quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

População no continente asiático

Território e população


Com uma superfície territorial de aproximadamente 45 milhões de km2, o que equivale a cerca de um terço das terras emersas do planeta, a Ásia é o maior con tinente da Terra. 
Por causa de sua grande dimensão territorial, tanto no sentido leste-oeste co mo no sentido norte-sul, o continente tem uma grande variedade de aspectos físicos, como cadeias montanhosas e hidrografia importante. 
As diversas condições climáticas também se destacam na Ásia, com áreas onde predominam climas frios e extremamente rigorosos, como a Sibéria, na porção asiática da Rússia, e outras marcadas por climas quentes e de chuvas abundantes, a exemplo do sul e do sudoeste.
A Ásia concentra quase dois terços da população mundial e é o continente mais populoso do planeta, com cerca de 4,7 bi lhões de habitantes. A China e a Índia concentram, juntas, cerca de 60% da população asiática.

Distribuição da população 


Mesmo numerosa, a população asiática não está distribuída de maneira uniforme pelo continente. De modo geral, essa população está concentrada, principalmente, ao longo dos vales e dos rios e nas planícies, áreas mais favoráveis para o desenvolvimento da agricultura e da pecuária e também para a construção de cidades.
De acordo com os dados de 2020, seis países da Ásia estavam entre as maiores populações do mundo. Algumas das cidades mais populosas do mundo são asiáticas. Grande parte da população asiática ainda vive no campo. No entanto, os fluxos migratórios do campo para a cidade estão em crescimento na maioria dos países.
Apesar de não estar no ranking dos dez países mais populosos, o Japão também abriga um elevado número de pessoas (125 milhões de habitantes, em 2020).
Considerando sua pequena extensão territorial, a densidade demográfica do país é bastante elevada. Índia, Coreia do Sul e Indonésia também estão entre os países mais povoados do mundo. 
Na China, a população está predominantemente concentrada na porção litorânea e no sudeste do país. O Oriente Médio registra níveis de densidade demográfica significativos, com destaque para Turquia, Irã e Israel.
Apesar de a Rússia abrigar um número elevado de habitantes, possui vasta extensão territorial, sendo a densidade demográfica baixa.
Os povos asiáticos são diversos e podem ser reunidos em grandes grupos linguísticos, a exemplo de semitas, turcos, indo-europeus, afro-asiáticos, sino-tibe tanos, dravidianos, entre outros. Das etnias mais numerosas, destacam-se árabes (Oriente Médio), hindus (sul da Ásia), chineses (han), vietnamitas, coreanos e japo neses (leste da Ásia), além de javaneses e filipinos (sudeste da Ásia).
As principais religiões são o Islamismo, presente principalmente no Oriente Médio, no sul e no sudeste da Ásia; o Hinduísmo, praticado, sobretudo, no sul asiático; e o Budismo, prevalente em partes do leste e do sudeste do continente. O Cristianismo também é presente, sobretudo nas Filipinas e em partes da Rússia.

Perfil cultural da população


A população do continente asiático é bastante diversificada em razão da presença de muitas culturas e etnias. Alguns países, como a Rússia, a Índia e a Malásia, são considerados multiétnicos, o que implica, eventualmente, a ocorrência de conflitos étnicos e territoriais.
De forma abrangente, é possível dividir os povos do continente por região: no noroeste, predominam os povos caucasianos (russos e europeus); a porção sul é habitada por povos indianos; o Oriente Médio concentra povos árabes, judeus, persas e turcos; no leste da Ásia, encontram-se chineses, japoneses e coreanos.
Além das diferentes etnias, a presença de religiões diversas reflete a grande diversidade dos povos asiáticos. A Ásia é o berço das principais religiões do mundo, entre as quais se destacam o hinduísmo, amplamente praticado na Índia e no Nepal; o budismo, cujos adeptos estão espalhados pela Mongólia e pelos países do Sudeste Asiático, entre outros; o judaísmo, com adeptos em Israel e, em menor escala, na Rússia e em outros países; o islamismo, amplamente praticado nos países árabes, no Irã, na Turquia e na Indonésia; o xintoísmo, cuja maior parte dos praticantes se localiza no Japão; e o cristianismo, praticado no Timor Leste e nas Filipinas, entre outros países.

O crescimento populacional na Ásia 


Em cada grupo de 100 pessoas que compõem a população mundial, 60 vivem na Ásia. Ainda que sua população tenha crescido mais lentamente desde o final da década de 1990, o continente ainda registra uma das taxas de crescimento populacional mais elevadas entre as regiões do mundo, atrás apenas da África. 
O crescimento populacional, contudo, não é homogêneo entre os países asiáticos. Alguns, como a China e a Coreia do Sul, apresentam taxas de crescimento em torno de 0,1% ao ano. Outros, como Malásia e Filipinas, têm taxas de aproximadamente 1,02%. De modo geral, contudo, as populações dos países asiáticos, com exceção do Japão, têm em sua estrutura etária um grande percentual de jovens.
O crescimento expressivo das populações dos países asiáticos não interfere apenas no número de habitantes do continente, mas em sua qualidade de vida. Quanto maior o número de pesso as, maior será a demanda por serviços de saúde, emprego, moradia, saneamento, transporte, energia, habitação e alimentos. Em razão dessa demanda, os pro blemas sociais e ambientais também se tornam cada vez mais graves.

A política de controle de natalidade 


Diante das elevadas taxas de crescimento de suas populações, principalmente na segunda metade do século XX, alguns governos asiáticos adotaram políticas de controle do crescimento demográfico, baseadas em medidas severas de con tenção da natalidade. 
Entre esses países, estão a Índia e a China. A seguir, com mais detalhes, confira em que consistem essas políticas.

Índia 


Medidas como esterilização de mulheres e incentivo ao uso de métodos contra ceptivos e ao planejamento familiar foram algumas das alternativas adotadas pelo governo indiano com o intuito de atenuar a expansão demográfica no país. 
Embora os últimos anos da década de 1980 tenham registrado uma ligeira diminuição no índice de crescimento da população, influenciada pela queda na taxa de natalidade, esse fato não foi suficiente para alterar o quadro da expansão demográfica no país, pois as taxas de mortalidade também diminuíram no mesmo período. 
Em virtude desse cenário, atualmente alguns estados indianos vêm estudando adotar penalidades para casais que tenham mais de dois filhos.

