terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Oriente Médio

Posição estratégica


O Oriente Médio está localizado em uma região estratégica entre a Europa, a África e o restante do continente asiático.
Nessa região se desenvolveram várias civilizações. A denominação “Oriente Médio” é fruto de uma visão eurocêntrica do mundo, consolidada no período das Grandes Navegações, quando os europeus estabeleceram rotas marítimas de comércio para a África, para a Ásia e para a América. Foi uma das regiões mais ricas e desenvolvidas e, a partir dela, os muçulmanos difundiram para o resto do mundo notáveis saberes científicos, artísticos e filosóficos. No século XV, a região foi dominada pelo Império Turco Otomano, permanecendo assim até o fim da Primeira Guerra Mundial, quando franceses e britânicos obtiveram o apoio dos povos árabes contra os turcos otomanos. Entretanto, Reino Unido e França já haviam acertado a partilha dessa região em um acordo secreto — o acordo Sykes-Pikot, pelo qual Síria e Líbano foram ocupados pelos franceses; Palestina, Iraque e Transjordânia (atual Jordânia), pelos ingleses. Somente no período entre as guerras mundiais e após a Segunda Guerra se consolidou o processo de independência, e as fronteiras entre os países foram sendo delimitadas. Esse processo, no entanto, não significou o fim dos conflitos. Pelo contrário, após a Segunda Guerra Mundial, eles continuaram a ocorrer em virtude principalmente da formação do Estado de Israel, dos fortes interesses das grandes potências pela região e das disputas internas pelo poder, que contribuíram para a deposição de governantes e alterações em regimes de governo.

Atividades econômicas


No Oriente Médio, com exceção de Israel, a atividade industrial é pouco expressiva. Destacam-se na Turquia a indústria siderúrgica e, nos países produtores de petróleo, refinarias e algumas indústrias petroquímicas. Acrescentam-se ainda os setores tradicionais, como o têxtil e o alimentício, que estão instalados próximo às grandes cidades. O turismo é também uma atividade com grande potencial. A região apresenta um rico e milenar patrimônio histórico e, no litoral do golfo Pérsico, os corais e a vida submarina do mar Vermelho e de toda a costa mediterrânea ainda apresentam riquezas naturais preservadas. Apesar das condições favoráveis ao turismo, os conflitos e a imagem difundida pela mídia sobre o fanatismo religioso e os valores culturais opostos aos do mundo ocidental constituem barreiras a essa atividade econômica. Abu Dhabi e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, são hoje importantes polos turísticos mundiais. Detentores de grandes reservas de petróleo, os Emirados diversificaram sua economia em aplicações financeiras no exterior e na aquisição de empresas. Um investimento significativo está relacionado à alteração de sua paisagem natural, com a construção de hotéis luxuosos, praias e ilhas artificiais. Isso foi acompanhado pela modernização dos aeroportos e toda essa estrutura tem contribuído também para atrair turistas de todas as partes do mundo. O petróleo deixou de ser sua atividade econômica exclusiva e, no Emirado de Dubai, a renda do turismo já supera a renda do petróleo.

A Turquia, com sua arquitetura herdada de dois grandes impérios — o Otomano e o Bizantino — e seu extenso litoral nos mares Egeu e Mediterrâneo, é também outro importante destino dos turistas que se dirigem ao Oriente Médio. A agricultura está restrita a algumas áreas, uma vez que existem extensos desertos no Oriente Médio. Ela se desenvolve principalmente nas planícies fluviais, em áreas irrigadas e na costa dos mares Mediterrâneo, Negro e Cáspio. Na agricultura voltada ao mercado interno, destacam-se arroz, milhete, trigo e algumas frutas. Entre as culturas destinadas também à exportação, sobressaem oliveira, chá, fumo, algodão e tâmara.

O petróleo


No Oriente Médio está grande parte das maiores reservas e centros de produção petrolífera. O interesse pelo controle de áreas produtoras de petróleo é uma das causas de guerras e revoluções na região, uma vez que este é o principal combustível da sociedade industrial e a fonte de matéria-prima para mais de 6 mil produtos. A concentração de aproximadamente 45% das reservas mundiais de petróleo no Oriente Médio e a exploração associada às grandes empresas multinacionais ou transnacionais do setor transformaram a região em proprietária da principal fonte de riqueza natural do último século, mas também resultaram em áreas com focos de tensão, disputas e intensos conflitos. Apesar da enorme riqueza gerada pela exportação de petróleo e de gás natural, parcela considerável da população não desfruta boas condições de vida. A riqueza flui para grupos minoritários, que detêm o poder político e econômico. Os países que apresentam as maiores reservas mundiais.

 Influência das potências mundiais no Oriente Médio 


Na atual política de “guerra contra o terrorismo”, os Estados Unidos e outros países europeus (particularmente o Reino Unido) acentuaram sua presença no Oriente Médio e na Ásia Central e promoveram o apoio a governos pró-ocidentais. Dessa forma, garante-se certo controle sobre reservas de petróleo e gás natural, oleodutos e gasodutos existentes ou que estão em projeto e em construção nos países da região. As relações do Ocidente com os governos do Oriente Médio e os interesses econômicos das grandes potências ficam claros quando consideramos que os Estados Unidos, apesar de se declararem defensores da democracia e da liberdade de expressão, apoiam governos que não prezam esses valores, como os da Arábia Saudita e do Kuwait.
O processo de exploração de petróleo na região pode ser dividido em duas fases. Na primeira, que ocorreu nas décadas iniciais do século XX até o final da década de 1950, a exploração, o transporte e a comercialização de petróleo e gás natural produzidos no Oriente Médio eram controlados por empresas mul tinacionais europeias e estadunidenses. Essas empresas, que ficaram conheci das como Sete Irmãs, pagavam royalties para o governo dos países do Oriente Médio pelos direitos de exploração do petróleo em seus territórios.
Na segunda fase, iniciada em 1960, os maiores produtores de petróleo da região criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), vi sando obter o controle da exploração em seus territórios e influenciar nos pre ços de comercialização desse produto no mercado internacional. Assim, países como Arábia Saudita, Iraque, Kuwait e Irã romperam com as multinacionais e passaram a controlar as empresas que faziam a prospecção, o refino e o em barque de petróleo e gás natural. Um novo acordo foi selado, então, com as multinacionais, que ficaram encarregadas do transporte e da comercialização do produto no mercado internacional.
Atualmente, a Opep reúne 14 países: cinco localizados no Oriente Médio (Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes), sete na África (Argélia, Angola, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Líbia e Nigéria) e dois na América Latina (Venezuela e Equador). 
Apesar de a exploração de petróleo no Oriente Médio não ser mais feita por empresas multinacionais, a importância estratégica da região como fornecedora desse recurso ainda leva países como Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia a interferir política e militarmente na região. As interferências têm o objetivo de garantir o fornecimento desse produto a seus mercados consumidores. Foi o que ocorreu na década de 1990, quan do os Estados Unidos invadiram militarmente o Iraque e o Kuwait, ou, recentemente, com o apoio da Rússia ao governo ditatorial da Síria. Além disso, países como Inglaterra, França e Estados Unidos mantêm bases militares na região. 

Israel: desenvolvimento econômico


Israel é o único país do Oriente Médio considerado desenvolvido, em razão de suas características socioeconômicas. Além das boas condições de vida da população, a economia é diversificada, com os setores secundário e terciário bastante desenvolvidos. Há também nesse país importantes centros de pesquisa tecnológica. Israel conta com duas fontes de recursos fundamentais para a manutenção de seu crescimento econômico e de seus gastos militares: as doações da comunidade judaica mundial e a ajuda financeira dos Estados Unidos. No atual território de Israel, uma faixa litorânea, de clima Mediterrâneo, é densamente povoada (quase 300 hab./km2 ). No sul de Israel estende-se o deserto de Neguev, que ocupa praticamente a metade de seu território e onde vivem apenas 7% da população do país. Nessa região, ocorreu uma expressiva modificação no espaço. Com a construção de um eficaz sistema de irrigação, o deserto transformou-se em área fértil ao cultivo agrícola. Vale ressaltar que Israel, para tanto, passou a controlar os suprimentos de água da bacia do rio Jordão (inclusive suas nascentes nas colinas de Golã, território sírio) e os sistemas de aquíferos, que deveriam ser partilhados com os palestinos, resultando em uma das razões de conflito deste povo com Israel. A prosperidade agrícola deve-se também ao tipo de organização produtiva, representada pelo kibutz e pelo moshav. Cerca de 3% da população do país vive nos kibutzin (plural de kibutz). O kibutz convencional é uma fazenda agrícola comunitária, cujos integrantes compartilham toda a propriedade e, de comum acordo, distribuem as tarefas, configurando um modo de vida comunal. Atualmente, ocorreram adaptações em diversos kibutzin. Dessa forma, existem kibutzin com produção industrial com os mesmos modos de vida comunal que os kibutzin convencionais.

O moshav é uma vila agrícola onde cada família é proprietária de sua terra. Com uma administração central, nos moldes de uma cooperativa, as famílias dividem os equipamentos, compram sementes e outros implementos agrícolas e realizam a comercialização de sua produção. Apesar da carência de petróleo e de outros recursos energéticos característicos de grande parte do Oriente Médio, Israel tem os setores industrial e agrícola muito bem estruturados. Os principais setores industriais de alta tecnologia são bastante diversificados e destinam-se à produção de equipamentos militares, produtos químicos e farmacêuticos, softwares, aviação, telecomunicações, etc. A renda per capita é alta e apresenta um padrão de distribuição próximo ao dos países desenvolvidos.

O islamismo e o fundamentalismo islâmico


No Oriente Médio, a população é predominantemente árabe, contando também com turcos (na Turquia), persas (no Irã) e judeus (em Israel). Além desses povos, vivem na região curdos, armênios, entre outros. A maior parte dos habitantes dessa região, conforme visto na seção Para começar, professa a religião islâmica ou muçulmana. Os judeus formam o segundo maior grupo religioso. A palavra árabe islam quer dizer resignação ou total submissão à vontade de Deus. Os termos islâmico, muçulmano e maometano têm o mesmo significado, ou seja, denominam pessoa sujeita aos desígnios de Deus, ou Alá. A religião islâmica é a que mais cresce no mundo, contando com mais de 1 bilhão de adeptos.

Apesar de o islamismo ser a religião de quase 90% da população do Oriente Médio, existe uma diversidade de segmentos dentro dessa religião, dos quais os xiitas e os sunitas são maioria da população. A principal diferença desses dois segmentos está na visão de sucessão de Maomé, criador do islamismo: os sunitas acreditam que o sucessor deveria ser eleito pelo povo e os xiitas entendem que os descendentes de Ali (genro do profeta Maomé) deveriam liderar os islãs. Com base nisso, surgiram disputas relacionadas à doutrina e também se diferenciaram as práticas religioso-culturais.

O predomínio de uma ou de outra vertente na população de cada país é um importante fator para compreender tensões e conflitos regionais. Em ambas as vertentes pode estar presente o fundamentalismo islâmico.

