quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Globalização e meio ambiente

Problemas ambientais e globalização


A globalização promoveu a integração de várias regiões do planeta, com o comércio internacional de diferentes produtos e serviços. Assim, ocorreu o aumento da produção industrial e do consumo, com a consequente intensificação da exploração dos recursos naturais e da emissão de poluentes.
As longas distâncias percorridas por navios e aviões para o transporte de mercadorias, a queima de combustíveis pela movimentação de veículos durante o transporte de trabalhadores de regiões periféricas para suas áreas de trabalho e a emissão de grandes volumes de gases poluentes por fábricas e usinas de geração de energia afetam a saúde da população e geram impactos na sobrevivência de espécies de plantas e animais.


Vivemos uma crise ambiental


Ao longo das últimas décadas, a exploração dos recursos naturais tem aumenta do, e isso vem agravando a degradação do meio ambiente em diferentes regiões do planeta. À medida que esses problemas foram se intensificando no planeta, os seus efeitos passaram a ter consequências não apenas locais ou regionais, mas também em escala global. De acordo com várias pesquisas, os gases tóxicos lançados na atmosfera pelos escapamentos dos veículos e pelas chaminés das fábricas, por exemplo, ao mesmo tempo que agravam a poluição do ar, contribuem para a intensificação do efeito estufa, fenômeno que pode interferir no clima do planeta. 
No entanto, para outros especialistas, as alterações no clima do planeta são fenômenos naturais e não con sideram as alterações humanas a principal causa. Para os estudos que aceitam a responsabilidade das atitudes humanas na na tureza, as ações da sociedade têm gerado sérios impactos ao meio ambiente, afetando a dinâmica natural da Terra e os mecanismos que regulam e sustentam a vida no planeta. Nos últimos dois séculos, os problemas ambientais se agravaram de maneira tão alarmante que, segundo alguns estudiosos, estamos vivendo uma intensa crise ambiental. 


Os debates internacionais sobre meio ambiente


A preocupação com o meio ambiente não é recente. Há pelo menos dois séculos, estudiosos alertam sobre os danos provocados à natureza por causa da ação humana. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os pro blemas ambientais tornaram-se mais visíveis em razão do crescimento da população global, da difusão de padrões de consumo exacerbados e das rápidas industrialização e urbanização das sociedades. Com esse processo em curso, intensificou-se a pressão sobre os recursos naturais, ou seja, houve aumento do uso desses recursos, o que levou os debates ambientais ao âmbito mundial.
À medida que os problemas ambientais foram se agravando e sendo divulgados pelos meios de comunicação, a sociedade foi tomando conhecimento e se conscien tizando de que estava vivendo uma crise ambiental. Muitas pessoas passaram a se preocupar mais com a conservação do planeta, e, entre as décadas de 1960 e 1970, começaram a surgir os primeiros movimentos em defesa do meio ambiente.
Desde então, um número crescente de pessoas vem participando de movimentos ambientalistas ou ecológicos que atuam em favor das mais variadas causas, como a conservação das florestas, a proteção da vida silvestre, o combate às mais diversas formas de poluição etc.
Em 1972, foi realizada a Conferência sobre Meio Ambiente Hu mano em Estocolmo, capital da Suécia, a primeira organizada pelas Na ções Unidas. Nesse evento, dois conjuntos de países se destacaram nos debates: os países desenvolvidos, que defenderam a necessidade de controlar o crescimento econômico de base industrial, considerado poluidor e consumidor de recursos não renováveis; e os demais países, que interpretaram a proposta daqueles como uma tentativa de impe dir sua industrialização, defendendo que as preocupações com o meio ambiente não poderiam afetar seu crescimento econômico.
Vinte anos depois, em 1992, os países-membros da ONU se reu niram no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, para debater novamente os problemas ambientais. Conhecido como Rio-92 ou Eco-92, esse evento contou com a participação de 178 países e 114 chefes de Estado, que, com base na noção de desenvolvimento sustentável, lançaram as primeiras iniciativas para conciliar desenvolvimento econômico e conservação do meio ambiente.
Dez anos depois da Rio-92, realizou-se em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio+10. Os resultados, no en tanto, não foram muito satisfatórios. Assuntos importantes da pauta, como o estabelecimento de metas quanto ao uso de energias renová veis, não obtiveram avanço. Em 2012, realizou-se, novamente na cidade do Rio de Janeiro, a Rio+20, que reiterou a necessidade da implementa ção do desenvolvimento sustentável; e, em 2015, em Nova York, na sede da ONU, realizou-se outra reunião que estabeleceu nova agenda do desenvolvimento sustentável ). Apesar da importância desses eventos, os problemas ambientais per sistem de modo intenso e preocupam especialistas.

Organizações não governamentais


Os movimentos ambientalistas atuam, geralmente, por meio de organizações não governamentais (ONGs). As ONGs são entidades sem fins lucrativos, formadas por representantes da sociedade civil, com autonomia e independência política em rela ção aos governos. As imagens a seguir mostram algumas das principais ONGs am bientais que atuam no Brasil e no mundo.
As ONGs ambientalistas vêm desempenhando um papel muito importante em nos sa sociedade, sobretudo na disseminação da consciência ecológica. É por meio dessa consciência que governos de muitos países têm sido forçados a criar leis ambientais mais severas para garantir a proteção da natureza, aumentando a fiscalização e pu nindo com rigor os crimes praticados contra o meio ambiente. Pressionados para que respeitem as legislações ambientais vigentes, muitas empre sas também já estão assumindo um compromisso no que diz respeito à conservação da natureza.