China 


A China, diante do problema da expansão demográfica na década de 1970, implementou uma política de controle demo gráfico que ficaria conhecida como a “política do filho único”. Essa política impunha que as famílias chinesas tivessem ape nas um filho por casal. 
Desobedecendo a essa lei, famílias, com exceção para as do campo e algumas minorias étnicas, es tavam propensas a sofrer rígidas punições impostas pelo governo, como pa gamento de multas, perda de alguns benefícios sociais e, em alguns casos, perda do emprego, além de discriminação perante a sociedade. 
Programas de divulgação de métodos contraceptivos, como o uso de pílulas anticoncepcionais, também foram adotados no país. O rígido controle imposto pelo governo chinês no passado repercutiu na diminuição significativa do número de jovens chineses e, nas últimas décadas, no aumento do número de idosos na composição da população. 
Em 2016, o governo passou a permitir que os casais tenham até dois filhos.

Os contrastes socioeconômicos 


O continente asiático reúne países com características socioeconômicas bem contrastantes. Para ter uma noção dessa disparidade socioeconômica no continente, ao com pararmos a renda per capita do Japão no ano de 2021, que foi de 39 285 dólares, com a de Bangladesh, registrada nesse mesmo ano, que foi de 2 503 dólares, ve rificamos que os valores de ambos os países apresentaram uma discrepância de 36 782 dólares. 
Isso significa que a renda per capita do Japão nesse período foi aproximadamente 15 vezes maior que a de Bangladesh. Além disso, o contraste socioeconômico ocorre de maneira interna, pois em al guns países é possível observar pessoas extremamente ricas e outras muito pobres.
Os contrastes nesse continente também podem ser caracterizados pelos fato res a seguir: 
• países como a China e a Índia, que, mesmo com alguns indicadores sociais ruins, vêm apresentando, nos últimos anos, crescimento econômico elevado; 
• o Japão, com elevado nível de industrialização e indicadores socioeconômicos com valores expressivos; 
• em alguns países, principalmente os situados no sul do continente, podemos constatar que mais de 15% das pessoas vive com menos de 1,90 dólar por dia, ou seja, parte da população vive em condições de extrema pobreza.

Indicadores socioeconômicos


Diversos indicadores evidenciam o perfil socioeconômico de uma população. Neste tópico, vamos conhecer alguns deles e compreender melhor as características do continente lhor asiático.

Produto Interno Bruto (PIB)


Dois países asiáticos estão entre as cinco maiores economias do mundo: a China, cujo PIB nacional foi maior que 14 trilhões de dólares em 2021, segundo o Banco Mundial, e corresponde a cerca de 17% do total mundial; e o Japão, com PIB de 5 trilhões de dólares, que representa 5% do total mundial. A Rússia, a Índia e a Indonésia também apresentam PIB elevado e, por isso, se destacam no cenário internacional.
No continente asiático, os países que registram atualmente os maiores PIB per capita são Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar e Cingapura.

Taxa de analfabetismo


A taxa de analfabetismo revela a quantidade de pessoas que não sabe ler e escrever em determinado lugar. Essa taxa costuma ser muito baixa em países que investiram no sistema de educação ao longo das últimas décadas, como Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Rússia, Filipinas e países situados na Ásia Central. Nesses países, mais de 95% da população é alfabetizada.
No entanto, no continente asiático, a maior parte da população não tem acesso à educação e é impedida de se alfabetizar, como ocorre no Paquistão e, de maneira mais abrangente, no Afeganistão.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)


O Índice de Desenvolvimento Humano mensura as condições de vida em um país com base em três eixos: saúde, educação
e renda.
No continente asiático, o IDH varia bastante, pois os países apresentam diferentes níveis de desenvolvimento social e econômico. 
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano publicado pelo Pnud em 2020, Cingapura, Israel e Japão registraram os mais elevados IDHs do continente. Iêmen e Afeganistão apresentaram, naquele ano, os piores índices, considerados baixos. Isso significa que nesses países a expectativa de vida é mais baixa que nos demais países, assim como a renda per capita e a média de anos de escolarização.

Coeficiente de Gini


O coeficiente de Gini é o indicador da desigualdade social. Ele varia entre 0 e 100, revelando a concentração de renda em determinado país.
Os países que registram coeficiente próximo a 0 apresentam maior igualdade econômica entre seus habitantes. Esse é o caso de Cazaquistão, Quirguistão, Iraque e Timor Leste, que registraram, entre 2010 e 2018, coe ficientes iguais a 30 ou abaixo. Turquia, Irã e Filipinas estão entre os países com maior desigualdade, com coeficientes acima de 40.

Ásia: recursos naturais

Principais características naturais da Ásia 


O continente asiático é banhado pelo Oceano Pacífico a leste, pelo Índico ao sul e pelo Glacial Ártico ao norte. Seus limites a oeste, com o continente europeu, são marcados pelos mares Mediterrâneo, Negro e Cáspio, além dos limites terrestres pelos Montes Urais e pela Cordilheira do Cáucaso. Com a África, tem como limites os mares Vermelho e Mediterrâneo e o Canal de Suez.
O continente asiático tem grande variedade de recursos naturais e energéticos. Porém, a exploração desses recursos depende da disponibilidade de tecnologia, e muitos países da Ásia não têm condições materiais e econômicas para explorá-los.

Carvão mineral


A Ásia abriga enormes reservas de carvão mineral, distribuídas de forma desigual no território. As maiores reservas estão localizadas na Sibéria (porção leste da Rússia), nos países da Ásia Central, na Índia e na China, que utilizam esse recurso em larga escala como fonte de energia para o setor industrial.

Petróleo e gás natural


Em relação ao petróleo e ao gás natural, a Ásia detém pelo menos dois terços das reservas mundiais. Grande parte delas está concentrada na Sibéria e na região do mar Cáspio. Porém, os maiores depósitos estão localizados nos países do Oriente Médio, com destaque para Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Irã e Kuwait. Esses países estão entre os principais produtores de combustíveis fósseis do mundo. Nas últimas décadas, os países do Sudeste Asiático, como a Malásia, vêm aumentando a exploração das reservas situadas em seus territórios.

