A mundialização se inicia com as Grandes
Navegações, nos séculos XV e XVI, período de expansão comercial da Europa
e da conquista de territórios na América, principalmente, o primeiro momento
desse processo (chamado capitalismo comercial). Sua intensificação se dá com
a Revolução Industrial, com as inovações técnicas e com o aumento da produtividade, inaugurando uma nova etapa do capitalismo, o industrial.
Um segundo momento da mundialização estrutura-se nos séculos XIX e XX,
com a exploração de recursos e a aplicação de investimentos de países euro
peus em muitos locais do mundo, no contexto do imperialismo, formação do
capitalismo monopolista ou financeiro. Em seguida, também, intensificam-se os
investimentos estadunidenses nos países da Europa, no período do pós-Segun
da Guerra Mundial.
A partir dos anos 1970, uma nova etapa se estrutura: a globalização, uma vez que compreende a padronização de hábitos de consumo e a circulação de informações e de capitais de modo instantâneo e em
escala global.
Consumimos produtos provenientes de vários países. Também temos conhecimento sobre fatos que
ocorrem em todo o mundo quase instantaneamente (em tempo real). Muitos problemas econômicos e con
flitos que ocorrem em outros países podem influenciar a economia do Brasil e nosso cotidiano rapidamente.
A economia atual é considerada globalizada porque as atividades produtivas, o consumo de mercadorias e serviços e, portanto, os fluxos ocorrem em escala global.
A globalização tem sido possível graças ao atual estágio do sistema capitalista, em que predomina a lógica das finanças. No capitalismo financeiro, a economia é dirigida, em grande medida, por instituições e entidades monetárias, assim como corporações internacionais e corretoras de investimentos, envolvendo operações de empréstimos, especulações imobiliárias e mercadológica, além da valorização e rentabilidade por meio de juros, com o objetivo de aumentar a lucratividade de empresários e acionistas.
A participação do setor bancário destaca-se, influenciando diretamente o desenvolvimento econômico de um país. Além dos bancos, as empresas transnacionais são pilares no contexto da globalização.
A interligação econômica em escala global
Com o desenvolvimento do capitalismo industrial e financeiro, houve necessidade de nova circulação de matérias-primas e mercadorias, de especialização
da mão de obra e de ampliação do mercado consumidor. O crescimento das
grandes empresas levou à formação de gigantescos complexos industriais – as
multinacionais e transnacionais –, que se espalharam pelo mundo.
Uma das características marcantes do mundo atual é a aceleração das comunicações e dos transportes. Informações, produtos industriais e culturais (estilos de vida, músicas, filmes ou apresentações de artistas transmitidas ao vivo), e mobilizações sociais (em torno de causas como o feminismo e o antirracismo, por exemplo) chegam rapidamente a quase todos os lugares do mundo.
Atualmente, quase todos os países estão profundamente ligados. As fronteiras que separavam as economias e as culturas dos diversos povos tornaram-se praticamente inexistentes. Esse processo é conhecido como globalização. Na economia, ele tornou possível encontrar fontes de matérias-primas mais acessíveis em qualquer lugar do mundo, transportar essas matérias-primas de um lugar para outro e fabricar produtos cada vez mais sofisticados em pouco tempo.
A partir de então, o termo globalização passou a ser usado para se referir ao crescimento
da interdependência entre países, governos, empresas e povos do mundo, sugerindo uma ideia
de unificação mundial.
Para alguns pesquisadores, a globalização corresponde à etapa atual do processo de mundialização da economia, iniciado no período das Grandes Navegações (século XV) e ampliado
progressivamente pelos crescentes fluxos internacionais de informações, mercadorias, pessoas,
serviços e capitais.
O crescimento desses fluxos ocorreu principalmente pela evolução tecnológica dos meios
de comunicação e transporte, que passam a sensação de que o mundo está cada vez menor.
Esse aspecto caracteriza a chamada aldeia global, termo sugerido pelo pesquisador canadense
Marshall McLuhan (1911-1980). O uso do termo vem do fato de o mundo ganhar um sentido de
lugar pequeno, conhecido por todos, onde as relações entre as pessoas são mais próximas.
