sábado, 22 de novembro de 2025

O cenário geopolítico atual

As transformações ocorridas no cenário geopolítico internacional têm ocasionado uma constante redefinição das fronteiras entre os países do mundo.
Entre as importantes transformações geopolíticas ocorridas nas últimas décadas, podemos citar a derrocada do socialismo e o fim da União Soviética, no final da déca da de 1980 e início da década de 1990. Tais acontecimentos deflagraram processos de independência que levaram à fragmentação do território soviético e à criação de novos Estados, que mudaram o traçado do mapa político no leste da Europa e na Ásia.
O fim da União Soviética provocou grandes alterações no cenário geopolítico mundial, marcado atualmente pelo predomínio do capitalismo em nível mundial e também pela existência de três principais centros ou polos de poder econômico: Estados Unidos, União Europeia e Japão.
Mais recentemente, contudo, outras potências econômicas regionais também se destacam nesse cenário internacional, entre elas a China, segunda maior economia mundial, e também as chamadas economias emergentes, como o Brasil, a Índia e os Tigres Asiáticos.

O expansionismo geopolítico da Rússia


Ao longo dos últimos anos, a Rússia vem buscando reafirmar seu papel de grande liderança no cenário geopolítico mundial. Herdeira da grande força militar da extinta União Soviética (dissolvida em 1991), o país dispõe de um poderoso arsenal nuclear em seu território.
Em maio de 2002, a Rússia e a Otan selaram um acordo de cooperação, com a criação do Conselho Otan-Rússia. Até 2014, o país participou das decisões dos países-membros em assuntos de interesse mútuo, como a definição de estratégias político-militares a serem aplicadas no controle da proliferação de armas nucleares e no combate ao terrorismo. Ainda em 2014, no entanto, a Rússia anexou a Crimeia, república autônoma, pertencente à Ucrânia, e, em razão disso, a Otan suspendeu o acordo de cooperação.
Em 2020, a organização e a Rússia romperam relações. Os russos não concordam com o possível ingres so de países limítrofes, sobretudo da Ucrânia, além de não aceitar a presença de armamentos da Otan nos países do Leste Europeu. 
No início de 2022, as relações entre ambas ficaram mais difíceis, com o reconhecimento, por parte do governo russo, da independência de duas regiões separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia: a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk. 
Em contextos como esses, a Rússia conta com o apoio da China, interessada em favorecer a construção de um contraponto à força da aliança Estados Unidos-Europa ocidental e central.
Aproveitando-se da posição de grande potência militar, nos últimos anos, a Rússia passou a adotar uma política externa mais agressiva, envolvendo-se direta e indiretamente em vários conflitos regionais, alguns com grandes repercussões no cenário internacional.

Guerra na Síria 


Em 2011, por exemplo, após a eclosão de uma violenta guerra civil na Síria, país do Oriente Médio, a Rússia deu apoio ao governo sírio do ditador Bashar Al-Assad. A guerra teve início quando as tropas do exército sírio atacaram violentamen te os opositores do governo que se manifestavam nas ruas clamando por liberdade pelo fim do autoritarismo político naquele país.
O apoio militar do governo russo foi decisivo e ajudou o ditador Bashar Al-Assad a permanecer no poder, mesmo contrariando o posicionamento de parte da comunidade internacional, que se posicionou na ONU contra a opressão exercida pelo governo sírio.


Anexação da península da Crimeia 


Em 2014, uma série de protestos contra o governo da Ucrânia eclodiu na península da Crimeia (território ucraniano). Aproveitando-se da instabilidade política na região e, ao mesmo tempo, visando ampliar sua influência militar e estratégica na região, o governo russo autorizou a realização de ataques militares contra os ucranianos. Vitoriosos, os russos anexaram a península da Crimeia ao seu território, passando a controlar importantes portos e bases militares, além de gasodutos e oleodutos existentes na região.

Invasão da Ucrânia


Em fevereiro de 2022, após alguns meses de intensa mobilização de forças militares russas na fronteira com a Ucrânia, o governo de Vladimir Putin (Rússia) declarou guerra à Ucrânia, dando início à ocupação do país vizinho; fazendo uso de mísseis e de um grande arsenal bélico, levando à destruição parcial do vizinho.
O governo da Rússia justificou o uso da força militar como forma de proteger os grupos separatistas pró-Rússia que atuavam nas províncias de Donestk e Luhansk, no leste do território ucraniano. Além disso, a invasão acabaria com os planos da Ucrânia de ingressar na Otan (Organização do Atlântico Norte), aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
Na opinião de vários especialistas, no entanto, esses e outros conflitos em que a Rússia tem se envolvido na região mostram claramente o projeto político e estratégico implementado pelo presidente Vladimir Putin, que, há vários anos, governa a Rússia. Esse projeto consiste em reincorporar ao território russo parte dos territórios que, no passado, formavam a antiga União Soviética.
Em represália aos ataques, as maiores potências ocidentais, principalmente os Estados Unidos, a Alemanha, a França e o Reino Unido, passaram a aplicar uma série de sanções econômicas sobre a Rússia. A aplicação dessas sanções, que incluíram o confisco de bens, o congelamento de valores depositados em bancos e a suspensão das importações de produtos russos, como petróleo e gás natural, visava minar a economia russa e, com isso, forçar o país a desistir dos planos de ocupação e anexação de partes do território ucraniano.
O estabelecimento dessas sanções foi a maneira encontrada pelas potências ocidentais de evitar um confronto direto com a Rússia, o que certamente levaria a uma guerra de proporções sem precedentes, inclusive com a utilização de armas nucleares.

Fontes de poder: um breve panorama atual


No contexto de mundialização do capitalismo, quatro potências econômicas se destacam no cenário internacional: Estados Unidos, Japão e União Europeia (UE), liderada pela Alemanha, e a China, que conheceu acelerado crescimento econômico entre as últimas décadas do século XX e início deste século, tornando-se a segunda maior economia do mundo.
Além de deter um dos maiores arsenais nucleares, a China apresenta a maior população do mundo, com pouco mais de 1,4 bilhão de habitantes. Considerando os países – não os blocos econômicos, como a União Europeia –, a China é a maior potência em termos de volume de comércio internacional, à frente dos Estados Unidos.
A Rússia que se destaca, particularmente em termos político-militares, pois detém expressivo arsenal militar e nuclear. Além disso, as crescentes exportações de petróleo, bem como os elevados preços desse produto no mercado internacional, contribuíram para a recuperação econômica do país na primeira década do século XXI.
A Rússia, aliada de países que os Estados Unidos consideram uma ameaça – Irã, particularmente, e Coreia do Norte (que também tem o apoio da China)
–, busca reinserção como grande potência internacional e um papel mais decisivo nos conflitos em diversos continentes, particularmente na Ásia e na Europa, como demonstram as ações na Ucrânia.
No entanto, na virada do século XX para o século XXI, o mundo presenciou uma situação na qual parecia haver apenas um protagonista: os Estados Unidos – chamados de hiperpotência mundial.

Globalização, pobreza e desigualdade


O processo de globalização tem se caracterizado pelo aumento crescente das desigualdades no mundo. De acordo com levantamentos da ONU e do Banco Mundial, dos mais de 7,5 bilhões de habitantes do nosso planeta, 1,8 bilhão de pessoas vive atualmente com uma renda inferior a 3,20 dólares por dia, enquanto 677 milhões de pessoas sobrevivem com menos de 1,90 dólar por dia.
Os números da pobreza são ainda mais alarmantes em alguns países da América Latina, da África e da Ásia, nos quais milhões de pessoas são privadas de seus direitos básicos, como o de ter uma alimentação equilibrada, uma moradia adequada, ter acesso aos serviços de saúde e educação etc.
A globalização trouxe benefícios a uns poucos países, principalmente aos mais ricos e desenvolvidos, que se mantêm na dianteira econômica e tecnológica, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. Porém, para a grande maioria dos países, sobretudo para os mais pobres, a globalização não trouxe os benefícios econômicos esperados. Em muitos desses países, ao contrário, o padrão de vida e os indi cadores socioeconômicos pioraram muito nas últimas décadas, com o aumento das taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, a diminuição da expectativa de vida e a queda da renda per capita. Como produto da atual fase do desenvolvimento do capitalismo, a globalização vem acirrando as divergências e ampliando as desigualdades entre os países.