Minério de ferro


Apesar da presença de muitos depósitos de minério de ferro na Ásia, alguns países possuem pequenas reservas e dependem das importações para obter esse recurso, como o Japão e a Coreia do Sul. As maiores reservas de minério de ferro estão localizadas na China, na Índia e na Rússia.

Urânio


As reservas mais ricas de urânio são encontradas na Ásia Central. A China e a Índia têm investido recursos para explorar as próprias reservas.


Acordos e políticas de conservação dos ambientes naturais


Diversos países do continente asiático vêm sofrendo com os efeitos negativos das mudanças climáticas em curso e com os demais impactos ambientais. Além do aumento das temperaturas médias, alguns países insulares, como Sri Lanka e Maldivas, poderão ser gravemente afetados pela elevação do nível do mar, caso as ações antrópicas que contribuem para a elevação da temperatura global não sejam controladas.
Esse preocupante cenário, associado à tendência de grande crescimento demográfico nas próximas décadas, tem levado muitos governos asiáticos a adotar políticas individuais e coletivas de conservação dos ambientes naturais, de mitigação dos impactos gerados pelas atividades humanas e de redução de riscos à população.
A China, por exemplo, protagoniza a atual agenda ambiental do continente. O país tem se destacado como um dos principais poluidores em razão dos elevados índices de industrialização e crescimento econômico registrados nas últimas décadas. A questão ambiental tem sido incorporada à política chinesa, cujo objetivo principal é atingir as metas de neutralidade de carbono até 2060, preservando o ritmo de crescimento do país.

Leste Europeu e CEI

Há poucas décadas, o conjunto de países que conhecemos como Leste Europeu estava sob a zona de influência do socialismo soviético.
Por isso, passaram por um processo de desenvolvimento diferente daquele observado na quele Europa ocidental.
Os anos após a Segunda Guerra Mundial foram marcados pela transformação de uma ordem geopolítica baseada na hegemonia europeia em uma ordem bipolar, na qual duas grandes potências rivalizavam militar, econômica e ideologicamente: Estados Unidos e URSS.
Esse período, conhecido como Guerra Fria, caracterizou-se pela tensão permanente diante da ameaça de uma guerra nuclear sem precedentes.
Estados Unidos e URSS protagonizaram o embate apoiados por seus arsenais militares e incentivados pela defesa de suas visões de mundo.
Do lado soviético, a sociedade se estruturava em torno do socialismo de matriz stalinista, caracterizado, nesse contexto, pela economia estatizada, pelo foco no estabelecimento da indústria pesada, pela centralização do poder nas mãos do partido comunista e pela criação de uma estrutura de serviços sociais públicos.
Do lado estadunidense, defendia-se a consolidação do modelo capitalista, com o livre mercado, a iniciativa privada e a competição como motores do aprimoramento econômico e social.

A divisão da Europa


Estados Unidos e URSS demarcaram as respectivas áreas de influência geopolítica, conquistando apoios e aliados. Estava estabelecida a ordem bipolar. Os países europeus, destruídos pela guerra, buscavam se reconstruir economicamente e se posicionar nesse cenário, formando alianças políticas e aderindo a uma das duas esferas de poder.
Na Europa ocidental, a ajuda financeira fornecida pelo Plano Marshall (1948-1952) e a criação, em 1949, da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) marcaram a adesão ao modelo capitaneado pelos Estados Unidos.
Os países do leste da Europa, por sua vez, alinharam-se ou foram integrados à URSS após as Conferências de Yalta e de Potsdam (1945), estendendo a área de influência soviética por toda essa região, até os territórios controlados na Berlim Oriental.

O período de influência soviética


Sob o regime soviético, os países do Leste Europeu incorporaram as características políticas e econômicas ditadas por Moscou, com o Estado comandado por um partido autoritário que controlava a economia visando a uma rápida transição do modelo agrário para o industrial.
Mesmo com a existência de diferentes povos com culturas e tradições distintas, houve relativa estabilidade. Entretanto, havia insatisfações em relação ao modo como a política e a economia eram conduzidas pela URSS, que sufocavam militarmente qualquer tentativa de contestação social.
Sob o regime soviético, os países do Leste Europeu tiveram menor desenvolvimento econômico em comparação com os países mais ricos do lado ocidental, como Alemanha e França. Entretanto, houve melhora significativa nas condições de vida da população e ampliação da capacidade industrial.

Colapso da URSS e a formação da CEI


A passagem dos anos 1980 para os 1990 foi marcada por grandes transformações políticas e sociais na URSS e nos países alinhados do Leste Europeu.
A economia soviética chegava ao final do século XX com ritmo de crescimento cada vez menor. Os gastos expressivos com defesa militar e com investimentos na indústria pesada prejudicavam o desenvolvimento de outros setores, levando à escassez crescente de produtos e ao descontentamento popular.
Naquele momento, as economias mais ricas do Ocidente atravessavam a terceira etapa da Revolução Industrial, com a introdução de tecnologias modernas que não estavam disponíveis no mundo socialista, aumentando a desigualdade econômica entre os dois polos.
Internamente, o descontentamento popular com o autoritarismo político, a estagnação da economia e a perda da qualidade de vida eram crescentes e tomavam forma como movimentos sociais, muitos deles clandestinos.
Pressionado, o governo soviético iniciou uma série de reformas com o propósito de aumentar o grau de autonomia política e econômica dos países do Leste Europeu. Esse afrouxamento no rígido controle central foi suficiente para que vários países sob influência soviética buscassem independência.
Entre 1989 e 1991, esse processo levou à queda do Muro de Berlim, ao fim da URSS e a uma profunda reconfiguração das fronteiras do Leste Europeu.

Comunidade dos Estados Independentes


As revoluções que puseram fim à URSS se expandiram para o Leste Europeu, o que resultou no abandono do modelo de socialismo soviético e em uma tentativa de reaproximação com a Europa ocidental capitalista, formalizando o abandono da esfera de influência russa.
Paralelamente, em 1991, sob liderança da Rússia, surge a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), criada com o intuito de conter o avanço da influência ocidental e, ao mesmo tempo, promover uma relação pacífica e igualitária entre as ex-repúblicas soviéticas.
Nesse sentido, a CEI é movida pela proposta de favorecer a cooperaçãoentre os países-membros em áreas como economia, saúde, educação, e desenvolvimento científico e tecnológico. Também tem como meta agir na mediação de conflitos entre os participantes e promover a gestão de estruturas econômicas e militares herdadas da era soviética.
Apesar da tentativa de estabelecer um ambiente de colaboração entre as ex-repúblicas soviéticas, há tensões entre os membros, sobretudo relacionadas à presença de movimentos separatistas na região.
A expansão da Otan sobre o Leste Europeu e o desejo manifestado por várias ex-repúblicas soviéticas de aderirem à União Europeia têm preocupado Moscou, que entende esses movimentos como ameaças ao seu projeto de hegemonia na região e, em alguns casos, como afrontas à segurança nacional russa.

