Problemas ambientais e globalização
A globalização promoveu a integração de várias regiões do planeta, com o comércio internacional de diferentes produtos e serviços. Assim, ocorreu o aumento da produção industrial e do consumo, com a consequente intensificação da exploração dos recursos naturais e da emissão de poluentes.
As longas distâncias percorridas por navios e aviões para o transporte de mercadorias, a queima de combustíveis pela movimentação de veículos durante o transporte de trabalhadores de regiões periféricas para suas áreas de trabalho e a emissão de grandes volumes de gases poluentes por fábricas e usinas de geração de energia afetam a saúde da população e geram impactos na sobrevivência de espécies de plantas e animais.
Vivemos uma crise ambiental
Ao longo das últimas décadas, a exploração dos recursos naturais tem aumenta
do, e isso vem agravando a degradação do meio ambiente em diferentes regiões do
planeta. À medida que esses problemas foram se intensificando no planeta, os seus
efeitos passaram a ter consequências não apenas locais ou regionais, mas também
em escala global.
De acordo com várias pesquisas, os gases tóxicos lançados na atmosfera pelos
escapamentos dos veículos e pelas chaminés das fábricas, por exemplo, ao mesmo
tempo que agravam a poluição do ar, contribuem para a intensificação do efeito
estufa, fenômeno que pode interferir no clima do planeta.
No entanto, para outros
especialistas, as alterações no clima do planeta são fenômenos naturais e não con
sideram as alterações humanas a principal causa.
Para os estudos que aceitam a responsabilidade das atitudes humanas na na
tureza, as ações da sociedade têm gerado sérios impactos ao meio ambiente,
afetando a dinâmica natural da Terra e os mecanismos que regulam e sustentam a
vida no planeta. Nos últimos dois séculos, os problemas ambientais se agravaram
de maneira tão alarmante que, segundo alguns estudiosos, estamos vivendo uma
intensa crise ambiental.
Os debates internacionais sobre meio ambiente
A preocupação com o meio ambiente não é recente. Há pelo menos dois séculos, estudiosos alertam sobre os danos provocados à natureza por causa da ação humana. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os pro blemas ambientais tornaram-se mais visíveis em razão do crescimento da população global, da difusão de padrões de consumo exacerbados e das rápidas industrialização e urbanização das sociedades. Com esse processo em curso, intensificou-se a pressão sobre os recursos naturais, ou seja, houve aumento do uso desses recursos, o que levou os debates ambientais ao âmbito mundial.
À medida que os problemas ambientais foram se agravando e sendo divulgados
pelos meios de comunicação, a sociedade foi tomando conhecimento e se conscien
tizando de que estava vivendo uma crise ambiental. Muitas pessoas passaram a se
preocupar mais com a conservação do planeta, e, entre as décadas de 1960 e 1970,
começaram a surgir os primeiros movimentos em defesa do meio ambiente.
Desde então, um número crescente de pessoas vem participando de movimentos
ambientalistas ou ecológicos que atuam em favor das mais variadas causas, como a
conservação das florestas, a proteção da vida silvestre, o combate às mais diversas
formas de poluição etc.
Em 1972, foi realizada a Conferência sobre Meio Ambiente Hu mano em Estocolmo, capital da Suécia, a primeira organizada pelas Na ções Unidas. Nesse evento, dois conjuntos de países se destacaram nos debates: os países desenvolvidos, que defenderam a necessidade de controlar o crescimento econômico de base industrial, considerado poluidor e consumidor de recursos não renováveis; e os demais países, que interpretaram a proposta daqueles como uma tentativa de impe dir sua industrialização, defendendo que as preocupações com o meio ambiente não poderiam afetar seu crescimento econômico.
Vinte anos depois, em 1992, os países-membros da ONU se reu niram no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, para debater novamente os problemas ambientais. Conhecido como Rio-92 ou Eco-92, esse evento contou com a participação de 178 países e 114 chefes de Estado, que, com base na noção de desenvolvimento sustentável, lançaram as primeiras iniciativas para conciliar desenvolvimento econômico e conservação do meio ambiente.
