terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Europa: recursos naturais e políticas de conservação

Atualmente, os aspectos físico-naturais não são mais essenciais para o desenvolvimento do continente europeu, visto que a maioria dos recursos naturais e das fontes de energia utilizadas são provenientes de outros continentes. Porém, nem sempre foi assim.
Até o século XIX, os recursos naturais da Europa sustentaram grande parte de seu crescimento econômico e possibilitaram que a Revolução Industrial acontecesse. Nesse período, os países do continente utilizavam as importantes jazidas de carvão mineral, ferro e manganês, bem como a madeira advinda das Florestas Temperadas e das vastas planícies com
solos férteis e irrigados por uma extensa rede hídrica.
Em virtude do uso exacerbado desses recursos, foi necessário mudar a maneira como eram extraídos e utilizados. Um exemplo são os incentivos governamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar, que estabelecem como contrapartida a obrigatoriedade de conservar os solos e os recursos hídricos das propriedades.
De modo geral, os representantes políticos, com o apoio da população europeia, têm destinado esforços para o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem utilizar recursos naturais renováveis para a produção de energia.
Essa mentalidade influencia não apenas o continente, mas também ações de empresas europeias em outros lugares do mundo.

Fontes de energia e recursos minerais


Nos últimos anos, os investimentos em fontes energéticas renováveis que foram feitos no fim do século XX diminuíram, e a participação das fontes não renováveis, como petróleo, carvão e energia nuclear, na base da matriz energética do continente europeu, aumentou.
Segundo a Agência Europeia do Ambiente, até 2021, cerca de 77% das necessidades energéticas de um europeu médio eram satisfeitas com o uso de combustíveis fósseis. A energia nuclear atendia a 14% dessas necessidades, enquanto 9% eram provenientes de fontes de energia renováveis.
A Alemanha avançou significativamente na implementação de matrizes “limpas”. No entanto, esses esforços não são suficientes para atender ao compromisso firmado por toda a União Europeia de reduzir em 55% a emissão de gases do efeito estufa até 2030.

Jazidas minerais


As jazidas minerais da Europa sustentaram o início do processo de industrialização. Sua localização condicionava os locais onde eram estabelecidas as áreas industriais, que acabaram se tornando grandes núcleos urbanos.
Atualmente, os principais minerais extraídos no continente são petróleo, carvão mineral, ferro e manganês, embora a maior parte dos recursos consumidos no continente seja importada.
O petróleo merece destaque, especialmente na parte europeia da Rússia, no Azerbaijão e no mar do Norte, controlada pelo Reino Unido e pela Noruega. 
A maior parte do petróleo consumido na Europa é importada, principalmente da Rússia e dos países do Oriente Médio. A Rússia também é responsável pelo abastecimento de gás natural, o que tem gerado conflitos em países por onde passam os gasodutos para a distribuição do recurso, principalmente na Ucrânia.

Acordos e políticas de conservação dos ambientes naturais


A Europa, além de ter sido o continente onde surgiu o modo industrial de produção, foi o local onde surgiram as primeiras manifestações de preocupação com as consequências ambientais dessas práticas produtivas.
Em 1972, houve a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia. Em seguida, os chefes de Estado europeus se reuniram, durante o Conselho Europeu, e declararam oficialmente a necessidade de uma política ambiental comunitária, que acompanhasse a expansão econômica. Ao final do encontro, ficou acordado que os países europeus elaborariam um programa de ação.
Em 1993, durante o Tratado de Maastricht, nos Países Baixos, que estabeleceu a criação da União Europeia (UE), ficou determinado que a questão ambiental seria uma área de intervenção oficial do bloco econômico. Em 1999, o Tratado de Amsterdam foi o primeiro a determinar que as políticas setoriais da UE deveriam sempre promover o desenvolvimento sustentável. Em 2009, o Tratado de Lisboa elegeu a “luta contra as alterações climáticas” como um objetivo específico, assim como o desenvolvimento sustentável nas relações com países terceiros.
Assim, a UE passou a firmar acordos internacionais, tornando-se referência mundial nas políticas públicas para a implementação de programas de sustentabilidade ambiental. Muitos são os exemplos de cidades que diminuíram a dependência dos combustíveis fósseis para o transporte urbano, incentivando o uso de transporte público sobre trilhos e de bicicletas, bem como a utilização da “arquitetura verde”, que, entre outros benefícios, possibilita o melhor aproveitamento dos recursos hídricos, evitando desperdícios.