Conflitos recentes


Em 2008, o conflito provocado pela ação dos separatistas da Ossétia do Sul que vivem dentro do território da Geórgia e a ação da Rússia, colocando-se militarmente a favor dos separatistas e contra a Geórgia, desencadearam a Guerra Russo-Georgiana, que culminou com a saída da Geórgia da CEI.
Entre 2014 e 2015, a Rússia ocupou militarmente a península da Crimeia, situada na Ucrânia, mas com maioria étnica russa. Em 2022, a Rússia atacou novamente o território ucraniano. Em ambas as situações, as alegações russas se apoiaram na necessidade de defesa de seu território diante do avanço da Otan, que, supostamente, estaria prestes a aceitar a inclusão da Ucrânia entre seus membros.
Em reação a essa postura da Rússia, parte da comunidade internacional, representada principalmente pelas maiores potências econômicas ocidentais, tem praticado sanções econômicas contra os russos, procurando uma estratégia não militar de contenção do país.

A questão energética


A Rússia é uma importante fornecedora de gás natural, utilizado como fonte de energia, para países do oeste da Europa. A dependência do gás russo impõe um limite às sanções que esses países podem aplicar à Rússia em casos de conflito.
Em contrapartida, parte das receitas russas se baseia na venda do gás à Europa ocidental. Desse modo, apesar de haver uma disputa geopolítica encampada pela Rússia no que se refere ao avanço do Ocidente sobre suas áreas de influência, há, ao mesmo tempo, a necessidade de manter relações comerciais com esses países.

Economia e inserção no cenário mundial


Os países do Leste Europeu, quando comparados às nações mais ricas do continente, apresentam economias menos desenvolvidas. Em parte delas, o setor primário, seja na agricultura, seja na exploração mineral, exerce maior influência na composição do PIB.
De modo geral, são economias que se encontram na transição de um modelo com grande influência estatal para uma economia de mercado nos moldes capitalistas. Nesse sentido, em vários países é necessário promover reformas nos sistemas tributários e jurídicos que contribuam para o aumento dos investimentos privados internos e externos.
Nações do Leste que integram a União Europeia, como Polônia, Hungria e Eslováquia, se valem das vantagens alfandegárias pertinentes ao bloco para atrair empresas do lado ocidental, que, por seu turno, visam se beneficiar com menores custos da força de trabalho. 
Situação semelhante ocorre em países que integraram a ex-Iugoslávia, como é o caso da Eslovênia e da Croácia, que hoje apresentam economias em desenvolvimento e atrativas ao mercado internacional, com destaque para o setor de turismo.
No âmbito da CEI, permanece uma forte dependência em relação à Rússia, sobretudo no que diz respeito ao fornecimento de energia. Muitos países do bloco contam com parques industriais antigos e tecnologicamente defasados.
Os níveis de desemprego são elevados, ocasionando uma pressão migratória do Leste em direção ao Oeste Europeu. Como consequência, as remessas financeiras enviadas pelos emigrantes constituem uma importante fonte de renda para muitas ex-repúblicas soviéticas.
Nesse contexto, as conquistas sociais da era socialista se deterioraram em razão do aumento significativo das desigualdades sociais.


terça-feira, 2 de dezembro de 2025

União Europeia: formação e consolidação

A União Europeia atua como um dos principais agentes econômicos e geopolíticos da atualidade. Seu processo de formação remonta ao período posterior à Segunda Guerra Mundial e se baseia na ideia de cooperação entre os membros. No entanto, o bloco tem enfrentado grandes desafios sociais e políticos.

Formação e consolidação


O continente europeu tem um histórico de disputas territoriais internas. Em duas ocasiões, esses conflitos resultaram em guerras mundiais, que trouxeram muitas perdas humanas e materiais.
Após a Segunda Guerra Mundial, os países europeus do Ocidente, ou seja, aqueles sob a esfera de influência capitalista, decidiram celebrar acordos de cooperação comercial com vistas a promover seu fortalecimento econômico e a melhorar as relações diplomáticas.
É importante considerar que, no período em foco, a Europa passava por um momento de perda do protagonismo econômico e geopolítico diante do crescimento dos Estados Unidos e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que desejavam ampliar sua influência sobre o continente europeu.
Nesse sentido, os acordos econômicos realizados entre países europeus do Ocidente serviam a propósitos econômicos particulares ao mesmo tempo que sinalizavam um posicionamento ideológico alinhado ao capitalismo capitaneado pelos Estados Unidos.
Ao longo de décadas, os acordos foram se tornando mais abrangentes e sofisticados, até culminarem na formação da União Europeia, que, é um bloco composto de 27 países que praticam “as quatro liberdades” – livre circulação de bens, capitais, serviços e pessoas – e que adotaram em suas transações internas e externas uma moeda única, o euro.
Esse processo, contudo, só foi possível depois de cumpridas muitas etapas, como veremos a seguir.

Benelux


Criado em 1944, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, o Benelux consistiu em uma aliança entre Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, em que ficou acordada a circulação de produtos sem tarifas alfandegárias.
Com isso, os três países se fortaleceram para evitar invasões dos dois vizinhos mais poderosos: Alemanha e França. O sucesso do Benelux deu início à organização de blocos econômicos na Europa.

Europa dos Seis


A criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), em 1951, representou o primeiro passo rumo à integração econômica dos países europeus capitalistas. No âmbito desse acordo, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo decidiram fazer a gestão conjunta de suas usinas de aço e carvão, de modo que esses países não podem produzir armas sem que os outros sejam consultados.
Além de facilitar a cooperação econômica, esse acordo tinha o intuito de sedimentar a paz entre os países-membros, a fim de evitar o surgimento de novos conflitos.
O sucesso do acordo motivou os membros a expandir a parceria, contemplando outras atividades econômicas, como a geração de energia atômica. 
Nesse mesmo período, foi criada a Assembleia Parlamentar Europeia, mais tarde chamada de Parlamento Europeu. Sua função, hoje, é criar leis e assegurar os direitos dos cidadãos europeus.
Nos anos 1960, foi instituída a Política Agrícola Comum (PAC), visando aumentar a produção de alimentos por meio do investimento em tecnologia agrícola, da proteção dos mercados internos de produtos estrangeiros e do subsídio da produção agrícola.