Dez anos depois da Rio-92, realizou-se em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio+10. Os resultados, no en tanto, não foram muito satisfatórios. Assuntos importantes da pauta, como o estabelecimento de metas quanto ao uso de energias renová veis, não obtiveram avanço. Em 2012, realizou-se, novamente na cidade do Rio de Janeiro, a Rio+20, que reiterou a necessidade da implementa ção do desenvolvimento sustentável; e, em 2015, em Nova York, na sede da ONU, realizou-se outra reunião que estabeleceu nova agenda do desenvolvimento sustentável ). Apesar da importância desses eventos, os problemas ambientais per sistem de modo intenso e preocupam especialistas.
Organizações não governamentais
Os movimentos ambientalistas atuam, geralmente, por meio de organizações não
governamentais (ONGs). As ONGs são entidades sem fins lucrativos, formadas por
representantes da sociedade civil, com autonomia e independência política em rela
ção aos governos. As imagens a seguir mostram algumas das principais ONGs am
bientais que atuam no Brasil e no mundo.
As ONGs ambientalistas vêm desempenhando um papel muito importante em nos
sa sociedade, sobretudo na disseminação da consciência ecológica. É por meio dessa
consciência que governos de muitos países têm sido forçados a criar leis ambientais
mais severas para garantir a proteção da natureza, aumentando a fiscalização e pu
nindo com rigor os crimes praticados contra o meio ambiente.
Pressionados para que respeitem as legislações ambientais vigentes, muitas empre
sas também já estão assumindo um compromisso no que diz respeito à conservação
da natureza.
O desenvolvimento sustentável
A disseminação da consciência ecológica pelo mundo e a pressão política exercida
pela opinião pública em favor da conservação da natureza levaram os governos de
muitos países a assumirem maiores compromissos em relação às questões ambientais.
Assim, a discussão dos problemas relacionados ao meio ambiente passou a fazer
parte da agenda política mundial, tornando-se alvo de preocupação de governos e
organismos internacionais.
Entre um conjunto de propostas de ações que deveriam ser colocadas em prática para amenizar os impactos ambientais em nível global, destaca-se um ambicioso
programa cujas metas levariam à implantação do chamado desenvolvimento susten
tável. Esse modelo de desenvolvimento econômico deveria atender às necessidades
da sociedade atual, sem colocar em risco a sobrevivência das futuras gerações.
A
implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável em escala planetária exigirá mudanças profundas em toda a humanidade, estabelecendo novas relações nos
campos político e social.
Construir um novo modelo de sociedade exige ações concretas de todos os gover
nos – no sentido de adequar as legislações vigentes, fiscalizar e punir com mais rigor
as agressões e os crimes cometidos contra a natureza, promover campanhas para
incentivar e disseminar a consciência ecológica, entre outras atitudes.
Também será preciso substituir as tecnologias “sujas”, que causam grandes da
nos ao meio ambiente, pelas tecnologias “limpas”, compatíveis com a conservação da natureza.
Problemas ambientais nas grandes cidades
A concentração de pessoas e atividades econômicas nas cidades resulta em problemas ambientais. Entre eles, é possível citar a impermeabilização dos solos por edificações e pelo asfaltamento urbano e a ocupação de encostas de morros. Essas intervenções urbanas na paisagem causam prejuízos ambientais e transtornos, como enchentes, inundações e deslizamentos de terra.
Além disso, em algumas cidades, a falta de saneamento básico e de políticas de destinação adequada de resíduos sólidos contribui para a poluição de corpos d’água, do solo e do ar, tornando o ambiente urbano prejudicial à saúde dos habitantes.
Mudanças climáticas e a ação humana
Ao longo do tempo geológico, a Terra passou por vários momentos de aquecimento e resfriamento. Padrões locais de temperatura, chuvas e ventos extremos, como furacões, variam entre décadas ou séculos sem que sejam considerados anormais. No entanto, um grupo cada vez maior
de cientistas tem alertado para o poder da ação humana sobre esses fenômenos: trata-se da mudança climática antropogênica.
