sexta-feira, 19 de julho de 2024

As paisagens e o espaço geográfico

 O que é paisagem

Para a Geografia, paisagem é tudo aquilo que a nossa visão alcança em determinado momento. Os sentidos humanos (olfato, paladar, visão, tato e audição) nos ajudam a perceber a paisagem e seus elementos. Todos os trechos da superfície terrestre, habitados ou não, modificados ou não pela ação humana, constituem paisagens.
Há paisagens que têm o predomínio de elementos produzidos pela própria natureza. São aqueles que não resultaram do trabalho humano, como uma montanha, uma floresta ou um rio, por exemplo. São conhecidas como paisagens naturais. As paisagens culturais são aquelas onde há elementos produzidos pela sociedade, como escolas, edifícios, ruas, estradas e mesmo uma área agrícola.

Tipos de paisagem

As paisagens podem ser classificadas como paisagens naturais e paisagens artificiais (ou culturais). Paisagens naturais são aquelas que apresentam somente elementos naturais, isto é, que ainda não foram alterados pela ação humana. O ser humano pode alterar as paisagens naturais com ações diretas, como quando desmata para construir algo, e com ações indiretas, por exemplo, por meio da emissão de gases poluentes que atingem áreas ainda não exploradas, modificando-as. Cada vez mais as paisagens naturais vêm sendo alteradas pelos seres humanos e, por isso, estão se tornando raras. As paisagens artificiais ou culturais são aquelas modificadas pelo ser humano.
As paisagens são compostas de diversos elementos, sendo eles:
• elementos naturais: rios, árvores, flores, formas do relevo, entre outros;
• elementos artificiais ou culturais: pontes, prédios, ruas, muros, parques urbanos, praças, entre outros.
Até agora você observou paisagens em que predominam elementos naturais e outras em que predominam elementos construídos pelos seres humanos, ou seja, artificiais.
Os elementos observados e percebidos, por exemplo, no caminho entre a sua moradia e a escola fazem parte da paisagem. Nela, você pode ver construções, pessoas, veículos, plantas e rochas, sentir cheiros e ouvir sons.
A ausência de alguns dos cinco sentidos não impede as pessoas de perceberem a paisagem e as transformações que nela ocorrem. Pessoas com deficiência visual, por exemplo, por meio de outros órgãos dos sentidos ou de instrumentos, como uma bengala, conseguem desviar de obstáculos, como degraus, placas, muros e postes. Elas também podem distinguir áreas de vegetação de espaços urbanos por meio do olfato, do tato e da audição, identificando a movimentação ao redor e ouvindo o som dos automóveis, dos pedestres, das aves, da água e dos demais elementos presentes na paisagem. As pessoas com deficiência conseguem perceber a paisagem e podem intervir na sua transformação.

A observação da paisagem

A paisagem é a porção do espaço que podemos ver e perceber em determinado momento. A Terra é formada por um conjunto de paisagens diferentes entre si. Essas diferenças são o resultado da grande diversidade de elementos que compõem o planeta e da maneira como eles foram alterados pela ação dos seres humanos e da própria natureza. Ou seja, as paisagens podem “registrar” as transformações ocorridas no ambiente.
Dessa forma, como você constatou na abertura desta unidade, a observação da paisagem pode sugerir alguns questionamentos:
• Por que existem montanhas e outras formas de relevo?
• Por que existem tantas torres metálicas com antenas em diversos locais da cidade e ao longo de rodovias?
• Como áreas de florestas são derrubadas rapidamente e ocupadas por pastagens e plantações?
• Por que há diversos tipos de construções nas cidades?
• Por que há favelas ao lado de prédios luxuosos?
As respostas a essas questões podem ser oferecidas pela Geografia, que estuda, entre outros temas, os processos responsáveis pela formação e pela transformação das paisagens.