Europa dos Doze


Em 1973, Dinamarca, Irlanda e Reino Unido adotaram o projeto de integração, formando a Europa dos Nove.
Naquele momento, crises na economia global ocasionadas por aumentos abruptos do preço do barril de petróleo estimularam a criação de mecanismos de superação das desigualdades internas. Por meio deles, os países mais ricos da comunidade passaram a investir em projetos de desenvolvimento nos países mais pobres, formando um fundo de desenvolvimento regional europeu.
Na passagem dos anos 1970 para os 1980, Portugal, Espanha e Grécia adotaram regimes democráticos, depois de viverem sob governos autoritários.
Assim, aliaram-se à comunidade europeia, ampliando o número de membros para doze.

UE 27


Em 1992, o Tratado de Maastricht ampliou a integração entre os países -membros, assinalando a possibilidade de adoção de uma moeda única. No ano seguinte, a Comunidade Europeia tornou-se um mercado comum, estabelecendo as já mencionadas quatro liberdades: livre circulação de pessoas, bens, capitais e serviços. Nesse contexto, Áustria, Finlândia, Suécia anunciaram sua adesão ao bloco.
O Acordo de Schengen , firmado em 1995, estabeleceu uma área em que os viajantes podem atravessar fronteiras sem restrições. Esse acordo se expandiu e hoje permite a viagem sem controle de passaporte entre 26 países europeus.
Na passagem para o segundo milênio, ocorreu a introdução do euro, a moeda europeia que substituiu as moedas nacionais, aprofundando a integração econômica entre os países-membros.
A dissolução do bloco soviético e a redução da influência geopolítica das economias socialistas sobre o Leste Europeu permitiram a adesão de novos membros, a saber, países que estavam fazendo a transição do socialismo para o capitalismo. O último país a aderir foi a Croácia, em 2013, totalizando 28 países. Porém, em 2020, o Reino Unido se retirou do bloco, e atualmente há 27 países-membros.
Ao longo do processo de integração, a União Europeia ampliou sua relevância econômica e geopolítica, além de ter promovido melhoras significativas na qualidade de vida de sua população. Porém, ainda há desigualdades econômicas internas, sobretudo quando comparamos as economias mais desenvolvidas do bloco, como a da Alemanha e a da França, a economias de países do Leste Europeu.
Durante as duas últimas décadas, o bloco enfrentou graves crises econômicas globais, a ameaça do terrorismo e o forte aumento das pressões migratórias sobre o continente, com a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, motivada principalmente pela ocorrência de conflitos no Oriente Médio.
Diante desses desafios, intensificam-se as tensões entre alguns países-membros, ocasionando a adesão de parte da população a ideais nacionalistas que defendem o aumento da soberania dos territórios nacionais e, em alguns casos, o abandono do bloco.

Entre a identidade nacional e a regional: o futuro da União Europeia


O que significa ser espanhol ou italiano? Antes da formação dos Estados nacionais europeus, esses adjetivos significavam pouco. dos No entanto, tais identidades, historicamente produzidas, criaram um sentimento de pertencimento dos cidadãos a uma nação controlada por um Estado soberano.
O projeto de integração da União Europeia não visa suprimir as identidades nacionais. Entretanto, com a transferência de algumas atribuições dos países-membros para as autoridades supranacionais do bloco, o papel dos Estados nacionais europeus passou por uma redefinição, entendida por alguns como perda de soberania.
A partir dos anos 2000, a crise econômica se somou à migratória e à ameaça do terrorismo. As soluções criadas pelas instituições da União Europeia desagradaram a uma parte da população, que começou a reivindicar maior autonomia em relação ao bloco, com a defesa, inclusive, da saída de seu país do acordo.
Partidos de extrema direita articularam a insatisfação de parte da população a uma retórica anti-imigração, com forte conteúdo xenofóbico, para defender o isolamento de seu país perante o processo de globalização e uma suposta retomada da soberania e da identidade nacionais.
A saída do Reino Unido da União Europeia, cujas intenções foram manifestadas em 2016, culminou em sua efetiva separação – o Brexit –, o que levantou ameaças de dissolução do bloco econômico e colocou em dúvida o projeto de união, paz e progresso defendido no momento em que o bloco iniciava seu longo e complexo processo de formação.

Europa: economia e território

1. Produção agropecuária


Vamos conhecer como a agricultura se desenvolveu na Europa e entender sua importância para outras atividades econômicas.
Durante o feudalismo, a maioria da população da Europa vivia no campo. A atividade rural ocupava grande parte da mão de obra europeia. O camponês produzia os alimentos para o sustento local e o excedente da produção abastecia a população das cidades.
No século XVIII, com o cercamento das terras e a consequente migração de parcela significativa da população rural para as áreas urbanas, houve uma grande redução da mão de obra no campo, que passou a trabalhar nas indústrias em desenvolvimento. Assim, com menos pessoas trabalhando na produção de alimentos e com o aumento do consumo nas cidades, tornou-se importante incorporar novas técnicas que aumentassem a produtividade agrícola.
Na passagem do século XIX para o XX, o aperfeiçoamento das viagens transoceânicas, promovidas pela introdução da navegação a vapor, ampliou o intercâmbio entre a Europa e antigas terras coloniais. Nesse processo, insumos agrícolas, como fertilizantes trazidos do Chile e do Peru, por exemplo, deram mais um impulso à produtividade.
Parte do contingente de trabalhadores rurais europeus migrou para outras regiões do mundo, formando comunidades em países como Brasil, Argentina e Estados Unidos.