Distribuição da riqueza 



Uma das características do mundo globalizado é o aprofundamentodas desigualdades econômicas entre os países. O mundo globalizado é desigual, sobretudo em relação à distribuição da riqueza.
Analisando os dados do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, pode-se observar, de modo geral, a concentração da riqueza nos países desenvolvidos. 
O PIB corresponde à soma de todos os bens e serviços produzidos em um país no período de um ano. A divisão do PIB pela população total resulta no PIB per capita, que mostra a relação entre a quantidade de riqueza que um país produz e a parcela dessa riqueza que caberia a cada habitante, caso ela fosse dividida de forma igualitária.
Países considerados desenvolvidos, em geral, apresentam PIB per capita elevado. Muitos deles foram pioneiros no processo de industrialização e preservaram sua importância na economia global.
Alguns países desenvolvidos constituíram um forte aparato de proteção social, garantindo a seus cidadãos amplo acesso à educação, saúde, moradia e alimentação de qualidade.
Entretanto, a maior parte da população mundial vive em países de renda média ou baixa. Neles, o desenvolvimento econômico não é capaz de produzir ganhos financeiros elevados. Alguns deles, com efeito, apresentam baixo PIB per capita.
Em regiões como a África subsaariana, o Sudeste Asiático e a América Latina, há Estados com pouca capacidade de garantir boas condições de vida à maioria da população. Geram-se, assim, grandes desigualdades internas quanto ao acesso a direitos básicos, com reduzida infraestrutura e serviços precários para a maior parte da sociedade.
Considerando as desigualdades socioeconômicas entre os países, a ONU criou o IDH com o objetivo de avaliar as condições de vida da população e oferecer dados aos governos e a outras instituições para que possam planejar ações visando à redução das disparidades. A comparação dos indicadores que compõem o IDH é uma importante ferramenta para revelar as desigualdades no mundo globalizado. 
No geral, os países desenvolvidos apresentam excelentes indicadores socioeconômicos, como alta renda per capita, baixíssimos índices de analfabetismo e expectativa de vida elevada. Já os países emergentes e os países subdesenvolvidos apresentam, em geral, indicadores socioeconômicos inferiores aos dos países desenvolvidos. Vale lembrar que as generalizações nos dão apenas uma ideia sobre a situação de um país ou região. Países como Brasil, México, Índia e China, considerados emergentes, apresentaram significativas melhorias nas condições de vida da população nas últimas décadas, mas possuem níveis de desenvolvimento distintos.

Concentração de renda


A concentração de renda é outro indicador importante na avaliação das condições de vida da população de um país. Ela é determinada pelo Índice de Gini, que combina aspectos econômicos e sociais, pois mede a distribuição de renda em determinada população. Ele varia de 0 a 100, sendo mais desigual quanto mais próximo de 100.
A concentração de renda é mais alta em países subdesenvolvidos e emergentes. O Brasil e a África do Sul, por exemplo, estão entre os mais desiguais do mundo. Isso não significa que nos outros países a renda seja distribuída igualmente. Porém, há menores disparidades entre ricos e pobres.

A pobreza no mundo atual


A pobreza envolve um conjunto de fatores, como renda, condições de alimenta ção e acesso a serviços de saúde e educação, condições de habitação e exclusão social. Assim, ela é multidimensional, ou seja, abrange vários aspectos.
Para avaliar se uma família se encontra em situação de pobreza multidimensional, a ONU criou, em parceria com institutos de pesquisa, o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), em 2010. O IPM identifica a sobreposição de pri vações sofridas pelas famílias por meio da análise de dez indicadores, incluindo nutrição, mortalidade infantil, bens domésticos, acesso a serviços básicos, como saneamento básico e eletricidade, entre outros. 
Ainda que a globalização aumente as disparidades entre os países, os seus efeitos em relação à pobreza variam de uma região para outra.
Ao longo das últimas duas décadas, o contingente de pobres aumentou significativamente em certas regiões do mundo, como na América Latina, na África Subsaariana e no sul da Ásia. Fatores como a estagnação econômica, o endividamento externo, a escassez de investimentos ou, ainda, o desvio dos recursos públicos por governos corruptos ou para a compra de armamentos contribuíram para o aumento da pobreza nessas regiões.
Nesse mesmo período, porém, o número de pobres no leste da Ásia diminuiu consideravelmente. Essa redução da pobreza foi ocasionada por fatores diversos, como o grande investimento em educação, ciência e tecnologia e o crescimento econômico, impulsionado pela liberalização do comércio e pelo aumento dos investimentos estrangeiros nessa região.
Embora a pobreza venha sendo globalmente reduzida nas últimas três décadas, existem regiões no mundo onde milhares de pessoas ainda vivem com menos de 1,90 dólar por dia. Vale destacar que a pobreza coloca em risco a segurança alimentar. Em 2021, a fome atingia 1,3 bilhão de pessoas. 
A fome está relacionada à falta de acesso a terras produtivas e à baixa renda. As conse quências são muito graves, principalmente para crianças e jovens, cujo desenvolvimento físico e intelectual é comprometido pela subnutrição. De acordo com a ONU, a segurança alimentar deve ser uma das metas prioritárias de investimento nos países. 

A desigualdade econômica interna dos países


Além do aumento das disparidades em nível mundial, com a ampliação da distância entre os países ricos e os pobres, a globalização tem aumentado as desigualdades no interior dos próprios países. Esse fenômeno tornase ainda mais grave nos países subdesenvolvidos, como ocorre, no Brasil, onde o número de excluídos é bastante elevado, com milhões de pessoas vivendo em condições precárias. Todavia, a pobreza também vem aumentando mesmo nos países ricos e desenvolvidos, principalmente em razão do desemprego crescente, da redução dos benefícios assistenciais (cortes nos gastos previdenciários) e da diminuição das verbas destina das às questões sociais (habitação, educação, saúde etc.).
Estimase que, nos países mais ricos do mundo, como os Estados Unidos, 8,7% da população esteja vivendo na pobreza, ainda que em condições de vida melhores se comparadas às dos pobres que vivem em países como Brasil, México ou Índia, e muito melhores em relação à população pobre que vive em países da África, como Níger, Burundi e Chade. Isso ocorre porque a assistência social e os serviços de saúde, por exemplo, são mais acessíveis à população dos países ricos, enquanto essas outras áreas são extremamente deficientes nos países mais pobres.

Saúde e educação


A baixa renda dos países considerados subdesenvolvidos é refletida em muitos indicadores socioeconômicos, como a expectativa de vida. Isso resulta da escassez de investimentos em sistemas públicos de saúde, saneamento básico e campanhas de vacinação, o que aumenta o risco da proliferação de doenças, reduzindo a esperança de vida ao nascer. Além disso, nesses países, muitas pessoas não conseguem ter uma alimentação saudável por falta de recursos financeiros.
Países com grande desigualdade social ou com rendas mais baixas costumeiramente apresentam problemas de acesso à educação. Muitas vezes, a educação básica não é gratuita e há casos em que as crianças precisam se deslocar por longas distâncias até a escola. Os rendimentos insuficientes das famílias são outro fator que afeta negativamente a educação, pois levam as crianças a trabalhar para contribuir com o sustento familiar.
O acesso de meninas à educação é particularmente afetado em regiões onde tradições e leis desestimulam as mulheres a avançar em sua formação acadêmica. Em certos casos, a segurança das meninas é colocada em risco caso elas decidam estudar.

Pesquisa e desenvolvimento


Na atualidade, um dos principais fatores que diferenciam o desempenho econômico entre os países é a criação e o domínio de tecnologias avançadas.
Produtos de alta tecnologia têm alto valor agregado, isto é, são mais valiosos do que produtos menos elaborados, como as matérias-primas e produtos primários em geral.
Os líderes globais em desenvolvimento tecnológico investem grandes somas em pesquisa e desenvolvimento, estimulando a inovação e aumentando seu grau de competitividade na economia global. Esses investimentos podem ser públicos, ou seja, realizados pelo Estado, ou privados, feitos por empresas.
À medida que os países desenvolvidos criam novas tecnologias, a distância entre os países produtores e os países consumidores desses bens aumenta e cria-se uma relação de dependência entre eles.
Alguns países, como a China, combinam altos investimentos em pesquisa e tecnologia com forte capacidade de produção industrial. Assim, rendimentos financeiros elevados são obtidos em suas exportações.

Acesso à internet


Nos países mais pobres, o acesso à internet e às novas tecnologias restringe-se a uma pequena parcela da população. Neles não há infraestrutura básica e, como resultado, parte da população sofre com a chamada exclusão digital.
Sem internet, os excluídos digitais têm o acesso à informação e à comunicação limitados, o que traz impactos negativos para seu desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional.

Globalização, trabalho e desemprego


Se, por um lado, os avanços tecnológicos foram essenciais para impulsionar o atual processo de globalização; por outro, as novas tecnologias tiveram um impacto direto sobre o emprego. A onda de inovações, apoiada nas tecnologias da informação, da microeletrônica e da robótica, sobretudo a partir da década de 1970, foi cada vez mais incorporada ao processo produtivo, principalmente nas linhas de produção e montagem das indús trias, eliminando milhares de postos de trabalho, como ocorreu nas indústrias auto mobilísticas, com a substituição dos trabalhadores por máquinas.
Nas últimas décadas, as novas tecnologias da informação também alcançaram outros setores de atividades econômicas, sobretudo o de serviços, promovendo a infor matização em bancos, escritórios, companhias telefônicas, empresas de transporte, redes de supermercados, lojas de departamentos etc. A expansão dessas novas tecnologias nos diversos setores da economia faz parte da própria lógica capitalista, na qual as empresas se modernizam para aumentar a produtividade e os lucros, ao mesmo tempo que buscam reduzir os custos da pro dução, como mão de obra (gastos com salários, encargos trabalhistas e benefícios sociais), energia, transporte, entre outros.
A tecnologia e o desemprego Uma das consequências da expansão de novas tecnologias nos diversos setores da economia é que muitos postos de trabalho acabam sendo fechados, agravando a ten dência de aumento da taxa de desemprego entre a população economicamente ativa (PEA). A PEA compreende o conjunto de pessoas que desenvolve alguma atividade econômica, recebendo uma remuneração (salário) pelo trabalho realizado. Compre ende também os trabalhadores que se encontram temporariamente desempregados. A tabela a seguir apresenta as taxas de desemprego de alguns países desenvolvi dos e de alguns subdesenvolvidos.
Nos países ricos, o processo de inovação tecnológica é rápido e intenso, e as novas tecnologias reduzem, drastica mente, a utilização da mão de obra. O que essas inovações tecnológicas criam são novos postos de trabalho em áreas de alta tecnologia, como informática, computação e robó tica. Ainda que em menor número, esses postos requisitam mão de obra altamente qualificada. Por meio do autoconhecimento somos capazes de conhecermos nossas capacidades, habilidades, limitações, ou seja, conhecimentos importantes para definirmos nossa vida profissional. No entanto, em geral, a incorporação de novas tecnologias no sistema produtivo tem efeito negativo sobre o número de empregos. Isso acontece porque o aumento do número de desempregados não é compensado pela abertura de novos postos de trabalho em outros setores de atividades, já que a economia não cresce tão rapida mente como seria necessário para absorver a mão de obra disponível.
Nos países pobres, os desempregados também enfrentam mais dificuldades para ingressar no mercado de trabalho, e, por isso, muitos deles passam a engrossar o contingente de trabalhadores do mercado informal. Inúmeros trabalhadores que ingressam na economia informal são pouco qualificados e mal remunerados. Além disso, não têm vínculo empregatício, ou seja, não têm acesso aos direitos trabalhistas, como, no caso do Brasil, férias remuneradas, 13º salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, licença maternidade etc.




Globalização, consumo e cultura

A sociedade em que vivemos tem se caracterizado cada vez mais pela difusão e pelo acesso às informações, seja pelos meios de comunicação de massa (rádio, te levisão e jornais), seja por aparelhos conectados à internet (computadores, tablets, smartphones) via redes sociais, aplicativos de mensagens etc.

Com os avanços das comunicações, acontecimentos que ocorrem em qualquer lugar do mundo, por exemplo, podem ser transmitidos quase que instantanea mente a milhões de pessoas. O acesso à internet, por sua vez, possibilita a comunicação entre os usuários, às vezes, separados por milhares de quilômetros.

A tecnologia no cotidiano


As inovações tecnológicas surgem todos os dias e podem ser observadas em uma infinidade de equipamentos e de aparelhos muito sofisticados, como os compu tadores portáteis, que cabem na palma da mão; os equipamentos multifuncionais, como os telefones celulares, que acumulam as funções de um computador; as câmeras fotográficas digitais de alta resolução e tantos outros. Todas essas inovações tecnológicas causaram mudanças significativas na vida da população. Há algumas décadas seria inacreditável uma pessoa se comunicar com outra por telefone celular ou via e-mail, efetuar uma transação bancária em um caixa eletrônico ou assistir a uma aula virtual em um computador conectado à internet. A grande quantidade de tecnologias disponíveis para a realização das mais va riadas tarefas do cotidiano faz com que muitas pessoas chamem o período em que vivemos de era digital.

O acesso desigual às tecnologias


Nas últimas décadas, embora novas tecnologias tenham sido criadas com grande rapidez, o acesso a elas é bastante desigual, sobretudo quando comparamos os países desenvolvidos com os menos desenvolvidos.

O consumo cada vez mais padronizado


Para muitos estudiosos, os grandes conglomerados midiáticos da atualidade atuam no sentido de difundir a cultura ocidental (capitalista) pelo mundo todo, disseminando ideias que enaltecem o modo de vida caracterizado pela moderni dade e pelo consumismo exagerado. Nesse sentido, a grande mídia se coloca a serviço do poder econômico, so bretudo das grandes empresas multinacionais. Sendo assim, os meios de comu nicação de massa (rádio, televisão, jornais, revistas e, especialmente, a internet) promovem padrões de consumo em escala mundial. Isso pode ser observado, por exemplo, quando milhões de pessoas em todo o mundo consomem a mesma marca de um refrigerante ou os sanduíches de uma mesma rede de lanchonetes, assistem aos mesmos filmes lançados pela indústria cinematográfica etc.

Cultura e resistência à globalização


A intensa disseminação da cultura dos países centrais não extinguiu as culturas locais nem uniformizou totalmente hábitos e valores. Muitos povos continuam mantendo e transmitindo suas tradições e seus valores de geração em geração. Por isso, pode-se dizer que existem formas de resistência à homogeneização cultural e que é fundamental valorizar e respeitar culturas tradicionais. Em alguns países europeus há importante empenho em fortalecer a identidade cultural de diferentes povos, por exemplo, por meio do ensino de idiomas e culturas regionais. Na França, há uma lei que garante que as escolas podem ensinar, além do francês, línguas como o bretão e o basco.
Há uma tendência à homogeneização das culturas no mundo glo balizado. Porém, sabemos também que há grupos que lutam para preservar suas tradições e particularidades culturais. São as denominadas minorias étnicas, que podem ser definidas como grupos não dominantes, ou seja, que não exercem poder significativo na sociedade e que apresentam características étnicas, linguísticas ou religiosas distintas do restante da sociedade onde estão inseridas. 
As minorias étnicas têm o direito de promover suas manifestações artísticas garantido no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, documento criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que passou a vigorar em 1966.

Globalização e Divisão Internacional do Trabalho


O processo de globalização ocorrido nas últimas décadas foi impulsionado pela expansão das empresas multinacionais pelo mundo. A dispersão dessas empresas, favorecida pela revolução tecnológica e pelos avanços dos transportes, como vimos, criou as condições necessárias para a expansão do capitalismo em escala planetária. A partir da segunda metade do século XX, as grandes empresas, que atuavam ex clusivamente em seus países de origem – geralmente os mais ricos e industrializados –, passaram a instalar filiais em países menos desenvolvidos economicamente. Muitas dessas empresas, com sede nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Inglaterra, França e Itália, tornaram-se grandes multinacionais, ao se instalarem em países que apresentavam maior po tencial de crescimento econômico, como Brasil, Argentina, México, África do Sul e Índia.

Divisão Internacional do Trabalho


A expansão das multinacionais pelo mundo, decorrente do crescimento do capita lismo, produziu mudanças significativas nas relações econômicas e comerciais entre os países, alterando a participação deles na Divisão Internacional do Trabalho (DIT). A DIT representa a especialização produtiva de cada país na economia e no comércio internacional, ou seja, como cada país está inserido mundialmente na produção e na comercialização de produtos e mercadorias. Até aproximadamente meados do século passado, a produção industrial concen trava-se em um número restrito de países, entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão. Grande parte dessa produção industrial destinava-se ao abasteci mento do mercado interno, enquanto o restante era exportado para os países menos industrializados e de economia primária. A estes cabia, basicamente, a função de fornecer matérias-primas agrícolas e minerais aos países mais industrializados. Com a expansão das multinacionais pelo mundo, a partir da segunda metade do século XX, muitas dessas empresas se instalaram em países de economia essencial mente agrária, como Brasil, Argentina, México, África do Sul e Índia. Esses países também investiram no desenvolvimento de suas indústrias, seja por meio de recursos financiados pelo Estado, seja por investimentos de capitais nacionais privados. Com o desenvolvimento de suas atividades industriais, esses países também se tornaram produtores e exportadores de bens industrializados.

