segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Fluxos de pessoas e mercadorias

O processo de globalização vem ampliando, de maneira significativa, os fluxos, ou seja, a circulação de mercadorias, informações, capitais e pessoas no espaço geográfico mundial. 
Todos esses fluxos circulam pelo emaranhado de redes de transportes e de comunicações que envolvem o mundo inteiro. Mesmo que os fluxos da globalização possam circular em todo o planeta, eles ocorrem com mais intensidade entre os locais servidos pela infraestrutura de transportes e de comunicações (estradas, portos, aeroportos, redes de transmissão, como canais de televisão, telefonia celular, redes 3G, 4G e, até mesmo, 5G, provedores de internet etc.).

Transportes


As caravelas foram a grande inovação tecnológica e o rincipal meio de transporte utili zado durante o capitalismo comercial no período das Grandes Navegações (séculos XV e XVI). Comparadas aos meios de transporte atuais, elas eram barcos precários e lentos; viajavam a uma velocidade média de 16 quilômetros por hora (km/h) e eram pouco seguras. 
A evolução dos meios de transporte proporcionou aumento da velocidade dos deslocamentos. No período das Grandes Navegações eram necessários alguns meses para realizar o trajeto entre Europa e América do Sul. Atualmente, bastam apenas algumas horas para realizar esse mesmo trajeto, de avião.
O crescimento do comércio internacional, impulsionado pela melhoria dos transportes e expansão das multinacionais no mundo, fez aumentar significativamente os fluxos de matérias-primas e de mercadorias (bens industrializados, gêneros agrícolas, recursos minerais e energéticos etc.) entre países e continentes.
O aumento dos fluxos de mercadorias é uma das marcas do capitalismo contemporâneo e do processo de globalização. O fato de o mundo estar interligado por redes de transportes e comunicações contribuiu para a ampliação das relações comerciais entre os países. 
Podemos dizer que esse processo foi facilitado pela criação dos meios de transporte de massa, como caminhões, trens, aviões e, principalmente, os grandes navios cargueiros.
Os transportes rodoviário e ferroviário são os maiores responsáveis pelo fluxo de mercadorias e de pessoas no interior de países e continentes. Esses meios de transporte foram de extrema relevância para a organização do espaço geográfico interno de diversos países e, ainda hoje, desempenham impor tante papel na ocupação territorial de muitas nações, sobretudo daquelas de dimensões continentais e com áreas inexploradas, como o Brasil, o Canadá, a Austrália e a Rússia. Com a expansão das rodovias e das estradas de ferro, foi possível ocupar novas áreas, a fim de viabilizar a extração de matérias-primas naturais e o de senvolvimento de atividades agropecuárias.
Atualmente, a maior parte desses fluxos ocorre pelas vias marítimas, pelas quais circulam cerca de 72% do volume de cargas transportadas em todo o mundo. 
O transporte aéreo, por sua vez, também vem crescendo e aumentando sua participação nos fluxos de mercadorias entre os países. Em razão de sua maior eficiência, sobretudo pela velocidade, os aviões cargueiros são empregados no transporte de cargas que exigem rapidez e pontualidade, como no caso dos alimentos perecíveis. 
A evolução do sistema de transportes mundial tem acompanhado as mudanças na sociedade e na economia. Atualmente, os diferentes modais de transporte integram uma rede global que cobre quase toda a superfície terrestre, ainda que de forma irregular.

Transporte aéreo: fluxos rápidos e eficientes


Mesmo com custo elevado, o transporte aeroviário é imprescindível no pro cesso de globalização. Em razão de sua velocidade e eficiência, ele “encurta” as distâncias e torna mais dinâmica a relação de interdependência entre os lugares. Embora os fluxos aeroviários tenham se intensificado nas últimas décadas, ainda estão distribuídos de maneira muito desproporcional entre as regiões do planeta. Isso ocorre, sobretudo, entre os países desenvolvidos e os subdesen volvidos.

Fluxos marítimos internacionais


Apesar da crescente importância do transporte terrestre e aéreo, atualmente o transporte marítimo é o mais representativo para o fluxo de mercadorias entre os países, sendo responsável por cerca de 80% do volume de cargas transportadas em todo o mundo. Com o desenvolvimento de grandes navios cargueiros, capazes de carregar milhares de toneladas de matérias-primas e de bens industrializados em uma única viagem, o custo do transporte intercontinental de mercadorias diminuiu sensivelmente. Isso tornou viável a estratégia de fragmentação do processo produtivo das multinacionais.

Fluxos de informações 


A partir do século XIX, a popularização dos jornais e o surgimento do rádio e do cinema levaram informações e entretenimento em larga escala para a população, a chamada comunicação em massa. 
A invenção do telefone iniciou a comunicação instantânea a longas distâncias. No século XX, duas invenções representaram um salto na comunicação e no acesso às informações: a televisão e a internet.
Sentar-se à frente da televisão e assistir a um filme ou a um noticiário; ler a revista da semana ou o site de notícias; consultar a conta bancária ou fazer compras pela internet; ou, ainda, falar a todo instante com os amigos nas redes. Estas são facilidades que as tecnologias de telecomunicação põem à disposição da sociedade moderna. 

Hoje, por meio de uma complexa rede de comunicações, composta, por exemplo, de internet e de transmissões via satélite, as informações circulam com rapidez entre os países e chegam até as pessoas quase instantaneamente. 
Esse grande volume de informações que circula pelo planeta aumenta à medida que diminuem os custos das tecnologias e dos serviços de comunicações, tornando-se mais acessíveis à população. De maneira geral, os países economicamente desenvolvidos detêm o monopólio das informações que circulam pelo planeta. 
Nesses países, encontram-se as grandes agências internacionais de notícias que fornecem informações sobre os principais acontecimentos ocorridos em todo o mundo. A maioria das notícias internacionais que vemos nos telejornais ou que ouvimos nos programas de rádio é fornecida pelos escritórios dessas agências, espalhados por vários países, de onde enviam e recebem informações via satélite.

