domingo, 12 de janeiro de 2025

A Rússia e a CEI

Rússia: potência geopolítica


A Federação Russa, nome oficial da Rússia, é formada por 21 repúblicas, uma região autônoma, 49 regiões administrativas, seis províncias, dez distritos autônomos e duas cidades com status administrativo especial — Moscou e São Petersburgo. A Rússia detém um dos maiores arsenais nucleares mundiais. Dispõe de uma enorme área territorial, que concentra grande quantidade de recursos minerais, inclusive energéticos, como petróleo e gás natural, detendo cerca de 6% das reservas petrolíferas mundiais e aproximadamente 30% das reservas de gás natural do mundo. 
A exploração e a comercialização são monopólio da Gazprom, empresa estatal russa. Seu importante peso geopolítico e histórico é reforçado pela expansão econômica, verificada a partir do início do século XXI, que tem como um dos fatores fundamentais as enormes receitas obtidas com as exportações de petróleo e gás natural. 
Essa expansão econômica, associada a questões demográficas do país (como a reduzida taxa de natalidade), conforme discutido na seção Para começar, é um dos fatores responsáveis pelo crescente aumento da demanda de mão de obra. 
Diversas potências europeias dependem do petróleo e do gás natural russos. Aproximadamente 40% do gás consumido na Europa é proveniente do território russo. Outros fornecedores de petróleo e, sobretudo, de gás natural para a Europa são o Azerbaijão, o Casaquistão, o Usbequistão e o Turcomenistão, que estão na esfera de influência política e econômica da Rússia. Os gasodutos que escoam o gás natural desses países para a Europa percorrem longos trechos em território russo.
Os problemas da transição e a integração da Rússia A transição da economia planejada (socialista) para a economia de mercado (capitalista) proporcionou uma série de mudanças na Rússia, como a gradual liberação de preços de mercadorias e serviços, a privatização das empresas estatais e a abertura para o capital estrangeiro, fundamentais para a reconstrução da economia dos novos Estados nos padrões do sistema capitalista.
A desintegração da União Soviética e a transição para uma economia de mercado levaram a Rússia a mergulhar em uma crise financeira que se estendeu por praticamente toda a década de 1990. A recessão que abateu esse país ao longo dos anos 1990 desvalorizou intensamente sua moeda, o rublo, em relação ao dólar, contribuindo para o grande endi vidamento do país no mercado mundial.
O crescimento econômico, nos anos de intensas transformações nas estruturas políticas, sociais e econômicas do país, rumo ao capitalismo, foi muito baixo — entre 1992 e 2002, a média anual de crescimento do PIB foi negativa (–0,9%). Tal situação, associada à concentração de riquezas nas mãos de poucas pessoas, contribuiu para piorar as condições de vida da maior parte da população .
O processo de privatização foi muito atraente para o capital estrangeiro, pois o preço das ações das antigas empresas estatais estava bem abaixo do valor real. No entanto, esses investimentos limitaram-se a setores considerados rentáveis, como os de petróleo e gás, eletrônicos, telecomunicações, lazer e hotelaria, equipamentos de transportes e alguns outros, não se difundindo pela economia como um todo. A maioria das empresas não tinha competitividade para funcionar em uma economia de mercado. 
No setor agropecuário, em 1992, a Rússia iniciou a instauração da propriedade privada para extinguir as fazendas coletivas. Em junho de 2002, foi aprovado um projeto de lei que criou um sistema de comercialização de terras, acabando com a proibição que vigorava desde a Revolução de 1917. 
Essa comercialização, no entanto, ficou restrita apenas aos russos, vetada aos estrangeiros. A transição para o capitalismo transformou a Rússia em uma nova fronteira para a expansão do capital financeiro e em um mercado emergente, com toda a dependência de capitais externos provocada por essa situação. 
Em 1998, a crise atingiu seu ponto máximo, quando o país decretou estado de moratória, ou seja, o não pagamento de suas dívidas. Essa medida atingiu dire tamente o mercado financeiro internacional, culminando em quedas bruscas nas bolsas de valores em todo o mundo.
Com a crise, houve uma diminuição expressiva das importações russas, o que acabou impulsionando o de senvolvimento da produção industrial interna. Assim, o crescimento das atividades industriais associado ao alto valor adquirido pelo gás natural e o petróleo russo no mercado internacional con seguiu reverter a situação crítica pela qual a economia do país passava com o fim da União Soviética.
A fim de contribuir para a recuperação da economia da Rússia, o Fundo Monetário Internacional (FMI), assim como outras instituições financeiras, destinou, no primeiro semestre de 1998, cerca de 11 bilhões de dólares para esse país.
No entanto, a recuperação da economia russa iniciou-se, efetivamente, quando o país passou a estabelecer medidas embasadas na economia de mercado, no começo do século XXI. 
A Rússia passou a firmar acordos comerciais principalmente com os países capitalistas desenvolvidos. Entre as medidas adotadas, destacam-se a intensificação da exploração de petróleo e de gás natural, setor energético considerado de grande peso na economia mun dial. Ao mesmo tempo, houve incentivo ao desenvolvimento das indústrias internas, sobretudo as de base, as de bens intermediários e as do ramo alimentício.
O país é bastante dependente das exportações de alguns metais, de madeira e, sobretudo, de petróleo e de gás natural. Cerca de 80% das exportações russas referem-se a esses quatro itens. Dessa forma, como os preços do petróleo e do gás natural subiram significativamente em boa parte dos anos da primeira década do século XXI, a economia russa apresentou expressiva recuperação. 
Alguns analistas alertam sobre o perigo em ter uma economia muito dependente em relação ao petróleo, ao gás natural e a outros recursos minerais, considerando o risco da oscilação de seus preços (que caíram no decorrer de 2014, em razão da expansão da produção do óleo de xisto nos Estados Unidos) e o esgotamento futuro das reservas. 
Além disso, destacam a necessidade de modernização do parque industrial e de investimentos em tecnologias de ponta, não apenas em armamentos de indústrias aeroespaciais, mas também nos setores de informática, telecomunicações, químico, entre outros.
A sociedade russa também passou por grande transformação com o aumento das desigualdades econômicas. Houve bastante acumulação de riqueza por uma pequena elite, composta de líderes do antigo Estado soviético e de novos empreendedores (empresários capitalistas), particularmente os que atuam nos setores petrolífero e da construção civil.
No começo do século XXI, a Rússia voltou a despontar no cenário econômico e geopolítico mundial. No campo econômico, o país está atraindo grande número de investidores estrangeiros, sobretudo de países mais desenvolvidos economicamente, interessados nesse novo e imenso mercado consumidor. 
A Federação Russa se destaca, então, como uma das estrelas do Brics, sigla que se refere ao grupo dos principais países de economia emergente do planeta, formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – em inglês, South Africa.
Atualmente, o ritmo de crescimento econômico do país vem diminuindo consideravelmente, principalmente pelo aumento das taxas de juros e pelas sanções impostas por países ricos em consequência das ações tomadas pelo governo russo por causa das invasões da Ucrânia em 2014 e, mais recentemente, em 2022.

A Comunidade dos Estados Independentes (CEI)


A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) foi criada em 1991, com a paticipação de 15 países. Esse bloco político e econômico foi criado com o objetivo de manter a cooperação entre as ex-repúblicas socialistas soviéticas, de modo a co laborar para que a transição da economia planificada para a economia de mercado ocorresse sem maiores problemas.
Vários países deixaram de fazer parte dela desde então, sendo o caso mais expressivo o da Ucrânia, que declarou sua intenção de deixar a CEI em 2014 e concretizou essa saída em 2018. Atualmente o bloco conta com 10 países-membros. 
Apesar de sua importância histórica, a CEI apresenta um nível de integração consideravelmente menor do que a União Europeia e outros blocos econômicos. Diversos motivos explicam essa realidade, entre eles a disparidade econômica entre os países-membros.
A estrutura da CEI tem se revelado frágil, o que pode ser comprovado pela análise de seus problemas econômicos e sociais, dos conflitos nacionalistas e das disputas étnicas, além do receio causado pela supremacia russa. A questão dos nacionalismos (disputas étnicas) tem causado violentos combates no interior das ex-repúblicas. A migração forçada promovida por Stalin nas décadas de 1930 e 1940, que levou as repúblicas a receber pessoas de diversas nacionalidades, especialmente russos, é em parte a causa desses problemas étnicos. 
As rivalidades étnicas nos países da CEI constituem um grande foco de instabilidade política e social, sobretudo na Rússia, que conta com dezenas de grupos étnicos em seu território.

Além desses fatores, há outros sérios empecilhos à concretização da cooperação entre os países:

• o baixo nível de desenvolvimento econômico e social, principalmente nos países da Ásia Central (sobretudo no Quirguistão, no Usbequistão e no Tajiquistão). Nessa região, apenas o Casaquistão se sobressai em termos econômicos, em boa parte graças à produção e à exportação de petróleo (do qual tem enormes reservase de gás natural e à existência de um parque industrial relativamente diversificado — era a região mais industrializada da Ásia Central no período soviético. O Turcomenistão também apresenta riquezas naturais, principalmente gás natural e petróleo — é a quinta maior reserva de gás do mundo. De modo geral, esses países são bastante dependentes da exportação de produtos primários. Vale ressaltar também que a situação socioeconômica do Tajiquistão é particularmente grave, pois se trata de um dos países mais pobres do mundo;

• o número reduzido de regimes democráticos de governo, particularmente na Ásia Central;

• as fortes disparidades entre o nível de desenvolvimento econômico e o volume de comércio exterior de cada um desses países. As exportações da Rússia representam mais que o dobro das de todos os outros membros e incluem grandes quantidades de bens industrializados, enquanto na maior parte dos outros países as exportações restringem-se praticamente a matérias-primas agrícolas ou minerais;

• a preocupação da Rússia em conter o avanço do fundamentalismo islâmico na região da Ásia Central — onde a religião muçulmana é a mais praticada — e a aproximação político-militar e econômica dos países dessa região em relação a Estados-nação muçulmanos vizinhos, onde os grupos fundamentalistas têm forte presença, como no Irã, no Paquistão e no Afeganistão.
De modo geral, as economias das antigas repúblicas soviéticas possuem grande dependência das estruturas produtivas e do mercado consumidor da Rússia, que além de possuir o maior território e a maior população entre os países do bloco, responde por mais de 81% de sua produção econômica. Desse modo, uma crise econômica ou política na Rússia acaba se refletindo em todos os países do bloco.
Além de questões econômicas e sociais, a ocorrência de conflitos, tanto entre os países da CEI como dentro de seus territórios, configura um entrave à integração da CEI e uma boa relação entre seus países--membros. Nesse contexto, vem se destacando a questão do nacionalis mo e do expansionismo da Rússia, que, como estudaremos mais adian te, tem atuado de forma agressiva para anexar os países que faziam parte da antiga União Soviética à sua área de influência.
A interferência russa nos países que representam os membros ori ginais da CEI aumentou com a ade são de alguns desses países à União Europeia no século XXI, assim como o ressurgimento de movimentos separatistas no interior de várias repúblicas. Desde 1991, buscando assegurar sua área de influência e hegemonia na região, a Rússia se envolveu em conflitos com a Geórgia e a Ucrânia, que foram membros fundadores da CEI.
A Ucrânia representa importante papel estratégico em virtude da sua expres siva produção econômica, no contexto da CEI, e também pelo fato de que oleodu tos e gasodutos, meios pelos quais a Rússia abastece a Europa com combustí veis fósseis, passarem pelo território desse país. Esses fatores estão entre as razões que explicam a invasão russa à Ucrânia, em 2022. 

A grande extensão territorial da Rússia


O espaço geográfico ocupado pela Rússia é de aproximadamente 17 milhões de km2 , que corresponde a mais de 10% das terras emersas do planeta. É o país mais extenso do mundo, cortado por 11 fusos horários. 
A maior parte desse imenso território localiza-se ao norte do paralelo de 45º N, o que lhe proporciona um clima bastante rigoroso, com médias térmicas sempre abaixo de 0 ºC no inverno. Cerca de um terço do espaço geográfico da Rússia faz parte do continente europeu; o restante estende-se pela Ásia. 
A linha divisória entre os dois continentes é representada pelos Montes Urais, que contêm importantes jazidas minerais, principalmente de petróleo. Há 21 repúblicas autônomas, com governo próprio, indicado pelo poder central russo, onde convivem a língua russa (oficial) e os idiomas locais.
Do norte ao sul da Rússia é encontrada uma variedade de coberturas vegetais. Na região ártica, no extremo norte, no verão floresce a Tundra, cobertura vegetal descontínua e rasteira, representada por algumas gramíneas e liquens. Ainda na região ártica, a Tundra vai sendo gradualmente substituída por árvores de grande porte, que constituem a Taiga, cuja espécie principal é o pinheiro. 
A floresta de Taiga cobre a maior parte da Sibéria e grande extensão da parte europeia ocupada pela Rússia. Muitos de seus trechos são intensamente explorados pela indústria madeireira. 
Essa porção norte do território russo apresenta temperaturas médias extremamente baixas no inverno, e baixa densidade demográfica. A população que vive nessa porção tem seu modo de viver completamente adaptado às rigorosas condições climáticas.
As florestas que cobrem grande parte da Rússia também são utilizadas como fonte de energia (lenha), principalmente no período do inverno, nos locais onde há dificuldade para o abastecimento de gás. 
Na faixa onde o clima se apresenta um pouco mais quente — na Rússia europeia, ao sul do paralelo de 53º N —, surgem as Pradarias, caracterizadas por vegetação rasteira. Nelas é encontrado o solo tchernoziom. Na porção oeste do território, entre a Taiga e as Pradarias, localiza-se a floresta Temperada, que já foi bastante devastada. 
Entre o mar de Barents e o mar Cáspio, a oeste dos Montes Urais, encontra-se a planície Russa e, a leste dos Urais, estende-se a da Sibéria. Ambas são imensas planícies cortadas por importantes rios. A leste da planície da Sibéria, localiza-se o planalto central Siberiano, e ao sul desse planalto, o lago Baikal. No extremo leste desse país, distribuem-se diversas cadeias montanhosas, como: montes Verkoiansk, cadeia Cherski, montes Kolima e montes Koryak.

A população russa e as questões étnicas


A Federação Russa é uma colcha de retalhos herdada do império czarista e da antiga União Soviética. Em seu território convivem cerca de 80 grupos étnicos distintos, dos quais o russo é o mais numeroso, que corresponde a 82% da população. Há 3,8% de tártaros, 3% de ucranianos, 0,8% de bielo-russos, 0,6% de alemães e outros grupos em menor número. 
A grande diversidade étnica e os desejos de independência de algumas repúblicas, sobretudo no norte do Cáucaso (entre o mar Negro e o mar Cáspio), têm provocado conflitos internos na Federação Russa. 
A região do Cáucaso, atravessada por diversos oleodutos, é rica em petróleo e, portanto, tem importância estratégica para o poder central em Moscou. Em meados da década de 1990, guerrilheiros separatistas da República da Chechênia — que faz parte dessa região — travaram uma guerra contra o exército russo para obter a independência. Eles acabaram conquistando autonomia para a Chechênia, sem, no entanto, atingir seus objetivos separatistas.
O governo russo tem reprimido com violência as lutas por independência, recusando-se a negociar com os separatistas. Além disso, tomou parte da guerra contra o terror empreendida pelos Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, como visto anteriormente. Um exemplo trágico da ação de grupos separatistas ocorreu em setembro de 2004, em Beslan, na República da Ossétia do Norte, vizinha à Chechênia, quando separatistas chechenos invadiram uma escola, fizeram reféns alunos e funcionários e exigiram a libertação de presos compatriotas. 
O então presidente russo, Vladimir Putin, recusou qualquer negociação e ordenou a invasão da escola por tropas militares. O desfecho foi trágico: 370 pessoas mortas, das quais 160 eram crianças. O poder central da Rússia teme que a concessão de independência a uma das repúblicas contribua para que outras requeiram o mesmo, desencadeando processos separatistas em toda a federação. Em razão disso, sobretudo a partir do fim dos anos 1990, tem havido uma interferência maior do governo central russo na vida política das repúblicas. 
Essa interferência é representada frequentemente por casos de irregularidades em eleições e referendos, como no plebiscito que aconteceu na Chechênia em 2003, no qual, convocada para votar pela separação ou não, a população majoritariamente (96% dos eleitores) decidiu que a república deveria permanecer unida à Federação Russa. 
Na visão dos estrategistas do governo, a manutenção da Rússia como potência no cenário político-militar internacional depende também da integridade de seu território atual, com repúblicas que representam recursos naturais — sobretudo petróleo — e espaços estratégicos, como a região do Cáucaso. 
Com relação ao número de habitantes, a Rússia apresentava, no início de 2018, uma população de aproximadamente 143,9 milhões de habitantes (menor que a do Brasil). Nesse mesmo ano, a densidade demográfica do país era de aproximadamente 8 hab./km2 .
Em 2015, o país apresentou expectativa de vida de 70 anos. Desde os anos 1980, a expectativa de vida encontrava-se em declínio, por causa da deterioração das condições de vida da maior parte da população (em 1985 era de 70 anos; em 1991, de 69 anos).
Cerca de 74% dos habitantes vivem em áreas urbanas. Várias cidades russas têm mais de 1 milhão de habitantes. A cidade mais importante — que concentra aproximadamente 20% do PIB russo — é Moscou, capital do país, com mais de 10 milhões de habitantes. Depois dela destaca-se São Petersburgo, importante centro industrial (indústrias têxteis e metalúrgicas), com uma população de quase 5 milhões de habitantes. Além delas, são importantes Nijni Novgorod (ex-Gorki) e Novosibirsk. 
Na Rússia, em geral, é forte a discriminação contra os homossexuais, apesar de a homossexualidade ter sido descriminalizada em 1993. Há, por exemplo, multas contra paradas e eventos que defendem direitos desse grupo. Diversos atos violentos praticados contra homossexuais não são punidos, ao contrário do que acontece em muitos países.