A atual Divisão Internacional do Trabalho


Embora as multinacionais tenham passado a desenvolver suas atividades em vários países, é preciso lembrar que muitas nações com desenvolvimento econômico menor ainda têm economia essencialmente agrária, inserindo-se na atual DIT como fornece doras de produtos primários. Em geral, o parque industrial desses países é insuficiente, pouco desenvolvido e pouco diversificado. Por isso, a maior parte deles depende das atividades primárias (agricultura, pecuária, pesca e mineração). O esquema a seguir resume e ilustra a Divisão Internacional do Trabalho na atual fase de globalização.

A dependência econômica e tecnológica


Ainda que as empresas multinacionais tenham ajudado a promover o crescimento econômico dos países subdesenvolvidos onde se instalaram, a dependência econô mica e tecnológica desses países vem se acentuando cada vez mais em relação aos países desenvolvidos. Isso porque os países subdesenvolvidos continuam dependentes, em grande parte, das exportações de produtos tradicionais de baixo valor comercial e das importa ções de mercadorias mais avançadas tecnologicamente e, por isso, mais valorizadas. Desse modo, esses países não conseguem obter os recursos necessários para promo ver o crescimento de suas economias e investir no desenvolvimento de tecnologias.

Devemos lembrar, ainda, que grande parte dos lucros das empresas multinacionais que atuam nos países subdesenvolvidos tem sido enviada às suas matrizes no país de origem. Somente uma parcela reduzida dos lucros é investida efetivamente nos países onde suas filiais atuam. Além disso, grande parte das multinacionais que se instalam nos países menos desenvolvidos atua em setores tradicionais, como têxtil, alimentício, siderúrgico e petroquímico. As empresas de alta tecnologia (informática, microeletrônica, biotec nologia e aeroespacial) continuam concentradas nos países ricos e desenvolvidos.

O avanço da produção globalizada


O processo de globalização da economia também gerou mudanças significativas na organização do sistema produtivo das grandes empresas. As multinacionais, além de expandirem suas atividades no mundo, passaram a divi dir as diferentes etapas de fabricação e montagem de seus produtos entre suas filiais espalhadas pelo mundo ou transferiram parcelas inteiras do processo de produção para empresas sediadas em outros países. As etapas de fabricação de um automó vel, por exemplo, podem ocorrer, simultaneamente, em diferentes países, cada qual encarregado de produzir um conjunto de peças para a montagem final do veículo. Com a possibilidade de produzir simultaneamente em diversos países, as multina cionais diminuíram os custos de produção e ampliaram significativamente os seus lu cros, pois puderam desenvolver suas atividades nos países que apresentam condições mais vantajosas. Assim, se a produção de um determinado produto torna-se onerosa e, portanto, menos rentável em um determinado país, a empresa pode transferir sua produção para outros lugares, onde os custos (mão de obra, matéria-prima, impos tos etc.) são reduzidos e os lucros, consequentemente, podem ser maiores.

Os signos da globalização no dia a dia


Com a globalização econômica e a dispersão das grandes multinacionais pelo mundo, os produtos dessas empresas se difundiram pelo planeta, sendo comer cializados simultaneamente em grande número de países. Entre esses produtos que se tornaram mundialmente conhecidos, podemos dar destaque a algumas marcas de refrigerantes, certos tipos de sanduíches vendidos em rede de lancho netes, algumas marcas de tênis e artigos esportivos. As marcas desses produtos podem ser consideradas, portanto, signos de uma linguagem mundial que atinge, ainda que de maneiras distintas, todas as socieda des envolvidas pela globalização.

Além dos signos mundiais, o processo de globalização vem se caracterizando pela difusão de termos e expressões do idioma inglês pelo mundo, que acabam sen do incorporados ao cotidiano de milhões de pessoas. A influência do inglês em outras línguas foi ampliada pelos meios de comunicação de massa, sobretudo em razão do predomínio do cinema e da música estadunidenses na cultura mun dial e, mais recentemente, por causa do desenvolvimento e do alcance da internet.

No Brasil, por exemplo, observamos o uso cada vez mais frequente de pala vras e expressões originárias do inglês, como fast-food (comida rápida), self-service (autosserviço, autoatendimento), delivery (entrega em domicílio), e-mail (correio eletrônico), entre muitas outras.

As multinacionais e o comércio mundial


Ao promover a expansão das multinacionais pelo mundo, o processo de globaliza ção ocorrido nas últimas décadas também gerou o aumento crescente do comércio internacional, formado pelas exportações e importações de bens e serviços. De acordo com dados de 2021 da Organização Mundial do Comércio (OMC), o comércio internacional movimenta anualmente mais de 45 trilhões de dólares. No iní cio da década de 1950, o valor desse comércio representava, aproximadamente, 0,3% desse valor, cerca de 126 bilhões de dólares.

O desenvolvimento de meios de transporte mais eficientes ajudou a diminuir sig nificativamente os custos do transporte de produtos, impulsionando as relações co merciais entre os países e o aumento do comércio em escala mundial. Atualmente, o custo médio da tonelada transportada por um navio, por exemplo, é três vezes menor do que era cobrado há cerca de quatro ou cinco décadas.

Além disso, a diminuição das tarifas alfandegárias, decorrente da abertura das economias nacionais ao mercado global, acarretou uma redução no preço das mer cadorias comercializadas mundialmente.

A redução drástica dessas tarifas incentivou ainda mais as trocas comerciais entre os países. Para se ter uma ideia do imenso volume desse comércio, basta observar que somente pelas vias marítimas que ligam os principais portos do mundo circulam diariamente cerca de 29 milhões de toneladas de mercadorias.

Entre as mercadorias mais comercializadas estão os produtos industrializados (automóveis, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos), os gêneros agropecuários (café, açúcar, soja, milho, arroz, carne), os recursos minerais (ferro, cobre, níquel, manganês) e os energéticos (petróleo, gás natural, carvão mineral).




Crescimento da produção agropecuária

O desenvolvimento industrial ocorrido a partir do século XVIII não ficou restrito apenas às cidades, onde as indústrias surgiram e se expandiram. Também provocou importantes alterações nos modos de produzir e de trabalhar no campo. Com o desenvolvimento técnico e científico, foram ocorrendo inovações nas atividades agropecuárias, como a mecanização da produção e o uso de substâncias como fertilizantes e agrotóxicos. 
Ao mesmo tempo que essas inovações resultaram em aumento da produtividade, elas reduziram a necessidade da mão de obra e, aliadas à concentração de terras, ajudam a explicar o intenso êxodo rural em diversos países.
Atualmente, um pouco mais da metade da população mundial vive em cidades e estimativas indicam que, até a metade do século XXI, esse percentual será de cerca de 70%. A demanda por alimentos e matérias-primas é grande e crescente, atraindo o interesse de empresas e governos dos países desenvolvidos por terras agricultáveis. 
Além de a agropecuária reunir atividades de cultivo e criação de animais voltadas à produção de alimentos e de matérias-primas, ela tam bém participa da produção de combustíveis e da geração de energia elétrica com o uso da biomassa. 
Com o crescimento da população urbana no mundo, a agropecuária passou a ter uma importância ainda maior. Especialmente a partir da década de 1960, diante da acelerada urbanização também dos países de industrialização tar dia, houve a necessidade de produzir mais alimentos para atender ao crescente número de habitantes das cidades.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em 2015, 31% da população ativa mundial trabalhava em atividades agrícolas.
Segundo a mesma entidade, cerca de um terço das terras emersas do planeta (continentes) é de terra agrícola, onde se praticam a agricul tura e a pecuária, um terço delas está coberto com florestas e outras formações vegetais e um terço é área de desertos, geleiras, altas monta nhas ou está ocupado por cidades e outras infraestruturas. Mas isso varia de um continente para outro, como mostra o gráfico ao lado. Ob serve que a Ásia é o continente cujo território tem o maior percentual de terras agrícolas e a Europa, o menor. 
É nesse contexto que se insere o aumento da capacidade de produção do setor agropecuário. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), observa-se que a produção mundial de alimentos tem crescido constantemente nas últimas décadas, assim como o comércio internacional de produtos agropecuários. Recentemente, um relatório publicado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) indicou que, apenas entre 2000 e 2019, a exportação de produtos agrícolas apresentou aumento de 73%.