União Europeia e a COP 26


De modo geral, os acordos climáticos não têm alcançado os objetivos previstos, em razão, principalmente, dos “prejuízos econômicos” que muitos países alegam que teriam ao se adaptar a uma nova forma de produção, mais sustentável e menos agressiva. Por essa razão, em novembro de 2021, delegações de quase todos os países do mundo se reuniram em Glasgow, na Escócia, para realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26).
Ao final do encontro, foi assinado um compromisso internacional em que se destacou a necessidade de reduzir as emissões de carbono. Essa redução deverá ocorrer em duas etapas: até 2030, deverá diminuir em 45% em relação aos níveis de 2010 e, em 2050, terá de ser neutralizada, pois as emissões deverão ser compensadas pelo reflorestamento ou pela captura de carbono. Como se trata de uma carta de intenções, foi pedido a cada governo que apresentasse seu respectivo plano para alcançar os objetivos.
O acordo da COP 26 foi o primeiro a declarar oficialmente a necessidade de substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis. 
No entanto, países em desenvolvimento, como Índia e China, posicionaram-se contra a extinção do uso do carvão mineral, pois a medida afetaria suas economias e comprometeria as condições de vida de suas numerosas populações.
Em outros acordos, os países da UE se comprometeram a financiar a transição das matrizes energéticas, porém os países mais pobres afirmaram que os valores eram insuficientes para realizar as mudanças.
Mesmo entre os países do bloco, há divergências quanto à adoção das medidas para eliminar o uso de combustíveis fósseis, visto que grandes empresas desses países controlam as produções do setor energético.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Neoliberalismo e unificação de mercados

O colapso do socialismo representou a vitória do sistema capitalista. Desde o final do século XX, esse sistema tem adotado características do neoliberalismo, como a diminuição da intervenção do Estado na economia, a redução dos investimentos públicos em políticas sociais (educação, saúde, habitação), o controle dos gastos estatais, o fortalecimento da economia de mercado, a privatização das empresas públicas e a crescente participação de capitais externos nos mercados financeiros mundiais.
No âmbito internacional, uma das características mais marcantes do neoliberalismo é a existência de blocos econômicos regionais, ou seja, associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si. 
Entre tais blocos, destacam-se: a União Europeia (UE), que agrupa diversos países do continente europeu; o Bloco do Pacífico, que reúne o Japão, os Tigres Asiáticos (Singapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan) e países do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Filipinas); o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), cujos membros são Estados Unidos, Canadá e México; o Mercado Comum do Sul (Mercosul), constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Criados para garantir mercado aos países-membros e fortalecer suas economias diante da alta competitividade mundial, os blocos econômicos sinalizam com a diminuição ou eliminação das barreiras alfandegárias no comércio entre eles. No entanto, não raro as negociações dos blocos privilegiam os interesses dos países mais industrializados e desenvolvidos que os compõem. Outro aspecto observado é que a cooperação comercial no interior de blocos formados por países em desenvolvimento varia de acordo com a estabilidade das economias nacionais.

Os efeitos sociais do neoliberalismo


Um dos efeitos da vitória do capitalismo no mundo globalizado contemporâneo foi o enfraquecimento dos mecanismos dos Estados para controlar a especulação financeira e a circulação de capitais em grande velocidade pelo planeta. Isso vem contribuindo para fragilizar as economias mundiais, que se tornaram suscetíveis a crises constantes.
A crise financeira de 2008 No final da década de 2000, grandes bancos dos Estados Unidos passaram a realizar empréstimos arriscados visando ao lucro rápido. O governo do país não impôs medidas para conter esses empréstimos, que saíram do controle e começaram a ser feitos sem garantia de pagamento. Em 2007, muitos bancos começaram a quebrar pela falta de pagamento dos empréstimos. Em pouco tempo, a crise estadunidense afetou diversos países. Os efeitos sociais dessa crise ainda estão presentes: redução de salários, aumento do desemprego, crescimento do número de pessoas empobrecidas e significativo aumento das desigualdades sociais.
Nesse contexto, muitos países passaram a adotar novas medidas neoliberais com o objetivo de superar a crise, como reformar leis trabalhistas e diminuir direitos sociais dos cidadãos. Isso fez com que, em diversos países, os trabalhadores perdessem direitos e sofressem reduções salariais. Além disso, muitos governos diminuíram os recursos aplicados em políticas públicas, como forma de cortar os gastos do Estado e possibilitar investimentos para retomar o crescimento econômico, abalado pela crise. Essas medidas agravaram os efeitos da crise e contribuíram para o crescimento da pobreza em muitas regiões do mundo. Contudo, isso não afeta todos os setores da mesma forma, e uma pequena parcela de indivíduos ampliou suas riquezas.
Organizações internacionais indicam que, em 2015, apenas 1% da população mundial concentrava mais de 99% das riquezas do planeta. Além disso, de 1988 até 2011, a renda dos 10% mais pobres do planeta aumentou cerca de 65 dólares, enquanto a renda do 1% mais rico aumentou cerca de 11 800 dólares – ou seja, 182 vezes mais.