Atualmente, os grupos fundamentalistas, que atuam em vários países da região, no sul e no sudeste asiáticos e no norte da África, têm como objetivos principais, de modo geral, a necessidade de romper com o Ocidente – considerado o “Grande Satã” –, desestabilizar governos pró-ocidentais nos países de maioria muçulmana e substituir a lei dos homens pela Lei Divina, expressa no Corão (livro sagrado transmitido por Deus ao profeta Maomé). Alguns radicais islâmicos defendem o uso da força para expandir a religião islâmica, como os que atuam no Iraque e na Síria e que, em 2014, declararam a criação de um país, o Estado Islâmico, como veremos adiante neste capítulo. Os movimentos fundamentalistas defendem um conjunto rígido de regras para o vestuário, rituais de casamento e alimentação, princípios de justiça social, normas de educação das crianças e condutas de vida para as mulheres (que não têm os mesmos direitos dos homens). No entanto, ressalva-se que em vários países de maioria muçulmana tem havido maior participação da mulher na sociedade. Mesmo no Irã, um Estado teocrático, vem aumentando o número de mulheres que frequentam centros universitários — onde cerca de 40% dos estudantes são do sexo feminino —, participam do mercado de trabalho e da política. Na Arábia Saudita, até meados de 2018, era proibido que mulheres dirigissem veículos. Esse era o único país no mundo em que as mulheres não podiam obter habilitação de motorista. Apesar de restrições e desigualdades históricas, não há, no Corão, restrições à atuação da mulher na vida social.

A questão Palestina e o Estado de Israel


Com a criação do movimento sionista no século XIX, milhares de judeus, de todas as partes do mundo, começaram a migrar para a Palestina, transformando a região em palco de permanentes conflitos com os árabes. Em 1917, a Palestina foi ocupada pelos ingleses. Esse movimento de caráter nacionalista tinha como objetivo a criação de um Estado judaico (Israel) em um território considerado sagrado para esse povo, ou seja, a “Terra Prometida”. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), milhões de judeus foram mortos. Outros tiveram de abandonar seus países de origem. Essa situação foi determinante para a institucionalização de um Estado judaico e a aprovação da ONU para a criação, em 1947, de um plano de partilha da Palestina, que previa a formação de dois Estados: um árabe e outro judeu. Em 1948, os ingleses retiraram-se da Palestina, e Israel constituiu-se em Estado. A partilha da Palestina entre árabes e judeus causou grande insatisfação aos povos árabes. Logo após a criação do Estado de Israel, os exércitos dos países árabes vizinhos (Egito, Síria, Líbano, Iraque e Transjordânia) atacaram o país, dando início a uma guerra violenta. Em janeiro de 1949, terminavam os combates, que conferiam a Israel novas áreas, ampliando em 50% a área original de seu território. Ainda em 1949, foram assinados acordos de armistício, segundo os quais o Estado Árabe da Palestina seria dividido entre Israel, que conquistara a Galileia e o deserto de Neguev; Transjordânia, que ficaria com a Cisjordânia (a oeste do rio Jordão), passando a se chamar Reino Hachemita da Jordânia; e Egito, que ficaria com a Faixa de Gaza.

Em 1967, eclodiu outro conflito armado, a Guerra dos Seis Dias. No fim da guerra, Israel obteve a península do Sinai e a Faixa de Gaza, do Egito; Golã, da Síria; e a Cisjordânia (margem ocidental do rio Jordão), da Jordânia. Em 1973, o Egito, a Síria e a Jordânia envolveram-se em nova guerra com Israel para a retomada dos territórios perdidos na Guerra dos Seis Dias, porém sem sucesso. Em 1979, por meio de um acordo intermediado pelos Estados Unidos, o Acordo de Camp David, Israel concordou em devolver ao Egito a península do Sinai.

Entre judeus e palestinos o conflito teve outros desdobramentos. Em 1964, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que reunia diversos grupos extremistas palestinos com um alvo comum: lutar pela criação de um Estado palestino e pela destruição do Estado de Israel. Em 1969, Yasser Arafat (líder da Al Fatah — atualmente um partido, mas que foi fundada, em 1964, como uma organização política e militar) assumiu a presidência da OLP. Até 1987, a organização utilizava métodos terroristas para alcançar seus objetivos. Em 1988, o líder da OLP apresentou um “plano de paz” na Assembleia Geral da ONU, no qual reconhecia o Estado de Israel. Esse acontecimento marcou o início de uma nova fase para a OLP, que conquistou mais espaço no campo diplomático, passando a negociar com os Estados Unidos e, posteriormente, com Israel. Foi nesse mesmo período que surgiu em Gaza o Hamas, outro importante grupo de combate palestino. No dia 13 de setembro de 1993, após dois meses de negociações secretas com a mediação do governo da Noruega, Arafat, pela OLP, e o então primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, assinaram na Casa Branca (Estados Unidos) um acordo de paz. Partes da Cisjordânia e de Gaza foram devolvidas aos palestinos e se tornaram regiões autônomas e de administração palestina. Foi, então, criada a Autoridade Nacional Palestina (ANP) — representante legal dos palestinos, responsável pela administração de seus territórios. As terras palestinas encontram-se divididas. O Hamas detém o controle de Gaza, e a ANP controla a Cisjordânia. Enquanto o Hamas se nega a reconhecer o Estado de Israel e qualquer negociação, a ANP ainda acredita que consiga reconquistar parte das terras palestinas com a negociação. Observe a figura 29. Em 2005, foi concluída a desocupação israelense do território de Gaza. No entanto, até o final de 2018, Israel ainda mantinha os bloqueios aéreo, marítimo e terrestre, restringindo a circulação de mercadorias, pessoas e serviços entre o território e o mundo. Essa situação agrava a situação de pobreza e o desemprego em Gaza. São várias as questões pendentes para um acordo de paz mais duradouro entre os dois povos: a questão do “muro de proteção” que contorna boa parte da Cisjordânia; a definição dos limites entre Israel e o futuro Estado palestino; a disputa por Jerusalém; e a existência de assentamentos judaicos em territórios da Autoridade Nacional Palestina. Além dessas e de outras questões, há sempre a preocupação de como grupos extremistas judeus e palestinos enfrentarão um processo de negociação que de fato encaminhe a região para a paz.

Em 2017, o governo estadunidense do então presidente Donald Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e, no ano seguinte, foi inaugurada a embaixada dos Estados Unidos nessa cidade, interferindo na questão das negociações entre a ANP e Israel. Atualmente, mais de 130 países na ONU deram reconhecimento ao Estado da Palestina, que tem condição de Estado observador, não membro, das Nações Unidas (figura 30). Apesar disso, Israel, Estados Unidos e vários países europeus ainda não reconhecem a existência desse Estado.

Irã: Revolução Islâmica, oposição ao Ocidente e transformações recentes

Até 1979, o Irã foi um dos principais aliados dos Estados Unidos entre os países do Oriente Médio. Em 1953, o governo estadunidense apoiou o golpe de Estado promovido pelo xá Reza Pahlevi. Com Reza Pahlevi, o Irã constituiu uma política econômica e social apoiada no modelo ocidental. Do ponto de vista econômico, foi um período de desenvolvimento industrial e de crescimento. Apesar disso, ocorreu um profundo questionamento das correntes mais radicais do islamismo. Líderes religiosos foram perseguidos e alguns foram expulsos do país. Em 1979, uma onda de manifestações populares depôs o governo do xá e empossou o líder xiita aiatolá Khomeini. Surgiu a República Islâmica do Irã, que se caracterizou pela busca de um caminho próprio, não alinhado a nenhuma das grandes potências, Estados Unidos e ex-União Soviética. A partir de 1980, o Irã rompeu relações com os Estados Unidos e passou a ser controlado pelos chefes religiosos (aiatolás), que estabeleceram normas sociais rígidas, de acordo com os princípios do islamismo, formalizando um Estado teocrático (o atual governo do Irã, apesar de civil, está submetido ao poder dos aiatolás). Apesar do rígido controle do governo do Irã, nos últimos anos vêm ocorrendo mudanças de comportamento por parte de alguns iranianos, especialmente dos jovens, que têm buscado acesso à informação e à cultura ocidental, por meio de filmes, músicas e internet. Atualmente, o Irã é, entre os países islâmicos, aquele que exerce maior influência no Oriente Médio e tem mantido relações estáveis com praticamente todos os países vizinhos. É o maior opositor à existência do Estado de Israel. O atual governo mantém fortes relações com a China e a Rússia. Essas relações incluem cooperação técnica, associação para a exploração de petróleo em subsolo iraniano e venda de armas e de combustível para as usinas termonucleares.

Outro motivo de enfrentamento entre o Irã e o Ocidente é o desenvolvimento de um programa nuclear. Os Estados Unidos sempre alertaram que o governo iraniano teria a ambição de produzir armas de destruição em massa e que o país estaria próximo de conquistar a tecnologia necessária para alcançar tal objetivo. Alemanha, França e Reino Unido apoiavam os argumentos estadunidenses sobre a ameaça que o programa nuclear representaria para o Oriente Médio e outras regiões do mundo. Em 2013, o Irã, que sempre defendeu que seu programa nuclear teria objetivo exclusivamente pacífico e energético, firmou um acordo visando a uma redução desse programa, em troca da diminuição de sanções econômicas que sofria por parte da comunidade internacional. No mesmo ano, com a eleição de Hassan Rohani, um governante moderado, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teve, por telefone, uma conversa histórica com o presidente iraniano, sinalizando uma reaproximação diplomática. Em 2015, foi assinado um acordo nuclear entre o Irã e o grupo de países do P5+1 (formado pelos 5 países-membros do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha), após mais de uma década de negociações, visando restringir a possibilidade de os iranianos desenvolverem a bomba atômica.
No entanto, em 2018, os Estados Unidos saíram do acordo e uma das alegações utilizadas pelo então presidente Trump, que restabeleceu as sanções econômicas ao país, foi a de que o governo iraniano apoiaria grupos terroristas e milícias, como o Hezbollah, o Hamas, a Al-Qaeda e o Taleban.

Iraque e Afeganistão: guerras e ocupação


Parte dos conflitos atuais no Iraque teve início em 1979, com a instauração da ditadura do governo de Saddam Hussein. O novo governo, apoiado pelos Estados Unidos, envolveu-se em uma longa guerra contra o Irã pela disputa por uma faixa de terra ao sul da fronteira entre os dois países, delimitada pelo canal Chat al-Arab, junto ao golfo Pérsico. Esse fato deflagrou a Guerra Irã-Iraque (1980-1988). No fim da década de 1980, os dois países assinaram um acordo de paz, em que o Chat al-Arab permaneceu sob o domínio do Irã. Em 1990, endividado pela guerra contra o Irã, o Iraque invadiu o Kuwait — um pequeno país da península Arábica pontuado de poços de petróleo. Em decorrência, houve uma reação imediata dos Estados Unidos, da França, do Reino Unido, da Arábia Saudita e de outros países, dando origem, em 1991, à Guerra do Golfo. As forças iraquianas renderam-se sem impor condições. Após essa guerra, foi imposto ao Iraque um embargo econômico pela ONU e a inspeção sobre o controle de armas no país. Em 1998, Saddam Hussein expulsou os funcionários da ONU e expôs novamente o país à possibilidade de um novo confronto internacional.

Guerra e ocupação do Afeganistão


No dia 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos foram atingidos pela maior ação terrorista realizada no país. O atentado foi atribuído pelo governo estadunidense à rede terrorista internacional Al-Qaeda, liderada pelo saudita Osama Bin Laden. A Al-Qaeda mantinha naquele momento sua base no Afeganistão, que era praticamente dominado pelo grupo fundamentalista Taleban, que implantou um regime de governo islâmico repressivo, sobretudo às mulheres, entre 1996 e 2001. Elas eram obrigadas a ocultarem-se sob a burca e viverem em suas casas, praticamente confinadas, ficando proibidas de frequentar escolas e locais de trabalho.

Após o atentado de 11 de setembro, o Conselho de Segurança da ONU exigiu que o grupo entregasse Osama Bin Laden. Em 2002, diante da negativa do Taleban em entregar o terrorista, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, depuseram o governo Taleban, estabeleceram um novo governo e instalaram novas bases militares estadunidenses no Oriente Médio (figura 32). Em 2011, os Estados Unidos iniciaram a retirada parcial das tropas do país, comprometendo-se a fazer a retirada total até 2016. No entanto, a partir de 2017, o governo Trump passou a enviar mais soldados ao país.