Técnica e paisagem

O conjunto de conhecimentos e habilidades que permitem ao ser humano, entre outras ações, modificar a natureza e alterar paisagens naturais e artificiais ou culturais chama-se técnica. A partir do trabalho humano, que as utiliza constantemente, as técnicas são inovadas e reinventadas, ao que se denomina tecnologia.
Esta é aplicada no desenvolvimento dos mais diversos produtos. Por meio da produção de utensílios e instrumentos para praticar a agricultura e armazenar os alimentos, da confecção de vestuários e da construção de abrigos para se proteger da chuva e das variações de temperatura, os seres humanos desenvolveram maneiras de satisfazerem suas necessidades de sobrevivência, sendo capazes de habitar diferentes áreas da superfície terrestre.
O avanço das técnicas e das tecnologias tornou possíveis, ao longo da história da humanidade, diversas transformações no modo de produzir (tanto na agropecuária, como na indústria –, na circulação de mercadorias e pessoas e nas paisagens. Exemplo disso é a utilização de diferentes fontes de energia pelas sociedades que habitaram e habitam o planeta, o que ocasionou modificações no espaço terrestre.
Com o avanço tecnológico, os seres humanos passaram a produzir de modo muito mais rápido e em quantidades maiores e, com isso, a utilização de áreas para plantio e a retirada de matéria-prima da natureza tornaram-se mais intensas. Podemos entender matéria-prima como um dos elementos essenciais na fabricação de um produto. Por exemplo: a matéria-prima do lápis é a madeira, e a do chocolate é o cacau.
Com a retirada excessiva da matéria-prima da natureza, a mudança nas técnicas utilizadas na agropecuária e a ampliação das áreas de plantio e pastagens, muitos problemas ambientais foram surgindo, como o empobrecimento e o esgotamento do solo, o desmatamento, a poluição do ar e das águas, entre outros.

A paisagem geográfica

Como foi visto, atualmente são poucas as áreas da superfície terrestre onde os elementos naturais ainda não foram explorados e modificados pelas pessoas.
Mesmo locais de mais difícil acesso, como desertos, cadeias montanhosas, florestas ou regiões polares, embora conservem suas características originais, já foram investigadas ou percorridas pelos seres humanos. Isso permite afirmar que existem poucas áreas intocadas na superfície da Terra.
Essas áreas modificadas pela ação humana formam a paisagem geográfica, também chamada de paisagem artificial ou cultural. O espaço geográfico é constituído pelas paisagens — o que vemos e percebemos no espaço em determinado momento —, pelas alterações resultantes da ação humana que nelas são feitas e pelo modo como as pessoas se relacionam.
Os seres humanos modificam e organizam o espaço geográfico de acordo com as suas necessidades.
Atualmente, a maior parte da humanidade vive em cidades. Nelas, quase todos os elementos são culturais. Até mesmo os parques e as praças públicas, onde há elementos naturais, são criações humanas. As casas, os edifícios, as ruas, os postes que sustentam os fios condutores de energia e as tubulações que transportam o esgoto e a água foram construídos pelos seres humanos.
Por causa dos inúmeros tipos de construções e das diversas atividades econômicas, a paisagem das cidades é bastante complexa. Nos espaços rurais também há muitos trechos de paisagem cultural. Os campos de cultivo e de pastagem, por exemplo, foram criados pelo ser humano. Eles fazem parte de uma natureza modificada.

O que é espaço geográfico?

Você viu que o ser humano modifica a superfície terrestre. É um processo que surgiu com grupos sociais que viveram no planeta muito tempo atrás e permanece nos dias atuais. Com o passar do tempo, as técnicas e as necessidades das novas sociedades foram se tornando mais complexas, o que aumentou a transformação da superfície terrestre. Por outro lado, ainda há sociedades que alteraram muito pouco os lugares onde vivem.
O espaço geográfico é o resultado das transformações na natureza promovidas pelo trabalho das sociedades ao longo do tempo. Por isso, ele mostra tempos do passado e do presente. No espaço geográfico estão a paisagem, que é observada e percebida, e todas as ações produzidas pelas sociedades, como as construções e atividades políticas e econômicas, por exemplo. O espaço geográfico é dinâmico.
Um exemplo de espaço geográfico são as áreas com cultivos agrícolas. Elas também são resultado do trabalho humano. No passado, havia vegetação nativa, que foi retirada para a introdução de uma plantação. Ou seja, uma área agrícola também é espaço geográfico, pois é resultado do trabalho humano, que substituiu a vegetação original por cultivos.