A economia russa 


A desintegração da União Soviética e a transição para uma economia de mercado levaram a Rússia a mergulhar em uma crise financeira que se estendeu por praticamente toda a década de 1990.
A recessão que abateu esse país ao longo dos anos 1990 desvalorizou intensa mente sua moeda, o rublo, em relação ao dólar, contribuindo para o grande endi vidamento do país no mercado mundial.
Em 1998, a crise atingiu seu ponto máximo, quando o país decretou estado de moratória, ou seja, o não pagamento de suas dívidas. Essa medida atingiu dire tamente o mercado financeiro internacional, culminando em quedas bruscas nas bolsas de valores em todo o mundo.
Com a crise, houve uma diminuição expressiva das importações russas, o que acabou impulsionando o de senvolvimento da produção industrial interna. Assim, o crescimento das atividades industriais associado ao alto valor adquirido pelo gás na tural e o petróleo russo no mercado internacional con seguiu reverter a situação crítica pela qual a economia do país passava com o fim da União Soviética.
A fim de contribuir para a recuperação da economia da Rússia, o Fundo Mone tário Internacional (FMI), assim como outras instituições financeiras, destinou, no primeiro semestre de 1998, cerca de 11 bilhões de dólares para esse país. 
No entanto, a recuperação da economia russa iniciou-se, efetivamente, quando o país passou a estabelecer medidas embasadas na economia de mercado, no começo do século XXI. A Rússia passou a firmar acordos comerciais principalmente com os países capitalistas desenvolvidos.
Entre as medidas adotadas, destacam-se a intensificação da exploração de petró leo e de gás natural, setor energético considerado de grande peso na economia mun dial. Ao mesmo tempo, houve incentivo ao desenvolvimento das indústrias inter nas, sobretudo as de base, as de bens intermediários e as do ramo alimentício. 
Atualmente, o ritmo de crescimento econômico do país vem diminuindo consi deravelmente, principalmente pelo aumento das taxas de juros e pelas sanções impostas por países ricos em consequência das ações tomadas pelo governo russo por causa das invasões da Ucrânia em 2014 e, mais recentemente, em 2022. 

Principais atividades econômicas da Rússia


Os produtos agrícolas mais importantes da Rússia são: a beterraba branca, com a qual é produzido o açúcar, e o trigo, cultivado principalmente nas terras negras (solo tchernoziom) do sudoeste da parte europeia. A Rússia é também um dos primeiros produtores mundiais de cevada. Merecem destaque ainda as produções de batata e de linho, do qual se extraem excelentes fibras têxteis. 
Por causa das condições climáticas predominantes em boa parte do territó rio russo, a atividade agrícola está concentrada na porção oeste do país, que apresenta climas mais quentes e solo fértil, denominado tchernozion.
Na pecuária russa, destacam-se os rebanhos de bovinos e de ovinos, criados nas regiões de índices pluviométricos mais baixos (Estepes). O país é produtor de grande volume de pescado de água doce e destaca-se também na pesca em alto-mar, onde atuam os “navios-fábricas”, nos quais o pescado passa por um processo de industrialização.
O extenso território da Rússia possui reservas de diversos minerais metálicos e combustíveis fósseis, os quais respondem por uma parcela expressiva das receitas de exportação do país e o tornam uma potência mundial extrativista.
No extrativismo mineral, sobressaem o minério de ferro, o carvão e o petróleo, além do urânio, do níquel e do diamante. A produção de carvão concentra-se em Kuzbass, na Sibéria. Cerca de três quartos da produção de petróleo são extraídos dos poços existentes na Sibéria. O restante provém da região caucasiana. Duas das maiores usinas hidrelétricas do mundo, Krasnoiarsk (no rio Ienissei) e Bratsk (no rio Angara, afluente do Ienissei), localizam-se na Rússia, o que reflete seu alto potencial energético. 
A grande disponibilidade de combustíveis fósseis assegura estabilidade energética ao país, que ainda conta com o aproveitamento de outras fontes para atingir a autossuficiência no setor. Destaca-se a energia nuclear, que é aproveitada em diversas centrais termelétricas nucleares espalhadas pelo país. A Rússia tam bém conta com diversos rios com potencial hidrelétrico explorados com usinas de produção de energia hidrelétrica.


Agricultura da Rússia 


A atividade agrícola russa ainda gera safras menores que o consumo de sua população, obrigando o país a importar grande quantidade de alimentos. Apesar disso, a Rússia destaca-se mundialmente por ser um forte produtor de cereais, como aveia, trigo e cevada, além de batata, beterraba e girassol. Por causa das condições climáticas predominantes em boa parte do territó rio russo, a atividade agrícola está concentrada na porção oeste do país, que apresenta climas mais quentes e solo fértil, denominado tchernozion.

Atividade industrial russa


A Rússia apresenta o maior nível de industrialização entre os países da CEI, porém seu parque industrial é considerado pouco diversificado e com grande defasagem tecnológica. Apesar das mudanças no rumo dos investimentos, aplicados principalmente nas indústrias de bens de consumo, predominam ainda as indústrias de base.
Nas áreas próximas aos Montes Urais, onde existem grandes jazidas de petróleo, gás natural e ferro, podemos encontrar uma expressiva concentração dessas indústrias de base, como as siderúrgicas, metalúrgicas e petroquímicas. A região da Sibéria, que concentra jazidas de carvão e de outros minerais, também abriga indústrias de base. 
A capital Moscou e a cidade de São Petersburgo, localizadas na parte ocidental, con figuraram-se como centros industriais de maior potencial, em relação tanto ao número de indústrias quanto à existência de um mercado consumidor em expansão. Formou-se nessa porção da Rússia um importante parque industrial, com posto, principalmente, de indústrias têxteis, auto mobilísticas, eletrônicas e de telecomunicações. Atualmente, o governo russo vem buscando diversificar a produção industrial e intensificar a participação dos produtos industrializados russos no mercado internacional.

Entre as principais áreas industriais, destacam-se:

• São Petersburgo, cujo desenvolvimento industrial foi iniciado no governo imperial, antes de 1917. Nessa cidade são importantes as indústrias metalúrgica, química, petroquímica, têxtil e alimentícia;

• Moscou, que sobressai muito mais pela disponibilidade de mão de obra, pelos recursos técnicos e pelo mercado consumidor do que por seus recursos naturais, que provêm de áreas mais distantes para serem transformados industrialmente. Outros centros industriais que merecem destaque são:

• o de Kuzbass, que se desenvolveu sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial;

• o siderúrgico, em estruturação ao redor do lago Baikal;

• o automobilístico, em Togliatti (cidade às margens do rio Volga, 977 km a leste de Moscou), que abriga as instalações da empresa Autovaz. Em razão de problemas de ordem natural, como litorais pouco recortados e baixos e mares com águas congeladas a maior parte do ano, a Rússia não dispõe de grandes portos marítimos. Entre os portos de maior expressão, podemos citar o de Vladivostok, no mar do Japão, e o de São Petersburgo, no mar Báltico.