Guerra e ocupação do Iraque 


Depois da ocupação do Afeganistão, os Estados Unidos miraram um novo alvo: o Iraque. Junto ao Reino Unido, argumentavam que o Iraque constituía um risco à segurança mundial, pois o governo iraquiano desenvolvia programas de armas de destruição em massa, mantinha armas químicas e bacteriológicas estocadas e estabelecia ligações com grupos terroristas. Em 2002, os Estados Unidos, sob o governo de George W. Bush, pressionaram o Conselho de Segurança da ONU solicitando uma revisão da questão iraquiana. A relação do Iraque com o resto do mundo ainda estava em impasse desde a expulsão dos inspetores da ONU, em 1998. O Conselho de Segurança obrigou o Iraque a aceitar a volta dos inspetores ao país. Enquanto ocorria o trabalho dos inspetores da ONU no Iraque, os Estados Unidos e o Reino Unido deslocaram milhares de soldados e equipamentos de combate para o Oriente Médio. Em 2003, foi tomada a decisão de atacar o Iraque, independentemente da posição da ONU e contra a posição de três dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança: Rússia, China e França. A guerra contra o Iraque, nesse contexto, atropelou o órgão máximo para julgar essas questões. A ofensiva militar resultou na derrubada do regime ditatorial de Saddam Hussein e em sua posterior prisão. Em 2006, Saddam Hussein foi julgado sob o governo interino iraquiano e condenado à pena de morte.

A ocupação militar não conseguiu estabilizar politicamente o país. Uma sucessão de atentados contra militares e civis (tanto estrangeiros como iraquianos), promovidos por grupos insurgentes contrários à presença estadunidense, passou a fazer parte do cotidiano. Com o pretexto de combater o terrorismo, a ocupação do Iraque estimulou esse tipo de embate. Além disso, ficou comprovado que o Iraque não produzia armas de destruição em massa, principal alegação que justificou a ação militar das tropas ocidentais. Em dezembro de 2011, os Estados Unidos retiraram oficialmente suas tropas do país.

Curdos


Exemplo da maior nação constituída sem Estado, o povo curdo soma cerca de 30 milhões de pessoas distribuídas por seis países: predominantemente na Turquia, onde estão cerca de 15 milhões de pessoas, no Iraque, no Irã, na Síria, na Armênia e no Azerbaijão. Os curdos enfrentam uma longa trajetória de perseguição e de dura repressão às tentativas de formação política do Curdistão, principalmente na Turquia e no Iraque. Isso ocorre porque o território onde pretendem construir seu país dispõe de recursos naturais, como o petróleo, e é onde se localizam as nascentes dos rios Tigre e Eufrates. Na década de 1980, os curdos foram massacrados pelo exército iraquiano de Saddam Hussein, inclusive com o uso de armas químicas. Acredita-se que tenham morrido mais de 800 mil curdos nesse período. A presença estadunidense no Iraque, a partir de 1992, beneficiou o povo curdo. Os curdos iraquianos fizeram alianças com os Estados Unidos e ganharam uma rede de proteção aérea; em troca, apoiaram a intervenção no Iraque. Os curdos pretendem manter ou mesmo ampliar a autonomia que conquistaram nessa região, rica em petróleo, na qual são maioria e têm hegemonia cultural. Eles acreditam na criação de uma república federativa que garanta sua autonomia. Em 2005, com a volta das eleições para a escolha de novos governantes no Iraque, depois da queda de Saddam Hussein, a Aliança Curda conquistou 25% das cadeiras da Assembleia Legislativa. Um sistema democrático poderia garantir maior estabilidade para o povo curdo nesse país. No entanto, entre 2014 e 2018, propriedades rurais e cidades de maioria curda no Iraque foram dominadas pelo Estado Islâmico, levando a uma nova onda de violência e destruição. Os curdos fizeram alianças vitoriosas com países do Ocidente para combater o EI, mas não conseguiram apoio posterior desses países para levar adiante a reivindicação de criação de um Estado nacional.

Em 2016, na Turquia, os grupos de guerrilheiros Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK) e do Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) assumiram atentados terroristas em busca de instabilidade política para a conquista da independência. Em decorrência dos eventos, o governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, abriu uma temporada de forte repressão à oposição.

Síria 


No Oriente Médio, as atenções dos Estados Unidos também estão focadas na Síria, país de grande diversidade populacional, majoritariamente muçulmano sunita. Segundo autoridades governamentais estadunidenses, o governo sírio financia e facilita a atuação de grupos terroristas, principalmente no Iraque e em Israel. Em 2011, a Síria foi um dos países envolvidos na onda de movimentos pró-democracia, conhecida como Primavera Árabe. Esses movimentos foram desencadeados em vários países árabes contra seus regimes ditatoriais. Desde então, a Síria vem passando por uma guerra civil que adquiriu contornos de conflito étnico-religioso, ao opor os principais grupos que habitam o país. O presidente da Síria, ditador Bashar al-Assad, pertence ao grupo alauita (uma das vertentes do grupo islâmico xiita) e é apoiado por seus integrantes que representam apenas 10% da população. Outros grupos também minoritários apoiam o regime. Essas minorias foram privilegiadas durante a ditadura da dinastia Assad. Formaram o grupo social mais rico e preencheram os principais postos de comando do Estado sírio e do Partido Baath (partido único do regime). Em contraste, mais de 70% da população do país, socialmente discriminada, é formada por muçulmanos sunitas e curdos. A ONU estima que entre o ano de 2011 e os primeiros meses de 2018 cerca de 5 milhões de sírios, especialmente mulheres e crianças, saíram do país em busca de refúgio. Nesses anos, a Turquia foi o principal destino da maioria dos refugiados.

Os radicais do Estado Islâmico


No contexto de instabilidade política na Síria e no Iraque, estruturou-se uma organização terrorista formada por radicais islâmicos sunitas desses dois países, além de estrangeiros não árabes que abraçaram a sua causa, ou seja, estabeleceu-se um califado, o Estado Islâmico (EI), regido pela lei do Islã e que teria como objetivo governar todos os muçulmanos. Na prática, esses radicais formam uma milícia: uma organização militar composta de terroristas, muitos deles vinculados a grandes redes terroristas, como a Al-Qaeda. Observe o mapa da figura 36. Os radicais muçulmanos do EI controlam trechos dos territórios da Síria e do Iraque, inclusive cidades desses países. Esses radicais, chamados de jihadistas pela imprensa internacional, dominam poços e refinarias de petróleo na Síria e no Iraque; recebem doações de células terroristas de diversos países, principalmente da Arábia Saudita e do Catar; arrecadam impostos nas cidades controladas; saqueiam bancos; e fazem reféns com o intuito de cobrar resgates e impressionar a comunidade internacional (muitas vezes, executam alguns reféns e postam os vídeos em redes sociais). É também por meio da internet que muitos jovens, que abraçam a causa dos radicais islâmicos, são cooptados.

O avanço do EI foi combatido a partir de 2015 por uma coalização liderada pelos Estados Unidos por meio de ataques aéreos, pelos curdos e pelo exército iraquiano, no Iraque, e pelo exército sírio, na Síria. O enfrentamento militar reduziu progressivamente os territórios dominados pelo EI. Em 2017, quase quatro anos depois de o grupo terrorista ter estabelecido controle sobre áreas no Iraque, o governo iraquiano declarou o fim da guerra contra o EI. Apesar das grandes perdas militares e territoriais, os episódios não derrotaram o grupo, que ainda é considerado uma ameaça. Em 2017, combatentes se dirigiram à Líbia para formar outras bases.

domingo, 12 de janeiro de 2025

Ásia: diversidade natural e questões ambientais

1. Localização e algumas características

A Ásia é o continente de maior extensão territorial do mundo, com 44,9 milhões de quilômetros quadrados, ocupando quase 30% das terras emersas do planeta. Constitui com a Europa um único bloco continental, denominado Eurásia.
A Ásia está localizada na porção leste da Eurásia. A divisão entre a Europa e a Ásia não decorre somente de características naturais, mas, sobretudo, em razão dos aspectos culturais. As fronteiras entre os dois continentes determinam o limite entre o mundo ocidental e o oriental, e foram estabelecidas com base em estudos desenvolvidos na Grécia antiga que consideraram as características culturais dos povos que habitavam essa região, como religião, língua e costumes.
A divisão entre a Europa e a Ásia leva em conta aspectos histórico-culturais. A Rússia, por exemplo, apresenta parte de seu território no continente europeu e parte no continente asiático.
O continente está localizado no Hemisfério Oriental da Terra, a leste do Meridiano de Greenwich, e é cortado pelo Círculo Polar Ártico ao norte, pelo Trópico de Câncer ao centro e pela Linha do Equador ao sul.
A Ásia e a Europa formam um mesmo bloco continental, a Eurásia, separado pelos Montes Urais, pelo Mar Cáspio, pelo Mar Negro e pelo Mar Mediterrâneo. O continente asiático está separado da África pelo Istmo de Suez, comunica-se com a Oceania pelas ilhas da Indonésia e separa-se da América pelo Estreito de Bering.
O continente asiático apresenta 11 fusos horários e é banhado pelos oceanos Glacial Ártico, Índico e Pacífico. Há diversos mares e golfos no interior e na costa asiática. Entre eles destacam-se o mar Vermelho — que se comunica com o mar Mediterrâneo através do canal de Suez —, o mar Cáspio, o mar Negro, o mar da China e o do Japão.
O contorno irregular da Ásia forma penínsulas de grande importância: as penínsulas Arábica, do Decã, Malaia, Indochinesa, da Coreia, Kamtchatka e da Anatólia. No litoral do sudeste asiático, situam-se vários arquipélagos de origem vulcânica: o arquipélago da Indonésia (ilhas Java, de Bornéu, de Sumatra), o das Filipinas e o do Japão. 
Esses arquipélagos fazem parte do Círculo de Fogo do Pacífico, zona de intensa atividade vulcânica e sujeita a abalos sísmicos frequentes. Outra região de importância estratégica é o estreito de Taiwan, também conhecido como estreito de Formosa. Situado entre a China e Taiwan, tem intensa navegação comercial e constitui uma zona de tensão entre os dois países. Outras zonas de tensão estão presentes no mar da China Oriental e no mar da China Meridional, envolvendo Japão, Indonésia, China, Malásia, Filipinas, Vietnã e Coreia do Sul. 
O canal de Suez, no Egito, foi inaugurado em 1869. Trata-se de um canal artificial com 163 quilômetros que liga o mar Vermelho (cidade de Suez) ao mar Mediterrâneo (cidade portuária de Port-Said). Apesar das reformas realizadas posteriormente, a profundidade do canal não permite a passagem de grandes petroleiros. 
No Oriente Médio existem dois golfos de intensa navegação comercial: o golfo Pérsico e o golfo de Omã. O limite entre eles é o estreito de Ormuz. Através de suas águas, a produção de petróleo é escoada para o resto do mundo. Por essa razão, a região do golfo Pérsico é alvo de constantes conflitos e constitui uma área estratégica mundial.
A Ásia é também o continente mais populoso do mundo, com aproximadamente 4,6 bilhões de habitantes (dados de 2020 do Banco Mundial), o que corresponde a cerca de 59% da população mundial.
A Ásia é composta de mais de 45 países. Alguns deles, como Turquia e Rússia, são considerados transcontinentais, pois uma parte de seus territórios está localizada na Europa.
O continente abriga o maior país do mundo, a Rússia, com mais de 17 milhões de km2, e os países mais populosos são a China e a Índia, com mais de 1 bilhão de habitantes cada um.