O desenvolvimento sustentável


A disseminação da consciência ecológica pelo mundo e a pressão política exercida pela opinião pública em favor da conservação da natureza levaram os governos de muitos países a assumirem maiores compromissos em relação às questões ambientais. 
Assim, a discussão dos problemas relacionados ao meio ambiente passou a fazer parte da agenda política mundial, tornando-se alvo de preocupação de governos e organismos internacionais. 
Entre um conjunto de propostas de ações que deveriam ser colocadas em prática para amenizar os impactos ambientais em nível global, destaca-se um ambicioso programa cujas metas levariam à implantação do chamado desenvolvimento susten tável. Esse modelo de desenvolvimento econômico deveria atender às necessidades da sociedade atual, sem colocar em risco a sobrevivência das futuras gerações. 
A implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável em escala planetária exigirá mudanças profundas em toda a humanidade, estabelecendo novas relações nos campos político e social.
Construir um novo modelo de sociedade exige ações concretas de todos os gover nos – no sentido de adequar as legislações vigentes, fiscalizar e punir com mais rigor as agressões e os crimes cometidos contra a natureza, promover campanhas para incentivar e disseminar a consciência ecológica, entre outras atitudes. Também será preciso substituir as tecnologias “sujas”, que causam grandes da nos ao meio ambiente, pelas tecnologias “limpas”, compatíveis com a conservação da natureza.

Problemas ambientais nas grandes cidades


A concentração de pessoas e atividades econômicas nas cidades resulta em problemas ambientais. Entre eles, é possível citar a impermeabilização dos solos por edificações e pelo asfaltamento urbano e a ocupação de encostas de morros. Essas intervenções urbanas na paisagem causam prejuízos ambientais e transtornos, como enchentes, inundações e deslizamentos de terra.
Além disso, em algumas cidades, a falta de saneamento básico e de políticas de destinação adequada de resíduos sólidos contribui para a poluição de corpos d’água, do solo e do ar, tornando o ambiente urbano prejudicial à saúde dos habitantes.

Mudanças climáticas e a ação humana


Ao longo do tempo geológico, a Terra passou por vários momentos de aquecimento e resfriamento. Padrões locais de temperatura, chuvas e ventos extremos, como furacões, variam entre décadas ou séculos sem que sejam considerados anormais. No entanto, um grupo cada vez maior
de cientistas tem alertado para o poder da ação humana sobre esses fenômenos: trata-se da mudança climática antropogênica.
Diante desse cenário, alguns cientistas defendem a possibilidade de a humanidade estar adentrando uma nova era geológica: o Antropoceno, caracterizado pela força transformadora da humanidade sobre o planeta e pela ameaça do início de uma extinção em massa de espécies, a única na história geológica causada por outra espécie – no caso, a humana.
Estudos realizados por diferentes cientistas ao redor do mundo têm demonstrado que a emissão de gases, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), está afetando a dinâmica atmosférica. Esses gases provocaram o aumento da temperatura média global e a ocorrência cada vez mais frequente de fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas, ondas de calor ou frio atípicas e aumento na intensidade e na frequência de furacões.

Produção agropecuária, insegurança alimentar e fome


Terras desertificadas, escassez de recursos hídricos e mudanças climáticas são alguns exemplos de como os impactos ambientais da atualidade têm reduzido as possibilidades de produção agropecuária ao redor do mundo.
A degradação do ambiente se soma às desigualdades sociais e ao crescimento da população mundial, aumentando o número de pessoas que sofrem com a insegurança alimentar, ou seja, a ausência de acesso à quantidade mínima de alimentos para a manutenção de uma vida saudável e produtiva.

Principais problemas ambientais do século XXI


Entre os principais problemas ambientais do século XXI, destacam-se a degradação do solo, as queimadas, a escassez de recursos hídricos, a ameaça à biodiversidade, o aumento do efeito estufa, entre outros.

A degradação dos solos


A degradação dos solos pode ocorrer por meio da erosão, da acidifi cação ou da acumulação de metais pesados, levando à diminuição de nutrientes minerais e de matéria orgânica (húmus), o que pode restrin gir ou inviabilizar o uso do solo para a agricultura. Vários fatores contribuem para a degradação dos solos, entre eles o desmatamento, que facilita a erosão superfi cial causada pela água da chuva e pelo vento e provoca o transporte de nutrientes e matéria orgânica, além de sulcos no solo, que podem formar voçorocas.

Outros fatores que causam a degradação dos solos são o despejo de resíduos industriais e o uso de agrotóxicos, que alteram a composição química do solo; o uso de máquinas pesadas na agricultura; e a sobre pastagem. Todos eles acarretam a compactação do solo e facilitam a erosão, o transporte de nutrientes e a redução da capacidade de infiltra ção da água, com consequente impacto no desenvolvimento de raízes.

Além disso, grande parte da população ainda desconhece as formas adequadas de trabalhar com o solo seguindo princípios técnicos capazes de evitar sua degradação. Dessa forma, torna-se necessária a implanta- ção de programas de educação no campo que visem ao seu uso sustentável.

As queimadas


Provocadas de forma acidental ou voluntária, as queimadas são motivo de grande preocupação para governos, estudiosos e ambientalistas. Esse é um método usado por muitos agricultores, em diversas partes do mundo, para abrir ou “limpar” áreas agricultáveis ou para formação de pas tagens. As queimadas destroem as camadas superficiais do solo e aceleram seu processo de desgaste e esgotamento.

Além disso, essa prática compromete o hábitat de inúmeras espécies animais e vegetais e pode con tribuir para o efeito estufa. Em casos ainda mais graves, o fogo pode alcan çar habitações, plantações e pastagens, provocando destruição e mortes.

O aumento da desertificação em locais que já apresentam clima árido ou semiá rido, devido ao uso inadequado dos so los por meio de técnicas de cultivo, como as queimadas, acabam reduzindo a fertilidade da terra, poluindo a atmosfera e, consequentemente, afetando a dinâmica climática global.

A perda da biodiversidade (fauna e flora), provoca da pela devastação dos grandes ecossistemas ter restres e aquáticos, que já ocasionou a extinção de espécies e ameaça a existência de muitas outras.

A diminuição da camada de ozônio da atmosfera, que protege o planeta dos nocivos raios ultravio leta emitidos pelo Sol. Estudos indicam que esse problema pode ser provocado por um gás chama do clorofluorcarbono (CFC), utilizado na indústria química e em aparelhos de refrigeração como ge ladeiras, refrigeradores e condicionadores de ar.

