias em outros países do continente, existem situações recorrentes de preconceito contra grupos étnicos minoritários que não possuem Estado próprio, como os ciganos ou românis. Eles são considerados o menor grupo étnico na Europa. Em muitos países, pessoas desse grupo sofrem diversos tipos de agressão e violação, havendo pouca ou quase nenhuma representação no Parlamento para a criação de leis que as proteja.
A criação de leis e a efetividade de políticas de equidade têm sido um importante desafio para o projeto de construção de uma “comunidade europeia” que evite conflitos e que considere a diversidade, respeitando e valorizando as diferenças.

Contrastes sociais


Os índices de pobreza têm aumentado em alguns países da Europa, em função, principalmente, do aumento do desemprego após a crise econômica internacional iniciada em 2008. A partir de meados da década de 2010, as taxas de desemprego começaram a cair, mas em alguns países se mantiveram elevadas – como na Espanha (14,1%), na Grécia (13,4%) e na Itália (9,2%), de acordo com dados do Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat) de 2021.
Diante desse cenário, alguns países europeus buscaram realizar transformações na estrutura de produção e na legislação trabalhista, que terminaram por gerar, em alguns casos, a deterioração das condi ções de trabalho – a qual se traduz em queda dos salários reais, instabilidade no emprego e desemprego dos menos qualificados.
A Europa e os refugiados Desde a década de 2010, o mundo vem observando uma crise de refugiados que já é considerada a maior desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em 2020 havia cerca de 82 milhões de pessoas no mundo que se deslocaram em razão de conflitos armados, sejam internos ou entre países (guerras), per seguições étnicas ou diversas formas de violência que implicam violações dos direitos humanos. Entre eles, 26,4 milhões são refugiados que, atualmente, se encontram vivendo em um país diferente de seu país de origem.
Do total de refugiados no mundo, cerca de 40% eram crianças e jovens, a maior parte oriunda de países do Oriente Médio – com destaque para Síria, Afe ganistão e Iraque – e da África, que vivenciam profunda situação de instabilida de. Já em relação aos países que recebem mais refugiados.
Na Europa, a Alemanha é o país que recebe o maior número de refugiados. A França, a Suécia, a Noruega e a Finlândia também são bastante procurados. No caso da Alemanha, os deslocados que mais pediam refúgio no início dos anos 2020 tinham como origem, pela ordem, Síria, Afeganistão e Iraque. No entanto, países como Grécia e Itália, e próximos do Oriente Médio e do norte da África, são muitas vezes utilizados como via de acesso à Europa, recebendo grande número de imigrantes irregulares, entre eles, muitos refugiados. A Guerra na Ucrânia, em 2022, gerou muitos refugiados, também.

Conflitos territoriais, nacionalismos e separatismos


No século XX, ocorreram na Europa as duas grandes guerras que mudaram profundamente a dinâmica geopolítica daram mundial.
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), grandes impérios, como o Austro-Húngaro e o Otomano, foram derrotados, e surgiram novos países.
Além disso, intensificaram-se ideologias e nacionalismos exacerbados, como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha.
Esse quadro geopolítico desencadeou a Segunda Guerra Mundial. Com seu término, o mundo foi dividido em duas grandes áreas de influência: a socialista (liderada pela União Soviética) e a capitalista (liderada pelos Estados Unidos), tendo o Muro de Berlim como o grande símbolo dessa separação. Como estudamos anteriormente, esse contexto resultou na Ordem Bipolar ou Velha Ordem Mundial.
Com a crise do sistema socialista, o Muro de Berlim foi derrubado em 1989, marcando o fim da Guerra Fria e da Ordem Bipolar. A reunificação da Alemanha e as intensas mudanças na Europa oriental explicitavam a transição para a Nova Ordem Mundial.
Com o fim da Guerra Fria, os países do Leste Europeu iniciaram um processo de retomada do sistema capitalista em seus regimes políticos.
Esses processos ocorreram de maneiras distintas em cada país. A antiga Tchecoslováquia, por exemplo, dividiu-se por meio de acordo e sem consequências bélicas. Foi a chamada Revolução de Veludo, que deu origem à República Tcheca e à Eslováquia.
Em outros países, porém, o fim do regime político centralizador, característico do modelo socialista, de influência soviética, abriu espaço para ascensões nacionalistas e para a reafirmação de identidades étnicas. Foi o caso da antiga Iugoslávia, onde conflitos prolongados e catastróficos deram origem a sete países: Sérvia, Croácia, Eslovênia, Macedônia do Norte, Bósnia-Hezergovina, Montenegro e Kosovo, sendo que esse último, ainda hoje, não tem sua independência reconhecida por países como a Sérvia e a Rússia.
A dissolução da ex-Iugoslávia ocorreu em meio a sérios conflitos étnicos. O líder sérvio Slobodan Milosevic foi condenado pelo Tribunal de Haia por crime contra a humanidade ao ter instaurado uma guerra que resultou no massacre de indivíduos de etnias não sérvias.
Atualmente, na Europa ocidental, diversos grupos étnicos buscam, por meio dos movimentos separatistas, o reconhecimento territorial e a soberania.
São exemplos os bascos, no norte da Espanha, e a Irlanda do Norte, no Reino Unido. Esses movimentos tornaram-se conhecidos em razão da adoção de práticas terroristas, como o grupo Pátria Basca e Liberdade (ETA, sigla em basco), na Espanha, e o Exército Republicano Irlandês (IRA, sigla em inglês), no Reino Unido.
Um importante motivo para os deslocamentos internacionais tem sido a busca por refúgio, em virtude das consecutivas crises provocadas por guerras, muitas delas resultantes de sucessivas intervenções militares em países do Oriente Médio. Existem também grandes fluxos de refugiados fugindo de graves crises econômicas, que levam a condições de vida precárias. Essas ondas migratórias costumam ser originárias dos continentes africano e asiático, bem como da América Latina.
Muitos migrantes não possuem documentos e, sendo considerados ilegais, enfrentam situações de risco de morte na esperança de conseguir morar em países que ofereçam condições de vida dignas.
Nos últimos anos, o principal destino de migrantes sem documentação foi a Alemanha, embora outros países, como Reino Unido, Espanha e França, também sejam considerados importantes no acolhimento de pessoas nessas condições.
No entanto, nos países europeus em geral, tem sido registrado nos últimos tempos um crescimento significativo de ações xenofóbicas provocadas por grupos neonazistas e outros grupos de extrema-direita, que se identificam como nacionalistas.
Essas ações têm pressionado os governos a violar tratados internacionais assumidos no âmbito das Nações Unidas, causando ainda mais sofrimento a indivíduos que já foram privados de seus direitos fundamentais e gerando grande pressão da comunidade internacional.

Alguns conflitos no continente europeu


Na primeira metade do século XX, a desintegração de impérios (Austro-Húngaro e Turco Otomano) e as duas Grandes Guerras resultaram em focos de tensão no continente europeu. Na segunda metade do século XX, o processo de derrocada do socialismo também modificou os limites entre os Estados-nação no Leste Europeu, gerando grande instabilidade na região dos Bálcãs.

Bálcãs: formação e desintegração da Iugoslávia


Os Bálcãs são uma península situada entre a Europa e a Ásia e entre o Ocidente e o Oriente. Ao longo do tempo, diferentes impérios e/ou Estados-nação existiram na região, que apresenta grande diversidade cultural, linguística e religiosa.
No século XX, a principal entidade política existente na região foi a Iugoslávia, país cuja desintegra ção, nos anos 1990, envolveu um conflito de grandes proporções. Observe a cronologia dos eventos que envolveram a formação e a dissolução da Iugoslávia, assim como as modificações que ocorreram na região entre 1918 e 2008.

