O colapso do socialismo representou a vitória do sistema capitalista. Desde o final do século XX, esse sistema tem adotado características do neoliberalismo, como a diminuição da intervenção do Estado na economia, a redução dos investimentos públicos em políticas sociais (educação, saúde, habitação), o controle dos gastos estatais, o fortalecimento da economia de mercado, a privatização das empresas públicas e a crescente participação de capitais externos nos mercados financeiros mundiais.
No âmbito internacional, uma das características mais marcantes do neoliberalismo é a existência de blocos econômicos regionais, ou seja, associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si.
Entre tais blocos, destacam-se: a União Europeia (UE), que agrupa diversos países do continente europeu; o Bloco do Pacífico, que reúne o Japão, os Tigres Asiáticos (Singapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan) e países do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Filipinas); o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), cujos membros são Estados Unidos, Canadá e México; o Mercado Comum do Sul (Mercosul), constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Criados para garantir mercado aos países-membros e fortalecer suas economias diante da alta competitividade mundial, os blocos econômicos sinalizam com a diminuição ou eliminação das barreiras alfandegárias no comércio entre eles. No entanto, não raro as negociações dos blocos privilegiam os interesses dos países mais industrializados e desenvolvidos que os compõem. Outro aspecto observado é que a cooperação comercial no interior de blocos formados por países em desenvolvimento varia de acordo com a estabilidade das economias nacionais.
Os efeitos sociais do neoliberalismo
Um dos efeitos da vitória do capitalismo no mundo globalizado contemporâneo foi o enfraquecimento dos mecanismos dos Estados para controlar a especulação financeira e a circulação de capitais em grande velocidade pelo planeta. Isso vem contribuindo para fragilizar as economias mundiais, que se tornaram suscetíveis a crises constantes.
A crise financeira de 2008 No final da década de 2000, grandes bancos dos Estados Unidos passaram a realizar empréstimos arriscados visando ao lucro rápido. O governo do país não impôs medidas para conter esses empréstimos, que saíram do controle e começaram a ser feitos sem garantia de pagamento. Em 2007, muitos bancos começaram a quebrar pela falta de pagamento dos empréstimos. Em pouco tempo, a crise estadunidense afetou diversos países. Os efeitos sociais dessa crise ainda estão presentes: redução de salários, aumento do desemprego, crescimento do número de pessoas empobrecidas e significativo aumento das desigualdades sociais.
Nesse contexto, muitos países passaram a adotar novas medidas neoliberais com o objetivo de superar a crise, como reformar leis trabalhistas e diminuir direitos sociais dos cidadãos. Isso fez com que, em diversos países, os trabalhadores perdessem direitos e sofressem reduções salariais. Além disso, muitos governos diminuíram os recursos aplicados em políticas públicas, como forma de cortar os gastos do Estado e possibilitar investimentos para retomar o crescimento econômico, abalado pela crise. Essas medidas agravaram os efeitos da crise e contribuíram para o crescimento da pobreza em muitas regiões do mundo. Contudo, isso não afeta todos os setores da mesma forma, e uma pequena parcela de indivíduos ampliou suas riquezas.
Organizações internacionais indicam que, em 2015, apenas 1% da população mundial concentrava mais de 99% das riquezas do planeta. Além disso, de 1988 até 2011, a renda dos 10% mais pobres do planeta aumentou cerca de 65 dólares, enquanto a renda do 1% mais rico aumentou cerca de 11 800 dólares – ou seja, 182 vezes mais.
Desigualdade entre países
Para compreender as causas e as consequências das desigualdades entre os países, diversas teorias foram formuladas, buscando soluções que diminuam essas diferenças.
A teoria do livre mercado
Segundo a teoria baseada no livre mercado, o desenvolvimento de um país decorre da máxima liberdade de pessoas e empresas em realizar negócios. Nesse sentido, a atuação do Estado na economia, seja pela criação de leis reguladoras, seja pela cobrança de impostos, dificulta o ganho de capitais e a geração de empregos. Assim, a solução para os problemas econômicos estaria na redução da ação estatal.
Os teóricos do livre mercado atribuem, portanto, os problemas econômicos de um país à sua forma de se autogovernar, minimizando fatores externos e relações desfavoráveis impostas por países mais ricos.
O papel do Estado
Em oposição aos defensores do livre mercado, há aqueles para os quais a presença de um Estado forte é essencial para o desenvolvimento de um país. Essas teorias têm como exemplo o caso de países do Leste Asiático, como China, Coreia do Sul e Cingapura.
Neles, o Estado investiu em setores estratégicos, como educação e desenvolvimento tecnológico, e agiu para favorecer o crescimento de setores da economia.
Teoria da dependência
A teoria da dependência avalia que as desigualdades globais remontam ao período colonial, quando foi estabelecido um sistema em que alguns países acumulavam recursos em função da exploração de outros.
Esse quadro se agravou após a industrialização e, ainda hoje, mesmo que a indústria tenha se espalhado pelo mundo, há forte dependência entre os países que desenvolvem novas tecnologias e aqueles que apenas as consomem.