Desigualdade entre países


Para compreender as causas e as consequências das desigualdades entre os países, diversas teorias foram formuladas, buscando soluções que diminuam essas diferenças.

A teoria do livre mercado


Segundo a teoria baseada no livre mercado, o desenvolvimento de um país decorre da máxima liberdade de pessoas e empresas em realizar negócios. Nesse sentido, a atuação do Estado na economia, seja pela criação de leis reguladoras, seja pela cobrança de impostos, dificulta o ganho de capitais e a geração de empregos. Assim, a solução para os problemas econômicos estaria na redução da ação estatal.
Os teóricos do livre mercado atribuem, portanto, os problemas econômicos de um país à sua forma de se autogovernar, minimizando fatores externos e relações desfavoráveis impostas por países mais ricos.

O papel do Estado


Em oposição aos defensores do livre mercado, há aqueles para os quais a presença de um Estado forte é essencial para o desenvolvimento de um país. Essas teorias têm como exemplo o caso de países do Leste Asiático, como China, Coreia do Sul e Cingapura.
Neles, o Estado investiu em setores estratégicos, como educação e desenvolvimento tecnológico, e agiu para favorecer o crescimento de setores da economia.

Teoria da dependência


A teoria da dependência avalia que as desigualdades globais remontam ao período colonial, quando foi estabelecido um sistema em que alguns países acumulavam recursos em função da exploração de outros.
Esse quadro se agravou após a industrialização e, ainda hoje, mesmo que a indústria tenha se espalhado pelo mundo, há forte dependência entre os países que desenvolvem novas tecnologias e aqueles que apenas as consomem.

Integração regional

A integração regional é um processo característico do contexto da globalização e ocorre por meio da consolidação dos blocos econômicos.

Blocos econômicos


De uma forma geral, os blocos econômicos são organizações constituídas por diversos países, que adotam medidas específicas para ampliar as trocas comerciais e a circulação de mercadorias, de serviços, de informações e de pessoas. A formação dessas entidades está associada às similaridades entre os interesses políticos e econômicos desses países ou à proximidade geográfica de seus membros.
Diversos tipos de bloco econômico e etapas de integração ocorrem em diferentes partes do mundo, e cada um deles possui suas particularidades.

Principais blocos econômicos


O primeiro bloco econômico surgiu em 1944, formado por Bélgica, Holanda e Luxemburgo (Benelux, sigla em inglês). O objetivo era fortalecer os países-membros, cujos territórios estavam fragilizados após a Segunda Guerra Mundial. De lá para cá, inúmeros blocos surgiram em diversas regiões do mundo. Conheça a seguir alguns dos principais blocos da atualidade.

Mercado Comum do Sul (Mercosul)


O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi fundado por meio do Tratado de Assunção, em 1991. Inicialmente, o grupo era formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Atualmente, outros países sul-americanos, como Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Suriname e Guiana, estão inseridos no bloco como Estados Associados ou em processo de adesão. Em 2012, a Venezuela aderiu ao grupo, mas foi suspensa em 2016 por descumprir algumas regras.
O Mercosul abrange 67% do território da América do Sul e 62,2% da população do continente. Sua área é de aproximadamente 15 milhões de quilômetros quadrados, com uma grande diversidade de povos, culturas e paisagens.
O objetivo do Mercosul é estabelecer um modelo de integração regional, visando facilitar a livre circulação de mercadorias, serviços e pessoas, por meio da eliminação de tarifas alfandegárias internas e com a fixação de tarifas externas comuns.
É importante mencionar que, ao longo do processo de integração, além da agenda comercial, o bloco passou a incluir temas políticos, sociais e de cidadania.
Em 2019, o bloco movimentou 69,2% do PIB da América do Sul, sendo o oitavo maior do mundo. Trata-se, portanto, de um grande alvo de investimentos estrangeiros, colaborando para o desenvolvimento econômico e social dos países-membros.