Guerra da Bósnia


Até 1991, a Iugoslávia era caracterizada por uma população etnicamente di versa, composta de vários povos (sérvios, croatas, eslovenos, macedônios, al baneses, montenegrinos e bósnios), alguns espalhados em praticamente todas as repúblicas da federação. Sob o regime comunista do marechal Tito (entre o fim da Segunda Guerra Mundial e 1980), o país se manteve unido. No início dos anos 1990, porém, a manu tenção dessa unidade tornou-se inviável. 
Entre 1991 e 1992, quatro repúblicas que integravam a federação iugoslava – Croácia, Eslovênia, Macedônia (atual Macedô nia do Norte) e Bósnia-Herzegovina – autoproclamaram-se países independentes.
O poderio militar da federação iugoslava, controlado na maior parte pelos sérvios, tentou impedir a desintegração dessa entidade política, contando com o apoio dos sérvios que viviam em outras repúblicas. Na Eslovênia, com número reduzido de sérvios, o conflito durou dez dias e terminou com a retirada das forças federais. Na Bósnia-Herzegovina – etnicamente mais heterogênea e divi dida entre 39,5% de bósnios (predominantemente muçulmanos), 32% de sérvios e 18,4% de croatas –, no entanto, uma sequência de eventos daria origem à Guerra da Bósnia (1992-1995).
Marcada por genocídios e perseguições étnico-religiosas, a Guerra da Bós nia provocou mais de 200 mil mortos e envolveu diversos participantes, entre eles, bósnios lutando pela sua independência, sérvios contrários ao separatis mo bósnio e croatas que buscavam tanto assegurar sua independência como conquistar territórios da Bósnia-Herzegovina. Em um dado momento, tropas sérvias cercaram a cidade de Sarajevo (capital da Bósnia) e mataram milhares de bósnios muçulmanos, assim como croatas que viviam na Bósnia, em uma agressão que ficou conhecida como limpeza étnica.

Acordos de paz


Em 1994, um acordo realizado em Washington (D.C.), nos Estados Unidos, resultou na formação da Federação da Bósnia e Herzegovina. Esse acontecimento, somado à internacionalização do conflito por causa da intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), acabou enfraquecendo os sérvios e levando ao término da guerra em 1995. A essa altura, a Guerra da Bósnia já havia produzido cerca de 2 milhões de refugiados (a maioria bósnios muçulmanos).
O conflito foi oficialmente encerrado por meio da conclusão do Acordo de Dayton, em 1995, efetivada em Paris (França), que dividiu a Bósnia em duas partes: a Federação Muçulmano-Croata, que controla 51% do país, e a República Sérvia da Bósnia, que controla 49%. A permanência de povos – como sérvios, croatas e muçulmanos – com diferentes religiões, disputas históricas e ambições territoriais e nacionalistas distintas no mesmo país, somada às dificuldades de uma administração conjunta, torna o futuro do país, de algum modo, incerto, assim como a própria estabilidade da região.

A independência de Montenegro


As repúblicas da Sérvia e de Montenegro permaneceram unidas, ainda sob o nome de Iugoslávia, até 2003, quando o antigo nome foi trocado pela denominação Sérvia e Montenegro.
Em 2006, apesar de já desfrutar de um elevado grau de autonomia, Montenegro declarou sua independência após a realização de um referendo – no qual a maioria da população (cerca de 55%) se mostrou favorável à formação do novo país. Apesar da importância do território de Montenegro para os sérvios, já que este representava a única saída para o mar da Sérvia e Montenegro, a declaração montenegrina foi aceita pelo governo sérvio.

A questão de Kosovo


A região autônoma de Kosovo é considerada, para muitos sérvios, o berço de sua identidade nacional – pois lá estão os mosteiros ortodoxos antigos e os sítios de batalhas históricas contra os turcos otomanos, no século XIV. No en tanto, sua população é formada predominantemente por muçulmanos albane ses que, desde a década de 1990, organizam-se em um movimento separatista.
Nesse contexto, em 1999, um conflito armado eclodiu entre forças sérvias e o Exército de Libertação do Kosovo (ELK). Diante dos casos de violações de direitos humanos, a Otan realizou uma intervenção na Iugoslávia, levando à re tirada das forças sérvias de Kosovo. Na ocasião, foi estabelecido um acordo no qual Kosovo passou a ser um território autônomo da Sérvia, sob administração temporária da ONU.
Em 2008, porém, os kosovares declaram sua independência de forma unilateral – sem negociação ou consentimento da Sérvia, que não reconheceu Kosovo como Estado independente –, gerando um impasse com repercussões internacionais.
Para ser reconhecida, a independência de Kosovo precisaria ser aprovada pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e por, pelo menos, mais quatro membros rotativos. A Rússia e a China, que têm poder de veto no Conselho, recusaram-se a aprová-la.
A Rússia, além de ser uma aliada histórica da Sérvia, não aprova a inde pendência de Kosovo, pois, tendo fo cos separatistas em seu território, não quer sinalizar que é favorável a movi mentos pró-independência. O mesmo acontece com a China e outros países que en fren tam o separatismo den tro de suas fron teiras ou movimentos nacionalistas fortes, como a Espanha (caso das regiões do País Basco e da Catalunha).
Também em relação a Kosovo, al guns analistas apontam a incoerência dos Estados Unidos em sua política ex terna, pois, em 1997, os rebeldes albane ses – que lutavam pela independência da região autônoma – eram considera dos terroristas pelos estadunidenses.

Conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte


O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, ou simplesmente Reino Unido, constitui um Estado formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Essa entidade política abrange toda a ilha da Grã-Bretanha, onde se situam a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales, assim como parte da ilha da Irlanda, onde se localizam a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, que se tornou um Estado livre em 1921 e uma República em 1949.
Enquanto na Irlanda cerca de 93% da população é católica, a Irlanda do Norte é dividida entre pro testantes (cerca de 51% da população) e católicos (cerca de 38% da população). Os católicos, que são republicanos e em geral pertencem às camadas não privilegiadas da população, querem a independência em relação ao Reino Unido e defendem a integração com a Irlanda. Os protestantes, que em sua maioria pertencem às camadas mais privilegiadas da sociedade, querem permanecer ligados ao Reino Unido – e por isso são chamados de unionistas.
A situação agravou-se de fato em 1969, quando o exército inglês passou a intervir no conflito. Desde en tão, milhares de pessoas já morreram e diversos atentados terroristas a bomba foram feitos pelo Exército Republicano Irlandês (IRA), que lutava pela independência da Irlanda do Norte. Desde 1994, acordos foram feitos e o Sinn Féin, formado inicialmente como braço político do IRA, agora atua como partido indepen dente (republicano), buscando atingir seus objetivos pela via política.
A saída do Reino Unido da União Europeia, em 2020, reacendeu tensões na região e levou a protestos na Irlanda do Norte, onde parte da população era favorável à permanência no bloco. Vale ressaltar que as implicações desse evento foram grandes na Irlanda do Norte, economicamente integrada à Irlanda, país--membro da União Europeia. Para amenizar essa questão, foi criado o Protocolo da Irlanda do Norte, que, dessa forma, permaneceu integrada ao mercado único europeu.