Agricultura europeia no pós-guerra


Os esforços para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial também envolveram medidas de apoio à agricultura, sobretudo entre os países da Europa ocidental. Políticas de subsídio agrícola foram implementadas para favorecer a mecanização da atividade rural e a aquisição de fertilizantes e defensivos agrícolas, entre outros insumos.
Os estímulos resultaram no aumento da produtividade. No entanto, alguns países europeus adotaram medidas protecionistas em relação aos produtos de outros países, reservando o mercado interno para atuação dos produtores locais.
Essa política, embora tenha surtido efeitos positivos no tocante à produtividade, ao garantir a segurança alimentar da população europeia, trouxe inúmeros impactos ambientais, como a degradação e a contaminação dos solos e cursos d’água.
As medidas protecionistas foram alvo de críticas da comunidade internacional, sobretudo no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), que defende a queda de barreiras ao comércio global.

Espacialização da produção


A atual espacialização da produção agrícola é voltada principalmente para áreas de produção de gêneros específicos. Essa forma de organização visa analisar as características físicas de cada região, como tipo de solo, relevo e condições climáticas, para elevar a produtividade.
Entretanto, esse modelo de produção desfavorece a existência de propriedades policultoras, uma vez que tem por finalidade propiciar a especialização da atividade agrícola. Dessa forma, os gêneros produzidos em uma região específica precisam percorrer longas distâncias para atingir consumidores ao redor do continente e de outras partes do mundo.

Panorama atual da agricultura na Europa


O setor agrícola responde por uma pequena parcela do PIB dos países europeus, sobretudo na União Europeia, onde a participação é inferior a 2%. Há países, no entanto, em que essa participação é um pouco mais significativa, como na Ucrânia, onde a agricultura responde por cerca de 9% do PIB, e na Armênia, em que o percentual fica pouco acima dos 10%, de acordo com dados de 2020 do Banco Mundial.
De modo geral, as propriedades agrícolas europeias têm pequenas dimensões: cerca de dois terços delas têm aproximadamente cinco hectares e são conduzidas de modo familiar.
Metade das propriedades agrícolas da União Europeia é especializada em um tipo de produção e um terço se dedica à criação de animais.
Entre os principais produtos, estão: trigo, milho, cevada, centeio e aveia. Além disso, o continente se destaca na produção de uvas e olivas, oriundas da costa mediterrânea.

Segurança alimentar


Os países europeus têm acentuado o controle sobre a qualidade dos alimentos consumidos por sua população. Há grande vigilância sobre a higiene dos alimentos e a saúde dos animais e plantas destinados ao consumo, além de controle do uso de substâncias, incluindo fertilizantes, defensivos agrícolas e aditivos usados no processamento de alimentos industrializados.
No âmbito da União Europeia, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA, sigla em inglês) mantém um conselho científico independente que monitora a qualidade e a segurança dos produtos alimentícios produzidos nesse continente e também sobre os importados.

2. Produção industrial e setor de comércio e serviços


A atividade industrial que surgiu no continente europeu foi amplamente responsável por parte de seu desenvolvimento econômico. Atualmente, a Europa enfrenta a concorrência com os países de industrialização mais recente, como a China. Para fazer frente à possibilidade de perda de protagonismo no setor, a Europa busca promover inovações tecnológicas e implementar um novo padrão industrial.

Panorama atual da indústria europeia


O continente europeu é o berço da produção industrial, pois foi onde a Revolução Industrial teve início. Atualmente, no entanto, alguns países enfrentam um processo de desindustrialização, com participação decrescente da atividade secundária e aumento das taxas de desemprego no setor, ocasionado, em parte, pela concorrência gerada por países recentemente industrializados.
Países europeus tentam reverter essa tendência, considerando a capacidade da atividade industrial em articular-se a outras atividades econômicas, criando cadeias produtivas que geram empregos dentro e fora das indústrias.
Além disso, a indústria é um dos principais vetores de inovação tecnológica e, portanto, é fundamental para tornar a economia mais dinâmica.
Para fazer frente ao crescimento industrial de países como China e Coreia do Sul, os países europeus, principalmente no âmbito da União Europeia, estão formulando estratégias para recuperar o protagonismo econômico no setor industrial.
Entre algumas das estratégias dos europeus, está o estímulo à pesquisa e à introdução de novas técnicas de automação e informatização de serviços, além de cortes de setores deficitários. O ponto central situa-se no financiamento de políticas para a ampliação da indústria de alta tecnologia, os chamados setores tecnológicos de largo espectro (KETs, na sigla em inglês).
A intenção é renovar o parque industrial europeu dentro dos parâmetros da Indústria 4.0, gerando novos empregos ligados à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias disruptivas.

Desafios contemporâneos


A transição para uma economia industrial baseada no conhecimento, isto é, fortemente ligada à inovação tecnológica, depende de investimentos públicos e privados que não são feitos igualmente nos países europeus.
Países com a economia mais robusta, como a Alemanha, apresentam maior capacidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento científico, ao contrário de outras economias europeias. Em paralelo, é essencial que os países europeus consigam capacitar a população para as mudanças que devem ocorrer no mercado de trabalho, ampliando a presença de trabalhadores com alto grau de capacitação.

Panorama da indústria em países europeus


A situação econômica pode variar significativamente entre os países europeus. No entanto, há economias que têm se destacado por se manterem na liderança econômica do continente, apesar das constantes crises enfrentadas pelo capitalismo global nas últimas décadas.

Alemanha


Com a maior economia do continente, seu parque industrial é diversificado e altamente tecnológico. Inovador e voltado para a exportação, o país é destaque nos setores de produção siderúrgica, metalúrgica, química, de máquinas, veículos, equipamentos eletrônicos, construção naval e tecnologia medicinal.

Reino Unido


Sua economia está fortemente apoiada no setor financeiro, sobretudo no oferecimento de serviços bancários. Na indústria, destaca-se na produção de maquinários, equipamentos para automação, construção naval, aeronaves e produtos químicos.
Tanto a crise global de 2008 como a decisão de deixar a União Europeia, o Brexit (Britain exit), afetaram profundamente sua economia. Ambos os fatores acentuaram o processo de desaceleração econômica.

França


Além do turismo (a França é o país mais visitado do mundo), merece destaque a industrialização baseada na produção de máquinas, produtos químicos, automóveis, aeronaves e equipamentos eletrônicos.
O país tem enfrentado dificuldades econômicas, sobretudo para equilibrar os gastos públicos e combater as altas taxas de desemprego entre os jovens.