União Europeia (UE)


A União Europeia (UE) originou-se no contexto da década de 1950, quando foram criadas algumas organizações responsáveis por colaborar na reconstrução dos países do continente arrasados pela Segunda Guerra Mundial: a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, fundada em 1951, e a Comunidade Econômica Europeia, em 1957.
Essas organizações se consolidaram como União Europeia na década de 1990. Representando, atualmente, a etapa mais avançada do processo de formação de blocos econômicos, a EU entrou em funcionamento em 1993.
De lá para cá, o bloco passou a ser composto de 27 países-membros; estabeleceu um mercado interno por meio do livre-comércio e da circulação de mercadorias, serviços e pessoas; adotou uma moeda única – o euro; e criou entidades financeiras e jurídicas próprias, como o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu.

Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA)


Em 2020, o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, sigla em inglês) substituiu o antigo Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, sigla em inglês), que entrou em vigor em 1994, com o objetivo de eliminar barreiras alfandegárias, intensificar o comércio entre os três países e promover o crescimento econômico da região.
Atualmente, o USMCA tem se concentrado no livre-comércio de mercadorias agrícolas, têxteis e automobilísticas, além de promover a proteção da propriedade intelectual e das leis trabalhistas e ambientais.
O maior beneficiado do acordo, no entanto, são os Estados Unidos. Dados de 2019 revelam que as exportações de produtos agrícolas para o Canadá e o México renderam cerca de 40 bilhões de dólares ao país, sendo o milho o principal produto vendido. Além disso, 300 mil empregos foram gerados no setor agrícola durante esse período.

Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC)


A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC, sigla em inglês) é composta de 16 países-membros: África do Sul, Angola, Botsuana, Comores, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Maurício, Moçambique, Namíbia, Seychelles, Essuatíni Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.
O bloco foi criado em 1992 com o objetivo de promover a integração regional e o desenvolvimento econômico, bem como comprometer-se com o fim da pobreza e preservar a paz e a segurança da região.
A SADC pretende aprofundar os diversos estágios de integração comercial, estabelecendo um mercado comum por meio da criação de uma área de livre-comércio, da convergência das políticas econômicas e da adoção de uma moeda única.

Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean)


A Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean, sigla em inglês) foi fundada em 1984, reunindo Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia. O bloco foi inicialmente criado para incentivar a cooperação social, econômica, cultural e técnica entre os países-membros, bem como garantir a paz e a estabilidade da região. Mais tarde, outros países do Sudeste Asiático se uniram, formando um grupo de dez países-membros. São eles: Brunei, Camboja, Laos, Mianmar e Vietnã.
Composta de uma série de órgãos, como secretariados e comunidades específicas, a Asean visa constituir, atualmente, um mercado único e integrado cuja movimentação poderá envolver grandes volumes de recursos financeiros e alcançar mais de 500 milhões de pessoas.

Organizações econômicas internacionais

Além das organizações políticas e militares, o século XX foi marcado pela criação de entidades financeiras que se tornaram importantes atores no cenário econômico internacional. Essas organizações colaboraram intensamente para a consolidação da globalização.
Entre as principais organizações econômicas atuais, destacam-se:

• Banco Mundial – Criado em 1944, durante a Conferência de Bretton Woods, é ligado à ONU, mas possui autonomia para alcançar objetivos próprios. Além dos serviços financeiros, a organização atua fornecendo recursos para projetos de desenvolvimento, assistência técnica e soluções para ajudar os países a enfrentar desafios de diversas ordens.

• Fundo Monetário Internacional (FMI) – Também criado em 1944, durante a Conferência de Bretton Woods, busca promover a estabilidade da economia no âmbito mundial, fornecendo empréstimos aos países em crise. Os recursos do FMI são fornecidos pelos 190 países-membros, com o intuito de promover o crescimento econômico e o comércio internacional. Os empréstimos são concedidos mediante uma série de exigências a serem cumpridas pelos países solicitantes.

• Organização Mundial do Comércio (OMC) – É responsável pelo estabelecimento de um sistema global de regras para a realização das trocas comerciais entre países, com o objetivo de tornar essas atividades um instrumento de melhoria das condições de vida da população. Na prática, tem a função de regulamentar e monitorar os acordos econômicos vigentes e a política comercial de cada membro. Esse órgão tem como base o comércio irrestrito, promovendo a eliminação das formas de protecionismo adotadas por países para favorecer a produção e o comércio local, e atua como intermediador das disputas comerciais.

