segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Expansão das multinacionais

Multinacionais 


As empresas multinacionais ou transnacionais estão entre os principais agentes do processo de globalização. A expansão dessas empresas pelo mundo ocorreu principalmente da segunda metade do século XX em diante, favorecida pela Revolução Técnico-Científica e pela evolução dos meios de comunicação e de transporte.
As grandes corporações multinacionais são os agentes principais da mundialização do modo capitalista de produção. São essas empresas que impulsionam o intenso fluxo de informações, mercadorias, capitais e pessoas entre os lugares do mundo.
As multinacionais são empresas que, por meio de filiais ou subsidiárias, desenvolvem atividades em muitos países, mas têm uma única matriz, geralmente no país de origem. Essas empresas podem atuar em diferentes setores de atividades econômi cas, como os de serviços (imobiliárias, bancos, seguradoras, redes de televisão, estúdios de cinema etc.), os de agropecuária (fazendas de monoculturas comerciais e de pecuária extensiva moderna), de minerais (mineradoras, prospecção e refino de petróleo), os comerciais (lanchonetes e restaurantes, lojas de depar tamento, hipermercados etc.) e, sobretudo, os industriais (fabricação de bens de produção e de consumo).
É importante sabermos que a maioria das corporações multinacionais é originária de países desenvolvidos e é restrito o número de empresas desse porte que possuem matriz em países subdesenvolvidos.
Até quase a metade do século XX, existia um número restrito de multinacionais no mercado mundial, e a maioria era estadunidense. A partir de então, grandes empresas europeias, japonesas e canadenses, além das estaduniden ses, começaram a transferir parte de suas atividades para outros países, principalmente para aqueles com indústrias menos desenvolvidas.
Desse modo, o processo de produção industrial em larga escala deixou de ser exclusivo dos países mais ricos do Hemisfério Norte, passando a existir tam bém em países com economia voltada, até então, para a produção e exportação de gêneros primários. Isso significa que as empresas multinacionais começaram a se instalar em países subdesenvolvidos que lhes ofereciam mais vantagens econômicas, de modo que obtivessem aumento dos lucros e maior acumulação de capital.
Entre essas vantagens, destacam-se: mão de obra barata, recursos naturais (ma térias-primas) e terras em abundância a baixo custo; legislações trabalhistas e ambientais pouco rígidas no controle das atividades das multinacionais; amplo mercado consumidor para os produtos. Países como a China, o Brasil, a África do Sul, a Argentina, a Índia, o México e a Coreia do Sul são os principais alvos das multinacionais em expansão. Por essa razão, esses países têm passado por um intenso processo de industrialização e, consequentemente, intenso desen volvimento econômico.
Uma marca dessa expansão das multinacionais, sobretudo aquelas ligadas à produção industrial, é a transferência de grande parte de seus parques manufatureiros tradicionais (siderúrgico, petroquímico, têxtil, alimentício etc.) para os países subdesenvolvidos. Já nos países-sede dessas empresas, têm ganhado importância os setores industriais de tecnologia avançada (como os de informática, os de biotecnologia e os aeroespaciais), que exigem intensa aplicação de conhecimento científico e uso de mão de obra altamente qualificada.

Multinacionais e a fragmentação do processo produtivo


No início do processo de expansão das multinacionais, as filiais das indústrias implantadas em países estrangeiros desenvolviam basicamente todas as etapas de produção no mesmo lugar. No entanto, com a globalização, ocorreram grandes mudanças no processo produtivo, especialmente das multinacionais. 
Nas últimas décadas, no entanto, a busca de custos mais baixos e de maior produtividade levou muitas dessas empresas a dividir as fases de produção e a montagem de seus produtos entre suas filiais espalhadas pelo mundo.
A evolução dos meios de transporte e de comunicação favoreceu a busca por menores custos e maiores lucros, permitindo às empresas fragmentar as etapas de produção e montagem de seus produtos. Com isso, componentes e partes de um mesmo bem passaram a ser fabricados em diferentes locais do planeta, seja por filiais, seja por empresas parceiras.
A produção de smartphones, exemplificada anteriormente, é realizada com peças e componentes fabricados em diversos países do mundo. 
Essa fragmentação do processo industrial tornou-se possível com o aprimoramento das tecnologias na Terceira Revolução Industrial e a criação dos novos meios de transporte em massa e de comunicação em tempo real.
Dessa forma, não somente os componentes de telefones celulares, mas também os de computadores, automóveis, aviões, aparelhos eletrônicos, roupas e uma infinidade de outras mercadorias podem ser fabricados em unidades de produção de diferentes países. Os materiais são reunidos, então, em um único local para montagem e posterior comercialização do produto.
Essa fragmentação do processo produtivo também está sendo aplicada por multinacionais do segmento de serviços. Como exemplo, podemos citar o caso de companhias aéreas estadunidenses cujos escritórios de reservas de passagens funcionam em outros países, bem como o de empresas japonesas de informática cujos softwares são desenvolvidos por empresas indianas.
Assim, a fragmentação da produção industrial e empresarial leva as multinacionais a conduzir suas estratégias de funcionamento como se não existissem fronteiras entre as nações. Por esse motivo, essas empresas também são denominadas transnacionais.