Embora muitas vezes usados como sinônimos, globalização e mundialização são conceitos
distintos, porém relacionados.
O conceito de mundialização é empregado para se referir ao contexto da expansão e do
desenvolvimento dos mercados e fluxos de capitais no mundo. As bolsas de valores, instituições
onde ocorrem as transações de compra e venda de ações e títulos de empresas do mundo todo,
são um símbolo desse processo.
Já a globalização refere-se à integração do espaço geográ
fico mundial, pois, além dos aspectos econômicos, envolve certa
padronização de costumes, com ação predominante dos meios
de comunicação.
Os efeitos da globalização podem ser percebidos em aspec
tos diversos da sociedade, desde a homogeneização de hábitos
alimentares até a velocidade da propagação de doenças conta
giosas, experienciada com a recente pandemia de covid-19. Por
ser um fenômeno atual, podemos dizer que a globalização ainda
é um processo em construção.
Na sociedade, ele tem expandido a chamada cultura de massa. Assim, com a globalização, tornou-se possível o desenvolvimento de uma economia transnacional. A sede de uma empresa transnacional, por exemplo, pode estar em um país que oferece benefícios fiscais (como isenção de impostos), enquanto a equipe que projeta seus produtos pode localizar-se em outro país, geralmente em centros de inovação e alta tecnologia. A matéria-prima utilizada por essa empresa, por sua vez, é extraída em países economicamente pobres, onde é mais barata.
Às vezes, os componentes de um único produto são fabricados em países diferentes e, depois, reunidos para serem montados em fábricas instaladas em regiões pobres, onde os salários são mais baixos. Por fim, a venda do produto ao consumidor final pode ser feita em lugares do mundo que ofereçam margens de lucro mais atraentes para a empresa transnacional. Essa oferta muitas vezes tem abrangência global, o que faz com que consumidores de lados opostos do globo tenham acesso às mesmas mercadorias.
A globalização econômica, caracterizada pela crescente abertura econômica e comercial entre os países e pela adoção do chamado Estado mínimo
(menor participação do Estado na economia), está atrelada às ideias neoliberais
implementadas entre o fim da década de 1970 e o início dos anos 1980 na
Inglaterra e nos Estados Unidos.
Todos esses fatores, acrescidos das atribuições promovidas pela Revolu
ção Técnico-Científico-Informacional, alteraram de forma mais intensa e com
grande rapidez o panorama produtivo mundial.
Com a modernização dos meios de comunicação e dos sistemas de trans
porte, houve também aumento crescente do comércio internacional, com o
incremento de importações e exportações de produtos e mercadorias.
As últimas décadas do século XX caracterizaram-se pela expansão capitalista no mundo e pela aceleração do processo de globalização da economia, o que
intensificou o fluxo internacional de comércio e de capitais que se mantém até hoje.
Mundialização do capitalismo e expansão das multinacionais
A principal força da globalização são as empresas transnacionais. Elas controlam boa parte da produção mundial, são responsáveis pela maior fatia do
comércio internacional e, sobretudo, pelo desenvolvimento das novas tecnologias. A capacidade financeira dessas empresas é superior aos recursos de diversos países e seus investimentos podem afetar de maneira favorável ou negativa
a economia e a sociedade de diferentes regiões do mundo.
A mundialização do capitalismo e a economia globalizada levaram a uma
nova distribuição espacial das indústrias e provocaram grandes mudanças na
organização produtiva dos países. Isso foi possível por causa da expansão das
multinacionais, empresas que têm matriz em um país e desenvolvem atividades
em diversas outras nações por meio de filiais.
A partir de meados do século XX, a fabricação de mercadorias passou
a ser feita em diferentes países, de acordo com as vantagens que cada um
oferecia. Isso causou uma significativa expansão de capitais, provenientes das
nações mais ricas e industrializadas (como Estados Unidos, Japão e países
da Europa ocidental), para as mais pobres, que ofereciam vantagens lucrativas, como mão de obra barata, oferta de matérias-primas e recursos naturais,
menor carga tributária etc.