2. Regionalização

Devido à sua grande diversidade natural e complexidade de grupos étnicos e culturas, a Ásia pode ser regionalizada, de acordo com a localização de cada país, em seis regiões: Extremo Oriente, Sudeste Asiático, Ásia Meridional, Oriente Médio, Ásia Central e Ásia Setentrional. 

Extremo Oriente 

Localizada no leste do continente, essa região é banhada pelo Oceano Pacífico, abrangendo China, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Japão, Taiwan e Mongólia. Destaca-se em razão da numerosa população absoluta da China e de seu crescimento econômico nas últimas décadas. Conta ainda com a forte economia do Japão, país integrante do G-7, mas sofre com as divergências diplomáticas entre as duas Coreias (do Sul e do Norte), que tiveram origem na Guerra Fria.

Sudeste Asiático 

Formada por Singapura, Tailândia, Vietnã, Camboja, Malásia, Laos, Mianmar, Filipinas, Brunei, Indonésia e Timor-Leste, essa região é dividida em duas par tes: a continental ou peninsular (Península da Indochina) e a insular (ilhas). 
Localizada em sua maior parte entre o Trópico de Câncer e a Linha do Equador, com temperaturas médias elevadas durante o ano, é a região tropi cal do continente, que apresenta as monções. Nela, destaca-se o país-cidade Singapura, em razão de seu elevado padrão de vida. Nos demais países, predo mina a população rural, com grandes problemas sociais.

Ásia Meridional

Índia, Paquistão e Bangladesh são alguns dos países dessa região, conhecida também como subcontinente indiano e caracterizada por elevada população absoluta e grande desigualdade social. A Índia se destaca por sua grande população – em torno de 1,3 bilhão de habitantes (dados de 2021 do Banco Mundial) – e seu setor industrial, em amplo desenvolvimento. Ainda que apresente índices sociais preocupantes, vem ganhando lugar de destaque na economia mundial como um país emergente e promissor.

Oriente Médio 

Com baixos índices de pluviosidade, as áreas desérticas predominam nessa região, que é a mais seca da Ásia e uma das mais ricas em petróleo do mundo. Nela se encontram países como Arábia Saudita, Iraque, Israel e Irã. A etnia árabe e a religião islâmica predominam na região, conhecida também pelos intensos conflitos entre israelenses e palestinos.

Ásia Central 

É formada por países localizados a leste do Mar Cáspio, integrantes da antiga União Soviética: Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão e Tadjiquistão. São países com economia baseada na agricultura e nos negócios relacionados ao petróleo (extração ou rota de oleodutos).

Ásia Setentrional 

Corresponde às terras localizadas na parte asiática da Rússia, região do país conhecida como Sibéria. Nela predominam temperaturas baixas e clima polar, com os invernos mais longos e rigorosos de todo o continente. A região tem muitas reservas de petróleo e gás natural, e a agricultura desem penha importante papel, facilitada pelo relevo plano e pelo solo tchernozion.

3. Formas do relevo 

Entre as diferentes formações ao longo da vasta extensão territorial da Ásia, destacam-se as cadeias montanhosas, no oeste e centro do continente; as planícies, no norte e sul; e os planaltos, principalmente localizados na área central.

Cadeias montanhosas

Há muitas montanhas no continente asiático, como o Cáucaso e os Mon tes Urais, na divisa com o continente europeu, e o Himalaia, ao sul. Em grande parte, as montanhas são parcialmente cobertas de neve, que alimentam os rios asiáticos com o degelo nas elevadas altitudes. 
A maioria das montanhas do continente cor responde a dobramentos modernos e formações geologicamente recentes, resultantes do encontro de placas tectônicas na Era Cenozoica, o mesmo fenômeno que formou as cadeias montanhosas do centro, sul e sudeste da Europa. 
Boa parte do continente asiático se encontra no que se convencionou chamar de Círculo de Fogo do Pacífico, a região da superfície terrestre mais instável geologicamente, condicionada aos movimentos das placas tectônicas, com tremores de terra constantes e inúmeros vulcões ativos.

Himalaia 

Os picos mais elevados da Terra estão na Cordilheira do Himalaia, com des taque para o Everest (na fronteira da China com o Nepal), com 8 848 metros, e o Kanchenjunga (na fronteira do Nepal com a Índia), com 8 586 metros de altitude. Esses picos são atração turística e recebem montanhistas de todo o mundo, que se deslocam para a região a fim de escalá-los. Países como o Nepal e a China, por exemplo, cobram pedágio de até 10 mil dólares da pessoa que deseja chegar ao cume do Everest. Para viabilizar o plantio em relevo montanhoso, a população da região adota técnicas agrícolas como o terraceamento, que consiste na construção de degraus no terreno inclinado para plantio. O principal cultivo no terraceamento é o arroz, alimento básico da maioria da população asiática.

Planícies

As planícies, que também marcam o relevo da Ásia, foram formadas por processos de sedimentação relativamente recentes. Nelas se concentra a maior parte da população asiática e são realizadas atividades econômicas em grande escala, como a agropecuária. 
No continente, antigas civilizações desenvolveram-se em relevos de planície: a chinesa, na planície do leste do país; a indiana, na Planície Indo-Gangética; e a mesopotâmica, na planície dos rios Tigre e Eufrates. 
As principais planícies da Ásia são:

• Planície da Sibéria, no norte da Rússia; 
• Planície Indo-Gangética (vale dos rios Indo e Ganges), na Índia e no Paquistão; 
• Planície da Mesopotâmia, drenada pelos rios Tigre e Eufrates, no Iraque; 
• Planície Chinesa, drenada pelos rios Yang-tsé-kiang (Azul) e Huang-he (Amarelo), na China; 
• Planície do Rio Bramaputra, na Índia e em Bangladesh; 
• Planície do Rio Mekong, no Vietnã, no Camboja e no Laos.

Planaltos

Os planaltos da Ásia são divididos entre os de altitudes elevadas e os de altitudes mais baixas. Entre os mais elevados estão o Planalto do Tibete (ao norte da Cordilheira do Himalaia) e o Planalto do Pamir (nas fronteiras do Tadjiquistão, Afeganistão e China). 
Esses planaltos são de formação geológica mais recente, pouco des gastados pela erosão dos ventos e das chuvas. 
Os de menor altitude, mais antigos e desgastados pela erosão, são o Planalto da Arábia (Arábia Saudita), o Planalto do Decã (Índia), o Planalto Siberiano (Rússia), o Planalto da Anatólia (Turquia) e o Planalto do Irã (Irã).

O relevo e a atividade sísmica

Na Ásia são encontradas as mais elevadas montanhas e as depressões mais profundas da Terra. Entre Israel e Jordânia, na região do Oriente Médio, situa-se o mar Morto, cujas águas estão a 412 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. Na cordilheira do Himalaia localiza-se o ponto culminante do relevo terrestre, o monte Everest, com 8.848 metros de altitude, na fronteira entre o Nepal e a China. Essa cordilheira é uma cadeia montanhosa de formação recente na história geológica da Terra (começou a se formar há cerca de 70 milhões de anos, enquanto a história do planeta iniciou-se há cerca de 4,6 bilhões de anos). A cordilheira do Himalaia descreve um arco de 2.800 quilômetros de extensão, constituindo uma “muralha” entre a China e a porção meridional do continente. Muitos dos picos mais altos da Terra estão localizados no Himalaia, como o K2, o Nanda-Devi, o Kanchenjunga e outros, além do Everest. Dezenas de outros picos, mais de 70, ultrapassam a altitude de 7.300 metros.
Diversos países do continente asiático estão sujeitos à instabilidade geológica. As zonas de instabilidade estão concentradas no sul e no leste do continente, próximo às regiões montanhosas e no litoral. Essa instabilidade, responsável pela ocorrência de terremotos, vulcanismo e maremotos, deve-se à colisão das placas tectônicas no continente ou no oceano. Em dezembro de 2004, um abalo sísmico de magnitude 9,15 na escala Richter (o segundo maior da História), originado no fundo do oceano Índico, provocou um tsunami (onda gigante) que causou a morte de aproximadamente 250 mil pessoas e deixou cerca de 1,8 milhão de desabrigados, a maior parte deles na Índia e no Sri Lanka. O fenômeno ocorreu em razão do choque das placas indo-australiana e euro-asiática. Nesse choque entre as duas placas, uma delas é projetada para o alto e desloca a massa de água do oceano que está sobre ela, formando as ondas gigantescas.

Entre esses planaltos e as cadeias montanhosas, situam-se extensas planícies aluviais, formadas pela acumulação de sedimentos transportados pelos rios. A planície da Sibéria, na Rússia, entre os Montes Urais e o planalto Central Siberiano, é a mais extensa do continente (7 milhões de quilômetros quadrados). No norte da Índia, ao sul do Himalaia, localiza-se a planície Indo-Gangética, que é atravessada pelos rios Indo e Ganges e tem grande importância econômica. Essa planície originou-se da acumulação de sedimentos provenientes da erosão das montanhas, trabalho realizado pelas águas que vertem para os rios Indo, Ganges e Brahmaputra. Os deltas e os vales desses rios são muito importantes para a atividade agrícola, pois são muito férteis. No leste da Ásia, destacam-se a planície Chinesa e a da Manchúria. Em parte da planície Chinesa, aparece o solo loess, de grande fertilidade, o que permite desenvolver atividade agrícola em larga escala, onde são cultivados o trigo, a soja, o milho e a batata. Excetuando-se a planície da Sibéria, todas as demais do continente concentram bastante população em função da grande fertilidade dos solos. No sudeste da Ásia, localiza-se a planície da Indochina, que também apresenta grande importância econômica em razão da fertilidade de seus solos. Entre os rios Tigre e Eufrates, em território iraquiano, localiza-se a planície da Mesopotâmia, que constitui parte da região denominada Crescente Fértil, onde se desenvolve intensa atividade agrícola. Acredita-se que foi nessa região que pela primeira vez se estruturou a prática da agricultura, há aproximadamente 10 mil anos. Outra unidade de relevo presente no continente asiático são as depressões. Além da maior depressão absoluta do mundo, o mar Morto, várias outras estão espalhadas ao redor de outros mares e lagos asiáticos, como o mar Cáspio, ao norte do Irã, e o mar de Aral, entre o Usbequistão e o Casaquistão.

4. A hidrografia

Em geral, o território asiático é rico em recursos hídricos. Comparativamente aos demais continentes, a Ásia conta com o segundo maior volume de água doce do planeta. Isso se explica, em parte, por sua grande extensão territorial, pela presença de climas úmidos e pelo grande abastecimento de água proveniente do derretimento de gelo das montanhas. 
No entanto, é importante lembrar que todo o volume de água doce do continente precisa abastecer mais de 60% da população mundial, e a distribuição do recurso não é uniforme. Existem áreas com grande escassez de água na Ásia, como as extensas regiões desérticas do Oriente Médio (Deserto da Arábia e Deserto do Irã) e da China (Deserto de Gobi). Em outros casos, como na Planície da Sibéria, os rios congelam no inverno.
Um estudo desenvolvido pelo World Resources Institute aponta que, entre os dez países com as menores cotas de água por habitante, oito estão na Ásia (Kuwait, Emira dos Árabes, Catar, Arábia Saudita, Jordânia, Barein, Iêmen e Israel).

Rios 

Os rios do continente asiático têm suas vertentes nos oceanos Pacífico, Índico e Glacial Ártico. Ao longo de seus vales, os rios possibilitaram a concen tração de numerosas populações em suas proximidades.