As relações internacionais da Rússia 


A expansão econômica estadunidense pelo mundo e sua supremacia militar, associadas à intensificação da presença da Otan na Europa Oriental, foram alguns dos principais motivos pelos quais a Rússia, sob o governo de Vladimir Putin, ado tou uma postura agressiva em relação às suas fronteiras externas. 
Buscando reconquistar sua influência geopolítica, sobretudo no Leste Europeu e na Ásia Central, a Rússia passou a intensificar seus investimentos em defesa e armamentos a partir da década de 2010, diversificando suas estratégias geopolíticas e estabelecendo relações mais próximas com nações como a China, a Índia e o Irã. 
Com indústrias bélicas altamente sofisticadas, o país configura-se como o segundo maior vendedor de armamentos do mundo. Além disso, o país possui o maior arsenal nuclear disponível mundialmente e uma capacidade militar cada vez mais expressiva. 
Apesar de toda sua influência militar e política, a Rússia não consegue impedir que, internamente, intensifiquem-se os movimentos separatistas promovidos pelas minorias nacionais. 
Os recorrentes conflitos com grupos separatistas na Chechênia, bem como a intervenção militar na Geórgia, em 2007, demonstram a persistência e a disposição dos russos em manter sua influência econômica e geopolítica.

Ucrânia e Rússia


A dependência que a Ucrânia tem em relação ao gás natural russo, além do arsenal nuclear russo, é utilizada como “arma geopolítica”, ou seja, o governo da Rússia pressiona o governo ucraniano a não ingressar na Otan e não pleitear o ingresso na União Europeia. 
A Rússia tem estimulado o separatismo em regiões do leste e do sul da Ucrânia, inclusive como forma de desestabilizar o governo ucraniano pró-ocidental.
Em 2014, a anexação da Crimeia marcou o aumento da tensão entre a Rússia e os países do Ocidente, em especial, os Estados Unidos e as nações da União Europeia. 
Nesse mesmo ano, as regiões de Donetsk e Luhansk, na porção leste da Ucrânia, foram ocupadas por separatistas russos. 
Em fevereiro de 2022, um episódio ainda mais marcante nas relações internacionais entre a Rússia e o Ocidente ocorreu com a invasão do território ucraniano por tropas russas, que deu início a uma guerra contra a Ucrânia.

Europa: realidade socioeconômica


Divisão do espaço europeu 

Adotamos a regionalização do continente em Europa ocidental e Europa oriental, considerando aspectos históricos e socioeconômicos. Essa divisão não obedece a critérios estritamente geográficos, pois leva em conta a antiga divisão que existia no continente durante o período da Guerra Fria, entre o bloco capitalista (Europa ocidental) e o bloco socialista (Europa oriental). 
Dessa forma, países da porção leste do continente, mas que integravam o bloco capitalista (como a Grécia), são considerados parte da Europa ocidental. Atualmente, a maioria dos países da Europa ocidental e da Europa orien tal faz parte da União Europeia (UE), mas diversos contrastes socioeconômicos ainda existem entre eles.
A Europa oriental compreende os países que já foram considerados “economias em transição”, que deixaram o socialismo no final do século XX e que apreentam diversidade em termos de nível de desenvolvimento socioeconômico, mas, comparativamente aos países da Europa ocidental, têm indicadores sociais geralmente inferiores. São eles: Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Rússia, Romênia, Sérvia, Montenegro, Macedônia, Bulgária, Albânia, Estônia, Letônia, Lituânia, Croácia, Ucrânia, Moldávia, Belarus, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão. 
Entre os países da Europa oriental, há ainda alguns que se enquadram no grupo dos emergentes, como Rússia e Polônia. Como você constatou, para alguns países da Europa ocidental, como França, Itália e Espanha, a atividade turística é uma importante fonte de divisas. Alemanha e Reino Unido também ganham destaque como destinos turísticos no continente e no mundo. 
O mercado internacional da moda também movimenta um grande volume de capitais, sendo França e Itália os principais exportadores de produtos de alta-costura, além de abrigarem empresas que detêm patentes de importantes grifes. Esses países são os grandes centros europeus de eventos de divulgação do mundo da moda. Merecem destaque ainda os grandes centros universitários, sobretudo no Reino Unido, na França, na Itália, na Alemanha e na Espanha, que atraem pesquisadores e estudantes do mundo inteiro.

O elevado nível de desenvolvimento da Europa ocidental


A Europa ocidental engloba países de elevado nível de desenvolvimento e economia diversificada: Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Suécia, Suíça, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, Áustria, Noruega, Islândia, Grécia e Portugal.
O continente europeu, berço da Revolução Industrial, é formado por alguns dos países mais desenvolvidos do mundo. Segundo o relatório de 2017 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que mede a qualidade de vida dos países do mundo, entre os 20 de mais alto IDH (desenvolvimento humano muito alto), 13 eram europeus.
Nos países de elevado nível de desenvolvimento da Europa ocidental estão localizadas várias empresas transnacionais, como a British Petroleum e a British American Tobacco, sediadas no Reino Unido; a Volkswagen, a Bayer e a Basf, com sedes na Alemanha; a Fiat, sediada na Itália; a Peugeot-Citröen, a Danone e a Renault, com sedes na França; a Shell e a Unilever (empresas transnacionais de capital inglês e holandês); a Philips, com sede nos Países Baixos (Holanda); a Ericsson, sediada na Suécia; a Nestlé, sediada na Suíça; entre outras. 
Os grandes grupos industriais europeus e mundiais fazem investimentos elevados em pesquisa e tecnologia, criando e desenvolvendo mercadorias, e modernizando e automatizando suas fábricas para alcançar um menor custo de produção e melhorar sua competitividade global. 
Os parques industriais da maioria dos países da Europa ocidental são bastante diversificados, com destaque para os ramos de produtos eletroeletrônicos, químicos, farmacêuticos, de telecomunicações, aviões, construção naval, energia nuclear, siderurgia e automobilístico. O setor terciário desses países também é bastante diversificado, formado por grandes grupos de empresas transnacionais que atuam nas áreas comercial, como redes de hipermercados (o francês Carrefour); financeira, como bancos (o espanhol Santander, os britânicos Lloyd’s Bank e HSBC, o holandês ABN Amro Bank); de telefonia (a espanhola Telefonica, a italiana Tim).
O desenvolvimento da atividade industrial na Europa também está proporcionando o crescimento do setor terciário, dinamizando os serviços e o comércio. Esse setor é responsável pela maior oferta de empregos e por uma considerável produção econômica do continente. Atualmente, esse setor também é o que mais colabora com o crescimento do PIB europeu. 
Seu desenvolvimento é explicado pela alta tecnologia e pela automação das empresas, que diminui a mão de obra, contribuindo para a mi gração dos trabalhadores para o setor de serviços. Além disso, a demanda por serviços nas áreas de cultura, turismo, propaganda e publicidade também tem favorecido a concentração de trabalhadores nesse setor.

Divisão do espaço europeu


Em nosso estudo do espaço europeu, adotamos a divisão do continente em Europa ocidental e Europa oriental, considerando o critério socioeconômico. A Europa ocidental engloba os países de elevado nível de desenvolvimento e economia diversificada: Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Suécia, Suíça, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, Áustria, Noruega, Islândia, Grécia e Portugal. 