Ciganos: um povo perseguido na Europa


Estima-se que há cerca de 20 milhões de ciganos espalhados pelo mundo, dos quais grande parte vive na Europa (aproximadamente 8 milhões). A origem des se povo é incerta, mas alguns pesquisadores acreditam que eles tenham vindo do norte da Índia, cerca de mil anos atrás, migrando para a parte oriental da Europa no século XIV e para a parte ocidental após a Segunda Guerra Mundial.
Uma característica importante desse grupo é o nomadismo, apesar de, nos últimos anos, muitos terem procurado se fixar em algum lugar. De modo geral, dedicam-se a atividades tradicionais, como o comércio, o artesanato, a música e a dança (observe a fotografia). Em razão da discriminação que sofrem e do declínio de algumas dessas atividades, milhões de ciganos vivem em situação de pobreza.
É grande também o número de analfabetos entre os ciganos. Calcula-se que cerca de 70% deles não saiba ler nem escrever. Além disso, ao contrário do que ocorre com a população europeia, as taxas de natalidade do povo cigano são bastante altas.
Nos últimos anos, diferentes países europeus têm discutido e realizado ações para a integração desse grupo na sociedade, reduzindo o isolamento, a discrimi nação e a sua situação de vulnerabilidade. No entanto, assim como fazem com os turcos e os norte-africanos, jovens neonazistas têm promovido atentados a moradias ciganas na Alemanha, na Espanha, na Polônia, na Hungria e na Romê nia. Na República Tcheca, até mesmo a entrada de ciganos em alguns bares e restaurantes é proibida.

União Europeia (UE)


A União Europeia (UE) é o bloco econômico com maior nível de integração em todo o mundo. Sua origem, no entanto, remonta à década de 1940, quando Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo firma ram um acordo para a criação de uma zona de livre--comércio, o Benelux (1944).
Em 1952, um novo passo foi dado por meio da formação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), um mercado comum para produ tos e matérias-primas ligados à indústria siderúrgi ca e que reunia os países do Benelux, a Alemanha, a França e a Itália.
Em 1957, os membros dessa comunidade cria ram, pelo Tratado de Roma, a Comunidade Econô mica Europeia (CEE), também chamada Mercado Comum Europeu (MCE). Mais tarde, no decorrer dos anos 1970 e 1980, uma série de países foi incorpora da à CEE.

Em busca da integração


Em um primeiro momento, a CEE buscava coordenar políticas relacionadas às indústrias de carvão e aço, à produção agrícola e à questão energética. Gra dualmente, porém, foi estabelecido como objetivo futuro a livre circulação de mercadorias, capitais, pessoas e serviços entre os países-membros.
Esses objetivos foram parcialmente atingidos em 1993, quando entrou em vigor o Tratado de Maastricht e a CEE passou a se chamar União Europeia. Além do estabelecimento de uma política externa comum entre os países-membros, o Tratado de Maastricht estabeleceu as bases para a criação de um mercado comum e de uma união econômica e monetária.
Em 1998, a união econômica foi atingida por meio da criação do Banco Central Europeu. A união monetária foi implementada em 2002, com a criação de uma moeda única, o euro, que entrou em circulação em doze países: Alema nha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxem burgo, Países Baixos e Portugal. Dessa forma, os negócios antes feitos em dólar passaram a ser realizados em euro, contribuindo para reduzir a supremacia da moeda estadunidense no mundo. Alguns integrantes do bloco na época – Reino Unido, Dinamarca e Suécia – optaram por não adotar o euro, mas este passou a servir de referência em suas relações comerciais.
Para o funcionamento do bloco, destacam-se o Parlamento Europeu, órgão legislativo da UE (responsável pelos acordos internacionais do bloco e o ingres so de novos membros) composto de deputados eleitos democraticamente; o Conselho da União Europeia, órgão deliberativo da UE no qual os representan tes se reúnem para tratar de temas relevantes como questões sociais, transpor tes, emprego, agricultura e meio ambiente; e a Comissão Europeia, que representa o órgão executivo do bloco.

Expressiva ampliação do bloco


Em 1o de maio de 2004, a entrada de dez novos países na UE – Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, República Checa e Polônia –, oito deles oriundos do antigo bloco socialis ta, colocou fim à tradicional divisão do continente entre Europa ocidental e Europa oriental – esta última formada pelos países que, durante a Guerra Fria, estiveram sob o espectro de influência da União Soviética. Romênia e Bulgária ingressaram em 2007 e a Croácia, em 2013, quando a UE passou a ser formada por 28 países – na ocasião, a Eslovênia também adotou o euro.
Posteriormente, outros países também entra ram para a Zona do Euro, como: Malta, Chipre, Eslováquia, Estônia, Letônia e Lituânia. Em 2016, o Reino Unido realizou um plebiscito no qual a maioria dos britânicos decidiu que o Estado deveria se retirar da UE. Oficialmente, a saída ocorreu em 31 de janeiro de 2020, reduzindo o número de integrantes do bloco para 27.
De modo geral, os novos países-membros da UE (ingresso a partir de 2004) apresentam um nível de desenvolvimento inferior ao dos demais, infraestrutura defasada e atraso tecnológico em comparação às principais potências do bloco. Comparativamente, sua contribuição ao bloco é menor do que os investi mentos que devem receber.
No entanto, esses países também obtêm menos benefícios do que os ofere cidos aos que entraram anteriormente, como subsídios agrícolas e ajuda econômica ao desenvolvimento. Equilibrar esses interesses e possibilidades dos antigos e dos novos membros é um dos grandes desafios para a União Europeia.
Desde a origem da União Europeia (UE), em 1944, como uma zona de livre-comércio, até hoje, como um mercado comum e uma união econômica e monetária, muitas foram as etapas, os acordos e os desafios enfrentados pelo bloco.
Por um lado, a UE se consolidou como uma potência comercial e geopolítica, desempenhando papel determinante em negociações internacionais, como na Organização Mundial do Comércio (OMC), e posi cionando-se em questões socioambientais, como o aquecimento global.
No entanto, a crise econômica defla grada em 2008 e intensificada em 2011, que afetou principalmente Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, demons trou também como a existência de uma moeda única pode gerar entraves para a solução de problemas financeiros em alguns países, afinal as decisões toma das afetam todos os integrantes da união monetária.

Rússia: potência geopolítica


Após a dissolução da União Soviética em 1991 e a transição para o capitalismo, em razão de suas carac terísticas econômicas (parque industrial e produção agrícola), além de extensa área territorial, ampla dis ponibilidade de recursos naturais e considerável poderio militar, a Rússia passou a ser um país emergente.