Multinacionais e o comércio mundial


No final da década de 2010, o comércio internacional, ou seja, as importa ções e as exportações de bens e serviços entre os países, gerou um faturamento anual de quase 40 trilhões de dólares, muito maior do que na década de 1950 – cerca de 126 bilhões de dólares (dados da Organização Mundial do Comércio). As multinacionais foram as principais desencadeadoras desse vertiginoso cres cimento do comércio em âmbito mundial e, atualmente, são responsáveis por cerca de um terço do valor de tudo o que é comercializado entre os países.
As vultosas operações realizadas por essas corporações são possíveis, principalmente, em razão da queda das barreiras fiscais entre nações e da formação de blocos econômicos. Isso significa que o governo de muitas nações vem diminuindo os impostos sobre mercadorias importadas ou exportadas por multinacionais instaladas em seu território. Em alguns casos, essas corporações multinacionais são até mesmo isentas do pagamento desse tipo de imposto, o que viabiliza a livre atuação delas, que po dem, dessa forma, trocar com maior facilidade as mercadorias entre suas filiais e comercializar sua produção em vários mercados consumidores ao mesmo tempo.
 

Acordos e associações entre empresas 


O capitalismo financeiro promoveu a concentração de capital em razão do estabelecimento de acordos e associações entre empresas, gerando grandes corporações industriais e financeiras, muitas das quais constituíram trustes, holdings e cartéis. O truste agrupa empresas que são incorporadas por outra maior. Essas grandes corporações procuram obter o controle total da produção, desde as fontes de matéria-prima até a distribuição da mercadoria. Geralmente, o truste é uma empresa que atua em diversos setores da economia, podendo constituir monopólios – quando uma empresa atua sozinha em determinado setor – ou oligopólios – quando poucas empresas controlam certo setor. Quando ocorre o agrupamento de empresas – de um mesmo setor ou não – pode haver a presença de uma holding, isto é, de uma empresa constituída somente para administrar o conglomerado e exercer maior poder de influência sobre o mercado, defendendo os interesses do grupo e gerenciando o fornecimento de matéria-prima, a produção e a comercialização.

Comunidade de Estados Independentes

Com a extinção da União Soviética, em 1991, e a indepen dência das repúblicas que compunham esse país, os governos da Rússia, da Ucrânia e de Belarus estruturaram um bloco político e econômico para organizar e in tegrar a economia dos países da região.
O desafio era fazer a transição das economias estatais planificadas (socialismo) para economias de mercado (capitalismo). Assim, foi criada a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que passou a contar com 11 países, todos oriundos da ex-União Soviética.
Além dos países originários do bloco, a comunidade é composta de Moldávia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. A cidade de Minsk, em Belarus, foi escolhida como sede do bloco. Na criação do bloco, ficou acordado que esses países desenvolveriam uma cooperação econômica, política e militar sob a liderança da Rússia. Todos os países do bloco se tornaram, automaticamente, membros das Nações Unidas.
Os países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia) se mantiveram afastados da comunidade por não concordarem com a liderança da Rússia e por terem inte resse de ingressar no bloco da União Europeia, o que de fato ocorreu em 2004.

Rússia, liderança natural 


A Rússia determina o ritmo econômico da CEI. Embora os países-membros tenham moeda própria, é o rublo que circula em todos eles, como padrão para as transações comerciais na comunidade. A liderança econômica da Rússia perante os demais países da CEI deve-se, em grande parte, à concentração de reservas minerais em seu território, sobre tudo de petróleo, gás natural e carvão mineral, além das redes de oleodutos e gasodutos que interligam o território russo à Europa, atravessando grande parte dos países que fazem parte da comunidade.
O gás natural e o petróleo russos são exportados para a União Europeia e para os Estados Unidos. Outros países da CEI, como o Azerbaijão, o Cazaquistão e o Turcomenistão, também fornecem petróleo e gás natural para a Europa. A dependência do gás natural força a União Europeia a manter relações de tolerância com a política internacional russa, muitas vezes contestada internacionalmente. O caso mais recente é o da Ucrânia, envolvendo o território da Crimeia.




Potências industriais

A distribuição das indústrias no espaço


Diversos fatores influenciam a distribuição das indústrias pelo espaço geo gráfico, determinando áreas mais favoráveis à sua instalação. Entre eles destacam-se: 

■ disponibilidade de capital; 
■ oferta de energia; 
■ reservas de matéria-prima; 
■ redes de transporte; 
■ mão de obra qualificada; 
■ mercado consumidor; 
■ sistemas de telecomunicações; 
■ centros de pesquisa. 