Sociedade, lugar e espaço geográfico

A sociedade atual usa meios que permitem manter relações com outros lugares próximos ou distantes. Esses lugares influenciam e também são influenciados.
Isso ocorre pelo desenvolvimento da tecnologia e dos meios de comunicação e transporte, que permite a troca de informações e deslocamentos de modo mais intenso. Atualmente, é possível manter relações com lugares distantes ou próximos que não conhecemos por meio da internet e da televisão, por exemplo, e, muitas vezes, de forma instantânea.
Mas para isso foi preciso lançar objetos ao redor do planeta Terra e passar cabos pelos oceanos. No espaço, os satélites artificiais, equipamentos tecnológicos construídos pelo ser humano, têm como função facilitar a comunicação e também captar imagens da superfície terrestre, que podem servir para o monitoramento do desmatamento, por exemplo.
Os cabos interoceânicos possibilitam a integração dos computadores pelo mundo. Sem eles não teríamos a internet articulando lugares tão distantes e permitindo uma maior integração social.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Fake news e desinformação no mundo virtual

A disseminação das tecnologias de comunicação e a ampliação do acesso à internet facilitaram a comunicação e a interação entre as pessoas. No entanto, um dos problemas decorrentes desse acontecimento foi a proliferação de notícias falsas, mais conhecidas como fake news. Essa expressão, que em português significa “notícias falsas”, refere-se a notícias total ou parcialmente manipuladas com o objetivo de difamar, prejudicar uma pessoa, um grupo ou uma instituição.

Entre os principais problemas contemporâneos associados ao uso inapropriado da internet está o da disseminação das fake news. O termo fake news quer dizer “notícia falsa” em inglês. Porém, o conceito que essa expressão carrega é mais profundo que essa simples tradução. Ele diz respeito a uma informação deliberadamente falsa, isto é, uma informação criada para enganar pessoas e, com isso, atingir determinados objetivos.

As fake news geralmente são compartilhadas na internet, principalmente nas redes sociais, como se fossem verdadeiras. Contudo, elas não correspondem à realidade dos fatos e podem até conter dados falsos ou informações parcialmente verdadeiras.
As fake news podem ser disseminadas a fim de gerar ganhos financeiros ou políticos, atacar grupos sociais minoritários ou enfraquecer propostas de mudança social, por exemplo. Sua propagação acontece principalmente em meios onde os autores das informações usufruem de anonimato, como aplicativos de mensagens e redes sociais.
Nesses meios virtuais, cada vez mais populares em virtude do aumento do acesso à internet, as fake news atingem rapidamente um grande público. Por isso, é necessário identificar as características de publicações suspeitas e verificar as informações antes de compartilhá-las, evitando, assim, a propagação de mentiras. Quando compartilhadas por inúmeras pessoas, as fake news propagam a desinformação.

O problema da desinformação na internet

A desinformação é caracterizada como um conjunto de ações que visam alterar a informação circulante e mudar a visão da realidade. Por trás dessas ações, há interesses de grupos privados ou políticos, por exemplo, que buscam criar uma certa imagem sobre determinado tema, indivíduo ou grupo de pessoas, geralmente para prejudicar sua reputação. Hoje, uma notícia falsa pode viralizar em um instante – as redes sociais permitem um alcance enorme. Além disso, hoje, há mais produtores de informação. Ou seja, o alcance e a difusão de notícias falsas aumentaram.