Itália


Apresenta grandes desigualdades internas, com o norte do país mais rico e industrializado e o sul menos desenvolvido. Seu parque industrial se baseia na produção de bens de consumo, maquinários, produtos químicos, alimentos processados, veículos e vestuário.
A Itália tem uma dívida pública bastante expressiva, com crescimento econômico baixo e altas taxas de desemprego, principalmente entre os jovens.

3. Comércio e serviços


Os países europeus mantêm relações comerciais entre si e com outros países. A União Europeia, com seus 27 países-membros, concentra boa parte desse fluxo de comércio, o que faz dela uma grande potência comercial.
As relações comerciais europeias baseiam-se no multilateralismo e na abertura comercial. Isso significa que os países se apoiam na ideia de que os vários parceiros comerciais da Europa devem manter práticas que facilitem a troca de mercadorias, sem se valer do protecionismo alfandegário, por exemplo.

O continente europeu é o destino de boa parte das matérias-primas produzidas em países do Sul.
O comércio também tem sido usado como parte de uma estratégia geopolítica, uma vez que os acordos comerciais são frequentemente atrelados a agendas políticas priorizadas por países europeus, como a defesa dos Direitos Humanos e compromissos com o desenvolvimento sustentável, sobretudo no que diz respeito às mudanças climáticas.
China, Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Índia figuram entre os principais parceiros econômicos dos países europeus. Internamente, Rússia, Reino Unido, Suíça, Turquia e Noruega são os países com negociações mais significativas com o bloco formado pela União Europeia.

Europa: recursos naturais e políticas de conservação

Atualmente, os aspectos físico-naturais não são mais essenciais para o desenvolvimento do continente europeu, visto que a maioria dos recursos naturais e das fontes de energia utilizadas são provenientes de outros continentes. Porém, nem sempre foi assim.
Até o século XIX, os recursos naturais da Europa sustentaram grande parte de seu crescimento econômico e possibilitaram que a Revolução Industrial acontecesse. Nesse período, os países do continente utilizavam as importantes jazidas de carvão mineral, ferro e manganês, bem como a madeira advinda das Florestas Temperadas e das vastas planícies com
solos férteis e irrigados por uma extensa rede hídrica.
Em virtude do uso exacerbado desses recursos, foi necessário mudar a maneira como eram extraídos e utilizados. Um exemplo são os incentivos governamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar, que estabelecem como contrapartida a obrigatoriedade de conservar os solos e os recursos hídricos das propriedades.
De modo geral, os representantes políticos, com o apoio da população europeia, têm destinado esforços para o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem utilizar recursos naturais renováveis para a produção de energia.
Essa mentalidade influencia não apenas o continente, mas também ações de empresas europeias em outros lugares do mundo.

Fontes de energia e recursos minerais


Nos últimos anos, os investimentos em fontes energéticas renováveis que foram feitos no fim do século XX diminuíram, e a participação das fontes não renováveis, como petróleo, carvão e energia nuclear, na base da matriz energética do continente europeu, aumentou.
Segundo a Agência Europeia do Ambiente, até 2021, cerca de 77% das necessidades energéticas de um europeu médio eram satisfeitas com o uso de combustíveis fósseis. A energia nuclear atendia a 14% dessas necessidades, enquanto 9% eram provenientes de fontes de energia renováveis.
A Alemanha avançou significativamente na implementação de matrizes “limpas”. No entanto, esses esforços não são suficientes para atender ao compromisso firmado por toda a União Europeia de reduzir em 55% a emissão de gases do efeito estufa até 2030.

Jazidas minerais


As jazidas minerais da Europa sustentaram o início do processo de industrialização. Sua localização condicionava os locais onde eram estabelecidas as áreas industriais, que acabaram se tornando grandes núcleos urbanos.
Atualmente, os principais minerais extraídos no continente são petróleo, carvão mineral, ferro e manganês, embora a maior parte dos recursos consumidos no continente seja importada.
O petróleo merece destaque, especialmente na parte europeia da Rússia, no Azerbaijão e no mar do Norte, controlada pelo Reino Unido e pela Noruega. 
A maior parte do petróleo consumido na Europa é importada, principalmente da Rússia e dos países do Oriente Médio. A Rússia também é responsável pelo abastecimento de gás natural, o que tem gerado conflitos em países por onde passam os gasodutos para a distribuição do recurso, principalmente na Ucrânia.

Acordos e políticas de conservação dos ambientes naturais


A Europa, além de ter sido o continente onde surgiu o modo industrial de produção, foi o local onde surgiram as primeiras manifestações de preocupação com as consequências ambientais dessas práticas produtivas.
Em 1972, houve a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia. Em seguida, os chefes de Estado europeus se reuniram, durante o Conselho Europeu, e declararam oficialmente a necessidade de uma política ambiental comunitária, que acompanhasse a expansão econômica. Ao final do encontro, ficou acordado que os países europeus elaborariam um programa de ação.
Em 1993, durante o Tratado de Maastricht, nos Países Baixos, que estabeleceu a criação da União Europeia (UE), ficou determinado que a questão ambiental seria uma área de intervenção oficial do bloco econômico. Em 1999, o Tratado de Amsterdam foi o primeiro a determinar que as políticas setoriais da UE deveriam sempre promover o desenvolvimento sustentável. Em 2009, o Tratado de Lisboa elegeu a “luta contra as alterações climáticas” como um objetivo específico, assim como o desenvolvimento sustentável nas relações com países terceiros.
Assim, a UE passou a firmar acordos internacionais, tornando-se referência mundial nas políticas públicas para a implementação de programas de sustentabilidade ambiental. Muitos são os exemplos de cidades que diminuíram a dependência dos combustíveis fósseis para o transporte urbano, incentivando o uso de transporte público sobre trilhos e de bicicletas, bem como a utilização da “arquitetura verde”, que, entre outros benefícios, possibilita o melhor aproveitamento dos recursos hídricos, evitando desperdícios.