Outros fatores determinantes para a instalação de indústrias são as condições oferecidas pelo poder público. No Brasil, por exemplo, alguns governos esta duais e municipais doam terrenos, reduzem impostos e concedem outros be nefícios para atrair indústrias. O peso de cada um desses fatores varia também dependendo do tipo de indústria.
Durante a Primeira Revolução Industrial, muitas indústrias siderúrgicas se desenvolveram nas regiões carboníferas do Reino Unido (norte da Inglaterra) e no Vale do Ruhr, na Alemanha, por causa da disponibilidade de hulha, tipo de carvão mineral usado nos altos-fornos das siderúrgicas para fundir o minério de ferro, primeira etapa do processo de fabricação de aço. A produção desse metal deixou de ser importante no Reino Unido, em grande parte por causa do esgotamento das minas de carvão. Na Alemanha, a siderurgia continua impor tante: no Vale do Ruhr ainda se extrai grande quantidade de hulha e o país importa o minério de ferro, que entra na Alemanha principalmente pelo porto de Roterdã (Países Baixos) e depois é transportado pela hidrovia do Reno.
Na Segunda Revolução Industrial, quando o petróleo se transformou na principal fonte de energia e em importante matéria-prima, a disponibilidade do combustível era essencial para a localização de indústrias de bens interme diários como as refinarias e petroquímicas. No início, essas indústrias se con centraram perto de jazidas desse combustível fóssil. Foi o que ocorreu nos Estados Unidos, país onde o petróleo começou a ser explorado no final sécu lo XIX em campos localizados na Califórnia e principalmente no Texas. Nesse estado, localiza-se a maioria das refinarias e petroquímicas e a sede da maior petrolífera do país. Segundo dados do Boletim Estatístico da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em 2017 os Estados Unidos produzi ram 9,4 milhões de barris de petróleo por dia (terceiro produtor mundial, atrás apenas de Rússia e Arábia Saudita). No entanto, como seu consumo foi de 19,9 milhões de barris por dia, foram os maiores importadores. 

Desconcentração industrial 


Historicamente, as indústrias de bens intermediários costumavam se insta lar próximas às reservas de matérias-primas. No entanto, como vimos no capí tulo anterior, atualmente, com o avanço tecnológico nos meios de transporte, as indústrias podem ser construídas longe das reservas. A existência de uma boa rede de transportes viabiliza o recebimento de matérias-primas e o esco amento das mercadorias produzidas em regiões distantes dos recursos naturais. Um exemplo disso é a indústria siderúrgica japonesa. 
O Japão, que é um dos maiores produtores mundiais de aço, não dispõe de reservas de minério de ferro e carvão mineral, recursos utilizados na pro dução desse metal. O país importa todo o ferro e o carvão que utiliza em suas siderúrgicas, que, por isso, estão instaladas em áreas portuárias (isso também facilita as exportações de parte da produção).
A desconcentração industrial no interior dos países ocorreu com mais in tensidade nos países de industrialização antiga, mas já ocorre também nos de industrialização recente, como o Brasil. Esse fenômeno está associado ao au mento dos custos de produção, sobretudo nas grandes cidades, em função do encarecimento da mão de obra, dos imóveis e dos impostos urbanos, além dos grandes congestionamentos que dificultam o transporte de matérias-pri mas e de mercadorias. 
Assim, em busca de custos mais baixos, muitas indústrias se deslocam para cidades menores e até mesmo para a zona rural dos muni cípios. Um fator importante para a escolha da localização das indústrias típicas da Terceira Revolução Industrial, que envolvem conhecimentos tecnológicos mais sofisticados e atualização constante, é a disponibilidade de mão de obra com alto grau de qualificação. Isso explica a formação dos parques tecnológicos.

Parques tecnológicos 


Os parques tecnológicos (ou tecnopolos) são centros irradiadores de novas tecnologias, onde se localizam indústrias da atual revolução técnico-científica: informática, robótica, telecomunicações, biotecnologia, etc. Esses parques tecnológicos desenvolveram-se nas proximidades de importantes universida des (ou mesmo em seu campus) e de outros centros de pesquisa. Nas univer sidades e nos centros de pesquisa se originam as inovações tecnológicas e se forma a mão de obra altamente qualificada que será aproveitada pelas empre sas inovadoras. Os parques tecnológicos estão concentrados em poucos países, geralmen te desenvolvidos, como os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha, o Reino Unido e a França. Também são encontrados em algumas economias emergen tes, como a China, a Índia e o Brasil.

Os tecnopolos estão representados no mapa de acordo com uma pontuação que indica o nível de inovação tecnológica, com base na oferta e na qualidade dos seguintes itens:
 
■ universidades e centros de pesquisa que oferecem mão de obra qualifi cada e desenvolvimento tecnológico; 
■ empresas que oferecem competência técnica e estabilidade econômica; 
■ empresas empreendedoras e dinâmicas; 
■ disponibilidade de capital para investimento.