Equipamentos com tecnologias de telecomunicação avançadas tornaram-se disponíveis no decorrer das últimas quatro décadas, quando as multinacionais transformaram-nas em bens de consumo acessíveis às empresas, às instituições e à população em geral. 
Os aparelhos e recursos, como as estações de rádio e televisão, as centrais de telefonia e os satélites orbitais, permitem rápido fluxo de informações entre os países. Estas partem e chegam até as pessoas por meio de fax, telefones, televisores, computadores e celulares conectados à internet. Todos constituem uma extensa rede de comunicações.
A televisão ampliou o acesso à informação e continua sendo um dos principais meios de comunicação em massa. De acordo com estudo do IBGE, de 2019, sobre “Tecnologia da Informação e Comunicação” (TIC), 96,3% dos domicílios brasileiros tinham pelo menos uma televisão. 
Nos anos 1990, a popularização da internet revolucionou as comunicações: passamos a receber notícias em tempo real, conversamos por vídeo utilizando celulares, consumimos músicas, filmes e séries lançadas simultaneamente no mundo todo por meio de grandes plataformas digitais.
Apesar do número crescente de usuários de internet, seu alcance pelo mundo não é uniforme. A maioria dos usuários é do sexo masculino (62% do total) e vive em países desenvolvidos, onde a velocidade da conexão é mais rápida. Essas disparidades podem ser explicadas pelas características da infraestrutura de comuni cação, pelo custo do acesso e por questões culturais e políticas, entre outras.

Fluxos de capitais


Os fluxos financeiros também se intensificaram, com a ampliação dos investimentos em bolsas de valores e das transações bancárias e comerciais on-line.
Por meio das redes de comunicações, circulam os chamados fluxos de capitais, que envolvem as transações financeiras realizadas entre países, como a compra e a venda de ações de empresas e de moedas, por exemplo, o dólar dos Estados Unidos; o euro da União Europeia; e o iene, moeda do Japão.
Assim, são realizadas por telefone ou pela internet altas transações comerciais, a maior parte nas bolsas de valores das maiores cidades do mundo, que movimentam bilhões de dólares todos os dias.
Em grande parte, esses fluxos são gerados pelas operações financeiras realizadas nas principais bolsas de valores do mundo, sediadas em importantes metrópoles: como as cidades de Nova Iorque e Chicago (Estados Unidos), Frankfurt (Alemanha), Londres (Reino Unido), Paris (França), Tóquio (Japão), São Paulo (Brasil), Shangai (China) e Seul (Coreia do Sul). 
A movimentação do fluxo de capitais no mundo ocorre de forma rápida e intensa, e, assim, a economia de um país pode se desestabilizar quando muitos investimentos são retirados de uma só vez. Por outro lado, pode-se criar expectativas positivas quando um país atrai muitos investimentos.

Fluxos de pessoas


A evolução tecnológica empregada nos meios de comunicação e de transporte, característica do atual mundo globalizado, tem intensificado a dinâmica da migração ao facilitar o deslocamento das pessoas entre países e regiões do planeta. 
Estima-se que, a cada ano, centenas de milhões de pessoas se deslocam do país onde vivem para outros por razões diversas: trabalho, busca por melhores condições de vida, fuga de guerras ou perseguições políticas e religiosas etc. De maneira geral, esses fluxos envolvem o deslocamento de pessoas que migram de países economicamente menos desenvolvidos em direção aos países mais ricos.
Os principais fluxos migratórios de trabalhadores na atualidade ocorrem dos países mais pobres da América Latina, da África e da Ásia para os Estados Unidos, Canadá, países da Europa (sobretudo, Alemanha, França e Itália), Japão e Austrália. Também podemos dar destaque à migração de trabalhadores asiáticos e africanos em direção aos países produtores de petróleo no Oriente Médio. 

Refugiados no mundo 


Em várias regiões do mundo, milhões de pessoas também têm sido obrigadas a migrar em decorrência de guerras, conflitos étnicos, perseguições políticas ou religio sas, entre outros motivos. Essas pessoas, que deixam o lugar onde vivem para buscar abrigo em áreas mais seguras em outros países, são chamadas refugiados. Aqueles que são obrigados a sair de um local, dentro de um mesmo país, são considerados deslocados internos. Atualmente, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), existem mais de 26 milhões de refugiados espalhados pelo mundo. Grande parte deles encontra-se em regiões assoladas por conflitos armados. 

Os refugiados no Brasil


Assim como vários países, o Brasil também recebe, todos os anos, imigrantes refu giados, embora em quantidade bem menor do que países mais desenvolvidos, como Inglaterra, França e Alemanha. De acordo com o Acnur e com o Ministério das Rela ções Exteriores, em 2020 havia, no Brasil, cerca de 57099 refugiados.
Em geral, os refugiados que chegam em maior número no Brasil são pessoas que fogem de guerras em seus países ou que buscam melhores oportunidades de vida, muitas vezes impulsionados pela ideia de que conseguirão trabalho e renda para o sustento de suas famílias.
No entanto, a realidade tem sido bem diferente para muitos desses estrangeiros, pois encontram inúmeros problemas que vão desde a adaptação à nossa sociedade, sobretudo pela barreira da língua, da religião e dos costumes, até dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Com a atual crise econômica e o aumento do desemprego em nosso país, muitos desses refugiados acabam ingressando nas atividades informais da economia, enquan to outros são contratados por salários muito baixos, às vezes de forma ilegal, sem que tenham direitos trabalhistas assegurados.

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