Produção agrícola no mundo


A maior parte da produção agropecuária está concentrada em alguns países, com destaque para a China, os Estados Unidos e o Brasil. 
A China produz excedentes exportáveis de algodão e chá, por exemplo. Ao mesmo tempo, o país está entre os maiores importadores mundiais de produtos agropecuários, com destaque para a soja e a carne bovina. 
Os Estados Unidos se destacam como o maior exportador mundial de diversos produtos, sobretudo milho e soja, mas também são grandes importa dores de alimentos que não cultivam por limitação climática, como algun s produtos tropicais: banana, café e cacau, por exemplo. 
O Brasil se destaca como grande exportador de produtos agrícolas como soja, açúcar e café (maior produtor mundial) e produtos pecuários como carne bovina e de frango. No entanto, a União Europeia é a região que mais se so bressai no comércio mundial de produtos agropecuários, principalmente nas trocas entre seus próprios membros. 

Apropriação de terras e segurança alimentar


Nos últimos 20 anos, milhares de hectares de terras agricultáveis, principalmente nos países pobres e em desenvolvimento, vêm sendo comprados ou alugados por grandes empresas, muitas delas transnacionais, que reconhecem a agropecuária como uma atividade econômica lucrativa e estratégica. Essas terras são usadas, geralmente, para o cultivo de alimentos e de produtos voltados para a exportação e as indústrias.
Nesse processo, os maiores prejudicados são os agricultores familiares locais, que deixam de ter acesso à terra, agravando o quadro de insegurança alimentar e, muitas vezes, são forçados a migrar para áreas urbanas.
No Brasil, esse processo tem sido bastante expressivo na região denominada Matopiba – que abrange parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia –, que vem sendo considerada a nova fronteira agrícola do país. Mais de vinte empresas transnacionais atuam na região, cultivando produtos como algodão, cana-de-açúcar, milho e soja. Um dos maiores problemas dessa modalidade de apropriação de terras é que ela nega às populações locais o acesso à terra e aos recursos naturais fundamentais à sua sobrevivência.
A apropriação das terras agrícolas por empresas multinacionais e países estrangeiros está relacionada a uma série de fatores que impactam diretamente a população rural dos países mais pobres e em desenvolvimento. 

As commodities


O comércio mundial de produtos agropecuários abrange tanto os produtos alimentícios (cereais, frutas, carne, laticínios etc.) como as ma térias-primas para a indústria e o setor energético. Essa comercialização acontece principalmente na forma de commodities, cujos preços são esta belecidos em escala internacional nas bolsas de mercadorias, como as de Chicago e Nova York, nos Estados Unidos, e Londres, no Reino Unido. A variação dos preços das commodities reflete em toda a economia, já que são matérias-primas usadas para a fabricação de diversos produtos. Em caso de elevação, os alimentos ficam mais caros, prejudicando os con sumidores – especialmente a população mais pobre, que, em geral, desti na grande parte de seu rendimento para a aquisição de alimentos. O mercado mundial de commodities é controlado por um restrito conjunto de trading companies, que são, principalmente, transnacio nais. Elas têm grande poder, influenciam a formação de preços no mer cado internacional, o valor dos fretes marítimos para transportá-las etc.

No Brasil, as tradings de commodities atuam na comercialização de soja, milho, açúcar, café, algodão e outros produtos e, nos últimos anos, têm atuado na aquisição de usinas de açúcar e etanol e no financiamento de sementes, agrotóxicos e fertilizantes para o agronegócio. Países que são grandes exportadores de produtos agropecuários, mas não se destacam como produtores e exportadores de produtos industrializados, estão mais suscetíveis e vulneráveis à oscilação dos preços das commodities. Essa característica se aplica principalmente aos países em desenvolvimento, bem como aos emergentes, que em geral são economias dependentes da produção e da exportação de commodities, como é o caso do Brasil.


Uso da terra e indústria de alimentos



O uso da terra em diversos países é influenciado pelo mercado internacional de commodities agropecuárias. Áreas que eram usadas para produção de alimentos tradicionais, visando atender às necessidades de suas populações, foram substituídas pela agricultura comercial, voltada à produção de commodities para o mercado externo. No Brasil, por exemplo, além desse fato, deve-se considerar que a expansão da fronteira agropecuária em direção ao Cerrado e à Floresta Amazônica, nas Grandes Regiões Centro-Oeste e Norte, ocorreu tam bém pela grande procura por essas commodities nos mercados interno e externo – soja, algodão, milho, carne etc.

O comércio mundial de commodities agropecuárias destina-se, sobretudo, ao abastecimento da indústria de alimentos, e não à venda in natura. A indústria as transforma em diversos produtos, os chamados alimentos industrializados – enlatados, empacotados, engarrafados etc. –, que são comercializados junto à crescente população urbana. Daí de corre a importância da agropecuária para a sociedade urbano-industrial.

Nas cidades, então, a obtenção de produtos alimentícios é realizada principalmente por meio de relações comerciais mediadas pelo dinhei ro, isto é, os produtos são comprados por quem possui poder de compra; diferentemente, portanto, de relações no campo, onde o produtor pode plantar ou criar animais para o seu próprio sustento e da sua família e comercializar o excedente. O crescimento populacional e a urbanização, por conseguinte, têm exigido aumento da produção agropecuária, que tem ocorrido com apoio do desenvolvimento científico e tecnológico aplicado à produção rural.


Desigualdade mundial de acesso a alimentos



Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, a população mundial, em pleno século XXI, ainda sofre com a desigualdade de acesso aos ali mentos ou com a insegurança alimentar – situação em que pessoas não têm acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, geran do desnutrição e fome. Segundo a FAO, a produção de alimentos no mundo é suficiente para atender às necessidades de 2500 quilocalorias e 65 gramas de proteí nas por dia a toda a população mundial. No entanto, em 2020, cerca de 768 milhões de pessoas, aproximadamente 10% da população mundial, foram dormir todas as noites sem ter ingerido alimentos em quantidade e qualidade suficientes para manter a saúde (consulte o quadro A). De acordo com o relatório Níveis e tendências da mortalidade infantil (2021), publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no mundo, cerca de 13,7 mil crianças entre 0 e 5 anos de idade morreram, em média, a cada dia de 2020, o que correspondeu a 5 milhões.

A maioria dessas crianças poderia ser salva se elas tivessem as condições mínimas de alimentação adequada e os cuidados médicos e sanitá rios básicos. As mortes dessas crianças não apontam como causa direta a fome ou a desnutrição, mas sim a desidratação, a tuberculose, a pneu monia, o sarampo, a malária e outras doenças, que, ao se instalarem em organismos debilitados em decorrência da desnutrição, causam óbitos, o que é menos provável em crianças bem alimentadas.


Causas da insegurança alimentar



Não há apenas uma causa ou fator particular que explique a fome ou a desnutrição no mundo, mas sim um conjunto deles, em que se destacam: • as guerras e os conflitos internos em países, que inclusive dificul tam ou impedem que a ajuda humanitária e alimentos cheguem ao seu destino;

• o desperdício de alimentos, desde o transporte até o consumo pe las famílias, pelos restaurantes, pelas lanchonetes etc., que pode riam alimentar aqueles que não têm possibilidades de adquiri-los;

• as mudanças climáticas que afetam a produção da agropecuária em determinadas áreas, comprometendo o abastecimento de alimentos;

• a substituição de produtos alimentares in natura pelos industriali zados, que, ao ficarem mais caros, geralmente limitam sua compra pelas pessoas mais pobres;

• a substituição da agricultura de produtores alimentares pela agri cultura comercial de exportação, como estudamos anteriormente. Entretanto, a principal causa da desigualdade de acesso aos alimentos ou recursos alimentares é a pobreza em que vivem milhões de pessoas em todo o mundo, tanto nas áreas rurais como nas urbanas. A existência da fome no mundo, ainda nos dias atuais, é uma situação vergonhosa para toda a humanidade.

A agricultura urbana


Há alguns anos vem se tornando comum a prática da agricultura urbana. Com ou sem apoio dos órgãos de administração pública mu nicipais, grupos de pessoas de comunidades urbanas estão se aprovei tando de terrenos ociosos ou sem construções para o plantio de frutas e a criação de animais de pequeno porte. Já implantada em várias cidades do Brasil, essa prática possibilita a ampliação do acesso a alimentos a quem precisa, além de permitir trocas, doações e comercialização. Assim, cumpre não só o objetivo de melhorar a alimentação, como também, no caso da comercialização, de aumentar o rendimento de quem necessita para que possa adquirir produtos de primeira necessidade.

Agropecuária e problemas ambientais 


A agropecuária é fundamental para a sobrevivência humana e para a ma nutenção do modo de vida atual. No entanto, algumas formas de produção, como a agropecuária intensiva, quando não são acompanhadas de projetos que considerem a preservação do meio ambiente e do ser humano, podem comprometer o equilíbrio socioambiental. 
Um dos problemas que têm de ser enfrentados é a quantidade de agrotóxicos e fertilizantes químicos usados na produção agrícola moderna. Esse uso excessivo, em geral aprovado por governos, contribui para uma crescente contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas, comprometen do a fertilidade dos solos e causando problemas de saúde aos trabalhadores do campo e aos consumidores desses produtos.
Um contraponto importante a esse modo de produção e que tem crescido no mundo todo é a agricultura orgânica ou biológica (como é conhecida em países europeus), sistema de produção que não utiliza produtos químicos. Esse modo de produzir é responsável por uma pequena parcela da produção agrí cola do mundo, já que a maior parte dos grandes cultivos, como a cana-de-açúcar, o milho, o trigo, o arroz e a soja, é feita de forma intensiva e utiliza produtos químicos em grande quantidade. 
A maior parte das terras agrícolas está ocupada com pastagens para animais, e alguns dos principais cultivos, que ocupam grandes extensões de terras, existem para alimentar os animais e não os seres humanos (cerca de 70% do milho cultivado no mundo, por exemplo, vai para alimentação animal). Além disso, grandes extensões de terras são ocupadas por cultivos destinados à disso, grandes extensões de terras são ocupadas por cultivos destinados à produção de energia. 
Nos Estados Unidos, o maior produtor mundial de milho, metade da pro dução destina-se à alimentação de animais e cerca de um quarto vai para a produção de álcool. No Brasil, a maior parte da produção de cana-de-açúcar (o país é o maior produtor mundial) vai para a produção de álcool combustível (etanol); em relação ao milho, o cultivo no Brasil destinado para alimentação de animais, principalmente frangos e porcos, fica na média mundial.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Globalização e meio ambiente

Problemas ambientais e globalização


A globalização promoveu a integração de várias regiões do planeta, com o comércio internacional de diferentes produtos e serviços. Assim, ocorreu o aumento da produção industrial e do consumo, com a consequente intensificação da exploração dos recursos naturais e da emissão de poluentes.
As longas distâncias percorridas por navios e aviões para o transporte de mercadorias, a queima de combustíveis pela movimentação de veículos durante o transporte de trabalhadores de regiões periféricas para suas áreas de trabalho e a emissão de grandes volumes de gases poluentes por fábricas e usinas de geração de energia afetam a saúde da população e geram impactos na sobrevivência de espécies de plantas e animais.


Vivemos uma crise ambiental


Ao longo das últimas décadas, a exploração dos recursos naturais tem aumenta do, e isso vem agravando a degradação do meio ambiente em diferentes regiões do planeta. À medida que esses problemas foram se intensificando no planeta, os seus efeitos passaram a ter consequências não apenas locais ou regionais, mas também em escala global. De acordo com várias pesquisas, os gases tóxicos lançados na atmosfera pelos escapamentos dos veículos e pelas chaminés das fábricas, por exemplo, ao mesmo tempo que agravam a poluição do ar, contribuem para a intensificação do efeito estufa, fenômeno que pode interferir no clima do planeta. 
No entanto, para outros especialistas, as alterações no clima do planeta são fenômenos naturais e não con sideram as alterações humanas a principal causa. Para os estudos que aceitam a responsabilidade das atitudes humanas na na tureza, as ações da sociedade têm gerado sérios impactos ao meio ambiente, afetando a dinâmica natural da Terra e os mecanismos que regulam e sustentam a vida no planeta. Nos últimos dois séculos, os problemas ambientais se agravaram de maneira tão alarmante que, segundo alguns estudiosos, estamos vivendo uma intensa crise ambiental. 


Os debates internacionais sobre meio ambiente


A preocupação com o meio ambiente não é recente. Há pelo menos dois séculos, estudiosos alertam sobre os danos provocados à natureza por causa da ação humana. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os pro blemas ambientais tornaram-se mais visíveis em razão do crescimento da população global, da difusão de padrões de consumo exacerbados e das rápidas industrialização e urbanização das sociedades. Com esse processo em curso, intensificou-se a pressão sobre os recursos naturais, ou seja, houve aumento do uso desses recursos, o que levou os debates ambientais ao âmbito mundial.
À medida que os problemas ambientais foram se agravando e sendo divulgados pelos meios de comunicação, a sociedade foi tomando conhecimento e se conscien tizando de que estava vivendo uma crise ambiental. Muitas pessoas passaram a se preocupar mais com a conservação do planeta, e, entre as décadas de 1960 e 1970, começaram a surgir os primeiros movimentos em defesa do meio ambiente.
Desde então, um número crescente de pessoas vem participando de movimentos ambientalistas ou ecológicos que atuam em favor das mais variadas causas, como a conservação das florestas, a proteção da vida silvestre, o combate às mais diversas formas de poluição etc.
Em 1972, foi realizada a Conferência sobre Meio Ambiente Hu mano em Estocolmo, capital da Suécia, a primeira organizada pelas Na ções Unidas. Nesse evento, dois conjuntos de países se destacaram nos debates: os países desenvolvidos, que defenderam a necessidade de controlar o crescimento econômico de base industrial, considerado poluidor e consumidor de recursos não renováveis; e os demais países, que interpretaram a proposta daqueles como uma tentativa de impe dir sua industrialização, defendendo que as preocupações com o meio ambiente não poderiam afetar seu crescimento econômico.
Vinte anos depois, em 1992, os países-membros da ONU se reu niram no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, para debater novamente os problemas ambientais. Conhecido como Rio-92 ou Eco-92, esse evento contou com a participação de 178 países e 114 chefes de Estado, que, com base na noção de desenvolvimento sustentável, lançaram as primeiras iniciativas para conciliar desenvolvimento econômico e conservação do meio ambiente.
Dez anos depois da Rio-92, realizou-se em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio+10. Os resultados, no en tanto, não foram muito satisfatórios. Assuntos importantes da pauta, como o estabelecimento de metas quanto ao uso de energias renová veis, não obtiveram avanço. Em 2012, realizou-se, novamente na cidade do Rio de Janeiro, a Rio+20, que reiterou a necessidade da implementa ção do desenvolvimento sustentável; e, em 2015, em Nova York, na sede da ONU, realizou-se outra reunião que estabeleceu nova agenda do desenvolvimento sustentável ). Apesar da importância desses eventos, os problemas ambientais per sistem de modo intenso e preocupam especialistas.

Organizações não governamentais


Os movimentos ambientalistas atuam, geralmente, por meio de organizações não governamentais (ONGs). As ONGs são entidades sem fins lucrativos, formadas por representantes da sociedade civil, com autonomia e independência política em rela ção aos governos. As imagens a seguir mostram algumas das principais ONGs am bientais que atuam no Brasil e no mundo.
As ONGs ambientalistas vêm desempenhando um papel muito importante em nos sa sociedade, sobretudo na disseminação da consciência ecológica. É por meio dessa consciência que governos de muitos países têm sido forçados a criar leis ambientais mais severas para garantir a proteção da natureza, aumentando a fiscalização e pu nindo com rigor os crimes praticados contra o meio ambiente. Pressionados para que respeitem as legislações ambientais vigentes, muitas empre sas também já estão assumindo um compromisso no que diz respeito à conservação da natureza.

O desenvolvimento sustentável


A disseminação da consciência ecológica pelo mundo e a pressão política exercida pela opinião pública em favor da conservação da natureza levaram os governos de muitos países a assumirem maiores compromissos em relação às questões ambientais. 
Assim, a discussão dos problemas relacionados ao meio ambiente passou a fazer parte da agenda política mundial, tornando-se alvo de preocupação de governos e organismos internacionais. 
Entre um conjunto de propostas de ações que deveriam ser colocadas em prática para amenizar os impactos ambientais em nível global, destaca-se um ambicioso programa cujas metas levariam à implantação do chamado desenvolvimento susten tável. Esse modelo de desenvolvimento econômico deveria atender às necessidades da sociedade atual, sem colocar em risco a sobrevivência das futuras gerações. 
A implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável em escala planetária exigirá mudanças profundas em toda a humanidade, estabelecendo novas relações nos campos político e social.
Construir um novo modelo de sociedade exige ações concretas de todos os gover nos – no sentido de adequar as legislações vigentes, fiscalizar e punir com mais rigor as agressões e os crimes cometidos contra a natureza, promover campanhas para incentivar e disseminar a consciência ecológica, entre outras atitudes. Também será preciso substituir as tecnologias “sujas”, que causam grandes da nos ao meio ambiente, pelas tecnologias “limpas”, compatíveis com a conservação da natureza.

Problemas ambientais nas grandes cidades


A concentração de pessoas e atividades econômicas nas cidades resulta em problemas ambientais. Entre eles, é possível citar a impermeabilização dos solos por edificações e pelo asfaltamento urbano e a ocupação de encostas de morros. Essas intervenções urbanas na paisagem causam prejuízos ambientais e transtornos, como enchentes, inundações e deslizamentos de terra.
Além disso, em algumas cidades, a falta de saneamento básico e de políticas de destinação adequada de resíduos sólidos contribui para a poluição de corpos d’água, do solo e do ar, tornando o ambiente urbano prejudicial à saúde dos habitantes.

Mudanças climáticas e a ação humana


Ao longo do tempo geológico, a Terra passou por vários momentos de aquecimento e resfriamento. Padrões locais de temperatura, chuvas e ventos extremos, como furacões, variam entre décadas ou séculos sem que sejam considerados anormais. No entanto, um grupo cada vez maior
de cientistas tem alertado para o poder da ação humana sobre esses fenômenos: trata-se da mudança climática antropogênica.
Diante desse cenário, alguns cientistas defendem a possibilidade de a humanidade estar adentrando uma nova era geológica: o Antropoceno, caracterizado pela força transformadora da humanidade sobre o planeta e pela ameaça do início de uma extinção em massa de espécies, a única na história geológica causada por outra espécie – no caso, a humana.
Estudos realizados por diferentes cientistas ao redor do mundo têm demonstrado que a emissão de gases, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), está afetando a dinâmica atmosférica. Esses gases provocaram o aumento da temperatura média global e a ocorrência cada vez mais frequente de fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas, ondas de calor ou frio atípicas e aumento na intensidade e na frequência de furacões.

Produção agropecuária, insegurança alimentar e fome


Terras desertificadas, escassez de recursos hídricos e mudanças climáticas são alguns exemplos de como os impactos ambientais da atualidade têm reduzido as possibilidades de produção agropecuária ao redor do mundo.
A degradação do ambiente se soma às desigualdades sociais e ao crescimento da população mundial, aumentando o número de pessoas que sofrem com a insegurança alimentar, ou seja, a ausência de acesso à quantidade mínima de alimentos para a manutenção de uma vida saudável e produtiva.

Principais problemas ambientais do século XXI


Entre os principais problemas ambientais do século XXI, destacam-se a degradação do solo, as queimadas, a escassez de recursos hídricos, a ameaça à biodiversidade, o aumento do efeito estufa, entre outros.

A degradação dos solos


A degradação dos solos pode ocorrer por meio da erosão, da acidifi cação ou da acumulação de metais pesados, levando à diminuição de nutrientes minerais e de matéria orgânica (húmus), o que pode restrin gir ou inviabilizar o uso do solo para a agricultura. Vários fatores contribuem para a degradação dos solos, entre eles o desmatamento, que facilita a erosão superfi cial causada pela água da chuva e pelo vento e provoca o transporte de nutrientes e matéria orgânica, além de sulcos no solo, que podem formar voçorocas.

Outros fatores que causam a degradação dos solos são o despejo de resíduos industriais e o uso de agrotóxicos, que alteram a composição química do solo; o uso de máquinas pesadas na agricultura; e a sobre pastagem. Todos eles acarretam a compactação do solo e facilitam a erosão, o transporte de nutrientes e a redução da capacidade de infiltra ção da água, com consequente impacto no desenvolvimento de raízes.

Além disso, grande parte da população ainda desconhece as formas adequadas de trabalhar com o solo seguindo princípios técnicos capazes de evitar sua degradação. Dessa forma, torna-se necessária a implanta- ção de programas de educação no campo que visem ao seu uso sustentável.

As queimadas


Provocadas de forma acidental ou voluntária, as queimadas são motivo de grande preocupação para governos, estudiosos e ambientalistas. Esse é um método usado por muitos agricultores, em diversas partes do mundo, para abrir ou “limpar” áreas agricultáveis ou para formação de pas tagens. As queimadas destroem as camadas superficiais do solo e aceleram seu processo de desgaste e esgotamento.

Além disso, essa prática compromete o hábitat de inúmeras espécies animais e vegetais e pode con tribuir para o efeito estufa. Em casos ainda mais graves, o fogo pode alcan çar habitações, plantações e pastagens, provocando destruição e mortes.

O aumento da desertificação em locais que já apresentam clima árido ou semiá rido, devido ao uso inadequado dos so los por meio de técnicas de cultivo, como as queimadas, acabam reduzindo a fertilidade da terra, poluindo a atmosfera e, consequentemente, afetando a dinâmica climática global.

A perda da biodiversidade (fauna e flora), provoca da pela devastação dos grandes ecossistemas ter restres e aquáticos, que já ocasionou a extinção de espécies e ameaça a existência de muitas outras.

A diminuição da camada de ozônio da atmosfera, que protege o planeta dos nocivos raios ultravio leta emitidos pelo Sol. Estudos indicam que esse problema pode ser provocado por um gás chama do clorofluorcarbono (CFC), utilizado na indústria química e em aparelhos de refrigeração como ge ladeiras, refrigeradores e condicionadores de ar.

A poluição das águas por resíduos domés ticos, industriais e pelo derramamento de óleo dos navios e de vazamentos em plataformas de petróleo.

O aumento da poluição atmosférica, pro vocado pela emissão excessiva de gases tóxicos pelas fábricas e escapamentos dos veículos automotores, movidos a combustí veis fósseis, intensificando o efeito estufa e ocasionando o aquecimento global.
O aquecimento global, que, de acordo com muitos cientistas, tem causado anomalias climáticas, como mudanças na distribui ção e no regime das chuvas e aumento ou diminuição anormal das temperaturas, ob servadas em diversas regiões do planeta.

A chuva ácida


Em regiões industrializadas e urbanizadas, de excessiva concentração de po luentes atmosféricos, pode ocorrer a formação da chuva ácida. Esse fenômeno é formado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, expelidos das chaminés das fábricas e dos escapamentos dos veículos motorizados. Ao entrar em contato com o vapor-d'água presente na at mosfera, esses gases formam substâncias ácidas que se precipitam na forma de chuvas, atingindo a superfície terrestre. 

A diminuição da camada de ozônio


A maior parte do ozônio que há no planeta está concentrado em uma fina camada na estratosfera, localizada entre 15 e 35 quilômetros de altitude. Essa camada de ozô nio funciona como uma espécie de filtro, capaz de bloquear os raios ultravioleta B (UV-B) emitidos pelo Sol, os quais são nocivos aos seres vivos.
Nas últimas décadas do século passado, os cientistas descobriram que essa ca mada de ozônio vem sendo destruída, ficando mais fina, com várias falhas ou vários “buracos”, principalmente sobre a região antártica.
As pesquisas feitas indicaram que a destruição da camada de ozônio estava sen do provocada pela emissão de alguns gases industriais, principalmente os chamados clorofluorcarbonos (CFCs), até então muito utilizados em aparelhos de refrigeração e na produção de aerossóis (sprays), isopores, entre outros produtos. Quando libera dos na atmosfera, esses gases reagem com as moléculas de oxigênio, provocando a destruição do ozônio.


O efeito estufa e o aquecimento global


O aquecimento do nosso planeta ocorre por causa da incidência da radiação solar que atinge a superfície terrestre. A maior parte desse calor acaba sendo absorvida pela superfície, e o restante é refletido de volta, aquecendo a atmosfera, enquanto uma parte menor escapa para o espaço cósmico. 
Desse modo, a atmosfera terrestre funciona como uma grande estufa natural, retendo parte do calor que a superfície reflete. É o chamado efeito estufa natural, fenômeno que garante o equilíbrio térmico do planeta, mantendo a temperatura média na superfície do globo terrestre em torno de 15 °C . Sem ele, o planeta seria muito mais frio, com temperatura média em torno de –18  °C . A imagem a seguir representa como ocorre o efeito estufa natural.
O vapor-d’água, os gases e as partículas de poeira em suspensão na atmosfera funcionam como uma estufa natural. Eles retêm parte da radiação emitida pelo Sol e parte da radiação refletida pela superfície, aquecendo a atmosfera nas proximidades da superfície terrestre.
No entanto, a concentração excessiva de poluentes na atmosfera, sobretudo de gases provenientes das queimadas, das chaminés das fábricas e dos motores dos ve ículos, segundo estudiosos, intensifica a ação do efeito estufa. Ao se acumularem na atmosfera, esses gases retêm mais calor, provocando a elevação da temperatura. É o chamado efeito estufa.
Os gases, como dióxido de carbono, metano e CFCs, lançados em grandes quan tidades na atmosfera têm maior capacidade de reter calor, mantendo os níveis de aquecimento da atmosfera e da superfície mais elevados. De acordo com alguns es tudos, a poluição atmosférica gerada nos últimos séculos vem intensificando a ação do efeito estufa.

O aquecimento global e suas consequências


O aquecimento global é um dos problemas ambientais mais preocupantes dos dias atuais. Isso porque o aumento da temperatura pode afetar o equilíbrio térmico do planeta, provocando alterações climáticas em todo o globo. 
Para alguns cientistas, os indícios dessas mudanças já podem ser observados, por exemplo, no aumento da quantidade de chuvas e nas secas mais severas em várias partes do mundo, na ocorrência mais frequente de tempestades e furacões, assim como de nevascas e geadas fora de época.
Com as mudanças climáticas, os grandes ecossistemas do planeta também pode rão ser afetados. As florestas tropicais, por exemplo, podem se tornar mais secas e, até mesmo, desaparecer de certas regiões, enquanto as florestas temperadas correm o risco de serem devastadas pela seca e pelo calor. 
Outra consequência do aquecimento global é o derretimento das geleiras polares, sobretudo na região do Ártico (polo norte), onde se verifica uma rápida diminuição da camada de gelo. O derretimento das geleiras polares, por sua vez, pode aumentar o nível dos oceanos, inundando as regiões costeiras mais baixas.

A ameaça de escassez dos recursos hídricos


Atualmente, a água é considerada por muitos o “ouro” do século XXI. Tamanha valorização pode ser explicada por uma triste estimativa: em muitos países, a demanda por água cresce a cada ano, porém, as reser vas disponíveis não são inesgotáveis e o processo de dessalinização – ato de retirar o sal da água do mar a fim de torná-la potável – ainda requer o uso de tecnologia sofisticada e envolve altos cus tos de investimentos. Entre os principais fatores que causam o aumento da demanda de água no mundo, três se destacam: o crescimento demográfico, o desenvolvimento industrial e a expansão da agricultura irrigada. Nas últimas duas décadas, por exemplo, a agricultura foi responsável pela maior parte da extração de água doce.

Atualmente, em âmbito pla netário, estima-se que 69% dos recursos hídricos disponíveis são consu midos por atividades de irrigação. Enquanto a quantidade de água doce disponível para o consumo humano está declinando mundialmente, especialistas afirmam que até 2050 a demanda por água crescerá 18% nos países desenvolvidos e 50% nos demais.

O aumento dessa demanda se tornará intolerável em países com recursos hídricos escassos. Essa escassez afeta cerca de 30 países, cujas reservas de água são inferiores a mil metros cúbicos por pessoa ao ano. Somam-se a esses problemas as desigualdades no acesso e no consumo desse recurso vital: enquanto uma família de classe mé- dia nos Estados Unidos consome em média 2 mil litros de água por dia, na África esse consumo é de apenas 150 litros, sem contar a dificuldade de acesso, pois milhões de famílias ainda precisam percorrer longas dis tâncias para obter água.

Para evitar o fim dos recursos hídricos e garantir que as próximas ge rações possam usufruí-los, é preciso adotar novas ações para o uso da água – desde a economia cotidiana, nos domicílios, na escola e em ou tros lugares públicos, até o estímulo de políticas públicas que garantam o uso sustentável desse recurso.

A biodiversidade em perigo


Na Rio-92 foi estabelecida a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que, a partir de en tão, passou a orientar ações em vários países para a conservação da biodiversidade, o uso sustentá vel de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos. De fato, a preservação da biodiversidade é um dos grandes desafios ambientais do século XXI. Grande parte dos problemas ambientais apre sentados até aqui leva à destruição de espécies animais e vegetais indispensáveis para a manu tenção da vida no planeta.

Os desmatamentos, a exploração madeireira, a construção de barragens, a exploração mineral e o desenvolvimento urbano, entre outras ações humanas, têm elevado as taxas de extinção de espécies em várias partes do planeta. O Índice Global do Planeta Vivo – que indica alterações da biodiversidade mundial, acompanhando o crescimento de quase 21 mil populações de ma míferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de dife rentes biomas e regiões –, por exemplo, mostra que, de 1970 a 2016, houve um declínio global de 68% na saúde da biodiversidade, ou seja, houve diminuição na abun dância de espécies ao longo desse período.

A crise ambiental e a questão energética 


A crise ambiental da época em que vivemos tem sido agravada pela utilização de fontes energéticas potencialmente poluidoras, sobretudo pelo uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural. 
A queima desses combustíveis em larga escala tem aumentado enormemente a concentração de poluentes atmosféricos, sobretudo dos gases que provocam alguns dos mais graves problemas ambientais, como a formação de chuvas ácidas, a diminuição da camada de ozônio e o aquecimento global. 
A queima de combustíveis fósseis vem aumentando de maneira crescente desde o início da Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII. A partir de então, o avanço da industrialização, dos meios de transportes e demais atividades econômicas tem se apoiado principalmente na utilização de combustíveis de origem fóssil. Essas fontes representam 86% do total da energia consumida atualmente no mundo.
Como os combustíveis fósseis continuam sendo as fontes energéticas mais utilizadas no mundo, e provavelmente vão continuar sendo exploradas para sustentar o crescimento econômico em muitos países, podemos dizer que a sociedade contemporânea está diante de um grande desafio: como manter o crescimento econômico e o aumento do consumo de energia ao longo das próximas décadas e, ao mesmo tempo, diminuir a emissão dos poluentes atmosféricos provenientes do uso desses recursos? 
Esse desafio pode ser enfrentado pela utilização de fontes renováveis e alternativas de energia, que geram baixo impacto ambiental, como a solar, a eólica, o biogás, a biomassa, a hidráulica, entre outras.

A pegada ecológica


A produção e o consumo de alimentos, bens e serviços e a realização de obras de infraestrutura são exemplos de atividades que demandam uso direto ou indireto dos recursos naturais biológicos renováveis. Para avaliar a pressão do consumo das populações humanas sobre esses recursos, foi criada a Pegada Ecológica.

O termo Pegada Ecológica foi criado na década de 1990 por William Rees e Mathis Wackernagel, ecologistas canadenses. O cálculo da Pegada Ecológica é feito por categorias de consumo (as principais são: alimenta ção, habitação, energia, bens de consumo e transportes) convertidas em uma ou mais áreas de terreno. Isto é, para comparar a demanda humana com a biocapacidade – capacidade dos ecossistemas em produzir recur sos úteis e absorver os resíduos gerados pelos seres humanos –, são so madas as extensões das áreas necessárias ao fornecimento dos recursos naturais biológicos renováveis consumidos pelas pessoas, das áreas ocu padas por infraestrutura e das áreas necessárias para a absorção de resíduos (CO2 ).

A Pegada Ecológica global


A partir do final da década de 1960, a Pegada Ecológica per capita da humanidade superou a biocapacidade. Observe o gráfico: o declínio da biocapacidade per capita é consequência, principalmente, do crescimento da população mundial no período repre sentado. De maneira geral, os habitantes dos países mais industrializados têm Pegada Ecológica maior por causa do intenso uso de recursos naturais.

Segundo análises de 2022 da Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica) – organização internacio nal que se dedica a calcular e a divulgar os dados da Pegada Ecológica –, apenas cinco países respondem por mais da me tade do total da Pegada Ecológica Global. Embora a China tenha a 63a maior Pegada Ecológica per capita do mundo, sua Pegada Ecológica total é a maior do planeta. Entre outros fatores, isso ocorre porque o país abriga a maior população do mundo. A população dos Estados Unidos é cerca de um quarto da chinesa, mas a sua Pegada Ecológica total é quase tão grande quanto a do país asiático por causa do alto padrão de consumo per capita dos estadunidenses.

China: política e desenvolvimento econômico

A China abriga a maior população do mundo. É um país predominantemente rural que se tornou uma das maiores economias mundiais da atualidade ...