A poluição das águas por resíduos domés ticos, industriais e pelo derramamento de óleo dos navios e de vazamentos em plataformas de petróleo.

O aumento da poluição atmosférica, pro vocado pela emissão excessiva de gases tóxicos pelas fábricas e escapamentos dos veículos automotores, movidos a combustí veis fósseis, intensificando o efeito estufa e ocasionando o aquecimento global.
O aquecimento global, que, de acordo com muitos cientistas, tem causado anomalias climáticas, como mudanças na distribui ção e no regime das chuvas e aumento ou diminuição anormal das temperaturas, ob servadas em diversas regiões do planeta.

A chuva ácida


Em regiões industrializadas e urbanizadas, de excessiva concentração de po luentes atmosféricos, pode ocorrer a formação da chuva ácida. Esse fenômeno é formado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, expelidos das chaminés das fábricas e dos escapamentos dos veículos motorizados. Ao entrar em contato com o vapor-d'água presente na at mosfera, esses gases formam substâncias ácidas que se precipitam na forma de chuvas, atingindo a superfície terrestre. 

A diminuição da camada de ozônio


A maior parte do ozônio que há no planeta está concentrado em uma fina camada na estratosfera, localizada entre 15 e 35 quilômetros de altitude. Essa camada de ozô nio funciona como uma espécie de filtro, capaz de bloquear os raios ultravioleta B (UV-B) emitidos pelo Sol, os quais são nocivos aos seres vivos.
Nas últimas décadas do século passado, os cientistas descobriram que essa ca mada de ozônio vem sendo destruída, ficando mais fina, com várias falhas ou vários “buracos”, principalmente sobre a região antártica.
As pesquisas feitas indicaram que a destruição da camada de ozônio estava sen do provocada pela emissão de alguns gases industriais, principalmente os chamados clorofluorcarbonos (CFCs), até então muito utilizados em aparelhos de refrigeração e na produção de aerossóis (sprays), isopores, entre outros produtos. Quando libera dos na atmosfera, esses gases reagem com as moléculas de oxigênio, provocando a destruição do ozônio.


O efeito estufa e o aquecimento global


O aquecimento do nosso planeta ocorre por causa da incidência da radiação solar que atinge a superfície terrestre. A maior parte desse calor acaba sendo absorvida pela superfície, e o restante é refletido de volta, aquecendo a atmosfera, enquanto uma parte menor escapa para o espaço cósmico. 
Desse modo, a atmosfera terrestre funciona como uma grande estufa natural, retendo parte do calor que a superfície reflete. É o chamado efeito estufa natural, fenômeno que garante o equilíbrio térmico do planeta, mantendo a temperatura média na superfície do globo terrestre em torno de 15 °C . Sem ele, o planeta seria muito mais frio, com temperatura média em torno de –18  °C . A imagem a seguir representa como ocorre o efeito estufa natural.
O vapor-d’água, os gases e as partículas de poeira em suspensão na atmosfera funcionam como uma estufa natural. Eles retêm parte da radiação emitida pelo Sol e parte da radiação refletida pela superfície, aquecendo a atmosfera nas proximidades da superfície terrestre.
No entanto, a concentração excessiva de poluentes na atmosfera, sobretudo de gases provenientes das queimadas, das chaminés das fábricas e dos motores dos ve ículos, segundo estudiosos, intensifica a ação do efeito estufa. Ao se acumularem na atmosfera, esses gases retêm mais calor, provocando a elevação da temperatura. É o chamado efeito estufa.
Os gases, como dióxido de carbono, metano e CFCs, lançados em grandes quan tidades na atmosfera têm maior capacidade de reter calor, mantendo os níveis de aquecimento da atmosfera e da superfície mais elevados. De acordo com alguns es tudos, a poluição atmosférica gerada nos últimos séculos vem intensificando a ação do efeito estufa.

O aquecimento global e suas consequências


O aquecimento global é um dos problemas ambientais mais preocupantes dos dias atuais. Isso porque o aumento da temperatura pode afetar o equilíbrio térmico do planeta, provocando alterações climáticas em todo o globo. 
Para alguns cientistas, os indícios dessas mudanças já podem ser observados, por exemplo, no aumento da quantidade de chuvas e nas secas mais severas em várias partes do mundo, na ocorrência mais frequente de tempestades e furacões, assim como de nevascas e geadas fora de época.
Com as mudanças climáticas, os grandes ecossistemas do planeta também pode rão ser afetados. As florestas tropicais, por exemplo, podem se tornar mais secas e, até mesmo, desaparecer de certas regiões, enquanto as florestas temperadas correm o risco de serem devastadas pela seca e pelo calor. 
Outra consequência do aquecimento global é o derretimento das geleiras polares, sobretudo na região do Ártico (polo norte), onde se verifica uma rápida diminuição da camada de gelo. O derretimento das geleiras polares, por sua vez, pode aumentar o nível dos oceanos, inundando as regiões costeiras mais baixas.

A ameaça de escassez dos recursos hídricos


Atualmente, a água é considerada por muitos o “ouro” do século XXI. Tamanha valorização pode ser explicada por uma triste estimativa: em muitos países, a demanda por água cresce a cada ano, porém, as reser vas disponíveis não são inesgotáveis e o processo de dessalinização – ato de retirar o sal da água do mar a fim de torná-la potável – ainda requer o uso de tecnologia sofisticada e envolve altos cus tos de investimentos. Entre os principais fatores que causam o aumento da demanda de água no mundo, três se destacam: o crescimento demográfico, o desenvolvimento industrial e a expansão da agricultura irrigada. Nas últimas duas décadas, por exemplo, a agricultura foi responsável pela maior parte da extração de água doce.

Atualmente, em âmbito pla netário, estima-se que 69% dos recursos hídricos disponíveis são consu midos por atividades de irrigação. Enquanto a quantidade de água doce disponível para o consumo humano está declinando mundialmente, especialistas afirmam que até 2050 a demanda por água crescerá 18% nos países desenvolvidos e 50% nos demais.