O Conselho de Segurança da ONU

O Conselho de Segurança da ONU é constituído por quinze membros, sendo cinco deles permanentes e dez não permanentes. De acordo com a Carta das Nações Unidas, os membros permanentes são: Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China. Trata-se do único órgão da ONU que obriga que as decisões elaboradas durante as negociações sejam cumpridas por todos os países envolvidos.
O principal objetivo do Conselho de Segurança é intermediar o diálogo entre Estados envolvidos em conflitos e preservar a paz e a segurança internacionais. Para tanto, o Conselho detém o poder de revelar uma ameaça ou um ato de agressão, além de ter a responsabilidade de reunir as partes compreendidas com o objetivo de encontrar soluções pacíficas e promover relações amistosas.
Em casos de conflitos mais graves, o Conselho de Segurança pode recorrer à aplicação de sanções e intervenções diretas, porém respeitando os direitos humanos como pressuposto fundamental.
A escolha dos dez membros não permanentes é feita todos os anos, durante a Assembleia Geral da ONU. A cada ano, são estabelecidos cinco novos membros, cujos mandatos são de dois anos. A distribuição dos dez assentos é realizada de forma regional.

• Três assentos para países da África.

• Dois assentos para países da Ásia.

• Dois assentos para países da América Latina.

• Dois assentos para países da Europa Ocidental e outros Estados.

• Um assento para países do Leste Europeu.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)

A Otan é uma aliança militar formada por alguns países que estavam inseridos no bloco capitalista durante a Guerra Fria. Criada em 1949, por  meio do Tratado de Washington, incluía, inicialmente, doze países-membros: Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Reino Unido, Países Baixos, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega e Portugal.
O objetivo da Otan no momento de sua criação era conter os avanços do bloco socialista e preservar os interesses dos aliados do bloco capitalista na correlação de forças que regia a geopolítica internacional da época.
Como estratégia de defesa, os países socialistas do Leste Europeu se uniram e formaram o Pacto de Varsóvia, em 1955, com a finalidade de criar uma aliança militar em caso de ataques do bloco capitalista, protegendo sua área de influência de invasões.
O fim do Pacto de Varsóvia ocorreu com a dissolução da União Soviética na década de 1990 e colaborou para o estabelecimento de uma série de mudanças na Otan. De lá para cá, a organização ampliou sua área de interesse e passou a intervir em outros continentes e regiões, além da Europa.
Atualmente, a organização é considerada por especialistas como um meio utilizado por grandes potências mundiais para atuar militarmente em locais em conflito, de acordo com os interesses dos países-membros.
Três dos cinco países com assentos permanentes do Conselho de Segurança fazem parte da Otan, porém algumas de suas intervenções são consideradas injustificáveis pela própria ONU.

UMA NOVA ORDEM MUNDIAL

 Conflitos na Velha Ordem Mundial e o mundo bipolar

 
Ao longo do século XX, alguns países decidiram implementar o socialismo como sistema administrativo de estruturas políticas e econômicas internas. O primeiro deles foi a Rússia.
A Revolução de 1917 foi inicialmente marcada pela derrubada da monarquia czarista – que dominou o país durante séculos – e, em seguida, por uma guerra civil que perdurou nos anos seguintes. Essa guerra foi resultado das disputas entre grupos revolucionários (exército vermelho) e grupos contrarrevolucionários (exército branco).
Com a vitória do exército vermelho, os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin (1880-1924), passaram a implementar uma série de medidas socialistas, que transformaram as estruturas políticas, sociais e econômicas do país.
A partir de 1922, a Rússia passou a implantar o socialismo e a agregar outros países do Leste Europeu e da Ásia, formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Entre 1947 e 1989, o período em que a Guerra Fria perdurou, a disputa política, econômica e militar travada pelas duas superpotências estabeleceu uma ordem mundial caracterizada pela bipolaridade, isto é, pela presença de dois grandes blocos: o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética.
Também chamado de Velha Ordem Mundial ou Ordem Mundial Bipolar, esse período demonstrou que a disputa entre as superpotências era, sobretudo, uma questão ideológica, já que não houve confronto militar direto entre elas. Por isso, recebeu a denominação Guerra Fria.
Tanto a URSS como os Estados Unidos utilizaram diversos meios para aumentar suas áreas de influência, tais como a corrida armamentista, a aeroespacial, das artes, do esporte, etc.
A partir da década de 1970, os primeiros sinais de enfraquecimento da União Soviética começaram a aparecer, decorrentes de divergências políticas internas, crises econômicas, fome, desemprego, violação dos di reitos humanos, entre outros aspectos. 
Esse panorama culminou no colapso do bloco socialista e no fim da Guerra Fria, representado pela queda do Muro de Berlim, em 1989, e pela dissolução da União Soviética, em 1991. 
A década de 1990 foi marcada pelo surgimento de uma Nova Ordem Mundial, com a emergência de novos polos de poder econômico e político, do estabelecimento de suas zonas de influência e do aumento da integração entre eles.


