sábado, 22 de novembro de 2025

O cenário geopolítico atual

As transformações ocorridas no cenário geopolítico internacional têm ocasionado uma constante redefinição das fronteiras entre os países do mundo.
Entre as importantes transformações geopolíticas ocorridas nas últimas décadas, podemos citar a derrocada do socialismo e o fim da União Soviética, no final da déca da de 1980 e início da década de 1990. Tais acontecimentos deflagraram processos de independência que levaram à fragmentação do território soviético e à criação de novos Estados, que mudaram o traçado do mapa político no leste da Europa e na Ásia.
O fim da União Soviética provocou grandes alterações no cenário geopolítico mundial, marcado atualmente pelo predomínio do capitalismo em nível mundial e também pela existência de três principais centros ou polos de poder econômico: Estados Unidos, União Europeia e Japão.
Mais recentemente, contudo, outras potências econômicas regionais também se destacam nesse cenário internacional, entre elas a China, segunda maior economia mundial, e também as chamadas economias emergentes, como o Brasil, a Índia e os Tigres Asiáticos.

O expansionismo geopolítico da Rússia


Ao longo dos últimos anos, a Rússia vem buscando reafirmar seu papel de grande liderança no cenário geopolítico mundial. Herdeira da grande força militar da extinta União Soviética (dissolvida em 1991), o país dispõe de um poderoso arsenal nuclear em seu território.
Em maio de 2002, a Rússia e a Otan selaram um acordo de cooperação, com a criação do Conselho Otan-Rússia. Até 2014, o país participou das decisões dos países-membros em assuntos de interesse mútuo, como a definição de estratégias político-militares a serem aplicadas no controle da proliferação de armas nucleares e no combate ao terrorismo. Ainda em 2014, no entanto, a Rússia anexou a Crimeia, república autônoma, pertencente à Ucrânia, e, em razão disso, a Otan suspendeu o acordo de cooperação.
Em 2020, a organização e a Rússia romperam relações. Os russos não concordam com o possível ingres so de países limítrofes, sobretudo da Ucrânia, além de não aceitar a presença de armamentos da Otan nos países do Leste Europeu. 
No início de 2022, as relações entre ambas ficaram mais difíceis, com o reconhecimento, por parte do governo russo, da independência de duas regiões separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia: a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk. 
Em contextos como esses, a Rússia conta com o apoio da China, interessada em favorecer a construção de um contraponto à força da aliança Estados Unidos-Europa ocidental e central.
Aproveitando-se da posição de grande potência militar, nos últimos anos, a Rússia passou a adotar uma política externa mais agressiva, envolvendo-se direta e indiretamente em vários conflitos regionais, alguns com grandes repercussões no cenário internacional.

Guerra na Síria 


Em 2011, por exemplo, após a eclosão de uma violenta guerra civil na Síria, país do Oriente Médio, a Rússia deu apoio ao governo sírio do ditador Bashar Al-Assad. A guerra teve início quando as tropas do exército sírio atacaram violentamen te os opositores do governo que se manifestavam nas ruas clamando por liberdade pelo fim do autoritarismo político naquele país.
O apoio militar do governo russo foi decisivo e ajudou o ditador Bashar Al-Assad a permanecer no poder, mesmo contrariando o posicionamento de parte da comunidade internacional, que se posicionou na ONU contra a opressão exercida pelo governo sírio.


Anexação da península da Crimeia 


Em 2014, uma série de protestos contra o governo da Ucrânia eclodiu na península da Crimeia (território ucraniano). Aproveitando-se da instabilidade política na região e, ao mesmo tempo, visando ampliar sua influência militar e estratégica na região, o governo russo autorizou a realização de ataques militares contra os ucranianos. Vitoriosos, os russos anexaram a península da Crimeia ao seu território, passando a controlar importantes portos e bases militares, além de gasodutos e oleodutos existentes na região.

Invasão da Ucrânia


Em fevereiro de 2022, após alguns meses de intensa mobilização de forças militares russas na fronteira com a Ucrânia, o governo de Vladimir Putin (Rússia) declarou guerra à Ucrânia, dando início à ocupação do país vizinho; fazendo uso de mísseis e de um grande arsenal bélico, levando à destruição parcial do vizinho.
O governo da Rússia justificou o uso da força militar como forma de proteger os grupos separatistas pró-Rússia que atuavam nas províncias de Donestk e Luhansk, no leste do território ucraniano. Além disso, a invasão acabaria com os planos da Ucrânia de ingressar na Otan (Organização do Atlântico Norte), aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
Na opinião de vários especialistas, no entanto, esses e outros conflitos em que a Rússia tem se envolvido na região mostram claramente o projeto político e estratégico implementado pelo presidente Vladimir Putin, que, há vários anos, governa a Rússia. Esse projeto consiste em reincorporar ao território russo parte dos territórios que, no passado, formavam a antiga União Soviética.
Em represália aos ataques, as maiores potências ocidentais, principalmente os Estados Unidos, a Alemanha, a França e o Reino Unido, passaram a aplicar uma série de sanções econômicas sobre a Rússia. A aplicação dessas sanções, que incluíram o confisco de bens, o congelamento de valores depositados em bancos e a suspensão das importações de produtos russos, como petróleo e gás natural, visava minar a economia russa e, com isso, forçar o país a desistir dos planos de ocupação e anexação de partes do território ucraniano.
O estabelecimento dessas sanções foi a maneira encontrada pelas potências ocidentais de evitar um confronto direto com a Rússia, o que certamente levaria a uma guerra de proporções sem precedentes, inclusive com a utilização de armas nucleares.

Fontes de poder: um breve panorama atual


No contexto de mundialização do capitalismo, quatro potências econômicas se destacam no cenário internacional: Estados Unidos, Japão e União Europeia (UE), liderada pela Alemanha, e a China, que conheceu acelerado crescimento econômico entre as últimas décadas do século XX e início deste século, tornando-se a segunda maior economia do mundo.
Além de deter um dos maiores arsenais nucleares, a China apresenta a maior população do mundo, com pouco mais de 1,4 bilhão de habitantes. Considerando os países – não os blocos econômicos, como a União Europeia –, a China é a maior potência em termos de volume de comércio internacional, à frente dos Estados Unidos.
A Rússia que se destaca, particularmente em termos político-militares, pois detém expressivo arsenal militar e nuclear. Além disso, as crescentes exportações de petróleo, bem como os elevados preços desse produto no mercado internacional, contribuíram para a recuperação econômica do país na primeira década do século XXI.
A Rússia, aliada de países que os Estados Unidos consideram uma ameaça – Irã, particularmente, e Coreia do Norte (que também tem o apoio da China)
–, busca reinserção como grande potência internacional e um papel mais decisivo nos conflitos em diversos continentes, particularmente na Ásia e na Europa, como demonstram as ações na Ucrânia.
No entanto, na virada do século XX para o século XXI, o mundo presenciou uma situação na qual parecia haver apenas um protagonista: os Estados Unidos – chamados de hiperpotência mundial.

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