O aumento dessa demanda se tornará intolerável em países com recursos hídricos escassos. Essa escassez afeta cerca de 30 países, cujas reservas de água são inferiores a mil metros cúbicos por pessoa ao ano. Somam-se a esses problemas as desigualdades no acesso e no consumo desse recurso vital: enquanto uma família de classe mé- dia nos Estados Unidos consome em média 2 mil litros de água por dia, na África esse consumo é de apenas 150 litros, sem contar a dificuldade de acesso, pois milhões de famílias ainda precisam percorrer longas dis tâncias para obter água.

Para evitar o fim dos recursos hídricos e garantir que as próximas ge rações possam usufruí-los, é preciso adotar novas ações para o uso da água – desde a economia cotidiana, nos domicílios, na escola e em ou tros lugares públicos, até o estímulo de políticas públicas que garantam o uso sustentável desse recurso.

A biodiversidade em perigo


Na Rio-92 foi estabelecida a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que, a partir de en tão, passou a orientar ações em vários países para a conservação da biodiversidade, o uso sustentá vel de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos. De fato, a preservação da biodiversidade é um dos grandes desafios ambientais do século XXI. Grande parte dos problemas ambientais apre sentados até aqui leva à destruição de espécies animais e vegetais indispensáveis para a manu tenção da vida no planeta.

Os desmatamentos, a exploração madeireira, a construção de barragens, a exploração mineral e o desenvolvimento urbano, entre outras ações humanas, têm elevado as taxas de extinção de espécies em várias partes do planeta. O Índice Global do Planeta Vivo – que indica alterações da biodiversidade mundial, acompanhando o crescimento de quase 21 mil populações de ma míferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de dife rentes biomas e regiões –, por exemplo, mostra que, de 1970 a 2016, houve um declínio global de 68% na saúde da biodiversidade, ou seja, houve diminuição na abun dância de espécies ao longo desse período.

A crise ambiental e a questão energética 


A crise ambiental da época em que vivemos tem sido agravada pela utilização de fontes energéticas potencialmente poluidoras, sobretudo pelo uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural. 
A queima desses combustíveis em larga escala tem aumentado enormemente a concentração de poluentes atmosféricos, sobretudo dos gases que provocam alguns dos mais graves problemas ambientais, como a formação de chuvas ácidas, a diminuição da camada de ozônio e o aquecimento global. 
A queima de combustíveis fósseis vem aumentando de maneira crescente desde o início da Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII. A partir de então, o avanço da industrialização, dos meios de transportes e demais atividades econômicas tem se apoiado principalmente na utilização de combustíveis de origem fóssil. Essas fontes representam 86% do total da energia consumida atualmente no mundo.
Como os combustíveis fósseis continuam sendo as fontes energéticas mais utilizadas no mundo, e provavelmente vão continuar sendo exploradas para sustentar o crescimento econômico em muitos países, podemos dizer que a sociedade contemporânea está diante de um grande desafio: como manter o crescimento econômico e o aumento do consumo de energia ao longo das próximas décadas e, ao mesmo tempo, diminuir a emissão dos poluentes atmosféricos provenientes do uso desses recursos? 
Esse desafio pode ser enfrentado pela utilização de fontes renováveis e alternativas de energia, que geram baixo impacto ambiental, como a solar, a eólica, o biogás, a biomassa, a hidráulica, entre outras.

A pegada ecológica


A produção e o consumo de alimentos, bens e serviços e a realização de obras de infraestrutura são exemplos de atividades que demandam uso direto ou indireto dos recursos naturais biológicos renováveis. Para avaliar a pressão do consumo das populações humanas sobre esses recursos, foi criada a Pegada Ecológica.

O termo Pegada Ecológica foi criado na década de 1990 por William Rees e Mathis Wackernagel, ecologistas canadenses. O cálculo da Pegada Ecológica é feito por categorias de consumo (as principais são: alimenta ção, habitação, energia, bens de consumo e transportes) convertidas em uma ou mais áreas de terreno. Isto é, para comparar a demanda humana com a biocapacidade – capacidade dos ecossistemas em produzir recur sos úteis e absorver os resíduos gerados pelos seres humanos –, são so madas as extensões das áreas necessárias ao fornecimento dos recursos naturais biológicos renováveis consumidos pelas pessoas, das áreas ocu padas por infraestrutura e das áreas necessárias para a absorção de resíduos (CO2 ).

A Pegada Ecológica global


A partir do final da década de 1960, a Pegada Ecológica per capita da humanidade superou a biocapacidade. Observe o gráfico: o declínio da biocapacidade per capita é consequência, principalmente, do crescimento da população mundial no período repre sentado. De maneira geral, os habitantes dos países mais industrializados têm Pegada Ecológica maior por causa do intenso uso de recursos naturais.

Segundo análises de 2022 da Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica) – organização internacio nal que se dedica a calcular e a divulgar os dados da Pegada Ecológica –, apenas cinco países respondem por mais da me tade do total da Pegada Ecológica Global. Embora a China tenha a 63a maior Pegada Ecológica per capita do mundo, sua Pegada Ecológica total é a maior do planeta. Entre outros fatores, isso ocorre porque o país abriga a maior população do mundo. A população dos Estados Unidos é cerca de um quarto da chinesa, mas a sua Pegada Ecológica total é quase tão grande quanto a do país asiático por causa do alto padrão de consumo per capita dos estadunidenses.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Movimentos ambientalistas

Simultaneamente ao agravamento dos problemas ambientais, causados principalmente pelo modelo de desenvolvimento da sociedade capitalista in dustrial (baseado no aumento constante do consumo), surgiram vários movi mentos em defesa da natureza. A partir das décadas de 1960 e 1970, essas organizações cresceram e passaram a atuar em diversas causas, como a pro teção da vida silvestre, o combate à poluição e a defesa das florestas e dos ecossistemas ameaçados.