Recursos hídricos

Apesar de haver rios e lagos de grande dimensão no continente, a escassez de água doce já é um problema para alguns países e deverá se ampliar no futuro. A Ásia abriga cerca de 60% da população mundial e apenas 36% dos recursos hídricos. 
O crescimento industrial tem aumentado o consumo e, ao mesmo tempo, a poluição das águas. Além disso, a necessidade de ampliação de áreas irrigadas para agricultura e pecuária deverá comprometer outras fontes de abastecimento. O sul da Ásia concentra o maior despejo de água de esgoto não tratada do mundo. A cordilheira do Himalaia e o planalto do Tibete são os dois grandes dispersores de águas da Ásia. A maioria dos rios asiáticos nasce na parte central do continente. 
Os rios asiáticos, de modo geral, têm regime misto: são alimentados pelas águas provenientes tanto do derretimento das neves (nival) como das chuvas (pluvial), especialmente as de verão no sul e sudeste asiáticos, onde ocorrem as monções de verão, proporcionando elevados índices pluviométricos. Como vimos, muitas áreas densamente povoadas do continente encontram- -se nos vales e nas desembocaduras dos rios de maior extensão, como o Ganges, o Indo, o Yang-tse (rio Azul), o Huang-Ho (rio Amarelo) e o Mekong. 
O rio Ganges nasce no Himalaia e deságua no golfo de Bengala, onde forma o maior delta do mundo. Ele apresenta grande importância econômica, pois, na época das cheias, suas águas fertilizam as terras por onde passam. Além disso, é bastante conhecido pelo seu significado religioso. Os praticantes do hinduísmo, por exemplo, banham-se em suas águas em busca de purificação. O Ganges e seus afluentes formam uma bacia hidrográfica com aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados, a mais povoada do globo, com densidade demográfica de cerca de 400 hab./km2 . 
O rio Indo nasce no planalto do Tibete e deságua no mar Arábico. Com a construção de uma rede de canais, as áreas secas atravessadas por seu curso médio foram transformadas em regiões agrícolas.
Dois importantes rios que banham a planície da China são o Yang-tse e o Huang-Ho. Este, com 5.200 quilômetros de extensão, atravessa áreas de solo loess e deságua no mar da China Oriental. O Yang-tse nasce no planalto do Tibete e também deságua no mar da China Oriental. Com 5.500 quilômetros, é o mais extenso rio asiático e nele foi construída a maior hidrelétrica do mundo: Três Gargantas. Na planície da Indochina, o principal rio é o Mekong, com 4.180 quilômetros de extensão. Ele nasce na China, na região do Tibete, corta a península de norte a sul e deságua no mar da China Meridional. Em suas margens cultiva-se principalmente arroz. No norte da Ásia, os rios mais importantes são os que atravessam a planície da Sibéria. Entre eles se destacam o Ienissei e o Ob. Esses rios, que têm as águas congeladas no inverno, causam grandes inundações na época do degelo. 
Na parte ocidental da Ásia, correm os rios Tigre e Eufrates, que cortam a planície da Mesopotâmia, no Iraque. No continente asiático, observa-se também um grande número de lagos e mares interiores. Entre eles se destacam o mar Cáspio, entre o Irã, o Turcomenistão, o Casaquistão, a Rússia e o Azerbaijão; o mar de Aral, entre o Casaquistão e o Usbequistão; o lago Baikal, na Rússia; e o lago Balkash, no Casaquistão. 
No fim da década de 1960, os técnicos da ex-URSS decidiram utilizar as águas dos rios Sirdaria e Amudaria e do mar de Aral para irrigar as plantações de algodão, vegetais oleaginosos, frutas e outras culturas, nas áreas secas do Casaquistão e do Usbequistão. 
O desastre ambiental decorrente desse projeto foi alarmante e amplamente divulgado nos anos 1990, depois do fim da URSS. Em 2001, com ajuda financeira do Banco Mundial, foi implantado um programa de recuperação do mar de Aral (em sua porção norte) que vem apresentando resultados positivos.

Agora, conheça as características dos principais rios do continente. 

• Rios Tigre e Eufrates: banham a Planície da Mesopotâmia e deságuam no Golfo Pérsico. Propiciam a fertilidade do solo em uma região em que predomina o clima desértico, característica que tor nou a ocupa ção da região de confluência desses rios local de estabelecimento de povos e civilizações desde a Antiguidade. O controle das águas desses rios é uma questão conflituosa entre a Síria, a Turquia e o Iraque.

• Rios Indo e Ganges: o Indo drena a Índia e o Paquistão; já o Ganges drena a Índia e Bangladesh. No vale desses rios está uma das maiores concentrações populacionais do mundo. De acordo com a religião que predomina na Índia – o hinduísmo –, lavar--se no Ganges é um ato sagrado; por isso, mais de 1 milhão de pessoas se banham nesse rio diariamente. O Ganges também é de grande importância econômica para os indianos: além da margem fértil para a agricultura, suas águas são usadas para consumo, irrigação agrícola e como via de transporte. Tanto o Indo quanto o Ganges são extremamente poluídos, e o governo tem investido altos recursos para torná-los mais limpos.

• Rio Mekong: atravessa Vietnã, Camboja e Laos. Em suas margens é cultivado principalmente o arroz, produto de grande consumo nesses países. As capi tais Vientiane (Laos) e Phnom Penh (Camboja) se situam nas margens desse importante rio, cuja foz, no Vietnã, desá gua no Oceano Pacífico.

• Rio Bramaputra: nasce no Himalaia, banha o sul do continente, atravessa Índia e Bangladesh e deságua no Rio Ganges (a confluência dos dois rios forma um grande delta na Baía de Bengala). Suas margens têm elevada concentração populacional, um dos fatores que implicam maior exposição dos solos aos processos erosivos. A região do delta é sujeita tanto a cons tantes inundações, causadas pelo transbordamento dos rios, quanto a ciclones nas áreas da costa.

• Rios Yang-tsé-kiang (Azul) e Huang-he (Amarelo): localizados na China, seus vales têm grande produção agrícola e áreas muito populosas. A Usina Hidrelétrica de Três Gargantas, no Rio Yang-tsé-kiang, a maior do mundo, foi construída para gerar energia para a numerosa população chinesa e para o setor industrial do país. A obra pro vocou impactos ambientais e sociais enormes. A barragem dessa usina inundou 13 cidades, 4 500 aldeias e 162 sítios arqueológicos, e obrigou o deslocamento de mais de 1 milhão de pessoas.

• Rio Jordão: em algumas regiões da Ásia existem sérios conflitos armados em razão da disputa pela posse e con trole da água, como na Bacia do Rio Jordão – entre Israel, Síria e Jordânia – e na Bacia do Rio Eufrates – que atra vessa Turquia, Síria e Iraque. No caso do Rio Jordão – cujos lençóis freáticos estão na Cisjordânia –, israelenses e palestinos lideram as disputas. Atual mente, os poços são controlados por militares israelenses. Por sua vez, eles também se confrontam com a Síria e a Jordânia pelo controle do vale do rio, que é a principal fonte de água da região. A situação do rio é bastante comprometida, especialmente devido à poluição e a seu uso para mineração e irrigação. Apenas um terço do volume original dele chega ao Mar Morto.

Mares e lagos 

Na fronteira da Ásia com a Europa está localizado o maior lago do mundo, o Mar Cáspio, com 371 mil km². Do leito do Mar Cáspio é extraída grande quantidade de petróleo e gás natural pelos países banhados por ele, o que dá à região uma importância estratégica mundial.
O Mar Morto, situado entre a Jordânia e Israel, é o ponto mais baixo do relevo terrestre e destaca-se pelo mais alto índice de salinidade. Seu volume vem diminuindo drasticamente desde o século XX.
Na região da Ásia Central, o Mar de Aral, localizado na fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, está em processo acelerado de desaparecimento. Esse mar, que já foi o quarto maior lago do mundo em superfície e volume de água, encontra-se hoje intensamente poluído e reduzido a 10% de seu tama nho original.
O Mar de Aral era alimentado pelas águas dos rios Amu Daria e Sir Daria. No entanto, a partir da década de 1980, o governo da antiga União Soviética passou a retirar água em grande quantidade desses rios para irrigar o cultivo de algodão na região. Com menor quantidade de água para alimentá-lo, o Mar de Aral foi, aos poucos, secando. Além do desastre ambiental, a indústria pesqueira que sustentava a eco nomia local foi prejudicada, pois o pouco de água que sobrou no mar recebeu grande quantidade de pesticidas e elevada concentração de sal. Como con sequência do declínio do nível de água do Mar de Aral, a poluição também contaminou os lençóis de águas subterrâneas. 
Atualmente, o governo do Uzbequistão, em parceria com a comunidade internacional, tenta reverter a situação. No entanto, a exploração de petróleo em seu leito seco já teve início, o que parece impedir grandes avanços na tentativa de recuperar o mar. O desaparecimento do Mar de Aral é considerado um dos maiores desas tres ambientais da história da humanidade.

5. O clima e a vegetação

A Ásia tem grande variedade climática e de formações vegetais. O clima muito diversificado se deve principalmente ao fato de o continente ter grande extensão latitudinal, com significativa quantidade de terras localizadas nas zonas climáticas tropical, temperada e glacial. Fatores como relevo, altitude e atuação dos ventos e correntes marítimas também são determinantes na variação climática do continente. Essas características influenciam a formação e o desenvolvimento de diversos tipos de vegetação.

A Ásia é um continente de grandes contrastes climáticos. Nela estão localizadas tanto áreas bastante chuvosas quanto desérticas ou regiões de clima polar e regiões de clima tropical.
Para compreender os vários tipos de clima do continente, devem-se considerar os seguintes fatores:

• latitude, uma vez que as terras asiáticas estendem-se desde a linha do equador (baixa latitude) até a região polar Ártica (alta latitude);

• grande extensão territorial, que permite a atuação dominante de massas de ar continentais (secas) em seu interior e proporciona a maior influência da continentalidade, tornando os invernos mais rigorosos no interior da Ásia;

• altitude, pois é o continente que apresenta as altitudes médias mais elevadas (sem considerarmos a Antártida);

• formas de relevo, cujas montanhas muitas vezes formam barreiras que impedem a passagem das massas de ar úmido;

• ventos monçônicos na porção meridional do continente, que sopram ora do continente para o oceano (secos), ora do oceano para o continente (úmidos). De acordo com a influência desses fatores, a Ásia apresenta diversos tipos climáticos. Próximo ao oceano Glacial Ártico (altas latitudes) e nos planaltos e nas montanhas (altitudes elevadas) predomina o clima Frio.