O fenômeno começou a ser observado mais de perto – estudado por pesquisadores e reportado pela mídia – com a profusão de notícias falsas nas redes sociais durante as eleições americanas em 2016, quando Donald Trump foi eleito para a presidência do país. Também foi quando o termo “fake news”, cuja tradução por aqui é “notícias falsas”, começou a ser usado. Há pesquisas que apontam que as notícias falsas que circularam na redes sociais durante o pleito americano podem ter influenciado seu resultado.

Atualmente, diversos jornalistas, ativistas digitais e pesquisadores defendem campanhas educativas para combater esse problema, que vem alcançando graves proporções. Nesse contexto, surgiram as agências de fact checking (checagem de fatos), que se dedicam à verificação de dados e à checagem de fatos como forma de combater as fake News e a desinformação, identificando imprecisões, erros e mentiras que circulam principalmente na internet.









O crescimento da extrema direita

Fenômeno atual que preocupa os democratas e os humanistas de diferentes partes do mundo é o crescimento dos grupos políticos de extrema direita. Alguns deles são adeptos do nazismo hitlerista, os chamados neonazistas.

Para eles, os responsáveis pela crise econômica e pelo desemprego em seus países são os imigrantes vindos de países ou regiões mais pobres.

Por essa razão, defendem o ultranacionalismo. E vão além, perseguindo e discriminando negros, homossexuais e transexuais, além de muçulmanos e judeus. Defendem o ultranacionalismo, mas também são anticomunistas e inimigos da democracia liberal. Os grupos de extrema direita e neonazistas agem de modo intolerante e violento, chegando a praticar atos terroristas e assassinar aqueles que consideram seus inimigos.

Negacionismo: História e Ciência

No século XXI, as redes sociais permitiram que movimentos políticos de extrema direita manifestassem suas ideias retrógradas em grande escala.

Grupos se formaram nas redes sociais com o objetivo de desqualificar o saber científico, manipular informações, recorrer a falsos especialistas para produzir desinformações e divulgar fake news. Eles negam eventos científicos e históricos que foram pesquisados, estudados e comprovados, preferindo opiniões pessoais, muitas delas estapafúrdias.

Um exemplo é a crença de que o planeta Terra é plano. A opinião pessoal se sobrepõe ao conhecimento científico, apesar das provas em contrário.

Esse também é o caso daqueles que negam a eficácia das vacinas desenvolvidas contra a covid-19, preferindo não se vacinar e expondo-se ao risco de morte. Outro exemplo de negacionismo é desacreditar o fenômeno do aquecimento global.

O negacionismo também atua de maneira perversa na história. Há os que negam o assassinato de 6 milhões de judeus pelos nazistas, embora as provas do genocídio sejam inúmeras, variadas e evidentes. A negação do Holocausto é um exemplo, mas há vários outros, como o de que o ser humano não pisou na Lua ou de que não houve ditadura militar no Brasil.

Esses movimentos negam e recusam os fatos, as evidências, as pesquisas e as comprovações dos campos da Ciência e da História. O negacionista prefere a crença, a opinião pessoal e a produção da ignorância.

Atentado no Riocentro

A “linha dura” militar estava insatisfeita. Muitos militares queriam a continuidade da ditadura. Eles passaram a pôr bombas em bancas de jornais e a enviar cartas-bombas pelos correios, matando e ferindo pessoas inocentes. Estavam praticando atos de terrorismo.

Um dos episódios mais graves ocorreu na noite de 30 de abril de 1981. No pavilhão do Riocentro, no Rio de Janeiro, milhares de jovens assistiam a um show. Agentes da “linha dura” do governo planejaram desativar a energia elétrica e, em plena escuridão, detonar uma bomba no meio da multidão, matando e ferindo centenas de pessoas.

No entanto, enquanto os dois agentes preparavam a bomba dentro do carro, ela acidentalmente explodiu, matando um dos militares e ferindo o outro gravemente. Ninguém foi punido.