Em geral, os movimentos ambientalistas ou ecológicos atuam por meio das organizações não governamentais, as ONGs, que têm autonomia e independência em relação ao Estado e são formadas principalmente por representantes da so ciedade civil. Os recursos necessários ao funcionamento dessas instituições pro vêm de doações da sociedade civil, de empresas privadas ou do próprio governo. Atualmente, existem milhares de ONGs ecológicas espalhadas pelo mun do, muitas das quais atuam no Brasil, como a Fundação SOS Mata Atlântica, Imazon ou o Greenpeace. Elas desempenham papel fundamental na socieda de, alertando tanto para os riscos ambientais que ameaçam o planeta como para a necessidade de estabelecer uma forma de convivência mais harmônica com a natureza.

Algumas dessas organizações exercem fortes pressões sobre go vernos e empresários, denunciando a falta de compromisso com a cau sa ambiental e protestando contra as empresas poluidoras, que não respeitam as legislações ambientais. Além disso, atuam na educação e conscientização da sociedade sobre questões ambientais.

Revolução Verde, alimentos e fome

A partir da segunda metade do século XX, vários países do mundo, incluindo o Brasil, implantaram a chamada Revolução Verde com o objetivo de aumentar a produção de alimentos. Ela se caracterizou pela modernização do campo, principalmente com a introdução de novas técnicas de cultivo, como o uso intensivo de agrotóxicos no combate às pragas, a aplicação de adubos e fertilizantes para a recuperação dos solos, o emprego de máquinas e implementos agrícolas e a utilização de sementes selecionadas, mais resistentes e produtivas.

Contudo, os resultados da Revolução Verde são questionáveis, pois, apesar de a produção agrícola mundial ter aumentado, a fome cresceu em proporções bem maiores. Calcula-se que cerca de um terço da população mundial sofra de carência alimentar, ou seja, consome uma quantidade de nutrientes inferior ao mínimo ne cessário. Isso porque grande parte da produção agrícola, sobretudo a dos paí ses mais pobres, destina-se ao abaste cimento do mercado consumidor dos países desenvolvidos, e não à popula ção interna que necessita de alimentos.

Escassez do petróleo e desafio energético

O petróleo, um recurso não renovável, é a principal fonte de energia utiliza da atualmente, constitui cerca de 33% de toda energia consumida no planeta, sobretudo na forma de combustível (óleo diesel, querosene e gasolina). O es gotamento desse recurso pode paralisar muitas atividades industriais e gran de parte dos meios de transporte. Estimase que as reservas conhecidas serão suficientes para atender ao consumo mundial por apenas mais 50 anos. Assim, levantase uma questão: Como suprir a crescente demanda energética? Os conhecimentos tecnológicos de que a sociedade dispõe atualmente pos sibilitariam que grande parte do petróleo consumido fosse substituída por ou tras fontes de energia.

Até o final da década de 2000, por exemplo, já haviam sido inventados automóveis movidos por fontes alternativas de energia, como hidrogênio, energia solar e alguns tipos de óleo vegetal. O fato de a queima do petróleo ser um dos grandes agentes de poluição do planeta é motivo suficiente para a sociedade substituílo por fontes energéticas menos poluidoras. No entanto, o alto custo de produção e comercialização de no vas tecnologias e o desinteresse político e empresarial são fatores que inibem o uso em larga escala das fontes alternativas de energia em muitos países. Vejamos algumas fontes alternativas ao uso de combustíveis fósseis

Fluxos de pessoas e mercadorias

O processo de globalização vem ampliando, de maneira significativa, os fluxos, ou seja, a circulação de mercadorias, informações, capitais e pessoas no espaço geográfico mundial. 
Todos esses fluxos circulam pelo emaranhado de redes de transportes e de comunicações que envolvem o mundo inteiro. Mesmo que os fluxos da globalização possam circular em todo o planeta, eles ocorrem com mais intensidade entre os locais servidos pela infraestrutura de transportes e de comunicações (estradas, portos, aeroportos, redes de transmissão, como canais de televisão, telefonia celular, redes 3G, 4G e, até mesmo, 5G, provedores de internet etc.).

Transportes


As caravelas foram a grande inovação tecnológica e o rincipal meio de transporte utili zado durante o capitalismo comercial no período das Grandes Navegações (séculos XV e XVI). Comparadas aos meios de transporte atuais, elas eram barcos precários e lentos; viajavam a uma velocidade média de 16 quilômetros por hora (km/h) e eram pouco seguras. 
A evolução dos meios de transporte proporcionou aumento da velocidade dos deslocamentos. No período das Grandes Navegações eram necessários alguns meses para realizar o trajeto entre Europa e América do Sul. Atualmente, bastam apenas algumas horas para realizar esse mesmo trajeto, de avião.
O crescimento do comércio internacional, impulsionado pela melhoria dos transportes e expansão das multinacionais no mundo, fez aumentar significativamente os fluxos de matérias-primas e de mercadorias (bens industrializados, gêneros agrícolas, recursos minerais e energéticos etc.) entre países e continentes.
O aumento dos fluxos de mercadorias é uma das marcas do capitalismo contemporâneo e do processo de globalização. O fato de o mundo estar interligado por redes de transportes e comunicações contribuiu para a ampliação das relações comerciais entre os países. 
Podemos dizer que esse processo foi facilitado pela criação dos meios de transporte de massa, como caminhões, trens, aviões e, principalmente, os grandes navios cargueiros.
Os transportes rodoviário e ferroviário são os maiores responsáveis pelo fluxo de mercadorias e de pessoas no interior de países e continentes. Esses meios de transporte foram de extrema relevância para a organização do espaço geográfico interno de diversos países e, ainda hoje, desempenham impor tante papel na ocupação territorial de muitas nações, sobretudo daquelas de dimensões continentais e com áreas inexploradas, como o Brasil, o Canadá, a Austrália e a Rússia. Com a expansão das rodovias e das estradas de ferro, foi possível ocupar novas áreas, a fim de viabilizar a extração de matérias-primas naturais e o de senvolvimento de atividades agropecuárias.
Atualmente, a maior parte desses fluxos ocorre pelas vias marítimas, pelas quais circulam cerca de 72% do volume de cargas transportadas em todo o mundo. 
O transporte aéreo, por sua vez, também vem crescendo e aumentando sua participação nos fluxos de mercadorias entre os países. Em razão de sua maior eficiência, sobretudo pela velocidade, os aviões cargueiros são empregados no transporte de cargas que exigem rapidez e pontualidade, como no caso dos alimentos perecíveis. 
A evolução do sistema de transportes mundial tem acompanhado as mudanças na sociedade e na economia. Atualmente, os diferentes modais de transporte integram uma rede global que cobre quase toda a superfície terrestre, ainda que de forma irregular.

Transporte aéreo: fluxos rápidos e eficientes


Mesmo com custo elevado, o transporte aeroviário é imprescindível no pro cesso de globalização. Em razão de sua velocidade e eficiência, ele “encurta” as distâncias e torna mais dinâmica a relação de interdependência entre os lugares. Embora os fluxos aeroviários tenham se intensificado nas últimas décadas, ainda estão distribuídos de maneira muito desproporcional entre as regiões do planeta. Isso ocorre, sobretudo, entre os países desenvolvidos e os subdesen volvidos.

Fluxos marítimos internacionais


Apesar da crescente importância do transporte terrestre e aéreo, atualmente o transporte marítimo é o mais representativo para o fluxo de mercadorias entre os países, sendo responsável por cerca de 80% do volume de cargas transportadas em todo o mundo. Com o desenvolvimento de grandes navios cargueiros, capazes de carregar milhares de toneladas de matérias-primas e de bens industrializados em uma única viagem, o custo do transporte intercontinental de mercadorias diminuiu sensivelmente. Isso tornou viável a estratégia de fragmentação do processo produtivo das multinacionais.

Fluxos de informações 


A partir do século XIX, a popularização dos jornais e o surgimento do rádio e do cinema levaram informações e entretenimento em larga escala para a população, a chamada comunicação em massa. 
A invenção do telefone iniciou a comunicação instantânea a longas distâncias. No século XX, duas invenções representaram um salto na comunicação e no acesso às informações: a televisão e a internet.
Sentar-se à frente da televisão e assistir a um filme ou a um noticiário; ler a revista da semana ou o site de notícias; consultar a conta bancária ou fazer compras pela internet; ou, ainda, falar a todo instante com os amigos nas redes. Estas são facilidades que as tecnologias de telecomunicação põem à disposição da sociedade moderna. 

Hoje, por meio de uma complexa rede de comunicações, composta, por exemplo, de internet e de transmissões via satélite, as informações circulam com rapidez entre os países e chegam até as pessoas quase instantaneamente. 
Esse grande volume de informações que circula pelo planeta aumenta à medida que diminuem os custos das tecnologias e dos serviços de comunicações, tornando-se mais acessíveis à população. De maneira geral, os países economicamente desenvolvidos detêm o monopólio das informações que circulam pelo planeta. 
Nesses países, encontram-se as grandes agências internacionais de notícias que fornecem informações sobre os principais acontecimentos ocorridos em todo o mundo. A maioria das notícias internacionais que vemos nos telejornais ou que ouvimos nos programas de rádio é fornecida pelos escritórios dessas agências, espalhados por vários países, de onde enviam e recebem informações via satélite.

Equipamentos com tecnologias de telecomunicação avançadas tornaram-se disponíveis no decorrer das últimas quatro décadas, quando as multinacionais transformaram-nas em bens de consumo acessíveis às empresas, às instituições e à população em geral. 
Os aparelhos e recursos, como as estações de rádio e televisão, as centrais de telefonia e os satélites orbitais, permitem rápido fluxo de informações entre os países. Estas partem e chegam até as pessoas por meio de fax, telefones, televisores, computadores e celulares conectados à internet. Todos constituem uma extensa rede de comunicações.
A televisão ampliou o acesso à informação e continua sendo um dos principais meios de comunicação em massa. De acordo com estudo do IBGE, de 2019, sobre “Tecnologia da Informação e Comunicação” (TIC), 96,3% dos domicílios brasileiros tinham pelo menos uma televisão. 
Nos anos 1990, a popularização da internet revolucionou as comunicações: passamos a receber notícias em tempo real, conversamos por vídeo utilizando celulares, consumimos músicas, filmes e séries lançadas simultaneamente no mundo todo por meio de grandes plataformas digitais.
Apesar do número crescente de usuários de internet, seu alcance pelo mundo não é uniforme. A maioria dos usuários é do sexo masculino (62% do total) e vive em países desenvolvidos, onde a velocidade da conexão é mais rápida. Essas disparidades podem ser explicadas pelas características da infraestrutura de comuni cação, pelo custo do acesso e por questões culturais e políticas, entre outras.

Fluxos de capitais


Os fluxos financeiros também se intensificaram, com a ampliação dos investimentos em bolsas de valores e das transações bancárias e comerciais on-line.
Por meio das redes de comunicações, circulam os chamados fluxos de capitais, que envolvem as transações financeiras realizadas entre países, como a compra e a venda de ações de empresas e de moedas, por exemplo, o dólar dos Estados Unidos; o euro da União Europeia; e o iene, moeda do Japão.
Assim, são realizadas por telefone ou pela internet altas transações comerciais, a maior parte nas bolsas de valores das maiores cidades do mundo, que movimentam bilhões de dólares todos os dias.
Em grande parte, esses fluxos são gerados pelas operações financeiras realizadas nas principais bolsas de valores do mundo, sediadas em importantes metrópoles: como as cidades de Nova Iorque e Chicago (Estados Unidos), Frankfurt (Alemanha), Londres (Reino Unido), Paris (França), Tóquio (Japão), São Paulo (Brasil), Shangai (China) e Seul (Coreia do Sul). 
A movimentação do fluxo de capitais no mundo ocorre de forma rápida e intensa, e, assim, a economia de um país pode se desestabilizar quando muitos investimentos são retirados de uma só vez. Por outro lado, pode-se criar expectativas positivas quando um país atrai muitos investimentos.