As corporações transnacionais
Na atual fase da globalização, essas empresas também ampliaram seus
mercados com a negociação de produtos em praticamente todos os países,
aumentaram o número de filiais em todo o planeta e compraram muitas outras
empresas, principalmente nos países em desenvolvimento, assumindo papel de
comando na economia mundial. Algumas delas têm forte poder de decisão sobre aspectos das políticas econômicas dos países onde estão instaladas.
As
empresas do setor financeiro são as que apresentam maiores lucros e cresceram enormemente com a consolidação do capitalismo monopolista/financeiro.
Essas empresas estruturam redes ou cadeias globais de produção nas quais
as unidades produtivas estão espalhadas por diversos países. Seus centros de
pesquisa e de inovação também não estão situados em um país somente. Apro
veitando a mão de obra qualificada, a concentração de cientistas e pesquisa
dores e o nível de especialização de determinados setores industriais em alguns
países desenvolvidos, esses centros estão estrategicamente localizados onde
as pesquisas podem ser otimizadas.
Apesar de as transnacionais estarem presentes no mundo todo, o destino
de boa parte dos lucros transferidos pelas filiais, as grandes decisões sobre
investimentos e os centros de pesquisas para desenvolvimento de tecnologia
permanecem concentrados em suas sedes (matrizes), principalmente nos países desenvolvidos.
A interferência das grandes corporações na economia dos países também
contribuiu para mudanças nos padrões de consumo e em outros hábitos da
população.
Atualmente, as multinacionais são responsáveis pelo vertiginoso crescimento do comércio em âmbito mundial. Algumas dessas empresas chegam a
ter um faturamento maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) de um único
país.
A globalização econômica foi decisiva para o surgimento da Nova Divisão
Internacional do Trabalho (NDIT), na qual países que produziam exclusiva
mente gêneros primários (commodities) passaram a receber indústrias e, consequentemente, produzir em larga escala e exportar bens manufaturados.
A partir de 1960, a NDIT possibilitou o aparecimento de uma nova categoria de países, os Novos Países Industrializados, que receberam investimentos
estrangeiros para promover a industrialização. Brasil, México, Coreia do Sul e
Singapura são alguns exemplos.
Novas potências econômicas e industriais emergiram no século XXI e suas
economias têm se desenvolvido em um ritmo acelerado e constante, como resultado da internacionalização de suas empresas e do aporte de capital. A China, por
exemplo, abriu sua economia para os moldes capitalistas; outros países emergentes, como a Índia, o Brasil e a África do Sul também se destacam nesse cenário.
A China é considerada o “dragão industrial” da atualidade e tem feito gran
des investimentos em países da África. Além de dispenderem recursos no setor
de infraestrutura, os chineses dedicam-se à extração de minérios e buscam fon
tes que satisfaçam sua demanda por petróleo. Há empresas chinesas instaladas
na Ásia e na Europa; as indianas se fixaram na Europa e nos Estados Unidos; e
as brasileiras têm expandido seus negócios pela América Latina e pela África.
Globalização e desigualdades
Embora caminhe paralelamente à expansão do mercado mundial, a
globalização afeta o mundo de modo desigual. Algumas regiões estão muito
mais integradas do que outras a esse processo, o que acentua as diferenças
entre as economias dos países. Com isso, intensificaram-se as tensões entre os
interesses dos países desenvolvidos e os chamados “emergentes”.
Muitos países de economia primária que se industrializaram nas últimas
décadas ainda apresentam diferenças em relação às nações mais ricas.
Nos
países menos desenvolvidos, com a escala globalizada de produção, apenas
uma minoria da população é privilegiada, enquanto a maior parte não usufrui
dos bens e das riquezas produzidos.
Embora a globalização tenha integrado o mundo e encurtado distâncias,
criando a denominada “aldeia global”, o que fez as pessoas se aproximarem
cada vez mais, os benefícios não chegam a todos os indivíduos. Apenas uma
pequena parte da população tem acesso a tudo o que a internet oferece.
Para muitos estudiosos, a globalização e o desenvolvimento tecnológico
não estão atendendo às aspirações das pessoas por uma vida melhor, sobre
tudo no campo profissional. Atribui-se à automação nas empresas a causa
desse cenário, cujos efeitos já são sentidos em muitas áreas industriais e de
serviços, nas quais as máquinas substituem o trabalho humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário