segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Rússia: política e economia

A Rússia é herdeira de um enorme território, que se estende da Ásia à Europa. Ela foi formada pela conquista de terras pelos czares, muitas vezes com o uso de violência.
Parte do território russo está localizada na Europa e outra, na Ásia. Essa loca lização deixou o país em uma posição estratégica, já que ele pode ser um dos caminhos para uma maior integração terrestre entre os dois continentes. 
Entre 1922 e 1991, a Rússia foi parte de um país mais extenso, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou apenas União Soviética, que levou sua influência a pontos mais afastados da capital, Moscou, em direção à Europa. Ape sar da presença de outras culturas e povos, os russos praticamente dominavam culturalmente a União Soviética.

A União Soviética 


Com a Revolução Russa de 1917, que transformou radicalmente a estrutura social da Rússia, os czares foram expulsos do poder e os revolucionários assumiram o controle do Estado. Teve início um novo período que resultou na formação da União Soviética, em 1922. 
Durante quase trinta anos, a economia da União Soviética foi regida pelos Planos Quinquenais, estabelecidos a cada cinco anos pelo poder central. Por meio deles as atividades econômicas eram planejadas. 
O setor agrícola foi organizado em cooperativas e em fazendas do Estado. Já o setor industrial priorizou as indús trias de base, para depois focar na produção de bens necessários à população. Esse sistema permitiu ao país equipar-se militarmente e participar ativamente da Segunda Guerra Mundial.
A União Soviética rivalizou com os Estados Unidos entre o fim da Segunda Guer ra Mundial e o começo da década de 1990, período da Guerra Fria, como já foi abor dado. Essas duas potências disputavam o desenvolvimento de novas armas e a con quista do espaço, caracterizando uma corrida armamentista e uma corrida aero espacial. 
Além disso, procuravam influenciar países e atraí-los para seus interesses. A União Soviética mostrava-se como uma alternativa de poder até começar a enfrentar problemas de abastecimento de alimentos, o que gerou revoltas e, com outros fatores, culminou em sua desintegração, em 1991. 

A Comunidade dos Estados Independentes 


Para manter a articulação econômica entre os antigos integrantes da União Soviética, formou-se a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que repre sentou uma solução para que os países não fossem desabastecidos repentinamen te, já que suas economias eram complementares. 
A CEI reunia as antigas repúbli cas da União Soviética, com exceção de Estônia, Letônia e Lituânia. Com o passar do tempo, o bloco passou a ter outros objetivos políticos e econômicos.
De início, os critérios de integração que sustentavam a CEI foram efetivos, mas, aos poucos, disputas econômicas e geopolíticas entre a Rússia e os outros membros comprometeram a unidade do bloco. Em 2005, o Turcomenistão deixou de ser um membro pleno para tornar-se um membro associado; em 2009, a Geórgia abandonou o bloco. 
A Ucrânia, embora não costume comparecer a cúpulas e reuniões da CEI, continuou formalmente como membro da organização. Seu afastamento se deu a partir de 2014, em razão de graves conflitos com a Rússia.

O retorno da Rússia 


Desde o fim da União Soviética, a Rússia passou por várias transformações, o que leva muitos estudiosos a apontá-la como uma nação emergente, que consegue influenciar outros países, além de promover melhorias na qualidade de vida de sua população. 
A herança de parte dos armamentos da antiga União Soviética, o elevado potencial de recursos naturais e a postura geoestratégica do governo nas últimas duas décadas têm confirmado o destaque russo no mundo atual. 
O território russo é o maior do mundo, com 17 075 200 km2. A extensão de sua costa é de 37 653 km. Porém, estima-se que apenas 8% dessas terras sejam cultiváveis em razão dos invernos rigorosos e de grandes áreas com perma frost, tipo de solo que permanece congelado por longos períodos.

Indicadores sociais 


Para um país que, de algum modo, esteve no comando de ações internacionais durante anos, a situação social da Rússia poderia ser melhor. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a expectativa de vida ao nascer na Rússia era de 70,3 anos, mais baixa que a de países como o Canadá, por exemplo. Quanto à escolaridade, a média do período de estudo era de 12 anos. 
Entre as mulheres com mais de 25 anos de idade, 89,6% concluíram ao menos o Ensino Médio, percentual que sobe para 92,5% no caso dos homens, para a mes ma faixa etária e nível escolar. 
Os homens estavam mais presentes no mercado de trabalho: 71,7% do total da população masculina trabalhava, enquanto 56,6% das mulheres estavam empregadas. As mulheres representavam, na época, apenas 14,5% do Parlamento, enquanto na Suécia, por exemplo, elas ocupavam 43,6%. Ainda de acordo com o PNUD, em estimativa divulgada em 2018, a Rússia es tava na 49a posição entre os países do mundo quanto ao Índice de Desenvolvimen to Humano (IDH), apresentando a pontuação de 0,816, considerada muito alta.

Atividades econômicas 


Apesar do rigor das baixas temperaturas, predominante no território russo, as exportações agrícolas têm aumentado nos últimos anos, segundo o Ministério da Agricultura do país. Mesmo assim, os produtos de origem agropecuária represen tam apenas cerca de 6% das exportações do país, destacando-se: cereais, açúcar, batatas e carnes de frango e suína. 
A Rússia ocupa uma posição importante no mundo como grande fornecedora de fontes de energia e de recursos naturais, em especial o petróleo e o gás natural. Para escoar essa produção – incluindo o fornecimento para a Europa ocidental –, o território russo apresenta uma ampla rede de oleodutos e gasodutos.

Conflitos entre a Rússia e Ucrânia


Nos últimos anos, graves conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, que também envolvem interesses da União Europeia (UE), têm ganhado repercussão mundial. Em 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, anunciou a intenção de romper negociações para a associação do país à União Europeia e de promover maior aproximação econômica com a Rússia. 
Contudo, grande parcela da população ucraniana era pró-União Europeia e não concordou com esse novo posicionamento do governo, dando início a intensos e prolongados protestos. Nas manifestações, prédios públicos foram destruídos e os embates com as tropas do governo causaram inúmeras mortes. Yanukovych foi deposto e se exilou na Rússia em 2014. 
A parcela da população ucraniana que apoiava a aproximação com a Rússia, por sua vez, posicionou-se contra a deposição de Yanukovych e também iniciou protestos na porção leste do país e na Crimeia. 
A Crimeia é uma república autônoma que pertencia à Ucrânia. Seu território está localizado em uma península no mar Negro, que é o único acesso de território ucraniano ao mar Mediterrâneo e, por isso, é de grande importância estratégica, abrigando uma importante base naval russa, além de ser cortada por gasodutos e possuir importantes reservas de gás.
A maioria da população da Crimeia é de etnia russa e se manifestou contra a deposição de Yanukovych e a favor da associação com a Rússia. 
Em março de 2014 foi realizado um referendo no qual mais de 96% dos votantes decidiram que a Crimeia deveria se separar da Ucrânia e ser anexada à Rússia  O resultado deu ao governo de Moscou a legitimidade de que necessitava para controlar completamente a península e ampliar sua área de influência estratégica. 
Porém, o referendo e a anexação da Crimeia não foram reconhecidos pelo governo da Ucrânia, tampouco pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que julgaram a manobra uma agressão internacional e, em retaliação, impuseram um bloqueio econômico à Rússia. 
Em maio de 2014 foi eleito um novo presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko. Entre suas primeiras ações estava a assinatura de um acordo de livre-comércio com a União Europeia. 
Esse fato gerou forte reação do governo russo, que ameaçou cortar o fornecimento de gás à Ucrânia no inverno. No mesmo mês, os estados ucranianos de Donetsk e Luhansk, localizados no extremo leste do país, realizaram referendos. Os resultados também apontaram a separação de ambos os estados e sua anexação à Rússia. 
O governo ucraniano reagiu, o que resultou em uma guerra civil, na qual os rebeldes se paratistas pró-Rússia se confronta ram com as tropas do governo, que lutavam para garantir a integridade do território ucraniano.
Assim, a Ucrânia tem sido, nos últimos anos, palco de disputas entre União Europeia e Rússia por ampliação de suas áreas de influência econômica e geopolítica. 

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