Rússia na Comunidade dos Estados Independentes (CEI)


Em 1991, algumas repúblicas que pertenciam à antiga União Soviética se uniram para formar a Comuni dade dos Estados Independentes (CEI), um bloco destinado principalmente à integração econômica. Atualmente, fazem parte da organização nove membros plenos (Armênia, Azerbaijão, Belarus, Cazaquis tão, Rússia, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão) e um associado (Turcomenistão). A Ucrânia chegou a integrar o bloco, mas se retirou da organização após a degradação das relações entre o país e a Rússia, com a anexação da Crimeia em 2014.
A estrutura da CEI é frágil devido a problemas econômicos, conflitos e disputas étnicas no território de seus países-membros, que constituem um grande foco de instabilidade política e social. A questão do nacionalismo é outro fator relevante, além do receio causado pela supremacia e política externa da Rússia na região, que busca absorver os países da antiga União Soviética para sua área de influência de forma agressiva, como aconteceu com a Ucrânia, em 2022.
Entre outros empecilhos à concretização da cooperação entre os países do bloco, estão o baixo nível de desenvolvimento socioeconômico de alguns países, o número reduzido de regimes democráticos de gover no e a preocupação da Rússia em conter o avanço do fundamentalismo islâmico na região da Ásia Central e da Otan no Leste Europeu.
A grande extensão territorial da Rússia A extensão do território da Rússia é de aproximadamente 17 milhões de km2. Cerca de um terço da Rússia faz parte do continente europeu; o restante es tende-se pela Ásia. A linha divisória entre os dois continentes é representada pelos Montes Urais, que contêm importantes jazidas minerais e também recursos energéticos, principalmente petróleo.
A oeste dos Montes Urais, encontra-se a planície Russa, em que se destaca a presença do solo tchernoziom, bastante fértil. Também se destacam no oeste da Rússia a cordilheira do Cáucaso, que abrange as maiores elevações do país, e a depressão caspiana, porção de menor altitude do território russo. A leste dos Urais, estende-se a planície da Sibéria – cortada por extensos rios.
A leste da planície da Sibéria, localizam-se o planalto Central Siberiano e diversas cadeias montanhosas; e, ao sul desse planalto, o lago Baikal, o mais profundo do mundo. A maior parte da Rússia está localizada ao norte do paralelo de 45° N, proporcionando um clima bastante rigoroso, com médias térmicas abaixo de 0 °C no inverno, especialmente no norte e no leste.
Os principais tipos de vegetação são a Tundra – ao norte do círculo polar Ártico –, a Floresta Boreal (Taiga) – localizada ao sul da Tundra, ao longo de uma vasta faixa no sentido oeste-leste –, as Estepes e Pradarias – localizadas na faixa ao sul do paralelo de 53° – e a Floresta Temperada, na porção oeste do território, entre a Taiga e as Pradarias. As florestas de Taiga, que cobrem grande parte do território da Rússia, des tacam-se pela sua importância como fonte de energia (lenha), principalmente no período do inverno, nos locais onde há dificuldade para o abastecimento de gás.

A população russa


Na Rússia, há cerca de 145,8 milhões de habitantes (2019), dos quais aproxi madamente 74% vivem em áreas urbanas. A densidade demográfica do país é baixa, de aproximadamente 8 hab./km2, mas a distribuição não é homogênea e é bastante influenciada por fatores naturais.
A cidade mais importante – que concentra praticamente 20% do Produto Interno Bruto (PIB) russo – é Moscou, capital do país, com mais de 10 milhões de habitantes. Depois dela, destaca-se São Petersburgo, importante centro indus trial (indústrias têxteis e metalúrgicas), com uma população de quase 5 milhões de habitantes. Observe no mapa a densidade demográfica da Rússia e a locali zação das principais cidades do país.

Questões étnicas e a Guerra na Ucrânia


A Federação Russa apresenta grande diversidade étnica e o desejo de inde pendência em algumas repúblicas tem provocado tensões. Um exemplo é a região do Cáucaso, onde se localiza a república da Chechê nia, atravessada por oleodutos, rica em petróleo e estratégica para Moscou. Na década de 1990, separatistas da Chechênia travaram uma guerra contra o exér cito russo, conquistando autonomia para seu território, sem, no entanto, atingir seus objetivos separatistas. Desde então, o governo russo tem reprimido com violência as lutas por independência.
De outro lado, ações para expansão territorial e de área de influência pas saram a ocorrer sob o governo de Vladimir Putin. Em 2014, a Rússia anexou a Crimeia, uma península banhada pelo mar Negro que pertencia à Ucrânia, mas onde a maioria de população é etnicamente russa. Na ocasião, trechos das re giões de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, também foram ocupados por separatistas russos apoiados por Moscou.
A partir de 2021, Putin passou a questionar a aproximação da Ucrânia com o Ocidente, inclusive se manifestando contrariamente à adesão desse país à Otan. Essa postura do governo russo se insere em um contexto mais amplo, em que Putin procura fortalecer e enfatizar o papel de grande potência geopolítica da Rússia e assegurar áreas de influência no leste europeu.
Em fevereiro de 2022, as tropas russas lançaram ataques ao território ucra niano, iniciando a Guerra na Ucrânia. Putin tinha o objetivo de destituir o go verno de Volodymyr Zelensky e anunciou também que as regiões de Donetsk e Luhansk declararam-se independentes. A reação das potências ocidentais, inclu sive da Otan, foi de não intervir diretamente na guerra, o que poderia levar a um conflito nuclear. No entanto, foram impostas à Rússia diversas sanções econô micas e financeiras, impedindo, por exemplo, o acesso de instituições privadas e de governo russas ao sistema financeiro internacional. Por outro lado, em mea dos de 2022, a Europa era impactada com a redução do fornecimento de gás natural da Rússia, sobretudo a Alemanha; os preços de diversas commodities ex portadas pelos russos, como petróleo, fertilizantes e trigo subiram, e a porções leste (região do Donbass) e sul da Ucrânia encontravam-se sob domínio russo.

O espaço socioeconômico


A Rússia apresentou intenso crescimento econômico na década de 2000, seguido por uma recessão em meados da década de 2010, em função de fatores como gastos elevados com a previdência social – provocados pelo envelhecimento da população – e sanções econômicas praticadas pelos Estados Unidos em resposta à intervenção militar russa na Ucrânia. Internacionalmente, o principal parceiro comercial da Rússia é a China, país com o qual os russos tam bém vêm estreitando relações geopolíticas, intensificadas com as sanções do Ocidente no contexto da Guerra na Ucrânia.
Os dois países, além de Brasil, Índia e África do Sul, fazem parte do Brics. Em 2022, devido à invasão na Ucrânia, a Rússia foi atingida por sanções ainda mais severas do que em 2014, o que gerou um forte impacto negativo em sua economia.

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Europa: dinâmicas naturais

O continente europeu


Embora ocupe uma área que corresponde a apenas 7% das terras emersas, caracterizando-se como uma das menores porções continentais do globo, a Europa apresenta grande diversidade natural e cultural.
O continente europeu é atravessado pelo meridiano de Greenwich (0°), dividindo-o entre os hemisférios ocidental e oriental. Seu extremo norte é cortado pelo círculo polar Ártico e sua porção sul está distante da linha do equador, situando, assim, todo o continente no hemisfério norte (ou setentrional). 
Destaca-se também o fato de que a Europa é integrada à Eurásia, uma grande massa continental formada pelos continentes europeu e asiático. 
Do ponto de vista físico-natural, o continente europeu poderia ser considerado uma península do continente asiático, pois não há separação clara entre a Europa e a Ásia. Por essa razão, essa grande porção de terra emersa é chamada de Eurásia.
Dessa maneira, embora tenha sido convencionado que os montes Urais, o rio Ural e o mar Cáspio demarcam a fronteira entre a Europa e a Ásia, a real separação entre esses continentes se dá principalmente por critérios políticos e culturais.
A divisão entre esses continentes, envolve fatores culturais e é uma questão ainda em disputa.

Aspectos gerais


A Europa tem cerca de 10,3 milhões de quilômetros quadrados de extensão e é dividida entre 50 países – incluindo a Rússia e a Turquia, países que têm parte do território na Europa e outra na Ásia.