Fluxos de pessoas


A evolução tecnológica empregada nos meios de comunicação e de transporte, característica do atual mundo globalizado, tem intensificado a dinâmica da migração ao facilitar o deslocamento das pessoas entre países e regiões do planeta. 
Estima-se que, a cada ano, centenas de milhões de pessoas se deslocam do país onde vivem para outros por razões diversas: trabalho, busca por melhores condições de vida, fuga de guerras ou perseguições políticas e religiosas etc. De maneira geral, esses fluxos envolvem o deslocamento de pessoas que migram de países economicamente menos desenvolvidos em direção aos países mais ricos.
Os principais fluxos migratórios de trabalhadores na atualidade ocorrem dos países mais pobres da América Latina, da África e da Ásia para os Estados Unidos, Canadá, países da Europa (sobretudo, Alemanha, França e Itália), Japão e Austrália. Também podemos dar destaque à migração de trabalhadores asiáticos e africanos em direção aos países produtores de petróleo no Oriente Médio. 

Refugiados no mundo 


Em várias regiões do mundo, milhões de pessoas também têm sido obrigadas a migrar em decorrência de guerras, conflitos étnicos, perseguições políticas ou religio sas, entre outros motivos. Essas pessoas, que deixam o lugar onde vivem para buscar abrigo em áreas mais seguras em outros países, são chamadas refugiados. Aqueles que são obrigados a sair de um local, dentro de um mesmo país, são considerados deslocados internos. Atualmente, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), existem mais de 26 milhões de refugiados espalhados pelo mundo. Grande parte deles encontra-se em regiões assoladas por conflitos armados. 

Os refugiados no Brasil


Assim como vários países, o Brasil também recebe, todos os anos, imigrantes refu giados, embora em quantidade bem menor do que países mais desenvolvidos, como Inglaterra, França e Alemanha. De acordo com o Acnur e com o Ministério das Rela ções Exteriores, em 2020 havia, no Brasil, cerca de 57099 refugiados.
Em geral, os refugiados que chegam em maior número no Brasil são pessoas que fogem de guerras em seus países ou que buscam melhores oportunidades de vida, muitas vezes impulsionados pela ideia de que conseguirão trabalho e renda para o sustento de suas famílias.
No entanto, a realidade tem sido bem diferente para muitos desses estrangeiros, pois encontram inúmeros problemas que vão desde a adaptação à nossa sociedade, sobretudo pela barreira da língua, da religião e dos costumes, até dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Com a atual crise econômica e o aumento do desemprego em nosso país, muitos desses refugiados acabam ingressando nas atividades informais da economia, enquan to outros são contratados por salários muito baixos, às vezes de forma ilegal, sem que tenham direitos trabalhistas assegurados.

Expansão das multinacionais

Multinacionais 


As empresas multinacionais ou transnacionais estão entre os principais agentes do processo de globalização. A expansão dessas empresas pelo mundo ocorreu principalmente da segunda metade do século XX em diante, favorecida pela Revolução Técnico-Científica e pela evolução dos meios de comunicação e de transporte.
As grandes corporações multinacionais são os agentes principais da mundialização do modo capitalista de produção. São essas empresas que impulsionam o intenso fluxo de informações, mercadorias, capitais e pessoas entre os lugares do mundo.
As multinacionais são empresas que, por meio de filiais ou subsidiárias, desenvolvem atividades em muitos países, mas têm uma única matriz, geralmente no país de origem. Essas empresas podem atuar em diferentes setores de atividades econômi cas, como os de serviços (imobiliárias, bancos, seguradoras, redes de televisão, estúdios de cinema etc.), os de agropecuária (fazendas de monoculturas comerciais e de pecuária extensiva moderna), de minerais (mineradoras, prospecção e refino de petróleo), os comerciais (lanchonetes e restaurantes, lojas de depar tamento, hipermercados etc.) e, sobretudo, os industriais (fabricação de bens de produção e de consumo).
É importante sabermos que a maioria das corporações multinacionais é originária de países desenvolvidos e é restrito o número de empresas desse porte que possuem matriz em países subdesenvolvidos.
Até quase a metade do século XX, existia um número restrito de multinacionais no mercado mundial, e a maioria era estadunidense. A partir de então, grandes empresas europeias, japonesas e canadenses, além das estaduniden ses, começaram a transferir parte de suas atividades para outros países, principalmente para aqueles com indústrias menos desenvolvidas.
Desse modo, o processo de produção industrial em larga escala deixou de ser exclusivo dos países mais ricos do Hemisfério Norte, passando a existir tam bém em países com economia voltada, até então, para a produção e exportação de gêneros primários. Isso significa que as empresas multinacionais começaram a se instalar em países subdesenvolvidos que lhes ofereciam mais vantagens econômicas, de modo que obtivessem aumento dos lucros e maior acumulação de capital.
Entre essas vantagens, destacam-se: mão de obra barata, recursos naturais (ma térias-primas) e terras em abundância a baixo custo; legislações trabalhistas e ambientais pouco rígidas no controle das atividades das multinacionais; amplo mercado consumidor para os produtos. Países como a China, o Brasil, a África do Sul, a Argentina, a Índia, o México e a Coreia do Sul são os principais alvos das multinacionais em expansão. Por essa razão, esses países têm passado por um intenso processo de industrialização e, consequentemente, intenso desen volvimento econômico.
Uma marca dessa expansão das multinacionais, sobretudo aquelas ligadas à produção industrial, é a transferência de grande parte de seus parques manufatureiros tradicionais (siderúrgico, petroquímico, têxtil, alimentício etc.) para os países subdesenvolvidos. Já nos países-sede dessas empresas, têm ganhado importância os setores industriais de tecnologia avançada (como os de informática, os de biotecnologia e os aeroespaciais), que exigem intensa aplicação de conhecimento científico e uso de mão de obra altamente qualificada.