A União Europeia (UE)


A União Europeia, que constitui o maior projeto de integração entre países já realizado. A primeira experiência de integração comercial entre países já havia sido elaborada um pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo formaram, em 1944, o Benelux, que previa a criação de uma zona de livre-comércio entre seus membros. Entrou em funcionamento em 1948 e, dez anos depois, completaria o processo de unificação econômica. A experiência vem sendo seguida por vários grupos de países e é um dos elementos que caracterizam a ordem mundial nos dias atuais. Em 1952, foi criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), reunindo os países do Benelux, a Alemanha, a França e a Itália. Estabelecia um mercado comum para produtos e matérias-primas ligados à indústria siderúrgica, como carvão, ferro e aço. Em 1957, os membros dessa comunidade criaram, pelo Tratado de Roma, a Comunidade Econômica Europeia (CEE), também chamada de Mercado Comum Europeu (MCE). Mais tarde, no decorrer dos anos 1970 e 1980, uma série de países foi incorporada à CEE. Os objetivos da CEE apontavam para a formação de um bloco que pudesse assegurar aos seus integrantes a livre circulação de mercadorias, pessoas, capitais e serviços, configurando-se, assim, um mercado comum pleno. A realização desses objetivos só seria conquistada com a unificação europeia em 1993, quando as fronteiras nacionais deixaram de ser um obstáculo à expansão capitalista e ao aumento das vendas e dos lucros das grandes empresas transnacionais. No início da década de 1990, os países da CEE resolveram ampliar a abrangência desse organismo, por causa da delineação de uma nova etapa das relações internacionais, marcada pela queda do Muro de Berlim, pelo fim da União Soviética, pela unificação alemã e pelo aumento da concorrência no âmbito comercial. Reunidos em dezembro de 1991, na cidade de Maastricht, nos Países Baixos, os dirigentes dos países da CEE decidiram eliminar, num curto espaço de tempo, todas as barreiras que impediam uma definitiva integração socioeconômica, implantando o mercado único. Uma das principais decisões foi definir o uso de uma nova e única moeda na Europa unificada, com a criação de um Banco Central Europeu.
O Tratado de Maastricht, que entrou em vigor em 1o de janeiro de 1993, substituiu o Tratado de Roma e transformou a CEE em UE (União Europeia), cujo projeto de integração foi além dos limites de um mercado único ou comum, pois passou a ter como objetivo a união econômica e monetária, além do estabelecimento de uma política externa comum, ampliando a capacidade de competição de suas mercadorias e empresas em nível global. Dessa forma, um passo importante foi dado em 1o de janeiro de 2002, com a união monetária, quando o euro entrou em circulação em doze países da União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Portugal. No entanto, em junho de 2016, após consulta popular, os demais integrantes do bloco na época – Reino Unido, Dinamarca e Suécia – optaram por não adotar essa moeda única. Apesar disso, nesses países (exceto no Reino Unido), o euro serve de referência em negócios privados e pode ser utilizado em outras relações comerciais, como na abertura de contas bancárias. A adoção do euro representou a criação de uma moeda forte, que facilita o comércio e os investimentos dentro do próprio continente. Os negócios antes feitos em dólar passaram a ser realizados em euro, contribuindo para reduzir a supremacia da moeda estadunidense. No entanto, a crise econômica deflagrada em 2008 e intensificada em 2011 demonstrou como a existência de uma moeda única pode gerar entraves para a solução de problemas financeiros em alguns países. Isso porque as decisões tomadas por um país afetam os demais integrantes da união monetária. Por exemplo, se a Grécia declarasse que não tinha condições de pagar toda a dívida pública que se formou, a suspensão do pagamento implicaria problemas para o euro. As soluções encontradas pelos líderes políticos da União Europeia passavam por cortes significativos dos gastos do governo, a fim de liberar recursos para pagar as dívidas, em boa parte, com bancos privados. Isso estava determinando aumento do desemprego e corte nos benefícios sociais, ocasionando, por sua vez, aumento da pobreza.
É preciso ressaltar que uma das causas da crise está diretamente relacionada à enorme expansão da especulação financeira em nível global neste início de século, com uma escalada de empréstimos e com a comercialização de títulos sem garantias, o que ocasionou a falência de bancos e empresas. Muitos desses bancos e empresas foram socorridos, com ajudas financeiras, por governos dos países desenvolvidos. Isso provocou uma ampliação expressiva das dívidas públicas em muitos países. Conforme entendimentos iniciados nos anos 1990, a União Europeia, principal compradora das mercadorias brasileiras, e o Mercosul estão buscando um caminho para se integrarem, por meio da criação de uma zona de livre-comércio.

Expressiva ampliação do bloco


Em 1° de maio de 2004, a entrada de dez novos países na União Europeia, sendo oito oriundos do antigo bloco socialista, colocou fim à tradicional divisão do continente em ocidental e oriental. Chipre e Malta também foram admitidos na organização nessa data. Romênia e Bulgária ingressaram em 2007 e a Croácia, em 2013, quando a UE passou a ser formada por 28 países. Em 2007, a Eslovênia tornou-se o 13° país a adotar o euro. Posteriormente, outros países entraram para a zona do euro: Malta (14° ), Chipre (15° ), Eslováquia (16° ), Estônia (17° ), Letônia (18° ) e, em 2015, a Lituânia. 
Os novos países-membros apresentam um nível de desenvolvimento inferior ao dos demais, infraestrutura defasada e atraso tecnológico. Comparativamente, sua contribuição ao bloco é menor do que os investimentos que devem receber. Assim, equilibrar interesses e possibilidades dos antigos e dos novos membros é um desafio para a União Europeia. Esses países, no entanto, recebem menos benefícios do que os oferecidos aos que entraram anteriormente, como subsídios agrícolas e ajuda econômica ao desenvolvimento.

 Desafios econômicos, políticos e sociais


Alguns dos problemas que precisam ser resolvidos para que a União Europeia continue se consolidando como um me gabloco de países, apesar de já se configurar como a iniciativa de integração econômica mais antiga e bem-sucedida em âmbito mundial. Conheça alguns dos desafios atuais:
■Desigualdades econômicas entre os países-membros: enquanto alguns países, como a Alemanha, a Bélgica e a França, são altamente industrializados e servidos por moderna rede de transporte, outros, como Portugal, Grécia e os recentes integrantes ex-socialistas do Leste Europeu, são menos articulados à rede viária europeia e mantêm nas atividades primárias e terciárias suas maiores fontes de divisas. 
■ Problemas políticos e sociais: no cenário político, a atuação de grupos ter roristas separatistas e a ascensão ao poder de partidos xenófobos têm posto em risco a democracia em alguns países da União Europeia. Em relação aos problemas sociais, as taxas de desemprego e o crescente índice de pobre za nos países-membros vêm gerando sérias preocupações. Calcula-se que, hoje, a taxa média de desemprego na União Europeia seja de 6,4% do total da PEA, o que representa aproximadamente 16 milhões de desempregados.
■ Retração do mercado de trabalho: a modernização dos setores indus trial e de serviços e a transferência de empresas europeias para os países subdesenvolvidos contribuíram para a diminuição dos postos de trabalho e dos valores dos salários. Consequentemente, os governos dos países-membros são obrigados a destinar mais recursos para assistir à popula ção mais pobre, que cresce gradativamente.
■ Diminuição dos subsídios agrícolas: o fim do protecionismo para as atividades agropecuárias e a liberação da entrada de produtos agríco las mais baratos no mercado europeu, por exemplo, vêm contrariando os interesses dos produtores rurais de vários países-membros. Esses produtores se sentem lesados pela diminuição do apoio financeiro ofe recido pelo governo e pela abertura do mercado interno à concorrência estrangeira.
■Cortes nos gastos públicos: os governos dos países-membros devem adotar uma série de medidas econômicas com o objetivo de reduzir o déficit público. Entre essas medidas estão: cortes nos gastos com serviços sociais, como educação e saúde; redução do quadro de funcionários públicos; ampliação do tempo de serviço dos trabalhadores, aumentando a idade mínima para se aposentar. Isso significa a perda de benefícios sociais conquistados sobretudo nas últimas cinco décadas pelos traba lhadores desses países.
■Saída do Reino Unido do bloco: em junho de 2016, os cidadãos do Reino Unido votaram a favor da saída da União Europeia. Esse movimento ficou conhecido na imprensa mundial como Brexit, contração das palavras em inglês Britain e exit. Várias são as consequências da saída do Reino Unido para a comunidade europeia; contudo, talvez a mais importante seja na área econômica, com diminuição das transações comerciais entre os ingleses e os demais europeus e vice-versa, resultando em perda do PIB para a comunidade e para o Reino Unido.