Regionalização do espaço europeu


Da mesma forma que a Europa e a Ásia são divididas de acordo com diferenças políticas e culturais, é possível regionalizar internamente o continente europeu com base nas características marcantes que distinguem a Europa ocidental da Europa oriental. 
Essa regionalização do continente europeu tornou-se comum, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, para diferenciar os países com sistema econômico capitalista dos países que adotaram o socialismo ou que apresentassem desenvolvimento econômico considerado menor.

Europa: domínios naturais


Pode-se regionalizar a Europa utilizando como critério a variedade de paisagens naturais. Assim, o continente geralmente é dividido em quatro grandes regiões: Europa ocidental, Europa setentrional, Europa mediterrânea (ou meridional) e Europa centro-oriental.
Essa regionalização é uma evidência da grande diversidade de paisagens naturais presente no continente europeu. Essa variedade adquire maior relevância se consideramos que toda a Europa, com seus 50 países, tem uma área de aproximadamente 10,5 milhões de km2, ou seja, apenas 2 milhões de km2 maior que o Brasil.
Assim, o segundo menor continente (maior apenas que a Oceania) apresenta, em uma área relativamente pequena, paisagens naturais que vão de altas montanhas a extensas planícies, com grande diversidade de tipos climáticos e de formações vegetais.

Relevo


Para conhecer as paisagens naturais do continente europeu, inicialmente vamos identificar a localização de suas principais unidades de relevo, constituídas de planaltos, como os maciços de levo, formação antiga a oeste, de dobramentos modernos mais recentes, ao sul, e de extensas planícies, principalmente nas regiões central e leste.
O relevo europeu é formado por planaltos, cadeias de montanhas, planícies e depressões. Na Europa, no entanto, predominam baixas altitudes. Cerca de dois terços do relevo europeu é formado por planícies – altitude inferior a 200 metros –, característica que favorece o desenvolvimento de atividade agrícola mecanizada. 
As terras baixas constituem a maior parte das unidades de relevo do continente europeu, onde se localizam as planícies formadas pelos vales dos rios Reno, Sena, Tejo, Pó, Danúbio, Volga, Elba, entre outros. Essas planícies e seus vales são, em geral, densamente povoados. As maiores são a planície Sarmática (ou planície Russa), a planície Germano-Polonesa e a planície da Hungria.
Os planaltos são encontrados no norte e distribuídos pela parte central do continente. São formas de relevo bastante desgastadas pela erosão, caracterizadas por baixas altitudes e formas arredondadas ou planas (mesetas). 
Em contraste com a baixa altitude e as formas arredondadas dos maciços do norte, na porção centro-sul e leste do continente europeu estendem-se cadeias montanhosas de formação recente que abrigam grandes elevações. 
Nas regiões com elevadas altitudes da Europa meridional, localizam-se os dobramentos modernos, geologicamente mais recentes, mais altos e instáveis. Os Alpes, situados no norte da península Itálica, no sul da França, na Áustria e na Suíça, formam as principais cadeias montanhosas da Europa. No entanto, o ponto mais alto do continente europeu é o monte Elbrus, na cordilheira do Cáucaso, na Rússia.
Destacam-se também as cadeias montanhosas dos Pirineus, entre França e Espanha; dos Cárpatos, em torno da planície da Hungria; e dos Bálcãs, entre os mares Adriático e Negro. 
Na Europa setentrional, predominam os planaltos formados por maciços cristalinos, com idades geológicas mais antigas e, portanto, mais desgastados.
O continente europeu abrange ainda algumas depressões absolutas (áreas abaixo do nível médio do mar) que ocorrem junto ao mar Cáspio (entre a Europa e a Ásia) e nos Países Baixos – onde a técnica dos pôlderes permite que áreas antes cobertas pelo mar fossem estruturadas para a prática agrícola.
Os aspectos físicos da Europa são também caracterizados por um litoral muito recortado, com diversas penínsulas e ilhas, principalmente na Europa meridional.

Hidrografia 


No que se refere à hidrografia da Europa, um aspecto que se destaca é o extenso litoral do continente, bastante recortado, com abundância de golfos, penínsulas, fiordes e outras formações. Esse aspecto natural da Europa facilita a construção de portos e a utilização do transporte marítimo.

Os grandes rios da Europa 


Os rios europeus não se destacam pela grande extensão, mas por sua im portância como vias de transporte. A Europa apresenta cerca de 75 mil quilôme tros de vias fluviais, dos quais 43 500 quilômetros são constituídos por canais. Os dois principais centros dispersores de água da Europa são a cordilheira dos Alpes (norte da Itália, sul da França, Suíça, Áustria e sul da Alemanha) e o planal to de Valdai (Rússia). Os principais rios são o Danúbio, o Volga e o Reno. 
Com 3 701 quilômetros de comprimento, o rio Volga é o mais extenso do con tinente. Ele nasce no planalto de Valdai, corre pela planície Russa e desemboca no mar Cáspio. É navegável em quase todo o seu curso, mas suas águas ficam parcialmente congeladas durante parte do ano.
O rio Reno, que nasce nos Alpes e desemboca no oceano Atlântico, comunica-se com vários outros rios através de canais, conectando regiões industriais importantes do continente ao oceano (veja a foto desta página). Isso tornou o porto de Roterdã (Países Baixos), localizado em sua foz, um dos mais movimen tados do mundo. Entre outros rios de grande relevância na Europa, estão: Tejo, Douro, Minho e Ebro (Espanha e Portugal); Sena, Loire e Ródano (França); Pó, Tibre e Arno (Itália); Vístula e Oder (Polônia); Elba (República Tcheca e Alemanha); Don (Rússia); Dnieper (Rússia, Ucrânia e Belarus); e Tâmisa (Reino Unido).

Regiões lacustres 


Além dos rios, a Europa apresenta numerosas regiões lacustres. Na parte europeia da Rússia, destacam-se os lagos Ladoga (com 18 200 km2) – o maior da Europa – e Onega, ambos de origem tectônica (surgiram de desdobramentos ou falhas na estrutura geológica) e alimentados pelas águas provenientes do derretimento de grandes geleiras que cobriam parte do continente durante a última glaciação. Na península Escandinava, localizam-se o Vanern e o Vattern, considerados lagos residuais (restos de antigos mares). Na Finlândia, milhares de lagos de menor porte, formados por processos resultantes da escavação de geleiras, co brem aproximadamente 9% do território do país. 
Também existem diversos lagos abastecidos pelas águas de rios provenien tes da cordilheira dos Alpes ou do derretimento de geleiras que existem na re gião. Entre eles estão o lago Genebra, entre a Suíça e a França; o lago Cons tança, entre a Alemanha, a Áustria e a Suíça; e os lagos de Como e Garda, na Itália; entre outros que contam com excelente infraestrutura hoteleira, atraindo milhares de turistas. 

Conservação dos recursos hídricos 


A maior parte dos cursos dos rios da Europa encontra-se bastante modifica da pela ação humana. Em um levantamento que abrangeu 36 países, cientistas verificaram a existência de pelo menos 1,2 milhão de barragens e outras bar reiras artificiais que impactam o livre fluxo de água dos rios do continente e os ecossistemas locais. Outros fatores que representam desafios à conservação ambiental dos rios da Europa são a poluição, a perda de biodiversidade e o uso excessivo das águas fluviais para a irrigação. No entanto, foram realizados, desde a segunda metade do século XX, diversos avanços no sentido de criar áreas de conserva ção, regulamentar obras que impactam os ecossistemas fluviais, promover o uso sustentável das águas e a recuperação de rios poluídos, como ocorreu no Tâmisa, em Londres.