Diante desse cenário, alguns cientistas defendem a possibilidade de a humanidade estar adentrando uma nova era geológica: o Antropoceno, caracterizado pela força transformadora da humanidade sobre o planeta e pela ameaça do início de uma extinção em massa de espécies, a única na história geológica causada por outra espécie – no caso, a humana.
Estudos realizados por diferentes cientistas ao redor do mundo têm demonstrado que a emissão de gases, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), está afetando a dinâmica atmosférica. Esses gases provocaram o aumento da temperatura média global e a ocorrência cada vez mais frequente de fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas, ondas de calor ou frio atípicas e aumento na intensidade e na frequência de furacões.
Produção agropecuária, insegurança alimentar e fome
Terras desertificadas, escassez de recursos hídricos e mudanças climáticas são alguns exemplos de como os impactos ambientais da atualidade têm reduzido as possibilidades de produção agropecuária ao redor do mundo.
A degradação do ambiente se soma às desigualdades sociais e ao crescimento da população mundial, aumentando o número de pessoas que sofrem com a insegurança alimentar, ou seja, a ausência de acesso à quantidade mínima de alimentos para a manutenção de uma vida saudável e produtiva.
Principais problemas ambientais do século XXI
Entre os principais problemas ambientais do século XXI, destacam-se a degradação do solo, as queimadas, a escassez de recursos hídricos, a ameaça à biodiversidade, o aumento do efeito estufa, entre outros.
A degradação dos solos
A degradação dos solos pode ocorrer por meio da erosão, da acidifi cação ou da acumulação de metais pesados, levando à diminuição de nutrientes minerais e de matéria orgânica (húmus), o que pode restrin gir ou inviabilizar o uso do solo para a agricultura. Vários fatores contribuem para a degradação dos solos, entre eles o desmatamento, que facilita a erosão superfi cial causada pela água da chuva e pelo vento e provoca o transporte de nutrientes e matéria orgânica, além de sulcos no solo, que podem formar voçorocas.
Outros fatores que causam a degradação dos solos são o despejo de resíduos industriais e o uso de agrotóxicos, que alteram a composição química do solo; o uso de máquinas pesadas na agricultura; e a sobre pastagem. Todos eles acarretam a compactação do solo e facilitam a erosão, o transporte de nutrientes e a redução da capacidade de infiltra ção da água, com consequente impacto no desenvolvimento de raízes.
Além disso, grande parte da população ainda desconhece as formas adequadas de trabalhar com o solo seguindo princípios técnicos capazes de evitar sua degradação. Dessa forma, torna-se necessária a implanta- ção de programas de educação no campo que visem ao seu uso sustentável.
As queimadas
Provocadas de forma acidental ou voluntária, as queimadas são motivo de grande preocupação para governos, estudiosos e ambientalistas. Esse é um método usado por muitos agricultores, em diversas partes do mundo, para abrir ou “limpar” áreas agricultáveis ou para formação de pas tagens. As queimadas destroem as camadas superficiais do solo e aceleram seu processo de desgaste e esgotamento.
Além disso, essa prática compromete o hábitat de inúmeras espécies animais e vegetais e pode con tribuir para o efeito estufa. Em casos ainda mais graves, o fogo pode alcan çar habitações, plantações e pastagens, provocando destruição e mortes.
O aumento da desertificação em locais
que já apresentam clima árido ou semiá
rido, devido ao uso inadequado dos so
los por meio de técnicas de cultivo, como
as queimadas, acabam reduzindo a fertilidade da terra, poluindo a atmosfera e,
consequentemente, afetando a dinâmica
climática global.
A perda da biodiversidade (fauna e flora), provoca
da pela devastação dos grandes ecossistemas ter
restres e aquáticos, que já ocasionou a extinção de
espécies e ameaça a existência de muitas outras.