No norte da Ásia, o clima Frio, subdividido em frio ártico (polar) e frio continental, apresenta temperaturas acima de 10 °C apenas durante cerca de quatro meses do ano. Nos outros meses, as temperaturas são bem inferiores. A cidade de Verkhoianski, na Sibéria, por exemplo, registrou as temperaturas mais frias do globo, próximas dos 70 graus abaixo de zero. As vegetações correspondentes a esse tipo de clima são a Tundra (frio ártico) e a Floresta de Taiga ou de Coníferas (frio continental), cuja espécie predominante é o pinheiro, que se desenvolve até mesmo nos solos mais secos.
Na Mongólia, na China e no Oriente Médio, existem extensas áreas de clima Desértico. Os desertos do Oriente Médio são quentes, como ocorre nos desertos da Arábia e do Irã. Os desertos da parte central são frios. É o caso do deserto de Gobi, na Mongólia e na China, e do Takla Makan, na China. Em razão da aridez desse clima, nessas porções ocorrem as vegetações de estepes e desértica. Nos desertos, em terrenos onde há alguma umidade em virtude da pequena profundidade de um lençol de água, formam-se os oásis, com diversas espécies vegetais, entre as quais se sobressai a tamareira. No sul e no sudeste da Ásia, ocorre o clima de Monções, que é influenciado pelos ventos monçônicos. A principal característica do clima de Monções (Tropical) é a variação das precipitações pluviométricas, marcando duas estações, uma seca (inverno) e outra chuvosa (verão), considerando a dinâmica das estações no hemisfério norte.
No verão, os ventos monçônicos sopram do oceano para o continente, carregando grande umidade, o que ocasiona chuvas prolongadas, indispensáveis para a irrigação da cultura do arroz e de outros produtos. Nesse período, ocorrem fortes enchentes nas planícies litorâneas do Índico e em parte do Pacífico. No inverno, os ventos monçônicos sopram do continente para o oceano. Nesse período, as temperaturas no interior do continente são mais baixas do que as do oceano, o que provoca correntes de ventos continentais secos e frios. O clima Equatorial aparece em quase todas as ilhas que compõem a Indonésia, no extremo sudeste do continente. Em razão da umidade e das altas temperaturas, a vegetação, em alguns trechos das regiões abrangidas pelos climas de monções e equatorial, é formada pelas Florestas Tropical e Equatorial.

Clima e formações vegetais 

No norte da Rússia (porção norte da Sibéria e do Extremo Oriente), em regiões localizadas na área do Círculo Polar Ártico, ocorre o clima polar. Com baixas temperaturas durante o ano todo, o solo é predominantemente congelado. Quando a camada de gelo derrete nos dias de verão, forma-se a tundra, vege tação rasteira, composta basicamente de musgos e liquens.
Em grande parte do norte da Ásia, ao sul da região ártica, predomina o clima frio. Nessa região se desenvolve a taiga, floresta composta de árvores de grande porte, com ramos curtos e folhas pequenas, cuja principal espécie é o pinheiro.
Nas áreas de clima temperado e subtropical, encontram-se as florestas temperadas, dominadas por bétulas, álamos e carvalhos. Essa formação vegetal, composta de árvores de grande porte que perdem as folhas durante o outono e o inverno (decíduas), ocorre principalmente no Japão e litoral leste da China. Nas áreas continen tais centrais, onde o clima semiárido também está presente, há as estepes, com vegetação rasteira.
Na China e no Oriente Médio existem extensas áreas de clima desértico. Na China, a aridez da porção oeste do território deve-se à presença da cadeia do Himalaia, a qual funciona como uma bar reira natural que impede a entrada de ventos e massas de ar úmido provenientes do Oceano Índico. O Deserto de Gobi (sul da Mongólia e norte da China) e o Deserto de Takla Makan (China) são caracteri zados pela vegetação conhecida como deserto frio.
Já no Oriente Médio, os desertos são prolongamentos do Deserto do Saara (África). A vegetação dos desertos da Arábia e do Irã é conhecida como deserto quente, dominada por espécies rasteiras e xerófitas. 
Nas áreas caracterizadas pela grande altitude, como o norte da Índia e o sul da China, ocorrem o clima frio de montanha e a vege tação montanhosa. 
No extremo oeste, na região próxima aos mares Negro e Medi terrâneo, ocorrem o clima mediterrâneo e a vegetação mediterrânea.
Nas áreas de clima tropical e equatorial, no sudeste e sul do continente, for mam-se as florestas tropicais. Densas, heterogêneas e latifoliadas, essas flores tas se estendem do sul da Índia até os arquipélagos das Filipinas e da Indonésia. No sul e sudeste da Ásia, o clima tropical é influenciado pelos ventos de monções, cuja principal característica é a mudança de sentido ao longo do ano, influenciando a umidade da região. 
No inverno, os ventos partem do continente (alta pressão) em direção ao Oceano Índico (baixa pressão). Nesse período, os ventos continentais são frios e secos, o que provoca índices pluviométricos menores no continente. 
No verão, os ventos partem do Oceano Índico (alta pressão) carregados de umidade, seguindo em direção ao sul e sudeste da Ásia (baixa pressão). Isso causa grandes quantidades de chuvas prolongadas no continente, provocando muitas enchentes. O vento de monções é fundamental para o desempenho agrí cola na Índia, que depende da alternância da estação chuvosa; no entanto, as chuvas torrenciais podem afetar drasticamente o cultivo de arroz, realizado nas grandes planícies dos rios da região.


6. Problemas ambientais

O crescimento econômico da Ásia — em especial da China, da Índia e de alguns países do Sudeste Asiático — tem colocado o continente no centro do debate ambiental internacional. O recente desenvolvimento econômico exigiu maior consumo de energia, maior queima de combustíveis fósseis para a produção industrial, e elevação do consumo de água, sobretudo para irrigação de lavouras. No mesmo compasso, milhões de pessoas passaram a se alimentar melhor e ingressaram na sociedade de consumo com a elevação do padrão de vida. Isso foi acompanhado por uma intensificação da ocupação e do uso da terra e, em particular, do solo em diferentes regiões do continente asiático, com diversas consequências ambientais, como contaminação de cursos d’água e do solo por agrotóxicos, compactação do solo pela utilização de máquinas agrícolas, redução da cobertura vegetal e poluição marinha e do ar.

A poluição não está associada somente ao crescimento econômico. Diversas localidades degradadas do continente são produto da pobreza, da ausência de investimento em saneamento básico e da intensa utilização de lenha como combustível doméstico, por exemplo. Atualmente, entre as cidades mais poluídas no mundo, cerca de metade está no continente asiático.
Países como China e Indonésia estão entre os de maior biodiversidade no mundo. São chamados megadiversos, devido ao grande número de espécies de plantas e animais endêmicos. No entanto, ao longo das últimas décadas, o desmatamento tem modificado a paisagem natural asiática. Como em outros continentes, a vegetação original tem sido retirada para dar lugar à criação de animais e ao cultivo. 
O aumento populacional acelerado no continente a partir da segunda metade do século XX não deixa de ser um fator determinante na ocupação das áreas de vegetação nativa, com a expansão urbana. As florestas tropicais foram bastante devastadas pela ação antrópica. Com a grande demanda de madeiras nobres pelos países desenvolvidos, as florestas da Malásia e da Indonésia estão próximas da exaustão. No caso desta última, matas são retiradas para o cultivo da palmeira de dendê. O biodiesel gerado abastece grandes economias da Europa, como a Alemanha.
No norte do continente, a taiga também vem sendo agredida pela ação humana. Muitas árvores são extraídas para alimentar principalmente as indús trias de papel e celulose. Além da devastação de vegetação nativa, o continente asiático sofre outras formas de degradação ambiental, como a poluição do ar e a deterioração dos rios e mares. A construção da Usina Hidrelétrica de Três Gargantas também causou grande impacto ambiental, pois uma vasta área florestal da China foi inundada.
Na região do Oriente Médio, por exemplo, ocorrem impactos ambientais, sobretudo no Golfo Pérsico, em função de frequentes derrama mentos de petróleo. No que se refere à poluição ambiental, a China é em grande parte respon sável pela liberação de enorme quantidade de poluentes na atmosfera, consequência de seu acelerado crescimento industrial e econômico. Na Índia também há grande poluição ambiental – segundo dados de 2014 da Organização Mun dial da Saúde (OMS), 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo são indianas.
Além disso, as condições de pobreza de muitos países asiáticos geram impacto ambien tal, pois a ausência de saneamento básico pro duz esgoto a céu aberto e acúmulo de lixo em rios, lagos e orlas marítimas. 
A população asiática também teme pelos tes tes nucleares realizados pela Coreia do Norte, que contaminam o solo e o mar com radioatividade, ação realizada por outros países do continente no passado, como Índia, China, Paquistão e Rússia.

A Rússia e a CEI

Rússia: potência geopolítica


A Federação Russa, nome oficial da Rússia, é formada por 21 repúblicas, uma região autônoma, 49 regiões administrativas, seis províncias, dez distritos autônomos e duas cidades com status administrativo especial — Moscou e São Petersburgo. A Rússia detém um dos maiores arsenais nucleares mundiais. Dispõe de uma enorme área territorial, que concentra grande quantidade de recursos minerais, inclusive energéticos, como petróleo e gás natural, detendo cerca de 6% das reservas petrolíferas mundiais e aproximadamente 30% das reservas de gás natural do mundo. 
A exploração e a comercialização são monopólio da Gazprom, empresa estatal russa. Seu importante peso geopolítico e histórico é reforçado pela expansão econômica, verificada a partir do início do século XXI, que tem como um dos fatores fundamentais as enormes receitas obtidas com as exportações de petróleo e gás natural. 
Essa expansão econômica, associada a questões demográficas do país (como a reduzida taxa de natalidade), conforme discutido na seção Para começar, é um dos fatores responsáveis pelo crescente aumento da demanda de mão de obra. 
Diversas potências europeias dependem do petróleo e do gás natural russos. Aproximadamente 40% do gás consumido na Europa é proveniente do território russo. Outros fornecedores de petróleo e, sobretudo, de gás natural para a Europa são o Azerbaijão, o Casaquistão, o Usbequistão e o Turcomenistão, que estão na esfera de influência política e econômica da Rússia. Os gasodutos que escoam o gás natural desses países para a Europa percorrem longos trechos em território russo.
Os problemas da transição e a integração da Rússia A transição da economia planejada (socialista) para a economia de mercado (capitalista) proporcionou uma série de mudanças na Rússia, como a gradual liberação de preços de mercadorias e serviços, a privatização das empresas estatais e a abertura para o capital estrangeiro, fundamentais para a reconstrução da economia dos novos Estados nos padrões do sistema capitalista.
A desintegração da União Soviética e a transição para uma economia de mercado levaram a Rússia a mergulhar em uma crise financeira que se estendeu por praticamente toda a década de 1990. A recessão que abateu esse país ao longo dos anos 1990 desvalorizou intensamente sua moeda, o rublo, em relação ao dólar, contribuindo para o grande endi vidamento do país no mercado mundial.
O crescimento econômico, nos anos de intensas transformações nas estruturas políticas, sociais e econômicas do país, rumo ao capitalismo, foi muito baixo — entre 1992 e 2002, a média anual de crescimento do PIB foi negativa (–0,9%). Tal situação, associada à concentração de riquezas nas mãos de poucas pessoas, contribuiu para piorar as condições de vida da maior parte da população .
O processo de privatização foi muito atraente para o capital estrangeiro, pois o preço das ações das antigas empresas estatais estava bem abaixo do valor real. No entanto, esses investimentos limitaram-se a setores considerados rentáveis, como os de petróleo e gás, eletrônicos, telecomunicações, lazer e hotelaria, equipamentos de transportes e alguns outros, não se difundindo pela economia como um todo. A maioria das empresas não tinha competitividade para funcionar em uma economia de mercado. 
No setor agropecuário, em 1992, a Rússia iniciou a instauração da propriedade privada para extinguir as fazendas coletivas. Em junho de 2002, foi aprovado um projeto de lei que criou um sistema de comercialização de terras, acabando com a proibição que vigorava desde a Revolução de 1917. 
Essa comercialização, no entanto, ficou restrita apenas aos russos, vetada aos estrangeiros. A transição para o capitalismo transformou a Rússia em uma nova fronteira para a expansão do capital financeiro e em um mercado emergente, com toda a dependência de capitais externos provocada por essa situação. 
Em 1998, a crise atingiu seu ponto máximo, quando o país decretou estado de moratória, ou seja, o não pagamento de suas dívidas. Essa medida atingiu dire tamente o mercado financeiro internacional, culminando em quedas bruscas nas bolsas de valores em todo o mundo.
Com a crise, houve uma diminuição expressiva das importações russas, o que acabou impulsionando o de senvolvimento da produção industrial interna. Assim, o crescimento das atividades industriais associado ao alto valor adquirido pelo gás natural e o petróleo russo no mercado internacional con seguiu reverter a situação crítica pela qual a economia do país passava com o fim da União Soviética.
A fim de contribuir para a recuperação da economia da Rússia, o Fundo Monetário Internacional (FMI), assim como outras instituições financeiras, destinou, no primeiro semestre de 1998, cerca de 11 bilhões de dólares para esse país.
No entanto, a recuperação da economia russa iniciou-se, efetivamente, quando o país passou a estabelecer medidas embasadas na economia de mercado, no começo do século XXI. 
A Rússia passou a firmar acordos comerciais principalmente com os países capitalistas desenvolvidos. Entre as medidas adotadas, destacam-se a intensificação da exploração de petróleo e de gás natural, setor energético considerado de grande peso na economia mun dial. Ao mesmo tempo, houve incentivo ao desenvolvimento das indústrias internas, sobretudo as de base, as de bens intermediários e as do ramo alimentício.
O país é bastante dependente das exportações de alguns metais, de madeira e, sobretudo, de petróleo e de gás natural. Cerca de 80% das exportações russas referem-se a esses quatro itens. Dessa forma, como os preços do petróleo e do gás natural subiram significativamente em boa parte dos anos da primeira década do século XXI, a economia russa apresentou expressiva recuperação. 
Alguns analistas alertam sobre o perigo em ter uma economia muito dependente em relação ao petróleo, ao gás natural e a outros recursos minerais, considerando o risco da oscilação de seus preços (que caíram no decorrer de 2014, em razão da expansão da produção do óleo de xisto nos Estados Unidos) e o esgotamento futuro das reservas. 
Além disso, destacam a necessidade de modernização do parque industrial e de investimentos em tecnologias de ponta, não apenas em armamentos de indústrias aeroespaciais, mas também nos setores de informática, telecomunicações, químico, entre outros.
A sociedade russa também passou por grande transformação com o aumento das desigualdades econômicas. Houve bastante acumulação de riqueza por uma pequena elite, composta de líderes do antigo Estado soviético e de novos empreendedores (empresários capitalistas), particularmente os que atuam nos setores petrolífero e da construção civil.
No começo do século XXI, a Rússia voltou a despontar no cenário econômico e geopolítico mundial. No campo econômico, o país está atraindo grande número de investidores estrangeiros, sobretudo de países mais desenvolvidos economicamente, interessados nesse novo e imenso mercado consumidor. 
A Federação Russa se destaca, então, como uma das estrelas do Brics, sigla que se refere ao grupo dos principais países de economia emergente do planeta, formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – em inglês, South Africa.
Atualmente, o ritmo de crescimento econômico do país vem diminuindo consideravelmente, principalmente pelo aumento das taxas de juros e pelas sanções impostas por países ricos em consequência das ações tomadas pelo governo russo por causa das invasões da Ucrânia em 2014 e, mais recentemente, em 2022.