O clima e a vegetação 


O continente europeu, situado quase totalmente na Zona temperada do hemisfério norte, é caracteriza do pelo predomínio do clima Temperado. Além da posição geográfica, diversos outros fatores influenciam os climas do continente, com destaque para o relevo e a ação de correntes marinhas.
A disposição das formas do relevo influencia o deslocamento das massas de ar. A existência de monta nhas na porção sul da Europa dificulta a penetração da massa tropical saariana no interior do continente. Já na porção norte, penetram no continente europeu as massas de ar frio (Ártica oceânica e Ártica continental), que atingem as áreas de planície da porção central do continente, provocando baixas temperatu ras durante o inverno. O litoral recortado – que aproxima o mar de muitas áreas do continente – e a ação de correntes mari nhas (frias ou quentes) também influenciam o clima em áreas litorâneas. 
Destaca-se a influência da cor rente quente do Golfo, que provém da Zona intertropical e aquece as áreas litorâneas de vários países europeus, amenizando o rigor do inverno. Em áreas onde essa corrente tem menor influência, as temperaturas tendem a ser consideravelmente mais baixas no inverno. Em algumas áreas, parte dos oceanos Atlântico e Ártico congela-se durante o inverno, dificultando a navegação. A Rússia é um dos países mais afetados por esse problema e necessita utilizar o mar Negro, além do estreito de Bósforo, do mar de Mármara e do estreito de Dardanelos (controlados pela Turquia) para ter acesso ao mar Mediterrâneo e ao oceano Atlântico.

Tipos climáticos 


O clima Temperado europeu apresenta dois tipos. O clima Temperado Oceâ nico ocorre na parte ocidental do continente e recebe a influência da corrente do Golfo. Esse tipo climático é úmido e caracterizado por verões e invernos me nos rigorosos. Por causa da ação da maritimidade, a amplitude térmica é menor que no interior do continente; e as chuvas, abundantes, distribuem-se de forma regular pelos doze meses do ano, atingindo maiores volumes no inverno. Já o clima Temperado Continental ocorre no interior do continente e sofre influên cia da continentalidade. 
Os verões são quentes e os invernos mais rigorosos. Os tipos climáticos Temperado Oceânico e Continental estão associados a diferentes formações vegetais: Floresta Temperada (bastante devastada); Landa (composta de juncos, samambaias e árvores de menor porte); Turfeira (em solos muito úmidos); e Estepe (recobre as planícies e os baixos planaltos, onde é possível encontrar o solo tchernoziom). 
Nas proximidades do mar Mediterrâneo, o clima predominante é o Mediterrâneo. Graças à influência das massas de ar oriundas do deserto do Saara (África), esse tipo de clima proporciona verões quentes e secos, com chuvas concentradas no inverno. As coberturas vegetais associadas a esse tipo climáti co são o Maqui (vegetação densa e espessa de árvores e arbustos) e o Garrigue (arbustos e vegetação rasteira). Nas áreas de elevada altitude, como nos Alpes e no Cáucaso, há ocorrência do clima Frio de Montanha, associado à Vegetação de Altitude. 
O clima Polar ocorre no extremo norte do continente e é marcado por temperaturas extre mamente baixas. No mês mais quente, as temperaturas médias mensais são um pouco superiores a 0 °C. As condições climáticas adversas proporcionam apenas a ocorrência da vegetação de Tundra, composta, principalmente, de musgos e líquens. 
Em áreas próximas ao oceano Glacial Ártico e ao longo de grande parte da porção leste do continente europeu, predomina o clima Frio, com temperaturas próximas a 10 °C no verão e, no inverno, médias inferiores a 0 °C. O tipo de ve getação associado a esse tipo climático é a Floresta Boreal, também chamada de Taiga, caracterizada pelo predomínio de árvores coníferas, como o pinheiro e o abeto, intensamente aproveitadas para a obtenção de madeira e celulose. 


quinta-feira, 27 de novembro de 2025

O SISTEMA FINANCEIRO MUNDIAL


O capital financeiro é o principal determinante da lógica econômica do século XXI, em substituição ao capitalismo comercial-industrial. No sistema financeiro, o valor das mercadorias e serviços associa-se à produção, à circulação e ao consumo. Esses elemen tos funcionam como uma grande rede, pois articulam índices de bolsas de valores, cotações do dólar, faturamento de empresas, entre outras informações relacionadas ao capital global.
Desde meados do século XX, as relações no padrão de acumulação de capital alteraram-se, passando do regime de acumulação fordista para o da acumulação flexível, quando as inovações tecnológicas nas áreas informacionais e de transportes potencializaram as relações de produção, circulação e consumo. Essa mudança resultou na diminuição da influência do modelo keynesiano, em que o Estado interfere mais na economia e na garantia das condições de vida, e a adoção do modelo neoliberal, em que o mercado se autorregula.
Para entender o funcionamento do sistema financeiro nos diferentes lugares do mundo, é preciso avaliar:

  • os investimentos de agentes (megainvestidores) que compram e vendem ações;
  • o papel do Estado no aumento ou na diminuição das taxas na instalação de corporações no território nacional ou mesmo nas bolsas de valores; o nível das produções locais e regionais e a especialização produtiva;
  • a reestruturação das relações de trabalho, com a possível precarização dos direitos trabalhistas e regimes de trabalho mais flexíveis;
  • os níveis de consumo, mais diversificados e instantâneos, garantidos pelo sistema informa cional (o pagamento por aplicativos de smartphones, abertura e uso de crédito, débitos automáticos no internet banking, por exemplo).

As bolsas de valores são elementos importantes para o funcionamento do capitalismo finan ceiro. Nelas são negociados contratos baseados nos valores presentes e futuros das ações e realizadas as transações que envolvem grandes quantidades de mercadorias, principalmente relacionadas a commodities. Na circulação financeira é possível aplicar investimentos em qualquer lugar do mundo e as decisões sobre manter ou não investimentos podem ser tomadas de maneira instantânea por meio dos veículos de comunicação e pelo sistema de investimento digital.
As ações representam parte de uma empresa que são negociadas nas bolsas de valores. A quantidade de ações que um sócio detém determina o seu grau de influência nas decisões empresariais.
Analisar a influência financeira dos países possibilita a compreensão da dinâmica do poder econômico global. Crises econômicas locais, como a de 2008, podem rapidamente atingir diversos países do mundo por meio do mercado de ações. A crise do mercado imobiliário nos Estados Unidos nesse período, por exemplo, gerou um pânico financeiro mundial, afetando países como a Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha e Itália, o que colocou em risco a estrutura da moeda única europeia, o euro.