A pontuação de cada item pode variar de um a quatro. O único tecnopolo que obteve quatro pontos em cada item, totalizando 16 pontos, foi o Vale do Silício (Silicon Valley). Esse tecnopolo, localizado no estado da Califórnia (Es tados Unidos), começou a se desenvolver em 1951, quando foi criado o Stanford Industrial Park, no campus da universidade de mesmo nome, atraindo indústrias de alta tecnologia. Outras universidades da região tiveram papel importante na formação de mão de obra qualificada e na produção de pesquisa avançada, entre as quais a Universidade da Califórnia (campi de Berkeley e de São Fran cisco). Esse tecnopolo serviu de modelo para muitos dos outros que surgiram em diversos países e ainda hoje é o mais importante do mundo. 
No Brasil também há diversos parques tecnológicos, embora sejam pequenos quando comparados ao do Vale do Silício. Em 2014, de acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, havia no país 28 parques em operação, com 939 empresas instaladas, que geravam cerca de 30 mil empregos, além de mais 2,2 mil empregos de alta qualificação em insti tuições de pesquisa instaladas nesses tecnopolos. Como mostra o mapa ao lado, a maioria dos tecnopolos do Brasil se localiza nos estados da região Sudes te, que concentra a maior parte das em presas inovadoras e a maior parte das universidades e institutos federais de educação. 
O primeiro tecnopolo brasi leiro se desenvolveu em torno da Uni versidade de Campinas (Unicamp) e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), entre ou tras universidades e centros de pesqui sa localizados em Campinas, no estado de São Paulo. No entanto, tem havido uma descentralização e hoje um dos tecnopolos mais importantes do país é o Porto Digital, no Recife (PE).

Potências industriais


Atualmente, a China está à frente em termos de desenvolvimento do setor industrial. O país passou por reformas econômicas, como a abertu ra para o capital externo e algumas mudanças na forma de produção, e vem apresentando elevado crescimento econômico nos últimos anos. No país, muitos contrastes internos convivem. Do ponto de vista econômico, a pobreza extrema em regiões interioranas ainda persiste, paralela ao desenvolvimento intenso e à produção indus trial expressiva na porção leste do país. Do ponto de vista político, oficialmente o regime existente é o de Estado-Partido, característico das nações socialistas do século 20. Contudo, a China é a 2a maior economia do mundo, com projeções de se tornar a nação mais rica do planeta até meados do século 21.
O Japão é sinônimo de liderança tecnológica e industrial. Destaca-se por suas fábricas robotizadas e pioneirismo no que se refere a avanços em telecomunicações. Após ter sido derrotado na Segunda Guerra Mundial, o país se reconstruiu com recursos financeiros externos, e in vestiu grande parte deles na educação pública, aliada à pesquisa científica. No final dos anos 1970, o país reorganizou seus parques industriais. Muitas fábricas foram abertas na região do Sudeste Asiático, mesmo que suas sedes tenham permanecido no Japão. O país lidera as cadeias de inovação e tecnologia, e seus produtos são sinônimo de inovação e modernidade.
A maior potência mundial, os Estados Unidos, é responsável por grande parcela do fluxo produtivo global. Embora hoje seja sede de algumas das maiores empresas do mundo, sua industrialização teve início tardio, a partir do período correspondente à Segunda Revolução Industrial. Na atualidade, as empresas estadunidenses constantemente buscam regiões e até países que ofereçam benefícios para a implantação de parques industriais. Em virtude da saída dessas empresas de alguns locais, nos quais tinham re levância para a economia local, pode-se ocorrer o desemprego em massa.
A região conhecida como Vale do Silício, localizada no sudoeste dos Estados Unidos, começou a receber muitas empresas e indús trias em busca de mão de obra mais barata e fácil acesso a matérias-primas. Em razão da demanda por trabalhadores qualificado, motivada pela Revolução Técnico-Científico-Informacional (Terceira Revolução Industrial), muitas universidades e institutos de pesquisa também surgiram na região, e alguns trabalham em conjunto com as empresas.

Desigualdades estruturais


Apesar dos avanços e da modernização de indústrias de bens de consumo, é preciso ressaltar que as transformações ocorrem de maneiras diversas e com velocidades diferentes pelo mundo. Não são todos os lugares que se beneficiam de parques industriais de alta tecnologia, pois faltam mão de obra qualificada, infraestrutura adequada e investimentos. Tal diferença acentua desigualdades e relações de dependência econômica e política entre países e blocos econômicos. Enquanto temos polos de produção tecnológica intensa, há também países inteiros que sequer acompanharam a evolução de processos industriais, como é o caso de alguns países da África e da Ásia.
O continente africano ainda é a região menos industrializada do mundo. Segundo relatórios da União Africana (UA) e da Comissão Econômica da ONU para África (CEA), enquanto na região norte da África houve um leve crescimen to do produto interno bruto (PIB) nos últimos anos, nos países que compõem a região conhecida como África Subsaariana constatou-se um recuo recente de quase 4% no PIB.
Ainda sofrendo com o legado da escravidão e do colonialismo, a economia do continente depende da ex portação de matéria-prima e bens primários para países desenvolvidos – e da importação de bens de consumo. Existem planos em andamento para fomentar a industrialização regional da África. Em agosto de 2018, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvi mento Industrial (Unido, na sigla em inglês) firmaram um compromisso para aprofundar a colaboração entre os países africanos, a fim de acelerar sua industrialização.
A ideia é facilitar a cooperação entre as instituições e a atuação conjunta, de modo a desenvolver agroindústria, economia circular, parques industriais sus tentáveis, empreendedorismo, investimentos em inovação e tecnologia, além de fomentar o comércio e mais linhas de financiamento.
Um dos desafios da industrialização africana é a falta de a mão de obra qualificada. Como o continente tem uma população predominantemente jovem, composta sobretudo por adolescentes e jovens adultos, é preciso formar téc nicos capazes de trabalhar nas novas áreas trazidas pela Terceira Revolução Industrial e garantir que eles consigam trabalho nas regiões onde moram.

domingo, 16 de novembro de 2025

Multiplicidade cultural

A multiplicidade cultural, ou multiculturalismo, refere-se à diversidade de manifestações, pensamentos, costumes, organizações familiares, linguagens, rituais, tradições, etnias, entre outros aspectos, que caracterizam grupos que habitam um mesmo território. A cultura, por sua vez, é o conjunto de símbolos, hábitos e capacidades espirituais, materiais, não materiais, intelec tuais e afetivos adquiridos pelos membros de uma sociedade e passados de geração em geração. Envolve conhecimento, moral, crenças, leis, modos de vida, visões de mundo, entre outros elementos. A cultura é uma criação humana, pois é próprio do ser humano atribuir sentidos a suas ações, con cretas ou simbólicas. Cada cultura tem características que a diferem de outras. Esse conjunto de características, conhecido como identidade cultural, confere a cada indivíduo o sentimento de pertencimento a um grupo, o que se expressa por um conjunto de modos de agir, pensar, vestir-se, alimentar--se, lidar com o poder, com o sagrado, entre outras coisas. Porém, com a globalização, são raras as culturas que conse guem se manter totalmente isoladas.

Um bom exemplo vem da gastronomia. Em toda grande cidade são encon trados restaurantes com pratos das mais variadas nacionalidades: japoneses, italianos, mexicanos, portugueses, ou com sabores e tradições comuns a mais de uma cultura. As culturas acabam influenciando umas às outras. Muitas vezes, é difícil saber a origem de um prato típico, bem como de um costume, de um idioma ou de um vestuário. Isso se deve, atualmente, à influência cada vez mais presente da facilidade de deslocamento e do acesso à informação, propiciados pela evolução dos meios de transporte e comunicação.

Diversidade cultural: patrimônio da humanidade


A cultura e sua diversidade são tão importantes para as comunidades huma nas que, em 2001, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) elaborou a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, com o objetivo de reafirmar a preocupação dos países-membros com a preserva ção e o respeito universal à diversidade cultural dos povos e das nações. Essa declaração estabelece que a diversidade cultural é um patrimônio da humanidade, manifestando-se na originalidade e na pluralidade de identidades características de grupos e sociedades. Com a diversificação cada vez maior da sociedade, é indispensável garantir uma interação harmoniosa com as pessoas, os grupos e suas identidades cul turais, pois ela é uma das fontes do desenvolvimento humano e um meio para uma existência afetiva, moral, intelectual e espiritual satisfatória. O respeito à diversidade cultural, portanto, é parte indissociável dos direi tos humanos e deve assegurar a livre expressão, o pluralismo de ideias e a igualdade de participação política e de acesso ao conhecimento científico, tecnológico e artístico.

Minorias


Quando tratamos de grupos sociais, “minoria” não significa quantidade menor de indivíduos. Muitas vezes, é de uma maioria que estamos falando. Os afrodescendentes, por exemplo, são considerados uma minoria, embora formem mais da metade da população brasileira. Quando se diz que um grupo é minoritário, isso se refere aos direitos que lhe são negligenciados, tornando-o, por questões históricas, uma parcela mais vulnerável da socie dade. Esses grupos costumam ser discriminados pelo grupo dominante em razão da cor da pele, gênero, religião, origem geográfica, orientação sexual, etnia ou situação econômica – e, em alguns casos, por mais de um desses fatores. Outro exemplo de minoria no Brasil são os povos indígenas. A maioria das etnias indígenas foi removida de suas terras originárias, que habitaram por milhares de anos, sendo deslocada para reservas que, muitas vezes, desvir tuam seus modos de vida.

Os quilombolas formam outra minoria. São grupos étnicos que descendem dos negros trazidos à força da África e escravizados no Brasil e que ocupam determi nada porção de terra. Essa terra pode ter sido comprada pelos próprios indivíduos, doada a eles, obtida como troca por prestação de serviços ou ocupada como forma de resistência à escravidão. Existem comunidades remanescentes de quilombos em praticamente todos os estados brasileiros. As maiores concentrações estão nas regiões Nordeste e Sudeste. Conforme os dados levantados pela Funda ção Palmares, publicados na Portaria no 34/2019, no Brasil há 3 271 comunidades quilombolas certificadas. Apesar da existência de um número expressivo, apenas 174 comunidades receberam o título de suas terras. A Constituição Federal de 1988 assegura, no artigo 68, o direito dos quilombolas à terra.

Os costumes e modos de vida nas comunidades remanescentes de quilom bos foram fortemente influenciados pela cultura negra, indígena e cristã, com festividades, cantos e evocações próprios. Existem também minorias formadas por povos nômades, como os ciganos, os banjaras (ciganos da Índia), os beduínos e tuaregues (Oriente Médio e Norte da África), os fulânis (da costa atlântica do Senegal à densa selva centro-afri cana), os bosquímanos (sul da África), os aborígenes australianos e parte dos mongóis (Mongólia). Algumas minorias são definidas pela religião que seguem. É o caso da comunidade amish, um grupo cristão derivado do protestantismo alemão e suíço que vive no Canadá e nos Estados Unidos. Os amish são conhecidos por seus costumes conservadores e por manter distância da sociedade moderna, não fazendo uso de energia elétrica, aparelhos eletrônicos ou automóveis. Segundo eles, essas modernidades os afastariam do verdadeiro propósito cristão de retidão e de humildade.

 Globalização e diversidade cultural

Apesar de não ter surgido com a globalização, o multiculturalismo e a diver sidade cultural se acentuaram com ela. As migrações em busca de oportuni dades levaram para outros países culturas diferentes, que lá foram absorvidas total ou parcialmente. 
Os haitianos e os venezuelanos são dois exemplos de migrantes, que, fugindo da crise política e econômica em seu país, optaram por entrar em terri tórios estrangeiros, incluindo o Brasil, em busca de oportunidades. Para alguns, no entanto, a globalização moderna põe em risco a preservação de sua identidade e da diversidade cultural. Atrelada ao capitalismo, que visa principalmente ao lucro, essa diversidade vem sendo alvo, muitas vezes, de apropriação cultural, que desvirtua o sentido original da cultura local, podendo levar ao seu desaparecimento e até à sua completa assimilação por outra sociedade. A história registra vários casos de nações que invadiram territórios e con tinentes e impuseram seus costumes e modos de vida, muitas vezes por meio de violência, como no caso da colonização de alguns países da América Latina pelos conquistadores espanhóis, que resultou no quase desaparecimento das culturas inca, maia e asteca.

Etnocídio 

Quando uma cultura é destruída por outra, ocorre o que se denomina etnocídio. Os membros da cultura dominada são forçados a deixar suas tradi ções e a aceitar a dos invasores. Muitas vezes, seus costumes e modos de vida são vistos como inferiores pelos dominadores, e assim sua prática aos poucos é desestimulada. Em geral, o idioma é o primeiro a ser anulado, principalmente quando o povo dominado faz uso de transmissão oral, ou seja, não conta com um sistema de escrita. A perda do idioma de um povo significa o esquecimento gradativo de sua história.


O PROTAGONISMO FEMININO E O MULTICULTURALISMO

As diferentes formas de organização social e cultural influenciam a condição das mulheres nas sociedades de acordo com os valores e os papéis sociais a elas atribuídos. Nas organizações sociais tradicionais, era papel da mulher prover toda a comunidade. Apenas com o estabelecimento de agrupamentos sociais mais hierarquizados e a influência do cristianismo é que as mulheres passaram a desempenhar apenas o papel de cuidadora da casa e dos filhos, instituindo um modelo de sociedade patriarcal em que o homem é detentor dos direitos de trabalho, liberdade e participação política, entre outros. Com a necessidade de aumento da produção para atender às demandas da sociedade, as mulheres passaram a ser contratadas nas fábricas, recebendo menores salários e sem direitos trabalhistas. Foi somente após os movimentos sufragistas, no início do século XX, que as mulheres conquistaram o direito ao voto. Desde então, a luta das mulheres em busca de igualdade salarial, direitos, segurança e liberdade ganhou mais força. Tais movimentos acontecem de maneira distinta em cada cultura. Por exemplo, atualmente mulheres mulçumanas têm se posicionado cada vez mais contra a intolerância religiosa sofrida quando são vistas de hijab, vestimenta tradicional da religião. 
Os países do Oriente têm se destacado nos últimos anos em razão de seus avanços científicos e tecnológicos. Com isso, diversas pessoas com influências midiáticas têm trabalhado para expor a realidade de culturas, como forma de quebrar os estereótipos criados pela cultura ocidental. No infográfico a seguir, podemos analisar alguns exemplos de protagonismo feminino em diversas áreas. Esses exemplos do infográfico mostram importantes avanços de mulheres que não estão inseridas em contextos culturais ocidentais, colocados como padrão dominante.