A diminuição da camada de ozônio da atmosfera,
que protege o planeta dos nocivos raios ultravio
leta emitidos pelo Sol. Estudos indicam que esse
problema pode ser provocado por um gás chama
do clorofluorcarbono (CFC), utilizado na indústria
química e em aparelhos de refrigeração como ge
ladeiras, refrigeradores e condicionadores de ar.
A poluição das águas por resíduos domés
ticos, industriais e pelo derramamento de
óleo dos navios e de vazamentos em plataformas de petróleo.
O aumento da poluição atmosférica, pro
vocado pela emissão excessiva de gases
tóxicos pelas fábricas e escapamentos dos
veículos automotores, movidos a combustí
veis fósseis, intensificando o efeito estufa e
ocasionando o aquecimento global.
O aquecimento global, que, de acordo com
muitos cientistas, tem causado anomalias
climáticas, como mudanças na distribui
ção e no regime das chuvas e aumento ou
diminuição anormal das temperaturas, ob
servadas em diversas regiões do planeta.
A chuva ácida
Em regiões industrializadas e urbanizadas, de excessiva concentração de po
luentes atmosféricos, pode ocorrer a formação da chuva ácida. Esse fenômeno
é formado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo
e carvão mineral, expelidos das chaminés das fábricas e dos escapamentos dos
veículos motorizados. Ao entrar em contato com o vapor-d'água presente na at
mosfera, esses gases formam substâncias ácidas que se precipitam na forma de
chuvas, atingindo a superfície terrestre.
A diminuição da camada de ozônio
A maior parte do ozônio que há no planeta está concentrado em uma fina camada
na estratosfera, localizada entre 15 e 35 quilômetros de altitude. Essa camada de ozô
nio funciona como uma espécie de filtro, capaz de bloquear os raios ultravioleta B
(UV-B) emitidos pelo Sol, os quais são nocivos aos seres vivos.
Nas últimas décadas do século passado, os cientistas descobriram que essa ca
mada de ozônio vem sendo destruída, ficando mais fina, com várias falhas ou vários
“buracos”, principalmente sobre a região antártica.
As pesquisas feitas indicaram que a destruição da camada de ozônio estava sen
do provocada pela emissão de alguns gases industriais, principalmente os chamados
clorofluorcarbonos (CFCs), até então muito utilizados em aparelhos de refrigeração
e na produção de aerossóis (sprays), isopores, entre outros produtos. Quando libera
dos na atmosfera, esses gases reagem com as moléculas de oxigênio, provocando a
destruição do ozônio.
O efeito estufa e o aquecimento global
O aquecimento do nosso planeta ocorre por causa da incidência da radiação solar
que atinge a superfície terrestre. A maior parte desse calor acaba sendo absorvida
pela superfície, e o restante é refletido de volta, aquecendo a atmosfera, enquanto
uma parte menor escapa para o espaço cósmico.
Desse modo, a atmosfera terrestre funciona como uma grande estufa natural, retendo parte do calor que a superfície reflete. É o chamado efeito estufa
natural, fenômeno que garante o equilíbrio térmico do planeta, mantendo a
temperatura média na superfície do globo terrestre em torno de 15 °C . Sem
ele, o planeta seria muito mais frio, com temperatura média em torno de –18 °C .
A imagem a seguir representa como ocorre o efeito estufa natural.
O vapor-d’água, os gases e as partículas de poeira em suspensão na atmosfera
funcionam como uma estufa natural. Eles retêm parte da radiação emitida pelo Sol e
parte da radiação refletida pela superfície, aquecendo a atmosfera nas proximidades
da superfície terrestre.
No entanto, a concentração excessiva de poluentes na atmosfera, sobretudo de
gases provenientes das queimadas, das chaminés das fábricas e dos motores dos ve
ículos, segundo estudiosos, intensifica a ação do efeito estufa. Ao se acumularem na
atmosfera, esses gases retêm mais calor, provocando a elevação da temperatura. É o
chamado efeito estufa.