Emergência de novas potências e a Nova Ordem Mundial



A Nova Ordem Mundial iniciou-se em 1991, com a dissolução da União Soviética e a adoção do sistema capitalista por ex-repúblicas soviéticas e por países do Leste Europeu. Os sinais das transformações globais já vinham aparecendo nas décadas anteriores, com a recuperação de alguns países que foram arrasados durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1991, com a queda da maior parte dos regimes comunistas do planeta e a desintegração da União Soviética, a divisão do mundo em dois blocos opostos – um dos marcos do século XX – chegou ao fim. Essa nova configuração provocou uma importante reorganização das relações internacionais em um processo marcado por rupturas e permanências.
O fim da União Soviética e a emergência de novos centros de poder econômico, representados por Japão, China, Tigres Asiáticos e países da Europa Ocidental, resultaram em um sistema internacional caracterizado pela “multipolaridade” ou “unimultipolaridade”, como propôs na época o pesquisador estadunidense Samuel Huntington (1927-2008).
Para esse teórico, o mundo tornou-se multipolar do ponto de vista econômico, e unipolar dos pontos de vista militar, ideológico e cultural, considerando a hegemonia dos Estados Unidos nesses aspectos.
Diferentemente da Velha Ordem Mundial, cuja correlação de forças entre as duas superpotências era pautada no poder político e militar, na Nova Ordem Mundial os países passaram também a disputar a hegemonia econômica, comercial e tecnológica.
Os países do Norte, na década de 1990, apresentavam alto grau de industrialização, boas condições socioeconômicas e um elevado Produto Interno Bruto (PIB).
Os países do Sul eram considerados pobres em razão dos graves problemas que enfrentavam, como desigualdade social, fome, elevadas taxas de mortalidade infantil e violência, além de menor grau de industrialização, vulnerabilidade econômica e baixo Produto Interno Bruto.
É nesse contexto regional que o Brasil estava inserido no início da década de 1990. Os dados socioeconômicos levantados naquela época demonstravam que o país enfrentava elevados níveis de concentração de renda e desigualdade social.
De um lado, novas formas de organização de blocos de países ganharam força, especialmente os chamados blocos econômicos. Por outro lado, o fim das disputas entre os Estados Unidos e a União Soviética não afastou o perigo de um conflito nuclear. 
Atualmente, muitos países produzem armas nucleares, como a bomba atômica. Isso representa um sério perigo para a paz mundial, pois entre alguns desses países há rivalidades e disputas que podem levar a uma nova guerra. Ao mesmo tempo, Estados Unidos e China, as duas maiores potências econômicas da atualidade, vivem um período de rivalidade. 
De acordo com analistas internacionais, o principal motivo é a disputa sobre quem assumirá o protagonismo da economia global nas próximas décadas. Segundo essas análises, o governo estadunidense teme que a China ocupe um papel de liderança em muitas áreas, principalmente a tecnológica, onde o país asiático vem apresentando grande desenvolvimento nos últimos tempos. 
Aliada a essa situação, a Rússia, detentora de grande arsenal nuclear, busca exercer supremacia na região da antiga URSS. Tudo isso evidencia as permanências históricas do contexto da Guerra Fria nas relações internacionais na passagem do século XX para o XXI. 
Entretanto, não restam dúvidas de que o ano de 1991 marcou o fim de certas características do mundo contemporâneo e o começo de novos processos históricos.

O fundamentalismo islâmico no Oriente Médio

O fundamentalismo islâmico, ou muçulmano, ganhou força com a ascensão política, econômica e militar do Ocidente e a dominação imperialista d...