A Comunidade dos Estados Independentes (CEI)


A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) foi criada em 1991, com a paticipação de 15 países. Esse bloco político e econômico foi criado com o objetivo de manter a cooperação entre as ex-repúblicas socialistas soviéticas, de modo a co laborar para que a transição da economia planificada para a economia de mercado ocorresse sem maiores problemas.
Vários países deixaram de fazer parte dela desde então, sendo o caso mais expressivo o da Ucrânia, que declarou sua intenção de deixar a CEI em 2014 e concretizou essa saída em 2018. Atualmente o bloco conta com 10 países-membros. 
Apesar de sua importância histórica, a CEI apresenta um nível de integração consideravelmente menor do que a União Europeia e outros blocos econômicos. Diversos motivos explicam essa realidade, entre eles a disparidade econômica entre os países-membros.
A estrutura da CEI tem se revelado frágil, o que pode ser comprovado pela análise de seus problemas econômicos e sociais, dos conflitos nacionalistas e das disputas étnicas, além do receio causado pela supremacia russa. A questão dos nacionalismos (disputas étnicas) tem causado violentos combates no interior das ex-repúblicas. A migração forçada promovida por Stalin nas décadas de 1930 e 1940, que levou as repúblicas a receber pessoas de diversas nacionalidades, especialmente russos, é em parte a causa desses problemas étnicos. 
As rivalidades étnicas nos países da CEI constituem um grande foco de instabilidade política e social, sobretudo na Rússia, que conta com dezenas de grupos étnicos em seu território.

Além desses fatores, há outros sérios empecilhos à concretização da cooperação entre os países:

• o baixo nível de desenvolvimento econômico e social, principalmente nos países da Ásia Central (sobretudo no Quirguistão, no Usbequistão e no Tajiquistão). Nessa região, apenas o Casaquistão se sobressai em termos econômicos, em boa parte graças à produção e à exportação de petróleo (do qual tem enormes reservase de gás natural e à existência de um parque industrial relativamente diversificado — era a região mais industrializada da Ásia Central no período soviético. O Turcomenistão também apresenta riquezas naturais, principalmente gás natural e petróleo — é a quinta maior reserva de gás do mundo. De modo geral, esses países são bastante dependentes da exportação de produtos primários. Vale ressaltar também que a situação socioeconômica do Tajiquistão é particularmente grave, pois se trata de um dos países mais pobres do mundo;

• o número reduzido de regimes democráticos de governo, particularmente na Ásia Central;

• as fortes disparidades entre o nível de desenvolvimento econômico e o volume de comércio exterior de cada um desses países. As exportações da Rússia representam mais que o dobro das de todos os outros membros e incluem grandes quantidades de bens industrializados, enquanto na maior parte dos outros países as exportações restringem-se praticamente a matérias-primas agrícolas ou minerais;

• a preocupação da Rússia em conter o avanço do fundamentalismo islâmico na região da Ásia Central — onde a religião muçulmana é a mais praticada — e a aproximação político-militar e econômica dos países dessa região em relação a Estados-nação muçulmanos vizinhos, onde os grupos fundamentalistas têm forte presença, como no Irã, no Paquistão e no Afeganistão.
De modo geral, as economias das antigas repúblicas soviéticas possuem grande dependência das estruturas produtivas e do mercado consumidor da Rússia, que além de possuir o maior território e a maior população entre os países do bloco, responde por mais de 81% de sua produção econômica. Desse modo, uma crise econômica ou política na Rússia acaba se refletindo em todos os países do bloco.
Além de questões econômicas e sociais, a ocorrência de conflitos, tanto entre os países da CEI como dentro de seus territórios, configura um entrave à integração da CEI e uma boa relação entre seus países--membros. Nesse contexto, vem se destacando a questão do nacionalis mo e do expansionismo da Rússia, que, como estudaremos mais adian te, tem atuado de forma agressiva para anexar os países que faziam parte da antiga União Soviética à sua área de influência.
A interferência russa nos países que representam os membros ori ginais da CEI aumentou com a ade são de alguns desses países à União Europeia no século XXI, assim como o ressurgimento de movimentos separatistas no interior de várias repúblicas. Desde 1991, buscando assegurar sua área de influência e hegemonia na região, a Rússia se envolveu em conflitos com a Geórgia e a Ucrânia, que foram membros fundadores da CEI.
A Ucrânia representa importante papel estratégico em virtude da sua expres siva produção econômica, no contexto da CEI, e também pelo fato de que oleodu tos e gasodutos, meios pelos quais a Rússia abastece a Europa com combustí veis fósseis, passarem pelo território desse país. Esses fatores estão entre as razões que explicam a invasão russa à Ucrânia, em 2022. 

A grande extensão territorial da Rússia


O espaço geográfico ocupado pela Rússia é de aproximadamente 17 milhões de km2 , que corresponde a mais de 10% das terras emersas do planeta. É o país mais extenso do mundo, cortado por 11 fusos horários. 
A maior parte desse imenso território localiza-se ao norte do paralelo de 45º N, o que lhe proporciona um clima bastante rigoroso, com médias térmicas sempre abaixo de 0 ºC no inverno. Cerca de um terço do espaço geográfico da Rússia faz parte do continente europeu; o restante estende-se pela Ásia. 
A linha divisória entre os dois continentes é representada pelos Montes Urais, que contêm importantes jazidas minerais, principalmente de petróleo. Há 21 repúblicas autônomas, com governo próprio, indicado pelo poder central russo, onde convivem a língua russa (oficial) e os idiomas locais.
Do norte ao sul da Rússia é encontrada uma variedade de coberturas vegetais. Na região ártica, no extremo norte, no verão floresce a Tundra, cobertura vegetal descontínua e rasteira, representada por algumas gramíneas e liquens. Ainda na região ártica, a Tundra vai sendo gradualmente substituída por árvores de grande porte, que constituem a Taiga, cuja espécie principal é o pinheiro. 
A floresta de Taiga cobre a maior parte da Sibéria e grande extensão da parte europeia ocupada pela Rússia. Muitos de seus trechos são intensamente explorados pela indústria madeireira. 
Essa porção norte do território russo apresenta temperaturas médias extremamente baixas no inverno, e baixa densidade demográfica. A população que vive nessa porção tem seu modo de viver completamente adaptado às rigorosas condições climáticas.
As florestas que cobrem grande parte da Rússia também são utilizadas como fonte de energia (lenha), principalmente no período do inverno, nos locais onde há dificuldade para o abastecimento de gás. 
Na faixa onde o clima se apresenta um pouco mais quente — na Rússia europeia, ao sul do paralelo de 53º N —, surgem as Pradarias, caracterizadas por vegetação rasteira. Nelas é encontrado o solo tchernoziom. Na porção oeste do território, entre a Taiga e as Pradarias, localiza-se a floresta Temperada, que já foi bastante devastada. 
Entre o mar de Barents e o mar Cáspio, a oeste dos Montes Urais, encontra-se a planície Russa e, a leste dos Urais, estende-se a da Sibéria. Ambas são imensas planícies cortadas por importantes rios. A leste da planície da Sibéria, localiza-se o planalto central Siberiano, e ao sul desse planalto, o lago Baikal. No extremo leste desse país, distribuem-se diversas cadeias montanhosas, como: montes Verkoiansk, cadeia Cherski, montes Kolima e montes Koryak.