Os países da Europa oriental


Os maiores contrastes econômicos são verificados nos países da Europa Oriental – de economia socialista até 1990 –, onde o setor industrial é menos desenvolvido e está passando por modernização. Esses países integram os es paços periféricos de dinamismo econômico baixo localizado e dependente de investimentos.
A Europa oriental abrange países que, de modo geral, apresentam um ní vel de desenvolvimento socioeconômico inferior aos da porção ocidental do continente. São eles: Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Rússia (parte europeia), Romênia, Sérvia, Montenegro, Macedônia do Norte, Bulgá ria, Albânia, Estônia, Letônia, Lituânia, Croácia, Ucrânia, Moldávia, Belarus, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão.
Os países da Europa oriental apresentam um nível de desenvolvimento socioeconômico diferente dos países da Europa ocidental. Esse conjunto é ainda marcado por uma diversidade socioeconômica e espacial que remonta ao período da Guerra Fria, quando fazia parte da zona de influência do bloco soviético. 
Nessa região, após a Segunda Guerra Mundial, a atividade da indústria desenvolveu-se com base no planejamento estatal, destacando-se a República Tcheca, na indústria metalúrgica, e a Polônia, na construção naval e na metalurgia. Com o surgimento do modelo industrial baseado nas novas tecnologias, o parque industrial dos antigos países socialistas ficou em grande defasagem tecnológica. 
A transição para a economia capitalista, a partir do início dos anos 1990, promoveu uma reestruturação no espaço econômico e industrial dos países da região, que passaram a estar na área de influência da União Europeia. Na década de 2000, a maior parte acabaria ingressando no bloco.
O desenvolvimento industrial dos países do leste da Europa que pertencem à União Europeia – como Estônia, Letônia, Lituânia e Eslováquia – é inferior à média. Rússia, República Tcheca e Polônia são os países dessa região que mais se destacam na atividade industrial.
Nos últimos anos, os países de maior tradição industrial, como a República Tcheca, a Polônia e a Hungria, iniciaram uma recuperação econômica, marcada pelo aumento dos investimentos estrangeiros e pela instalação de várias empresas transnacionais. Esses três países apresentaram maior nível de industrialização e uma economia mais diversificada e, em 2017, contavam com indicadores sociais próximos aos dos países da Europa ocidental – República Tcheca, IDH 0,888 (27a posição); Hungria, IDH 0,838 (45a posição); Polônia, IDH 0,865 (33a posição). A Eslovênia (IDH 0,896 – 25a posição), a Eslováquia (IDH 0,855 – 38a posição) e a Croácia (IDH 0,831 – 46a posição), apesar de não apresentarem os mesmos níveis de industrialização e de diversificação econômica dos outros três países, contam com bons indicadores sociais.
Todos esses países enquadram-se na classificação de “desenvolvimento humano muito alto”, com IDH superior a 0,800, assim como Estônia (IDH 0,871 – 30a posição), Lituânia (IDH 0,858 – 35a posição) e Letônia (IDH 0,847 – 41a posição), que faziam parte da extinta União Soviética e são denominados países bálticos. 
Os demais países da Europa oriental, como Bulgária, Romênia, Bósnia-Herzegovina, Albânia e Macedônia, apresentam níveis de industrialização e de diversificação econômica inferiores aos da Polônia, da República Tcheca e da Hungria. Com o avanço do capitalismo, os países da Europa oriental, de modo geral, tornaram-se área de influência da União Europeia, principalmente por meio das relações comerciais e dos investimentos que a Alemanha passou a fazer na região.
Nesse cenário, os países da Europa Oriental têm crescimento econômico menor, o que se reflete nos indicadores sociais, apresentando mais problemas quando comparados com a parte ocidental do continente.

Atividades agropecuária e extrativa na Europa


Uma importante característica da agropecuária do espaço europeu são os subsídios concedidos pelos governos aos agricultores, como empréstimos a juros baixos e pagamento a longo prazo, principalmente nos países que fazem parte da União Europeia. 
A criação, em 1962, da Política Agrícola Comum (PAC) foi uma forma de os governos europeus protegerem seus agricultores da concorrência externa, visando à manutenção da renda e do emprego nas áreas agrícolas e à estabilidade nos preços dos alimentos. Esse apoio dado à agropecuária levou a Europa a tornar-se praticamente autossuficiente nos principais produtos alimentares, mas não resolveu problemas como as disparidades entre regiões e países europeus.  Internamente, essa prática vem recebendo críticas na União Europeia (UE) por seu alto custo, que onera as finanças dos países e do próprio bloco.
Essa política agrícola também é alvo de críticas internacionais, principalmente de instituições como a Organização Mundial do Comércio, dos Estados Unidos e de diversos países emergentes, entre eles o Brasil, que exercem forte pressão para que se reduza o protecionismo agrícola, pois ele bloqueia a entrada de produtos estrangeiros no mercado europeu. Os países emergentes e menos desenvolvidos do sul, cuja base de exportação está na agricultura, são os mais prejudicados.

A produção agrícola


A distribuição das atividades agrícolas é fortemente influenciada pelas con dições naturais do continente, principalmente pela variedade de solos e climas. As áreas de climas polar e frio são muito limitadoras na Europa. No entanto, a silvicultura, que consiste no plantio de árvores para a indústria da madeira, é uma das principais atividades agrícolas dos países de clima frio. 
Nas áreas de clima temperado, a agricultura é voltada, principalmente, para a produção de batata, beterraba e cereais, como o trigo, com destaque para o Reino Unido, a Alemanha, a Rússia e a Ucrânia. A ocorrência de relevos planos com solos tchernozion nas estepes ucranianas e russas é um dos fatores que mais favorecem o uso agrícola do espaço.
A Europa apresenta importante e diversificada produção agrícola, com grande aproveitamento de seus solos, geralmente férteis, com técnicas adequadas e modernas, que proporcionam elevada produtividade. A cultura de cereais é predominante, destacando-se o trigo, produto mais importante. Sua principal área produtora é a região de solos negros da Ucrânia (tchernoziom). 
Os outros países que se destacam na produção de trigo são Itália, França, Alemanha e Rússia. Outros cereais cultivados são centeio, aveia e cevada — produtos agrícolas das áreas temperadas. A batata é outro importante produto da agricultura europeia. Seus principais produtores são: Alemanha, França, Países Baixos, Polônia, Reino Unido e Rússia.
Nas regiões europeias de clima Mediterrâneo, destaca-se o cultivo da oliveira, destinada à produção de azeitonas e de azeite. Portugal, Espanha, França e Itália são seus maiores produtores mundiais, cujos produtos são reconhecidos como os de melhor qualidade internacional. O cultivo da videira, destinada à produção de vinhos, também se destaca. Alguns tipos de vinho e de azeite só podem ser produzidos nesses países, em virtude das condições especiais do solo e do clima. 
Em razão desses aspectos geográficos, os países da Europa mediterrânea dispõem de condições especiais de mercado, uma vez que outras nações não conseguem produzir mercadorias com características similares. Nos países europeus, em particular nos da Europa ocidental, vem crescendo a prática da agricultura orgânica, que utiliza, por exemplo, métodos naturais para a correção do solo e o controle de pragas.

Atividade extrativa e mineração


No continente europeu, a mineração tem papel relevante no desenvolvimento industrial. O petróleo, o gás e o carvão são utilizados como fontes de energia, enquanto o ferro e o manganês são usados na obtenção do aço.
Embora existam grandes reservas minerais de combustíveis fósseis no subsolo europeu, fator que contribuiu para seu grande desenvolvimento industrial ao longo da história, atualmente os países-membros da UE precisam importar grande parte do petróleo e do gás consumido pela população.
Na atividade extrativa, os produtos mais importantes do continente europeu são petróleo, carvão, ferro e manganês. O petróleo é explorado no continente e no oceano. Além da Rússia (parte europeia) e do Azerbaijão, outra região rica em petróleo é o mar do Norte, onde a exploração é controlada pelo Reino Unido e pela Noruega. No entanto, em razão do elevado consumo, a maior parte dos países europeus também importa o produto. 
Os países da Europa dependem muito do gás natural retirado dos países da Ásia central (Usbequistão e Casaquistão), que mantêm fortes relações políticas e econômicas com a Rússia, uma vez que esse gás chega ao continente europeu através de gasodutos que passam por território russo. 
O carvão é extraído em maior quantidade na Ucrânia, no Reino Unido, na Alemanha e na Polônia. A descoberta de sua utilidade como fonte energética e como componente para a produção de aço permitiu, no século XVIII, o desenvolvimento da atividade industrial. O ferro é explorado principalmente na parte europeia da Rússia (grande produtor mundial), na França e na Suécia. 
O manganês tem como principais produtores a Rússia e a Ucrânia, além da Romênia e da Hungria. Na Estônia há importantes reservas de xisto betuminoso, bastante aproveitado para a geração de energia depois de ser transformado em óleo de xisto. 
Em virtude do elevado grau de industrialização e das características geológicas do território, os países europeus são dependentes de uma série de minerais essenciais à atividade industrial. A maior parte importa minerais metálicos (ferro, manganês, bauxita e estanho), necessários às atividades metalúrgicas e siderúrgicas e, consequentemente, à produção de uma série de mercadorias de bens de consumo duráveis, de máquinas e de equipamentos industriais.