Foi nesse contexto que surgiu a campanha das Diretas Já, em 1983. Tratava-se de uma proposta apresentada ao Congresso Nacional para que a eleição para presidente da República voltasse a ser direta, ou seja, para que o povo pudesse eleger o presidente. Imensos comícios foram realizados nas capitais dos estados, mas o Congresso Nacional recusou a proposta. O sentimento de frustração tomou a sociedade brasileira.

domingo, 31 de dezembro de 2023

O movimento pelos direitos civis

Nos Estados Unidos, o movimento negro dedicava-se à luta contra o racismo, institucionalizado por diversas leis de segregação racial em estados do sul do país. Essas leis burlavam a décima quarta emenda da Constituição, adotada em 1868, que estabelecia a igualdade de direitos sem distinções entre os cidadãos (exceto para mulheres e indígenas).

Na década de 1960, muitas dessas leis ainda estavam em vigor. O lema “separado, mas igual” se tornou símbolo da segregação imposta por lei. Na prática, direitos fundamentais, como o de votar, eram negados às pessoas negras. Em diversos estados do sul dos Estados Unidos, além da segregação em escolas e outros espaços públicos, homens e mulheres negros eram obrigados por lei a ocupar um espaço menor dentro do transporte público e até a ceder seu assento a pessoas brancas em caso de lotação.

Episódios de resistência negra, como o ocorrido em 1955, quando a costureira Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar para um branco em um ônibus e foi presa em razão disso, e o aumento de ataques de supremacistas brancos com o ressurgimento, a partir de 1950, da Ku Klux Klan (KKK) – que pregava o ódio e a violência contra os negros – inflamaram a sociedade estadunidense.

O movimento pelos direitos civis ganhou força nesse contexto. Em uma sociedade em que os negros eram discriminados, segregados institucionalmente e, na prática, condenados à pobreza, o movimento reuniu milhares de pessoas defendendo a igualdade não só de direitos, mas também de oportunidades.

As vertentes do movimento

O movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos tinha diferentes orientações políticas e modos de atuação. Entre suas principais lideranças destacaram-se o ativista islâmico Malcolm X, o grupo dos Panteras Negras (Black Panther Party) e o reverendo batista Martin Luther King Junior.
Malcolm X, ativista do nacionalismo negro, defendia o orgulho e a autossuficiência dos afro-americanos. A princípio, não acreditava na união entre brancos e negros, sendo favorável à autodefesa. Em 1965, foi assassinado na sede de sua organização em Nova York.
Já os Panteras Negras tinham como missão inicial a autoproteção armada da comunidade negra, a denúncia de seus opressores e, principalmente, da brutalidade policial.
Martin Luther King Junior, por sua vez, inspirou-se nos ensinamentos do líder indiano Mahatma Gandhi a respeito da desobediência civil e da não violência, reunindo milhares de pessoas em marchas e protestos pacíficos pelo reconhecimento dos direitos das pessoas negras, como as Marchas de Selma a Montgomery, realizadas em 1965.
Ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1964, King abordava em seus discursos temas como a exploração econômica e a pobreza e se declarou contrário à participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Foi assassinado em 1968 em Memphis, enquanto se preparava para uma marcha em apoio à greve dos trabalhadores da limpeza pública da cidade.
O movimento pelos direitos civis foi um dos mais importantes da história dos Estados Unidos. Entre suas conquistas, estão a formulação de diversas leis que proibiram a discriminação racial nos setores públicos, no mercado de trabalho e nas eleições.

O movimento ambientalista

O movimento ambientalista ganhou força na década de 1960, dando início a uma intensa transformação no modo como as sociedades ocidentais compreendem seu lugar no planeta.

Os ambientalistas se preocupavam principalmente com a depredação do meio ambiente e com o esgotamento dos recursos naturais, reivindicando mudanças nos comportamentos sociais e a aplicação de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente.