A população russa e as questões étnicas


A Federação Russa é uma colcha de retalhos herdada do império czarista e da antiga União Soviética. Em seu território convivem cerca de 80 grupos étnicos distintos, dos quais o russo é o mais numeroso, que corresponde a 82% da população. Há 3,8% de tártaros, 3% de ucranianos, 0,8% de bielo-russos, 0,6% de alemães e outros grupos em menor número. 
A grande diversidade étnica e os desejos de independência de algumas repúblicas, sobretudo no norte do Cáucaso (entre o mar Negro e o mar Cáspio), têm provocado conflitos internos na Federação Russa. 
A região do Cáucaso, atravessada por diversos oleodutos, é rica em petróleo e, portanto, tem importância estratégica para o poder central em Moscou. Em meados da década de 1990, guerrilheiros separatistas da República da Chechênia — que faz parte dessa região — travaram uma guerra contra o exército russo para obter a independência. Eles acabaram conquistando autonomia para a Chechênia, sem, no entanto, atingir seus objetivos separatistas.
O governo russo tem reprimido com violência as lutas por independência, recusando-se a negociar com os separatistas. Além disso, tomou parte da guerra contra o terror empreendida pelos Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, como visto anteriormente. Um exemplo trágico da ação de grupos separatistas ocorreu em setembro de 2004, em Beslan, na República da Ossétia do Norte, vizinha à Chechênia, quando separatistas chechenos invadiram uma escola, fizeram reféns alunos e funcionários e exigiram a libertação de presos compatriotas. 
O então presidente russo, Vladimir Putin, recusou qualquer negociação e ordenou a invasão da escola por tropas militares. O desfecho foi trágico: 370 pessoas mortas, das quais 160 eram crianças. O poder central da Rússia teme que a concessão de independência a uma das repúblicas contribua para que outras requeiram o mesmo, desencadeando processos separatistas em toda a federação. Em razão disso, sobretudo a partir do fim dos anos 1990, tem havido uma interferência maior do governo central russo na vida política das repúblicas. 
Essa interferência é representada frequentemente por casos de irregularidades em eleições e referendos, como no plebiscito que aconteceu na Chechênia em 2003, no qual, convocada para votar pela separação ou não, a população majoritariamente (96% dos eleitores) decidiu que a república deveria permanecer unida à Federação Russa. 
Na visão dos estrategistas do governo, a manutenção da Rússia como potência no cenário político-militar internacional depende também da integridade de seu território atual, com repúblicas que representam recursos naturais — sobretudo petróleo — e espaços estratégicos, como a região do Cáucaso. 
Com relação ao número de habitantes, a Rússia apresentava, no início de 2018, uma população de aproximadamente 143,9 milhões de habitantes (menor que a do Brasil). Nesse mesmo ano, a densidade demográfica do país era de aproximadamente 8 hab./km2 .
Em 2015, o país apresentou expectativa de vida de 70 anos. Desde os anos 1980, a expectativa de vida encontrava-se em declínio, por causa da deterioração das condições de vida da maior parte da população (em 1985 era de 70 anos; em 1991, de 69 anos).
Cerca de 74% dos habitantes vivem em áreas urbanas. Várias cidades russas têm mais de 1 milhão de habitantes. A cidade mais importante — que concentra aproximadamente 20% do PIB russo — é Moscou, capital do país, com mais de 10 milhões de habitantes. Depois dela destaca-se São Petersburgo, importante centro industrial (indústrias têxteis e metalúrgicas), com uma população de quase 5 milhões de habitantes. Além delas, são importantes Nijni Novgorod (ex-Gorki) e Novosibirsk. 
Na Rússia, em geral, é forte a discriminação contra os homossexuais, apesar de a homossexualidade ter sido descriminalizada em 1993. Há, por exemplo, multas contra paradas e eventos que defendem direitos desse grupo. Diversos atos violentos praticados contra homossexuais não são punidos, ao contrário do que acontece em muitos países.

A economia russa 


A desintegração da União Soviética e a transição para uma economia de mercado levaram a Rússia a mergulhar em uma crise financeira que se estendeu por praticamente toda a década de 1990.
A recessão que abateu esse país ao longo dos anos 1990 desvalorizou intensa mente sua moeda, o rublo, em relação ao dólar, contribuindo para o grande endi vidamento do país no mercado mundial.
Em 1998, a crise atingiu seu ponto máximo, quando o país decretou estado de moratória, ou seja, o não pagamento de suas dívidas. Essa medida atingiu dire tamente o mercado financeiro internacional, culminando em quedas bruscas nas bolsas de valores em todo o mundo.
Com a crise, houve uma diminuição expressiva das importações russas, o que acabou impulsionando o de senvolvimento da produção industrial interna. Assim, o crescimento das atividades industriais associado ao alto valor adquirido pelo gás na tural e o petróleo russo no mercado internacional con seguiu reverter a situação crítica pela qual a economia do país passava com o fim da União Soviética.
A fim de contribuir para a recuperação da economia da Rússia, o Fundo Mone tário Internacional (FMI), assim como outras instituições financeiras, destinou, no primeiro semestre de 1998, cerca de 11 bilhões de dólares para esse país. 
No entanto, a recuperação da economia russa iniciou-se, efetivamente, quando o país passou a estabelecer medidas embasadas na economia de mercado, no começo do século XXI. A Rússia passou a firmar acordos comerciais principalmente com os países capitalistas desenvolvidos.
Entre as medidas adotadas, destacam-se a intensificação da exploração de petró leo e de gás natural, setor energético considerado de grande peso na economia mun dial. Ao mesmo tempo, houve incentivo ao desenvolvimento das indústrias inter nas, sobretudo as de base, as de bens intermediários e as do ramo alimentício. 
Atualmente, o ritmo de crescimento econômico do país vem diminuindo consi deravelmente, principalmente pelo aumento das taxas de juros e pelas sanções impostas por países ricos em consequência das ações tomadas pelo governo russo por causa das invasões da Ucrânia em 2014 e, mais recentemente, em 2022. 

Principais atividades econômicas da Rússia


Os produtos agrícolas mais importantes da Rússia são: a beterraba branca, com a qual é produzido o açúcar, e o trigo, cultivado principalmente nas terras negras (solo tchernoziom) do sudoeste da parte europeia. A Rússia é também um dos primeiros produtores mundiais de cevada. Merecem destaque ainda as produções de batata e de linho, do qual se extraem excelentes fibras têxteis. 
Por causa das condições climáticas predominantes em boa parte do territó rio russo, a atividade agrícola está concentrada na porção oeste do país, que apresenta climas mais quentes e solo fértil, denominado tchernozion.
Na pecuária russa, destacam-se os rebanhos de bovinos e de ovinos, criados nas regiões de índices pluviométricos mais baixos (Estepes). O país é produtor de grande volume de pescado de água doce e destaca-se também na pesca em alto-mar, onde atuam os “navios-fábricas”, nos quais o pescado passa por um processo de industrialização.
O extenso território da Rússia possui reservas de diversos minerais metálicos e combustíveis fósseis, os quais respondem por uma parcela expressiva das receitas de exportação do país e o tornam uma potência mundial extrativista.
No extrativismo mineral, sobressaem o minério de ferro, o carvão e o petróleo, além do urânio, do níquel e do diamante. A produção de carvão concentra-se em Kuzbass, na Sibéria. Cerca de três quartos da produção de petróleo são extraídos dos poços existentes na Sibéria. O restante provém da região caucasiana. Duas das maiores usinas hidrelétricas do mundo, Krasnoiarsk (no rio Ienissei) e Bratsk (no rio Angara, afluente do Ienissei), localizam-se na Rússia, o que reflete seu alto potencial energético. 
A grande disponibilidade de combustíveis fósseis assegura estabilidade energética ao país, que ainda conta com o aproveitamento de outras fontes para atingir a autossuficiência no setor. Destaca-se a energia nuclear, que é aproveitada em diversas centrais termelétricas nucleares espalhadas pelo país. A Rússia tam bém conta com diversos rios com potencial hidrelétrico explorados com usinas de produção de energia hidrelétrica.


Agricultura da Rússia 


A atividade agrícola russa ainda gera safras menores que o consumo de sua população, obrigando o país a importar grande quantidade de alimentos. Apesar disso, a Rússia destaca-se mundialmente por ser um forte produtor de cereais, como aveia, trigo e cevada, além de batata, beterraba e girassol. Por causa das condições climáticas predominantes em boa parte do territó rio russo, a atividade agrícola está concentrada na porção oeste do país, que apresenta climas mais quentes e solo fértil, denominado tchernozion.

Atividade industrial russa


A Rússia apresenta o maior nível de industrialização entre os países da CEI, porém seu parque industrial é considerado pouco diversificado e com grande defasagem tecnológica. Apesar das mudanças no rumo dos investimentos, aplicados principalmente nas indústrias de bens de consumo, predominam ainda as indústrias de base.
Nas áreas próximas aos Montes Urais, onde existem grandes jazidas de petróleo, gás natural e ferro, podemos encontrar uma expressiva concentração dessas indústrias de base, como as siderúrgicas, metalúrgicas e petroquímicas. A região da Sibéria, que concentra jazidas de carvão e de outros minerais, também abriga indústrias de base. 
A capital Moscou e a cidade de São Petersburgo, localizadas na parte ocidental, con figuraram-se como centros industriais de maior potencial, em relação tanto ao número de indústrias quanto à existência de um mercado consumidor em expansão. Formou-se nessa porção da Rússia um importante parque industrial, com posto, principalmente, de indústrias têxteis, auto mobilísticas, eletrônicas e de telecomunicações. Atualmente, o governo russo vem buscando diversificar a produção industrial e intensificar a participação dos produtos industrializados russos no mercado internacional.

Entre as principais áreas industriais, destacam-se:

• São Petersburgo, cujo desenvolvimento industrial foi iniciado no governo imperial, antes de 1917. Nessa cidade são importantes as indústrias metalúrgica, química, petroquímica, têxtil e alimentícia;

• Moscou, que sobressai muito mais pela disponibilidade de mão de obra, pelos recursos técnicos e pelo mercado consumidor do que por seus recursos naturais, que provêm de áreas mais distantes para serem transformados industrialmente. Outros centros industriais que merecem destaque são:

• o de Kuzbass, que se desenvolveu sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial;

• o siderúrgico, em estruturação ao redor do lago Baikal;

• o automobilístico, em Togliatti (cidade às margens do rio Volga, 977 km a leste de Moscou), que abriga as instalações da empresa Autovaz. Em razão de problemas de ordem natural, como litorais pouco recortados e baixos e mares com águas congeladas a maior parte do ano, a Rússia não dispõe de grandes portos marítimos. Entre os portos de maior expressão, podemos citar o de Vladivostok, no mar do Japão, e o de São Petersburgo, no mar Báltico.


As relações internacionais da Rússia 


A expansão econômica estadunidense pelo mundo e sua supremacia militar, associadas à intensificação da presença da Otan na Europa Oriental, foram alguns dos principais motivos pelos quais a Rússia, sob o governo de Vladimir Putin, ado tou uma postura agressiva em relação às suas fronteiras externas. 
Buscando reconquistar sua influência geopolítica, sobretudo no Leste Europeu e na Ásia Central, a Rússia passou a intensificar seus investimentos em defesa e armamentos a partir da década de 2010, diversificando suas estratégias geopolíticas e estabelecendo relações mais próximas com nações como a China, a Índia e o Irã. 
Com indústrias bélicas altamente sofisticadas, o país configura-se como o segundo maior vendedor de armamentos do mundo. Além disso, o país possui o maior arsenal nuclear disponível mundialmente e uma capacidade militar cada vez mais expressiva. 
Apesar de toda sua influência militar e política, a Rússia não consegue impedir que, internamente, intensifiquem-se os movimentos separatistas promovidos pelas minorias nacionais. 
Os recorrentes conflitos com grupos separatistas na Chechênia, bem como a intervenção militar na Geórgia, em 2007, demonstram a persistência e a disposição dos russos em manter sua influência econômica e geopolítica.

Ucrânia e Rússia


A dependência que a Ucrânia tem em relação ao gás natural russo, além do arsenal nuclear russo, é utilizada como “arma geopolítica”, ou seja, o governo da Rússia pressiona o governo ucraniano a não ingressar na Otan e não pleitear o ingresso na União Europeia. 
A Rússia tem estimulado o separatismo em regiões do leste e do sul da Ucrânia, inclusive como forma de desestabilizar o governo ucraniano pró-ocidental.
Em 2014, a anexação da Crimeia marcou o aumento da tensão entre a Rússia e os países do Ocidente, em especial, os Estados Unidos e as nações da União Europeia. 
Nesse mesmo ano, as regiões de Donetsk e Luhansk, na porção leste da Ucrânia, foram ocupadas por separatistas russos. 
Em fevereiro de 2022, um episódio ainda mais marcante nas relações internacionais entre a Rússia e o Ocidente ocorreu com a invasão do território ucraniano por tropas russas, que deu início a uma guerra contra a Ucrânia.

China: política e desenvolvimento econômico

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