Multinacionais e a fragmentação do processo produtivo


No início do processo de expansão das multinacionais, as filiais das indústrias implantadas em países estrangeiros desenvolviam basicamente todas as etapas de produção no mesmo lugar. No entanto, com a globalização, ocorreram grandes mudanças no processo produtivo, especialmente das multinacionais. 
Nas últimas décadas, no entanto, a busca de custos mais baixos e de maior produtividade levou muitas dessas empresas a dividir as fases de produção e a montagem de seus produtos entre suas filiais espalhadas pelo mundo.
A evolução dos meios de transporte e de comunicação favoreceu a busca por menores custos e maiores lucros, permitindo às empresas fragmentar as etapas de produção e montagem de seus produtos. Com isso, componentes e partes de um mesmo bem passaram a ser fabricados em diferentes locais do planeta, seja por filiais, seja por empresas parceiras.
A produção de smartphones, exemplificada anteriormente, é realizada com peças e componentes fabricados em diversos países do mundo. 
Essa fragmentação do processo industrial tornou-se possível com o aprimoramento das tecnologias na Terceira Revolução Industrial e a criação dos novos meios de transporte em massa e de comunicação em tempo real.
Dessa forma, não somente os componentes de telefones celulares, mas também os de computadores, automóveis, aviões, aparelhos eletrônicos, roupas e uma infinidade de outras mercadorias podem ser fabricados em unidades de produção de diferentes países. Os materiais são reunidos, então, em um único local para montagem e posterior comercialização do produto.
Essa fragmentação do processo produtivo também está sendo aplicada por multinacionais do segmento de serviços. Como exemplo, podemos citar o caso de companhias aéreas estadunidenses cujos escritórios de reservas de passagens funcionam em outros países, bem como o de empresas japonesas de informática cujos softwares são desenvolvidos por empresas indianas.
Assim, a fragmentação da produção industrial e empresarial leva as multinacionais a conduzir suas estratégias de funcionamento como se não existissem fronteiras entre as nações. Por esse motivo, essas empresas também são denominadas transnacionais.

Multinacionais e o comércio mundial


No final da década de 2010, o comércio internacional, ou seja, as importa ções e as exportações de bens e serviços entre os países, gerou um faturamento anual de quase 40 trilhões de dólares, muito maior do que na década de 1950 – cerca de 126 bilhões de dólares (dados da Organização Mundial do Comércio). As multinacionais foram as principais desencadeadoras desse vertiginoso cres cimento do comércio em âmbito mundial e, atualmente, são responsáveis por cerca de um terço do valor de tudo o que é comercializado entre os países.
As vultosas operações realizadas por essas corporações são possíveis, principalmente, em razão da queda das barreiras fiscais entre nações e da formação de blocos econômicos. Isso significa que o governo de muitas nações vem diminuindo os impostos sobre mercadorias importadas ou exportadas por multinacionais instaladas em seu território. Em alguns casos, essas corporações multinacionais são até mesmo isentas do pagamento desse tipo de imposto, o que viabiliza a livre atuação delas, que po dem, dessa forma, trocar com maior facilidade as mercadorias entre suas filiais e comercializar sua produção em vários mercados consumidores ao mesmo tempo.
 

Acordos e associações entre empresas 


O capitalismo financeiro promoveu a concentração de capital em razão do estabelecimento de acordos e associações entre empresas, gerando grandes corporações industriais e financeiras, muitas das quais constituíram trustes, holdings e cartéis. O truste agrupa empresas que são incorporadas por outra maior. Essas grandes corporações procuram obter o controle total da produção, desde as fontes de matéria-prima até a distribuição da mercadoria. Geralmente, o truste é uma empresa que atua em diversos setores da economia, podendo constituir monopólios – quando uma empresa atua sozinha em determinado setor – ou oligopólios – quando poucas empresas controlam certo setor. Quando ocorre o agrupamento de empresas – de um mesmo setor ou não – pode haver a presença de uma holding, isto é, de uma empresa constituída somente para administrar o conglomerado e exercer maior poder de influência sobre o mercado, defendendo os interesses do grupo e gerenciando o fornecimento de matéria-prima, a produção e a comercialização.

Comunidade de Estados Independentes

Com a extinção da União Soviética, em 1991, e a indepen dência das repúblicas que compunham esse país, os governos da Rússia, da Ucrânia e de Belarus estruturaram um bloco político e econômico para organizar e in tegrar a economia dos países da região.
O desafio era fazer a transição das economias estatais planificadas (socialismo) para economias de mercado (capitalismo). Assim, foi criada a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que passou a contar com 11 países, todos oriundos da ex-União Soviética.
Além dos países originários do bloco, a comunidade é composta de Moldávia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. A cidade de Minsk, em Belarus, foi escolhida como sede do bloco. Na criação do bloco, ficou acordado que esses países desenvolveriam uma cooperação econômica, política e militar sob a liderança da Rússia. Todos os países do bloco se tornaram, automaticamente, membros das Nações Unidas.
Os países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia) se mantiveram afastados da comunidade por não concordarem com a liderança da Rússia e por terem inte resse de ingressar no bloco da União Europeia, o que de fato ocorreu em 2004.

Rússia, liderança natural 


A Rússia determina o ritmo econômico da CEI. Embora os países-membros tenham moeda própria, é o rublo que circula em todos eles, como padrão para as transações comerciais na comunidade. A liderança econômica da Rússia perante os demais países da CEI deve-se, em grande parte, à concentração de reservas minerais em seu território, sobre tudo de petróleo, gás natural e carvão mineral, além das redes de oleodutos e gasodutos que interligam o território russo à Europa, atravessando grande parte dos países que fazem parte da comunidade.
O gás natural e o petróleo russos são exportados para a União Europeia e para os Estados Unidos. Outros países da CEI, como o Azerbaijão, o Cazaquistão e o Turcomenistão, também fornecem petróleo e gás natural para a Europa. A dependência do gás natural força a União Europeia a manter relações de tolerância com a política internacional russa, muitas vezes contestada internacionalmente. O caso mais recente é o da Ucrânia, envolvendo o território da Crimeia.




China: política e desenvolvimento econômico

A China abriga a maior população do mundo. É um país predominantemente rural que se tornou uma das maiores economias mundiais da atualidade ...