Os centros da moda no mundo

As conexões estabelecidas a partir das trocas comerciais interferiram em todas as esferas da vida social, inclusive no comércio de tecidos, roupas e tapeçarias. Os processos relacionados à produção de vestimentas estão inseridos em uma teia de relações que envolve desde a fragmentação da produção, em que os modelos são projetados em um país e produzidos em outros, até na forma de se vestir, em que pessoas se identificam com diferentes características identitárias e culturais. Com a Segunda Revolução Industrial e com o desenvolvimento da indústria têxtil por toda a Europa, padrões de design e qualidade de alfaiataria começaram a ser desenvolvidos, dando origem às principais grifes da moda. A representação do gosto das elites pelas produções de cidades como Milão (Itália), Paris (França), Londres (Inglaterra) e Nova York (Estados Unidos) criou uma indústria seletiva de consumo direcionada aos grupos sociais mais ricos e sendo desejo de outros grupos sociais menos favorecidos. No entanto, as escolas da moda têm se descentralizado da Europa em cidades como Tóquio (Japão), Seul (Coreia do Sul), Toronto (Canadá) e Mumbai (Índia). Esses locais se destacam em suas criações e passaram a ter influência na forma de vestir em todos os países do mundo.

Além dessas cidades globais da moda, existem outras no mundo que têm influência em determinados seguimen tos, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil. O Brasil ocupa o 5o lugar do ranking produtivo de calçados em razão das atividades relacionadas ao setor pecuário, como a disponibilização de couro. Analise o gráfico a seguir. A indústria da moda tem uma cadeia produtiva com plexa e articula diferentes setores: agropecuário, químico, design, publicidade, propaganda e mídia especializada que se utiliza de técnicas, tecnologias e pesquisa científica para analisar tecidos e couros. A Divisão Internacional do Trabalho estabelece os lugares onde serão realizadas cada uma das etapas da produção: matéria-prima, planejamento, estraté gia, venda, entre outras, o que resulta em distintos valores de custos da produção.

AS TROCAS CULTURAIS NA GLOBALIZAÇÃO


O começo do processo de mundialização se dá a partir do momento em que diversos locais do mundo passaram a ser conhecidos em escala global. Esse processo ocorreu a partir dos séculos XV e XVII e é marcado pela expansão das redes econômicas dos impérios europeus e asiáticos para a África, a América e a Oceania em busca de novos produtos para comercialização e expansão territorial. Além da comercialização das mercadorias e da disputa pela predominância econômica, o contato entre os diferentes povos, por meio das invasões de novos territórios, resultou na impo sição da cultura dos colonizadores. Os mosaicos formados pelos azulejos mouriscos, por exemplo, foram importados por Portugal durante o século XV, uma das heranças adquiridas após as Conquistas Árabes (VIII-XII). Praticamente todo o território espanhol e português foi tomado pelos árabes, e, por centenas de anos, a cultura moura influenciou os padrões arquitetônicos e outros aspectos culturais. Esses aspectos foram incorporados pela cultura portuguesa e nos países onde houve processo de colonização, que estão evidentes em algumas construções em países como Brasil e Moçambique, por exemplo.

A globalização é o fenômeno que resulta dessa intensa integração entre os aspectos eco nômicos, sociais e culturais dos diferentes lugares do mundo, o que possibilita reduzir distâncias entre eles. As trocas culturais ficaram cada vez mais intensas em decorrência dos avanços das tecnologias de transporte e comunicação, assim como o aumento dos fluxos financeiros. As transformações nas tecnologias de comunicação, por exemplo, permitem-nos enviar e receber mensagens em tempo real, de qualquer lugar do mundo. Além disso, possibilitam a disse minação de produções artísticas, como filmes, séries e músicas, de diferentes países, contribuindo para a difusão de características culturais e modos de vida nos diferentes lugares do mundo. Analise a imagem a seguir. Os cabos submarinos permitem a troca de informações e energia e conectam territórios como Estados Unidos, China e o continente europeu, onde há a expansão dos grandes empreendimentos finan ceiros e tecnológicos. Outra importante caracterís tica da globalização é a organização espacial produtiva. Atualmente, as multinacionais possuem unidades em diferentes lugares do mundo, com o objetivo de diminuir os custos de produção e aumentar os lucros. Assim, as empresas passam a ter influência não apenas em seu país de origem, expandindo seu fluxo de produtos e capitais em escala global.

Na Divisão Internacional do Trabalho, há países que produzem matéria-prima e há outros que são industrializados e fornecem produtos manufaturados. O Brasil, por exemplo, exporta majo ritariamente produtos agrícolas e minérios e importa tecnologia de outros países. Assim, embora a globalização possibilite a intensificação das trocas culturais e tecnológicas, também contribui para o aumento das desigualdades entre os países, tendo em vista que eles apresentam diferentes níveis de influência econômica, política, militar e cultural em escala global. A seguir, vamos conhecer alguns exemplos de trocas culturais na globalização.

A influência cultural estadunidense


Os Estados Unidos, além de serem uma potência política, econômica e bélica, são também uma potência cultural da indústria do entretenimento. Os Estados Unidos não apenas influenciam, mas fazem escola no cinema, nas histórias em quadrinhos, nos pro gramas de televisão, entre outros. A partir da segunda metade do século XX, os Estados Unidos têm ampliado sua influência impe rialista, tanto no campo da política e da economia, quanto na cultura. Eles foram responsáveis pelos empréstimos para reestruturação econômica dos países europeus pós Segunda Guerra Mundial, dolarizando a economia mundial. Assim, os Estados Unidos passaram a exercer influência nos costumes, hábitos e estilos de vida, principalmente por meio da indústria cinematográfica e televisiva. Um exemplo são as constantes propagandas sobre o modo de vida estadunidense, conhecido como American Way of Life. A indústria cinematográfica foi o principal meio de propaganda dos aspectos culturais estadunidenses, passando uma imagem idealizada de suas condições de vida. A presença da cultura estadunidense no mundo pode ser percebida de diversas formas, como a adoção de palavras e expressões da língua inglesa, os hábitos de consumo e a organização pro dutiva em vários países. Esses valores foram aos poucos sendo consolidados nos países da América Latina e em outros no mundo. Na imagem podemos observar pessoas em Dubai, consumindo em um restaurante fast-food, uma característica da cultura estadunidense mais difundida no mundo.

Atualmente, a preocupação dos Estados Unidos em manter seu status de maior potência bélica e econômica mundial é intensificada com a bipolarização causada pelo crescimento econômico e bélico da China, colocando-a como nova potência mundial.

A globalização e o rap


Com a globalização, o rap se disseminou por vários lugares do mundo, incorporando, em seu estilo, características locais. A desterritorialização das culturas faz com que, mesmo estando espacialmente separados, os jovens de vários lugares do mundo criem novas identificações. Um dos exemplos dessas novas identificações pode ser localizado no movimento hip hop como um todo e mais especificamente no rap. Os meios de comunicação, a indústria fonográfica, a televisão a cabo e a internet, especialmente, tornaram-se os canais de “reunificação” das identidades culturais que se formam sem que o território da nação seja sua referência exclusiva. Com isso, outras identidades se sobrepõem de maneira cada vez mais contundente: a negra, a jovem, a excluída, a periférica. O movimento hip hop pode ser considerado exemplo desse processo de globalização das culturas que tem como corolário a ideia de desterritorialização e a reunião daquilo que está ter ritorialmente separado através da comunicação. O rap surgiu como uma música dos jovens negros dos bairros periféricos dos Estados Unidos, no final da década de 1970, e logo foi apropriado por jovens negros, mestiços e excluídos das periferias de todo o mundo. “Periferia é periferia em qual quer lugar” é o título de uma canção do grupo de rap brasileiro Racionais MC’s e resume a ideia de que em qualquer periferia, qualquer jovem negro e/ou excluído está submetido às mesmas e precárias condições de vida.

No caso do Brasil, em particular, forma e conteúdo se adaptam à realidade cul tural brasileira, onde os sons do samba, baião, embolada e outros gêneros musicais produzidos pelos grupos negros e mestiços são incorporados ao som do rap, seja na batida – como base para os scratching ou nos samplers – seja nas letras, com a presença de elementos da cultura negra nacional, como Zumbi dos Palmares.

Hallyu: a onda cultural sul-coreana


A partir dos anos 2000, com a expansão do acesso à internet e às redes sociais, o consumo dos k-dramas (séries coreanas) e do k-pop (gênero musical produzido no país) vem aumentando exponencialmente em diversos países. Essa divulgação da cultura coreana é chamada de Hallyu, a “onda coreana”. É possível notar, por exemplo, a maior presença dessas produções em grandes plataformas de streaming do mundo todo.

Além do cinema e da música, outros produtos como cosméticos, jogos de vídeo game, roupas e alimentos, por exemplo, também sofreram um aumento das impor tações em decorrência da Hallyu. No gráfico a seguir, podemos analisar os produtos culturais da Coreia do Sul que são mais consu midos em outros países.

A xenofobia contra as produções sul-coreanas


Com a difusão do cinema sul-coreano, houve o aumento de discursos de ódio e xenofobia contra várias produções do país asiático. Assim como no cinema, grupos famosos de k-pop presenciam e relatam situações em que sofrem com tal violência. Nas adaptações feitas pela indústria cinematográfica de Hollywood, muitas vezes as características culturais de outros países são apagadas em detrimento da cultura estadunidense. No entanto, o mesmo não acontece quando a indústria cinematográfica da Coreia do Sul produz seus remakes de grandes produções de outros países.

China: política e desenvolvimento econômico

A China abriga a maior população do mundo. É um país predominantemente rural que se tornou uma das maiores economias mundiais da atualidade ...