Transportes


A Europa é o continente que conta com a melhor rede de transportes do mundo. O transporte hidroviário é altamente utilizado, movimentando grande quantidade de cargas anualmente. Os portos fluviais europeus estão entre os mais importantes do mundo. Quanto aos portos marítimos, o mais importante é o de Roterdã, que se destaca mundialmente. Outros de intenso movimento são o de Londres, na Inglaterra; o de Antuérpia, na Bélgica; o de São Petersburgo, na Rússia; e o de Hamburgo, na Alemanha. As rodovias europeias, como as dos Estados Unidos, são consideradas as mais modernas do mundo, com destaque para as autoestradas, que contam com diversos viadutos e túneis.

Os países mais industrializados 


Entre os países europeus de elevado nível de desenvolvimento e economia diversificada, destacamos grandes exportadores de produtos industrializados, especialmente de bens de alta tecnologia, como Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Suécia, Suíça, Dinamarca, Espanha e Finlândia. O setor das tecnologias ambientais merece destaque, crescendo cerca de 8% ao ano na última década. Portugal e Grécia, países também desenvolvidos, não têm a mesma expressividade em termos de produção e diversificação da atividade industrial do que os listados no parágrafo anterior.

Reino Unido: onde a atividade industrial teve início 


O Reino Unido é o mais antigo país industrializado do mundo. Com a Revolução Industrial, passou por transformações que o elevaram à condição de mais importante potência mundial no século XIX, detentora de vasto império colonial. No entanto, principalmente a partir do início do século XX, a economia britânica passou a enfrentar a concorrência de outros países que se industrializaram, como Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Japão. 
Desde os anos 1980/1990, para tentar se manter entre as principais potências do mundo, o Reino Unido vem procurando modernizar seu parque industrial. Para isso, tem se associado a outros países, buscando novos ramos industriais, principalmente de tecnologia de ponta, a fim de criar condições de competir com grandes potências, como Estados Unidos, Japão e Alemanha. Londres, capital da Inglaterra e do Reino Unido, é considerada a cidade mais importante da Europa e a terceira do mundo, superada apenas por Nova York e Tóquio — sedes de grandes empresas multinacionais e de grandes instituições financeiras.
Essa cidade reúne à sua volta o mais importante parque industrial do Reino Unido, como também o principal centro comercial, financeiro e portuário do território. O país vem se especializando em atividades ligadas ao setor terciário, em particular aos setores financeiro, de turismo e de entretenimento, com destaque para a música pop (um dos principais itens da pauta de exportações britânicas), o cinema e os jogos de computador.

Alemanha: a grande potência econômica da Europa


A Alemanha, principal país localizado no centro do espaço dinâmico da Europa, é considerada o mais industrializado. Sua indústria se destaca pelo alto grau de modernização e desenvolvimento tecnológico, evidentes nos mais diversos ramos do setor produtivo, como o automobilístico, o químico-farmacêutico e a indústria de máquinas.
A Alemanha é a maior economia da Europa e apresenta Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado muito elevado. Sendo uma das maiores po tências comerciais do globo — o valor de suas exportações supera o das importa ções —, o país exerce forte influência na União Europeia e sobre os países do Leste Europeu, que se tornaram mercados importantes para os produtos alemães. 
A Alemanha apresenta a maior economia da Europa, mas os gastos consideráveis (1 trilhão de dólares no decorrer dos anos 1990) com a unificação elevaram o déficit público e as taxas de juros. No entanto, no início do século XXI, a porção oriental da Alemanha já dava sinais de que começava a sair da crise, com um grupo de empresas “sobreviventes” bastante competitivas e uma população com formação cultural sólida. Aos poucos, o país se fortaleceu com a unificação, aumentando sua influência sobre os países do Leste Europeu, que se tornaram mercados importantes para os produtos alemães. 
A Alemanha abriga hoje um dos maiores complexos industriais do mundo. É na região do Ruhr e do Reno, também chamada de região renana, em que estão situados importantes centros industriais, como Dortmund, Essen, Düsseldorf e Duisburg. 
Essa região – que corresponde a um dos polos industriais mais importantes do mundo – dispõe de ricas jazidas de minério de ferro e de carvão mineral, que propiciaram o desenvolvimento de uma expressiva atividade extrativa e indústria pesada (siderurgia e metalurgia).
A região do vale do Ruhr vem passando por importantes transformações espaciais. Muitos prédios industriais foram reestruturados com a alteração de sua função e de seus usos: abrigam, agora, locais para lazer e atividades culturais, o que contribuiu para a ampliação da atividade turística na região.
Atualmente, grandes grupos alemães se associaram a outras empresas e a grandes grupos estrangeiros. Como exemplos, citamos a aquisição de 23% da fábrica de veículos Skoda, da República Tcheca, pela Volkswagen, e a aquisição, em 1998, da estadunidense Chrysler pela Daimler-Benz, que se tornou uma das maiores montadoras da Europa.
Entre os recursos naturais que serviram de base para o desenvolvimento industrial alemão, destacam-se as jazidas de carvão mineral (regiões do Ruhr e do Sarre) e de gás natural (regiões de Munique e Hannover). A Alemanha é uma das maiores potências comerciais do globo. O valor de suas exportações supera o das importações, e a maior parte do comércio é feita com os demais países da União Europeia. São excelentes ainda as hidrovias, interligadas por inúmeros canais. Entre elas destaca-se a do rio Reno, onde se localiza o porto fluvial de Duisburg, o mais movimentado do mundo.
A principal concentração industrial do país encontra-se no vale do rio Pó, região que apresenta grande diversidade de atividades industriais e abriga os setores mais dinâmicos, como o automobilístico, de máquinas, de equipamentos industriais e o siderúrgico. Na região do porto de Nápoles, centro industrial do sul, desenvolvem-se a indústria têxtil e a de construção naval.

França


Um dos países pioneiros na atividade industrial, a França é uma das mais importantes nações da Europa ocidental e está entre as maiores economias mundiais. Para atender às suas necessidades e competir com os demais países do continente e do mundo, a França tem passado por grandes modificações no setor industrial. 
A presença de grandes jazidas de carvão mineral influiu diretamente sobre a distribuição da atividade industrial no território da França, resultando na concentração de indústrias no leste do país, com destaque para as regiões de Alsácia e Lorena. Entre os setores industriais mais relevantes, des taca-se o siderúrgico, cujo principal centro é a região de Lorena — onde se encontra a cidade de Metz —, em razão da presença de minério de ferro; e o têxtil, cujo centro tradicional é a cidade de Lille, que, desde o século XIX, abriga indústrias têxteis e é atualmente um importante produtor de fibras sintéticas.
A diversificação do parque industrial francês, no contexto da Terceira Revolução Industrial, levou à concentração de indústrias de alta tecnologia no entorno da capital, Paris — onde estão localizados atualmente os principais centros da indústria automobilística e aeronáutica; e ao redor das cidades de Lyon — atualmente um centro das indústrias química, metalúrgica e eletrônica —, Nantes e Toulouse.
Desde a década de 1960, vem sendo adotada uma política de descentralização econômica no território francês, visando diminuir a elevada concentração do poder econômico de Paris. Além disso, o país tem intensificado a produção de energia hidrelétrica, obtida principalmente dos rios que descem das áreas mais elevadas dos Alpes, bem como de energia nuclear, solar e da força das marés. 
A França obtém mais de 50% de sua energia elétrica de centrais ou usinas termonucleares. Somados a isso, há maciços investimentos em tecnologia de ponta. Entre os setores industriais mais importantes do país, destacam-se:

• o automobilístico, concentrado na região de Paris;

• o siderúrgico, cujo principal centro é a região de Lorena — onde se encontra a cidade de Metz —, em razão da presença de minério de ferro;

• o têxtil, localizado na parte norte do país, em Lille, importante produtora de fibras sintéticas.