União Europeia e a COP 26


De modo geral, os acordos climáticos não têm alcançado os objetivos previstos, em razão, principalmente, dos “prejuízos econômicos” que muitos países alegam que teriam ao se adaptar a uma nova forma de produção, mais sustentável e menos agressiva. Por essa razão, em novembro de 2021, delegações de quase todos os países do mundo se reuniram em Glasgow, na Escócia, para realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26).
Ao final do encontro, foi assinado um compromisso internacional em que se destacou a necessidade de reduzir as emissões de carbono. Essa redução deverá ocorrer em duas etapas: até 2030, deverá diminuir em 45% em relação aos níveis de 2010 e, em 2050, terá de ser neutralizada, pois as emissões deverão ser compensadas pelo reflorestamento ou pela captura de carbono. Como se trata de uma carta de intenções, foi pedido a cada governo que apresentasse seu respectivo plano para alcançar os objetivos.
O acordo da COP 26 foi o primeiro a declarar oficialmente a necessidade de substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis. 
No entanto, países em desenvolvimento, como Índia e China, posicionaram-se contra a extinção do uso do carvão mineral, pois a medida afetaria suas economias e comprometeria as condições de vida de suas numerosas populações.
Em outros acordos, os países da UE se comprometeram a financiar a transição das matrizes energéticas, porém os países mais pobres afirmaram que os valores eram insuficientes para realizar as mudanças.
Mesmo entre os países do bloco, há divergências quanto à adoção das medidas para eliminar o uso de combustíveis fósseis, visto que grandes empresas desses países controlam as produções do setor energético.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Neoliberalismo e unificação de mercados

O colapso do socialismo representou a vitória do sistema capitalista. Desde o final do século XX, esse sistema tem adotado características do neoliberalismo, como a diminuição da intervenção do Estado na economia, a redução dos investimentos públicos em políticas sociais (educação, saúde, habitação), o controle dos gastos estatais, o fortalecimento da economia de mercado, a privatização das empresas públicas e a crescente participação de capitais externos nos mercados financeiros mundiais.
No âmbito internacional, uma das características mais marcantes do neoliberalismo é a existência de blocos econômicos regionais, ou seja, associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si. 
Entre tais blocos, destacam-se: a União Europeia (UE), que agrupa diversos países do continente europeu; o Bloco do Pacífico, que reúne o Japão, os Tigres Asiáticos (Singapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan) e países do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Filipinas); o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), cujos membros são Estados Unidos, Canadá e México; o Mercado Comum do Sul (Mercosul), constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Criados para garantir mercado aos países-membros e fortalecer suas economias diante da alta competitividade mundial, os blocos econômicos sinalizam com a diminuição ou eliminação das barreiras alfandegárias no comércio entre eles. No entanto, não raro as negociações dos blocos privilegiam os interesses dos países mais industrializados e desenvolvidos que os compõem. Outro aspecto observado é que a cooperação comercial no interior de blocos formados por países em desenvolvimento varia de acordo com a estabilidade das economias nacionais.

Os efeitos sociais do neoliberalismo


Um dos efeitos da vitória do capitalismo no mundo globalizado contemporâneo foi o enfraquecimento dos mecanismos dos Estados para controlar a especulação financeira e a circulação de capitais em grande velocidade pelo planeta. Isso vem contribuindo para fragilizar as economias mundiais, que se tornaram suscetíveis a crises constantes.
A crise financeira de 2008 No final da década de 2000, grandes bancos dos Estados Unidos passaram a realizar empréstimos arriscados visando ao lucro rápido. O governo do país não impôs medidas para conter esses empréstimos, que saíram do controle e começaram a ser feitos sem garantia de pagamento. Em 2007, muitos bancos começaram a quebrar pela falta de pagamento dos empréstimos. Em pouco tempo, a crise estadunidense afetou diversos países. Os efeitos sociais dessa crise ainda estão presentes: redução de salários, aumento do desemprego, crescimento do número de pessoas empobrecidas e significativo aumento das desigualdades sociais.
Nesse contexto, muitos países passaram a adotar novas medidas neoliberais com o objetivo de superar a crise, como reformar leis trabalhistas e diminuir direitos sociais dos cidadãos. Isso fez com que, em diversos países, os trabalhadores perdessem direitos e sofressem reduções salariais. Além disso, muitos governos diminuíram os recursos aplicados em políticas públicas, como forma de cortar os gastos do Estado e possibilitar investimentos para retomar o crescimento econômico, abalado pela crise. Essas medidas agravaram os efeitos da crise e contribuíram para o crescimento da pobreza em muitas regiões do mundo. Contudo, isso não afeta todos os setores da mesma forma, e uma pequena parcela de indivíduos ampliou suas riquezas.
Organizações internacionais indicam que, em 2015, apenas 1% da população mundial concentrava mais de 99% das riquezas do planeta. Além disso, de 1988 até 2011, a renda dos 10% mais pobres do planeta aumentou cerca de 65 dólares, enquanto a renda do 1% mais rico aumentou cerca de 11 800 dólares – ou seja, 182 vezes mais.


Desigualdade entre países


Para compreender as causas e as consequências das desigualdades entre os países, diversas teorias foram formuladas, buscando soluções que diminuam essas diferenças.

A teoria do livre mercado


Segundo a teoria baseada no livre mercado, o desenvolvimento de um país decorre da máxima liberdade de pessoas e empresas em realizar negócios. Nesse sentido, a atuação do Estado na economia, seja pela criação de leis reguladoras, seja pela cobrança de impostos, dificulta o ganho de capitais e a geração de empregos. Assim, a solução para os problemas econômicos estaria na redução da ação estatal.
Os teóricos do livre mercado atribuem, portanto, os problemas econômicos de um país à sua forma de se autogovernar, minimizando fatores externos e relações desfavoráveis impostas por países mais ricos.

O papel do Estado


Em oposição aos defensores do livre mercado, há aqueles para os quais a presença de um Estado forte é essencial para o desenvolvimento de um país. Essas teorias têm como exemplo o caso de países do Leste Asiático, como China, Coreia do Sul e Cingapura.
Neles, o Estado investiu em setores estratégicos, como educação e desenvolvimento tecnológico, e agiu para favorecer o crescimento de setores da economia.

Teoria da dependência


A teoria da dependência avalia que as desigualdades globais remontam ao período colonial, quando foi estabelecido um sistema em que alguns países acumulavam recursos em função da exploração de outros.
Esse quadro se agravou após a industrialização e, ainda hoje, mesmo que a indústria tenha se espalhado pelo mundo, há forte dependência entre os países que desenvolvem novas tecnologias e aqueles que apenas as consomem.

China: política e desenvolvimento econômico

A China abriga a maior população do mundo. É um país predominantemente rural que se tornou uma das maiores economias mundiais da atualidade ...