A Rússia é herdeira de um enorme território, que se estende da Ásia à Europa. Ela foi formada pela conquista de terras pelos czares, muitas vezes com o uso de violência.
Parte do território russo está localizada na Europa e outra, na Ásia. Essa loca lização deixou o país em uma posição estratégica, já que ele pode ser um dos caminhos para uma maior integração terrestre entre os dois continentes.
Entre 1922 e 1991, a Rússia foi parte de um país mais extenso, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou apenas União Soviética, que levou sua influência a pontos mais afastados da capital, Moscou, em direção à Europa. Ape sar da presença de outras culturas e povos, os russos praticamente dominavam culturalmente a União Soviética.
A União Soviética
Com a Revolução Russa de 1917, que transformou radicalmente a estrutura
social da Rússia, os czares foram expulsos do poder e os revolucionários assumiram
o controle do Estado. Teve início um novo período que resultou na formação da
União Soviética, em 1922.
Durante quase trinta anos, a economia da União Soviética foi regida pelos
Planos Quinquenais, estabelecidos a cada cinco anos pelo poder central. Por meio
deles as atividades econômicas eram planejadas.
O setor agrícola foi organizado
em cooperativas e em fazendas do Estado. Já o setor industrial priorizou as indús
trias de base, para depois focar na produção de bens necessários à população.
Esse sistema permitiu ao país equipar-se militarmente e participar ativamente da
Segunda Guerra Mundial.
A União Soviética rivalizou com os Estados Unidos entre o fim da Segunda Guer
ra Mundial e o começo da década de 1990, período da Guerra Fria, como já foi abor
dado. Essas duas potências disputavam o desenvolvimento de novas armas e a con
quista do espaço, caracterizando uma corrida armamentista e uma corrida aero
espacial.
Além disso, procuravam influenciar países e atraí-los para seus interesses.
A União Soviética mostrava-se como uma alternativa de poder até começar a
enfrentar problemas de abastecimento de alimentos, o que gerou revoltas e, com
outros fatores, culminou em sua desintegração, em 1991.
A Comunidade dos Estados Independentes
Para manter a articulação econômica entre os antigos integrantes da União
Soviética, formou-se a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que repre
sentou uma solução para que os países não fossem desabastecidos repentinamen
te, já que suas economias eram complementares.
A CEI reunia as antigas repúbli
cas da União Soviética, com exceção de Estônia, Letônia e Lituânia. Com o passar
do tempo, o bloco passou a ter outros objetivos políticos e econômicos.
De início, os critérios de integração
que sustentavam a CEI foram efetivos,
mas, aos poucos, disputas econômicas e
geopolíticas entre a Rússia e os outros
membros comprometeram a unidade do
bloco. Em 2005, o Turcomenistão deixou
de ser um membro pleno para tornar-se
um membro associado; em 2009, a Geórgia abandonou o bloco.
A Ucrânia, embora não costume comparecer a cúpulas e
reuniões da CEI, continuou formalmente
como membro da organização. Seu afastamento se deu a partir de 2014, em
razão de graves conflitos com a Rússia.
O retorno da Rússia
Desde o fim da União Soviética, a Rússia passou por várias transformações,
o que leva muitos estudiosos a apontá-la como uma nação emergente, que
consegue influenciar outros países, além de promover melhorias na qualidade
de vida de sua população.
A herança de parte dos armamentos da antiga União
Soviética, o elevado potencial de recursos naturais e a postura geoestratégica
do governo nas últimas duas décadas têm confirmado o destaque russo no
mundo atual.
O território russo é o maior do mundo, com 17 075 200 km2. A extensão de sua
costa é de 37 653 km. Porém, estima-se que apenas 8% dessas terras
sejam cultiváveis em razão dos invernos rigorosos e de grandes áreas com perma
frost, tipo de solo que permanece congelado por longos períodos.
Indicadores sociais
Para um país que, de algum modo, esteve no comando de ações internacionais
durante anos, a situação social da Rússia poderia ser melhor. De acordo com o
Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, elaborado pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a expectativa de vida ao nascer
na Rússia era de 70,3 anos, mais baixa que a de países como o Canadá, por exemplo. Quanto à escolaridade, a média do período de estudo era de 12 anos.