No setor têxtil também merece destaque a cidade de Lyon, que durante muitos anos foi a capital mundial das indústrias de seda natural. Apesar de sua decadência, em virtude da introdução das fibras sintéticas, como o náilon e o raiom, ainda é uma notável área industrial. 
Em Lyon desenvolvem-se também outras atividades, como as indústrias química, metalúrgica e eletrônica. O setor ferroviário dispõe de cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias. Um dos trens mais velozes do mundo é o TGV francês, que atinge uma velocidade de cerca de 300 km/h e cujas linhas estão se estendendo para todas as direções do país.

Itália


A Itália é marcada por contrastes socioeconômicos profundos entre as suas regiões. A porção norte apresenta maior nível de desenvolvimento socioeco nômico, reunindo as principais cidades do país e os mais importantes centros industriais e do setor de comércio e serviços; o sul, por outro lado, apresenta baixo nível de industrialização e desenvolvimento socioeconômico, com ampla dependência das atividades agropastoris. 
A principal concentração industrial do país encontra-se no vale do rio Pó, no norte da Itália, região que apresenta grande diversidade de atividades produtivas. Os setores mais dinâmicos, alguns deles com alto nível de modernização, incluem o automobilístico, o alimentício, o de máquinas e equipamentos indus triais, o siderúrgico, o metalúrgico, o químico e o têxtil. 
As cidades de Milão, Turim e Gênova, todas localizadas no norte, são as prin cipais da Itália e abrangem parte significativa dessas indústrias. No restante do território italiano, as regiões mais industrializadas são as áreas metropolitanas de Roma (capital) e Nápoles — cidade portuária e centro industrial do sul, com destaque para a indústria têxtil e a de construção naval.

Outros países fortemente industrializados da Europa


Países Baixos 


Atualmente, o porto mais movimentado do mundo é o de Roterdã, nos Países Baixos, considerado, por seu volume de tráfego, a porta de entrada e saída comercial do continente europeu. Esse país abriga também sedes de importantes empresas transnacionais dos setores petrolífero, de alimen tos, de produtos de higiene e limpeza e de eletrônicos e eletrodomésticos. Os Países Baixos têm grandes grupos de empresas multinacionais, como:

• a Royal Dutch Shell, que atua no setor petrolífero, possui capital misto (holandês e britânico) e é uma das dez maiores empresas do mundo;

• a Unilever, também de capital misto (holandês e britânico), que é uma das maiores empresas no ramo de alimentos e produtos de higiene e limpeza do mundo;

• a Philips, que atua no ramo de eletrônicos e eletrodomésticos. A agricultura holandesa é bastante mecanizada, o que lhe garante os mais altos índices de produtividade da Europa.

Bélgica


A capital da Bélgica (Bruxelas) é sede dos seguintes organismos internacionais:

• UE – União Europeia;

• Euratom – Comunidade Europeia de Energia Atômica;

• Otan – Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Os principais setores industriais da Bélgica são o siderúrgico, o têxtil, o químico e o de lapidação de diamantes. As indústrias siderúrgicas estão localizadas na bacia carbonífera do rio Mosa. A indústria têxtil belga situa-se na região de Flandres, no noroeste do país.

Luxemburgo


Esse pequeno país em área territorial (2.586 quilômetros quadrados), independente desde 1867, está localizado entre a Alemanha, a Bélgica e a França. A siderurgia, sua principal atividade industrial, já teve maior destaque na economia do país. Desde a década de 1980, outros setores industriais vêm alcançando maior projeção, como é o caso da indústria química.

Suécia


A Suécia, país da Europa nórdica, conta com um parque industrial altamente evoluído e diversificado. Suas indústrias são conhecidas mundialmente, pois possuem filiais em vários países. Alguns exemplos são: a Volvo, fabricante de veículos; a Ericsson, um dos maiores fabricantes de centrais telefônicas e artigos elétricos do mundo; a SKF, de produtos metálicos (rolamentos); e a Saab-Scania, que fabrica automóveis, caminhões, aviões e instalações petrolíferas.

Suíça


A indústria suíça tem por base os setores químico, farmacêutico, relojoeiro, de laticínios e de aparelhos de precisão. Lá se situam as sedes de grandes empresas multinacionais, das quais a mais importante é a Nestlé, conhecida em todo o mundo. Sua capital é Berna, mas Zurique — importante centro financeiro europeu e global — é a cidade mais populosa. Genebra é sede de vários organismos internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Cruz Vermelha e a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Dinamarca


Situa-se na península da Jutlândia, ao norte da Alemanha, mas também fazem parte de seu território algumas ilhas localizadas na península Escandinava. As indústrias de alimentos, maquinaria, equipamentos de escritório, produtos químicos são as mais importantes da Dinamarca. 
A exportação de produtos industrializados é a principal fonte de divisas do país, que possui escassos recursos minerais e de matérias-primas. A capital dinamarquesa é Copenhague, que abriga aproximadamente 20% da população do país.

Espanha


A partir de seu ingresso no Mercado Comum Europeu, atual União Europeia, com a injeção de capitais e a ajuda econômica visando à melhoria do padrão socioeconômico de sua população, em um curto espaço de tempo a Espanha teve um processo de crescimento econômico, que modernizou a agricultura e diversificou suas atividades industriais. 
O país está entre os 15 maiores produtores mundiais de aço. A partir de 1983, sua indústria automobilística ultrapassou a do Reino Unido, ficando entre as oito maiores do mundo. A produção energética espanhola aumentou consideravelmente, sobretudo a nuclear — a terceira maior produtora de urânio da Europa. 
Nos anos 1990, em decorrência dos processos de privatização e abertura econômica na América Latina, principalmente no Brasil e na Argentina, houve uma expressiva participação de capitais de empresas espanholas, que passaram a atuar nesses países. O país foi um dos mais fortemente afetados pela crise econômica de 2008 e, em 2014, o desemprego atingia praticamente 1/4 da população economicamente ativa, mas apresentou sinais de recuperação, atingindo uma taxa de desemprego de 15% no ano de 2018.

Finlândia


O território da Finlândia, país da Europa nórdica, é pontuado por lagos — cerca de 187 mil. A presença da floresta de coníferas possibilita o desenvolvimento da atividade extrativa madeireira e da fabricação de celulose e papel. O país era grande parceiro comercial da ex-URSS. Com o colapso da economia soviética, a economia finlandesa enfrentou sérias dificuldades. Desde então, os investimentos na economia passaram a priorizar os setores de tecnologia de ponta, particularmente o de telefonia celular. A finlandesa Nokia é uma das maiores empresas fabricantes de telefones celulares do mundo.

Impactos ambientais


O desenvolvimento econômico europeu baseou-se no avanço técnico da indústria, na modernização da produção agrícola e no uso intensivo dos recursos minerais. Desse modo, o espaço geo gráfico do continente foi profundamente alterado, causando fortes impactos ambientais. 
Entre os principais danos ao meio ambiente, gerados pela in dustrialização europeia, estão a chuva ácida, a poluição da água e do ar e a destruição da vegetação nativa. 
A formação da chuva ácida é decorrente da grande emissão de gases poluentes pelas indústrias, principalmente o dióxido de carbono, tornando ácidas as águas das chuvas, o que prejudica a qualidade dos recursos hídricos e a fertilidade dos solos.
Por sua vez, os incêndios florestais e o desmatamento têm reduzido a vegetação nativa do continente, levando a uma diminuição gradativa da biodiversidade. 
Em decorrência da preocupação cada vez maior com o meio ambiente, a União Europeia defende a modernização das indústrias associada ao controle das emissões de poluentes. Em 4 de outubro de 2016, o Conselho Europeu ra tificou a posição do bloco regional de adesão ao Acordo de Paris, de 2015, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global por meio da redução da emissão de gases de efeito estufa.


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