A ATUAÇÃO DAS CORPORAÇÕES INTERNACIONAIS


Ao longo do ano, você estudou aspectos geopolíticos, econômicos e espaciais das atividades produtivas em diferentes lugares e tempos. No contexto do capitalismo financeiro, percebemos que um tipo de instituição permeia todas essas relações: os bancos.
Os bancos são agentes centrais que têm o poder de definir e direcionar o fluxo de capital para determinadas áreas produtivas, tendo em vista que financiam a construção de infraestrutu ras, a exploração e o beneficiamento de fontes de energia, a produção de bens e mercadorias industriais, entre outros. Essas são atividades que necessitam da articulação de complexos sistemas técnicos, envolvendo desde a aplicação de conhecimentos da engenharia até o uso de tecnologias da informação. Desse modo, os bancos têm papel importante na redefinição das funções dos lugares, na localização das unidades produtivas e na escolha dos valores produzidos, seguindo a lógica de maximização das receitas e de contenção de custos de produção.
Os bancos e os sistemas de crédito e cobrança estão cada vez mais presentes na vida das popula ções do mundo todo. Muitas cidades são repletas de agências, seguradoras e empresas de consultoria financeira e de crédito, compondo um complexo fundamental na regulação do sistema financeiro.
A partir de 1990, intensificou--se uma tendência global de fusão de bancos em grupos concentrados. Nos Estados Unidos, o conglome rado de bancos conhecido como Big Four (“Quatro Grandes”) anexou pelo menos 33 outros bancos, tanto estadunidenses como europeus e latino-americanos.
Os bancos costumam ser classificados como “mercados de capitalização”, tendo em vista que podem atuar na multiplicação do preço de títulos bancários no mercado de ações, em razão de sua participa ção na circulação do capital mundial. Dessa maneira, quanto maior for a participação do banco na circulação de capital, maior será o seu mercado de capitalização e, consequente mente, seu poder econômico.

A EXPANSÃO DAS ECONOMIAS EMERGENTES


A descentralização da produção e a expansão econômica dos países emergentes foi estudada pelo banco de desenvolvimento econômico Goldman Sachs, em 2001. A partir do estudo, foram indicados cinco países emergentes com potencial para serem as maiores economias do mundo, junto aos Estados Unidos, nos 50 anos seguintes. Faziam parte dessa estimativa Brasil, Índia, China e Rússia, denominados de BRIC. Em 2011, a África do Sul passou a integrar o grupo de países, formando o que conhecemos por Brics.
É válido ressaltar que não se trata de um bloco econômico e, sim, um grupo de coopera ção mútua para o desenvolvimento dos países em diversas áreas como ciência, tecnologia, saúde, inovação, infraestrutura, entre outras, totalizando 30 áreas de cooperação entre os membros.
Uma das ações desenvolvidas para a cooperação entre os países membros foi o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics (NDB), criado em 2014, com sede em Xangai. O banco é uma alternativa aos organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, para a concessão de empréstimos e financiamentos de ações em prol de melhorias e desenvolvimento dos países-membros. Em 2021, o NBD forneceu US$ 153 milhões de dólares para o Brasil aumentar e melhorar a malha rodoviária do Pará e US$ 1 bilhão de dólares para a recuperação econômica da África do Sul, pós-pandemia.
As mudanças técnicas e tecnológicas nos sistemas de informação e a financeirização da economia proporcionaram mudanças nas práticas de consumo. Um exemplo disso é o uso de sites e aplicativos de compras, que utilizam plataformas de e-commerce (comércio eletrônico) para realizar suas vendas aos clientes. De acordo com dados divulgados pelo relatório da Neotrust, que monitora as vendas em sites e aplicativos, o faturamento nessas plataformas aumentou em 27% entre 2019 e 2021.
Cartões de crédito e débito em conta corrente ainda são os líderes entre as formas de paga mento dos brasileiros; porém, em 2021, houve uma pequena queda nos pagamentos com débito em conta corrente em relação a 2020, em função do aumento da escolha pelo Pix.
No e-commerce, o pagamento dos produtos é realizado de maneira automática, por meio de plataformas digitais que se conectam com os sistemas de crédito articulados às contas bancárias e aos cartões de crédito. Não há utilização física de dinheiro, que circula instantaneamente via informação digital da conta bancária do usuário para a empresa que produziu a mercadoria. O banco e as empresas do setor de crédito e cobrança medeiam essa transferência de dinheiro, retendo parte da transação em forma de taxas e juros.
Assim, o consumo no capitalismo financeiro se baseia na fluidez, na facilidade do consumidor em ter acesso à mercadoria de que necessita ou que deseja. Para isso, a otimização do tempo é fundamental.
A cultura de consumo no capitalismo financeiro conduz a transformações nas relações pro dutivas, o que gera uma série de impactos ambientais, sociais e na organização dos espaços.
O consumo exacerbado leva ao aumento do descarte de resíduos e da exploração de recursos naturais, o que gera poluição das águas, do ar e dos solos. Esses impactos atingem mais os países em desenvolvimento, onde os recursos naturais são explorados com maior intensidade e a mão de obra utilizada na produção das mercadorias tende a ser mais precarizada.
O consumismo é alimentado pela força ideológica das propagandas, sobretudo das grandes marcas, norteadoras de padrões, gostos e tendências. As propagandas transmitem valores e emoções associadas aos produtos. Assim, comprar uma mercadoria de uma marca de referência incluiria o sujeito que consome em uma nova posição e um novo status sociais.

A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO


A reestruturação das relações de produção e de circulação da economia no sistema financeiro impactaram fortemente o mundo do trabalho. A passagem do regime de produção fordista para o de acumulação flexível, a partir da década de 1970, promoveu a maximização de receitas e lucros de bancos, associados a ganhos cada vez maiores das empresas responsáveis pela produção de bens de consumo duráveis e não duráveis.
Nesse cenário, houve a intensificação dos regimes de trabalhos terceirizados e precarizados, uma alternativa do capital para a diminuição dos custos de produção com a mão de obra. Esses regimes de trabalho são caracterizados pelo pagamento por horas trabalhadas, a ausência de vínculos trabalhistas e a redução dos salários. Também há flexibilização ou mesmo desestruturação dos direitos trabalhistas, como férias, 13o salário e licença médica.
No entanto, a precarização e a terceirização do trabalho não ocorrem de forma homogênea, tendo em vista que atinge mais intensamente os países em desenvolvimento, que apresentam legislações trabalhistas mais flexíveis e mão de obra mais barata justamente para atrair empresas multinacionais para seus territórios.
A principal linha da produção industrial das megacorporações europeias e estadunidenses, o Sudeste Asiático, concentra as maiores taxas de precariedade das condições de trabalho, pois uma parcela considerável da população trabalhadora exerce sua função recebendo baixos salários e dedicando extensas jornadas em locais muitas vezes desprovidos de infraestrutura de higiene e segurança.
A América Latina também tem sofrido com a precarização do trabalho. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre 2020 e 2021, houve um aumento de 80% no número de trabalhadores informais na região.
A partir de 2020, a pandemia causada pelo coro navírus e a crise econômica e sanitária instensificaram as mudanças do mundo do trabalho. Nesse período, houve um aumento das taxas de desemprego e da precarização do trabalho, tendo em vista que muitas atividades sofreram limitação, como medida de segu rança para conter a propagação do vírus. Com isso, muitos trabalhadores sofreram a perda ou a diminui ção de sua renda durante a pandemia.
Além disso, ocorreram mudanças nas rotinas de trabalho, que passaram a ocorrer de forma remota ou híbrida em muitas profissões. Esses trabalhos exigem o acesso à internet e às tecnologias digitais, o que ainda não é uma realidade para muitos grupos sociais. Diante desse cenário, pode-se afirmar que as desigualdades no mercado de trabalho se intensifica ram durante a pandemia.