Entre as mulheres com mais de 25 anos de idade, 89,6% concluíram ao menos
o Ensino Médio, percentual que sobe para 92,5% no caso dos homens, para a mes
ma faixa etária e nível escolar.
Os homens estavam mais presentes no mercado de
trabalho: 71,7% do total da população masculina trabalhava, enquanto 56,6% das
mulheres estavam empregadas. As mulheres representavam, na época, apenas 14,5%
do Parlamento, enquanto na Suécia, por exemplo, elas ocupavam 43,6%.
Ainda de acordo com o PNUD, em estimativa divulgada em 2018, a Rússia es
tava na 49a posição entre os países do mundo quanto ao Índice de Desenvolvimen
to Humano (IDH), apresentando a pontuação de 0,816, considerada muito alta.
Atividades econômicas
Apesar do rigor das baixas temperaturas, predominante no território russo, as
exportações agrícolas têm aumentado nos últimos anos, segundo o Ministério da
Agricultura do país. Mesmo assim, os produtos de origem agropecuária represen
tam apenas cerca de 6% das exportações do país, destacando-se: cereais, açúcar,
batatas e carnes de frango e suína.
A Rússia ocupa uma posição importante no mundo como grande fornecedora de
fontes de energia e de recursos naturais, em especial o petróleo e o gás natural. Para
escoar essa produção – incluindo o fornecimento para a Europa ocidental –,
o território russo apresenta uma ampla rede de oleodutos e gasodutos.
Conflitos entre a Rússia e Ucrânia
Nos últimos anos, graves conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, que também
envolvem interesses da União Europeia (UE), têm ganhado repercussão mundial.
Em 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, anunciou a intenção
de romper negociações para a associação do país à União Europeia e de promover
maior aproximação econômica com a Rússia.
Contudo, grande parcela da população
ucraniana era pró-União Europeia e não concordou com esse novo posicionamento
do governo, dando início a intensos e prolongados protestos. Nas manifestações,
prédios públicos foram destruídos e os embates com as tropas do governo causaram
inúmeras mortes. Yanukovych foi deposto e se exilou na Rússia em 2014.
A parcela da população ucraniana que apoiava a aproximação com a Rússia, por
sua vez, posicionou-se contra a deposição de Yanukovych
e também iniciou protestos na porção leste do país e na
Crimeia.
A Crimeia é uma república autônoma que pertencia
à Ucrânia. Seu território está localizado em uma península no mar Negro, que é o único acesso de território
ucraniano ao mar Mediterrâneo e, por isso, é de grande
importância estratégica, abrigando uma importante base
naval russa, além de ser cortada por gasodutos e possuir
importantes reservas de gás.
A maioria da população da Crimeia é de etnia russa
e se manifestou contra a deposição de Yanukovych e a
favor da associação com a Rússia.
Em março de 2014 foi realizado um referendo
no qual mais de 96% dos votantes decidiram que a Crimeia deveria se separar da
Ucrânia e ser anexada à Rússia O resultado deu ao
governo de Moscou a legitimidade de que necessitava para controlar completamente a península e ampliar sua área de influência estratégica.
Porém, o referendo e a anexação da Crimeia não foram reconhecidos pelo
governo da Ucrânia, tampouco pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que
julgaram a manobra uma agressão internacional e, em retaliação, impuseram um
bloqueio econômico à Rússia.
Em maio de 2014 foi eleito um novo presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko.
Entre suas primeiras ações estava a assinatura de um acordo de livre-comércio com
a União Europeia.
Esse fato gerou forte reação do governo russo, que ameaçou cortar o fornecimento de gás à Ucrânia no inverno. No mesmo mês, os estados ucranianos de Donetsk e Luhansk, localizados no extremo leste do país, realizaram referendos. Os resultados também apontaram a separação de ambos os estados e sua
anexação à Rússia.
O governo ucraniano reagiu, o que resultou em uma
guerra civil, na qual os rebeldes se
paratistas pró-Rússia se confronta
ram com as tropas do governo, que
lutavam para garantir a integridade
do território ucraniano.
Assim, a Ucrânia tem sido, nos
últimos anos, palco de disputas entre União Europeia e Rússia por ampliação de suas áreas de influência
econômica e geopolítica.