Os gases, como dióxido de carbono, metano e CFCs, lançados em grandes quan
tidades na atmosfera têm maior capacidade de reter calor, mantendo os níveis de
aquecimento da atmosfera e da superfície mais elevados. De acordo com alguns es
tudos, a poluição atmosférica gerada nos últimos séculos vem intensificando a ação
do efeito estufa.
O aquecimento global e suas consequências
O aquecimento global é um dos problemas ambientais mais preocupantes dos
dias atuais. Isso porque o aumento da temperatura pode afetar o equilíbrio térmico
do planeta, provocando alterações climáticas em todo o globo.
Para alguns cientistas, os indícios dessas mudanças já podem ser observados, por
exemplo, no aumento da quantidade de chuvas e nas secas mais severas em várias
partes do mundo, na ocorrência mais frequente de tempestades e furacões, assim
como de nevascas e geadas fora de época.
Com as mudanças climáticas, os grandes ecossistemas do planeta também pode
rão ser afetados. As florestas tropicais, por exemplo, podem se tornar mais secas e,
até mesmo, desaparecer de certas regiões, enquanto as florestas temperadas correm
o risco de serem devastadas pela seca e pelo calor.
Outra consequência do aquecimento global é o derretimento das geleiras polares,
sobretudo na região do Ártico (polo norte), onde se verifica uma rápida diminuição
da camada de gelo. O derretimento das geleiras polares, por sua vez, pode aumentar
o nível dos oceanos, inundando as regiões costeiras mais baixas.
A ameaça de escassez dos recursos hídricos
Atualmente, a água é considerada por muitos o “ouro” do século XXI. Tamanha valorização pode ser explicada por uma triste estimativa: em muitos países, a demanda por água cresce a cada ano, porém, as reser vas disponíveis não são inesgotáveis e o processo de dessalinização – ato de retirar o sal da água do mar a fim de torná-la potável – ainda requer o uso de tecnologia sofisticada e envolve altos cus tos de investimentos. Entre os principais fatores que causam o aumento da demanda de água no mundo, três se destacam: o crescimento demográfico, o desenvolvimento industrial e a expansão da agricultura irrigada. Nas últimas duas décadas, por exemplo, a agricultura foi responsável pela maior parte da extração de água doce.
Atualmente, em âmbito pla netário, estima-se que 69% dos recursos hídricos disponíveis são consu midos por atividades de irrigação. Enquanto a quantidade de água doce disponível para o consumo humano está declinando mundialmente, especialistas afirmam que até 2050 a demanda por água crescerá 18% nos países desenvolvidos e 50% nos demais.
O aumento dessa demanda se tornará intolerável em países com recursos hídricos escassos. Essa escassez afeta cerca de 30 países, cujas reservas de água são inferiores a mil metros cúbicos por pessoa ao ano. Somam-se a esses problemas as desigualdades no acesso e no consumo desse recurso vital: enquanto uma família de classe mé- dia nos Estados Unidos consome em média 2 mil litros de água por dia, na África esse consumo é de apenas 150 litros, sem contar a dificuldade de acesso, pois milhões de famílias ainda precisam percorrer longas dis tâncias para obter água.
Para evitar o fim dos recursos hídricos e garantir que as próximas ge rações possam usufruí-los, é preciso adotar novas ações para o uso da água – desde a economia cotidiana, nos domicílios, na escola e em ou tros lugares públicos, até o estímulo de políticas públicas que garantam o uso sustentável desse recurso.
A biodiversidade em perigo
Na Rio-92 foi estabelecida a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que, a partir de en tão, passou a orientar ações em vários países para a conservação da biodiversidade, o uso sustentá vel de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos. De fato, a preservação da biodiversidade é um dos grandes desafios ambientais do século XXI. Grande parte dos problemas ambientais apre sentados até aqui leva à destruição de espécies animais e vegetais indispensáveis para a manu tenção da vida no planeta.