Usinas termelétricas

Nas usinas termelétricas, o combustível – carvão mineral, óleo combustível (derivado de petróleo), gás natural, bagaço de cana-de-açúcar ou outro – é queimado para aquecer a água de uma caldeira até produzir vapor. A pressão exercida pelo vapor movimenta a turbina, que aciona o gerador e produz energia elétrica.
As usinas termelétricas se diferenciam umas das outras principalmente pela fonte de energia primária utilizada para aquecer a água: pode ser renovável ou não renovável; poluir muito ou pouco o ar; estar próxima ou distante; entre outras características.
Algumas usinas utilizam combustíveis fósseis, como carvão mineral ou óleo combustível, que são bastante poluentes. Outras utilizam lenha, que pode ser extraída de florestas plantadas especialmente para isso ou de florestas naturais – o que também impacta o ambiente.
Quando o combustível utilizado é pouco poluente e está disponível nas proximidades da usina, seu impacto ambiental é pequeno e o custo de produ ção de energia é baixo. No Brasil, por exemplo, muitas usinas de açúcar e ál cool geram sua própria energia em termelétricas queimando o bagaço que sobra da extração do caldo da cana-de-açúcar. Com a utilização de filtros mais eficientes, poluem menos. Além disso, vem crescendo o número de termelé tricas movidas a gás natural, que, embora seja um combustível fóssil, tem uma queima mais eficiente e quase não lança poluentes na atmosfera.
Uma grande vantagem das usinas termelétricas, assim como das nucleares, é a possibilidade de se localizarem próximo aos centros consumidores. Com isso, a distância de transmissão da eletricidade é curta e, consequentemente, os custos de produção são mais baixos. Contudo, se as fontes de combustível estiverem afastadas da instalação da usina, haverá gastos para transportá-lo.

Geração de energia elétrica

As sociedades humanas utilizam a eletricidade de diversas formas. A energia elétrica ilumina, aquece ou resfria ambientes e movimenta os mais variados motores, máquinas e aparelhos. Está presente na vida doméstica, na produção industrial, na irrigação de plantações, nos serviços, nas telecomunicações, nos transportes ferroviários e em muitas outras atividades humanas. No entanto, é importante destacar que, embora a energia elétrica seja imprescindível para as sociedades modernas, milhões de pessoas nos países em desenvolvimento ainda vivem sem ela.
A produção de eletricidade no mundo é muito concentrada em poucos países. Ao observar o grá fico ao lado, que mostra os principais produtores de eletricidade, é possível perceber que apenas dez países são responsáveis por 68,6% da produção mundial de energia elétrica. A energia elétrica pode ser obtida em usinas hi drelétricas, termelétricas, nucleares – como veremos neste capítulo – e de fontes consideradas alternati vas por serem mais limpas, como a eólica e a solar.

Usinas hidrelétricas


Segundo a Agência Internacional de Energia, nas últimas três décadas a pro dução de hidreletricidade aumentou de forma significativa em duas regiões do mundo: na Ásia, graças à ampliação na China para sustentar seu rápido crescimen to econômico, e na América Latina, por causa do crescimento da produção brasileira. O Brasil é um país bastante favorecido pelas condições geográficas para a geração de hidreletricidade, o que se deve a dois fatores principais: a grande quantidade de rios com muito volume de água e os extensos trechos correndo em planaltos.
Segundo o Ministério das Minas e Energia, em julho de 2018 as usinas hidrelétricas eram responsáveis por 63,6% da energia elétrica produzida no país, embora utilizemos apenas cerca de 38% do potencial total disponível nas bacias hidrográficas. Ou seja, ainda há um potencial a ser explorado à medida que o desenvolvimento econômico exigir mais oferta de energia.
Nas usinas hidrelétricas, a força da água movimenta as turbinas, que, por sua vez, acionam os geradores de energia. Para que a água passe com mais potência pelas turbinas, deve haver uma represa em uma área mais alta, com o objetivo de criar uma queda-d’água artificial. Uma barragem de concreto controla a passagem da água. Quanto mais alta for a queda e maior o volume de água armazenado, maiores as turbinas podem ser e, portanto, mais elevada será a produção de energia.
A água represada flui por grandes dutos até uma turbina, localizada na casa de força. A turbina gira e, como está ligada a um gerador, produz uma corren te elétrica. A eletricidade produzida é levada para a subestação elevadora, que a transforma em alta-tensão (corrente elétrica com tensão superior a 1 000 volts), para que seja levada por linhas de transmissão até os centros consumi dores. Quando chega a seu destino, a eletricidade é baixada para voltagens utilizadas em residências, escritórios, indústrias, etc. (110 V e 220 V).
A maior hidrelétrica em operação no mundo é a de Três Gargantas, construída no rio Yang-tse, na China. Ela dispõe de 32 turbinas de 700 MW, o que garante uma capacidade instalada de 22 400 MW. A segunda maior hidrelétrica do mundo é a de Itaipu, construída no rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Essa usina, uma sociedade entre esses dois países, opera com 20 turbinas de 700 MW, capazes de produzir 14 mil MW.
A China é o maior produtor de hidreletricidade do mundo, com 28,4% do total mundial; o Brasil é o terceiro produtor, com 9% do total mundial. As taxas mais baixas de aproveitamento desse potencial estão nos países em desenvolvimento e com parque industrial pouco consolidado na África, na Ásia e na América Latina.
Desde a década de 1980, a construção de usinas hidrelétricas de grande porte vem sendo questionada por diversos grupos em defesa do meio ambiente. Isso porque os impactos ambientais decorrentes da construção de represas merecem destaque: vastas áreas de vegetação são inundadas, o ecossistema é completamente alterado, assim como a dinâmica de erosão e sedimentação.
Além disso, os moradores das áreas atingidas são obrigados a se deslocar. Apesar desses aspectos negativos, a hidreletricidade é uma forma de obtenção de energia limpa – não provoca poluição atmosférica nem emite gases responsáveis pela intensificação do efeito estufa, exceto quando há decomposição da vegetação da área inundada e consequente emissão de gás metano – e renovável – porque usa água.
Uma alternativa às grandes usinas hidrelétricas é a construção de pequenas centrais hidrelétricas, usinas com capacidade instalada entre 3 MW e 30 MW, que inundam uma área menor (menos que 3 km²) e cujos gastos com a transmissão da energia gerada são menores porque podem ser construídas mais próximas do mercado consumidor. Em geral são usinas fio d’água e, por isso, podem ficar sem funcionar em períodos de maior estiagem.
Atualmente, também há usinas fio d’água de grande porte, nesse tipo de usina não é necessário que haja reservatório muito grande, por isso não provoca grandes inundações, apenas o suficiente para garantir a regularização diária ou semanal do fluxo de água, causando menos impactos ambientais. As grandes usinas fio d’água são mais apropriadas para regiões de muita chuva, como a Amazônia. No entanto, até mesmo lá, nos meses de estiagem muito prolongada, há o risco de faltar água para seu funcionamento.
Belo Monte, construída no rio Xingu e inaugurada em 2016, é um exemplo de usina fio d’água de grande porte. Sua barragem alagou 512 km², dos quais 228 km² correspondem ao próprio leito do rio Xingu, para uma capacidade instalada final de 11 000 MW. Já a usina de Tucuruí, no rio Tocantins, um projeto mais antigo, inaugurada em 1984, alagou uma área de 2 850 km² para uma capacidade instalada de 8 370 MW. Apesar de ter uma barragem bem menor, isso não quer dizer que sua construção não tenha causado nenhum impacto socioambiental.


O fundamentalismo islâmico no Oriente Médio

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