Nesse contexto, foram criadas organizações de associativismo civil, como a World Wide Fund For Nature (WWF), em 1961, e o Greenpeace, em 1971, que passaram a atuar em diversas partes do globo.

Em 1972, a ONU realizou sua primeira conferência sobre o ambiente, ocasião em que lançou a Declaração de Estocolmo, alertando sobre a necessidade de os seres humanos desenvolverem conhecimentos e modos de vida para possibilitar o equilíbrio com o meio ambiente.

O movimento feminista

Durante muito tempo, as mulheres foram impedidas de realizar uma série de atividades e não tiveram acesso a direitos básicos. A violência contra as mulheres ainda é uma realidade, mas, graças ao movimento feminista, direitos e novos espaços de atuação e reflexão foram conquistados.
O movimento feminista no Brasil surgiu no final do século XIX, quando as mulheres exigiam o direito à educação, ao voto e à participação política. No início do período republicano, trabalhadoras se organizaram para exigir melhores salários e denunciar as condições especialmente difíceis das mulheres operárias. Ao longo do século XX, o debate em torno da opressão e da desigualdade de gênero cresceu.

Nos anos 1960, ativistas feministas organizaram campanhas e debates em torno de temas ligados a mercado de trabalho, direito sobre o corpo, violência doméstica, estupro, etc. 
As participantes do movimento inspiraram-se em ideias como as da intelectual francesa Simone de Beauvoir. Em sua obra O segundo sexo, lançada em 1949, ela demonstrou que a atribuição de diferentes papéis a homens e mulheres não é biológica, mas construída socialmente, apresentando a famosa frase “não se nasce mulher; torna-se mulher”.
Nesse contexto, a reflexão crítica sobre os papéis historicamente impostos às mulheres também incluiu questões de raça e classe, ou seja, levou em consideração as particularidades das mulheres negras e mais pobres.
As feministas contestaram a desigualdade de gênero em diversos campos, como o político, o dos direitos civis e o do trabalho, e alcançaram importantes conquistas. Duas delas foram o lançamento da pílula anticoncepcional, em 1960, o que possibilitou a milhões de mulheres o controle da fertilidade, e, no Brasil, a aprovação da lei do divórcio, em 1977.
O movimento feminista ganhou força no Brasil em 1975 com a instituição pela ONU do Ano Internacional da Mulher, concentrando-se informalmente em associações e coletivos de mulheres. Destacaram-se no período os grupos de ativistas que denunciavam a violência doméstica e o assassinato de mulheres cometidos pelos próprios companheiros.

Durante o período da ditadura militar, além da participação em guerrilhas e movimentos estudantis, coletivos femininos começaram a surgir nas periferias e em bairros das grandes cidades. Esses movimentos organizavam-se para lutar por melhores condições de vida, contra a carestia, e, principalmente, pelo direito à creche pública, gratuita e de qualidade. Essa pauta era considerada necessária para a emancipação feminina, pois, tendo um lugar onde deixar os filhos, mais mulheres poderiam obter empregos fora de casa.

Foi a partir dos anos 1990 que centenas de organizações da sociedade civil passaram a protagonizar a defesa de políticas públicas e reformas institucionais que ampliem os direitos das mulheres. Além disso, inúmeras organizações trabalham com apoio a mulheres vítimas de violência ou que não tenham acesso garantido a assistência médica e psicológica.

A presença de mulheres negras foi fundamental para ampliar a compreensão do movimento feminista sobre as diversas formas de opressão. Passou-se, assim, a reconhecer que a discriminação e a violência de gênero estavam relacionadas com o racismo e o preconceito étnico contra mulheres negras. Além disso, o movimento feminista negro trouxe importantes contribuições teóricas, graças à divulgação do pensamento de intelectuais negras como Carolina Maria de Jesus (1914-1977), Maria Beatriz Nascimento (1942-1995) e Lélia Gonzalez (1935-1994).


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