Os desmatamentos, a exploração madeireira, a construção de barragens, a exploração mineral e o desenvolvimento urbano, entre outras ações humanas, têm elevado as taxas de extinção de espécies em várias partes do planeta. O Índice Global do Planeta Vivo – que indica alterações da biodiversidade mundial, acompanhando o crescimento de quase 21 mil populações de ma míferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de dife rentes biomas e regiões –, por exemplo, mostra que, de 1970 a 2016, houve um declínio global de 68% na saúde da biodiversidade, ou seja, houve diminuição na abun dância de espécies ao longo desse período.
A crise ambiental e a questão energética
A crise ambiental da época em que vivemos tem sido agravada pela utilização de
fontes energéticas potencialmente poluidoras, sobretudo pelo uso de combustíveis
fósseis, como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural.
A queima desses combustíveis em larga escala tem aumentado enormemente a
concentração de poluentes atmosféricos, sobretudo dos gases que provocam alguns
dos mais graves problemas ambientais,
como a formação de chuvas ácidas, a diminuição da camada de ozônio e o aquecimento global.
A queima de combustíveis fósseis vem aumentando de maneira crescente desde o
início da Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII. A partir de então, o avanço
da industrialização, dos meios de transportes e demais atividades econômicas tem
se apoiado principalmente na utilização de combustíveis de origem fóssil. Essas fontes representam 86%
do total da energia consumida atualmente no mundo.
Como os combustíveis fósseis continuam sendo as fontes energéticas mais utilizadas no mundo, e provavelmente vão continuar sendo exploradas para sustentar o
crescimento econômico em muitos países, podemos dizer que a sociedade contemporânea está diante de um grande desafio: como manter o crescimento econômico
e o aumento do consumo de energia ao longo das próximas décadas e, ao mesmo
tempo, diminuir a emissão dos poluentes atmosféricos provenientes do uso desses
recursos?
Esse desafio pode ser enfrentado pela utilização de fontes renováveis e alternativas
de energia, que geram baixo impacto ambiental, como a solar, a eólica, o biogás, a
biomassa, a hidráulica, entre outras.
A pegada ecológica
A produção e o consumo de alimentos, bens e serviços e a realização de obras de infraestrutura são exemplos de atividades que demandam uso direto ou indireto dos recursos naturais biológicos renováveis. Para avaliar a pressão do consumo das populações humanas sobre esses recursos, foi criada a Pegada Ecológica.
O termo Pegada Ecológica foi criado na década de 1990 por William Rees e Mathis Wackernagel, ecologistas canadenses. O cálculo da Pegada Ecológica é feito por categorias de consumo (as principais são: alimenta ção, habitação, energia, bens de consumo e transportes) convertidas em uma ou mais áreas de terreno. Isto é, para comparar a demanda humana com a biocapacidade – capacidade dos ecossistemas em produzir recur sos úteis e absorver os resíduos gerados pelos seres humanos –, são so madas as extensões das áreas necessárias ao fornecimento dos recursos naturais biológicos renováveis consumidos pelas pessoas, das áreas ocu padas por infraestrutura e das áreas necessárias para a absorção de resíduos (CO2 ).
A Pegada Ecológica global
A partir do final da década de 1960, a Pegada Ecológica per capita da humanidade superou a biocapacidade. Observe o gráfico: o declínio da biocapacidade per capita é consequência, principalmente, do crescimento da população mundial no período repre sentado. De maneira geral, os habitantes dos países mais industrializados têm Pegada Ecológica maior por causa do intenso uso de recursos naturais.
Segundo análises de 2022 da Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica) – organização internacio nal que se dedica a calcular e a divulgar os dados da Pegada Ecológica –, apenas cinco países respondem por mais da me tade do total da Pegada Ecológica Global. Embora a China tenha a 63a maior Pegada Ecológica per capita do mundo, sua Pegada Ecológica total é a maior do planeta. Entre outros fatores, isso ocorre porque o país abriga a maior população do mundo. A população dos Estados Unidos é cerca de um quarto da chinesa, mas a sua Pegada Ecológica total é quase tão grande quanto a do país asiático por causa do alto padrão de consumo per capita dos estadunidenses.
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