sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

A Organização Mundial do Comércio (OMC)

A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma instituição internacional que tem a função de regulamentar as bases jurídicas do comércio entre as nações. 
Sediada em Genebra, na Suíça, foi criada em 1994 e entrou em vigor no início de 1995, substituindo o antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT – General Agreement on Tariffs and Trade, na sigla em inglês). 
Com base nos mesmos princípios do GATT, a OMC objetiva a liberalização do comércio internacional por meio da diminuição das práticas protecionistas, como os subsídios, as tarifas alfandegárias, as cotas de importação e outras barreiras que se tornaram entraves às trocas comerciais entre os países. Também estabelece o princípio da não discriminação ou da igualdade de tratamento, o que significa que um país-membro da OMC não pode oferecer condições especiais de comércio somente a um de seus parceiros, marginalizando os demais. Desse modo, qualquer acordo comercial entre dois ou mais países passa auto maticamente a valer para todos os países-membros da organização. 
Assim, vantagens e privilégios concedidos para a comercialização de um produto de determina do país deverão ser estendidos a produtos similares comercializados por todos os outros países-membros.
A exceção a essa regra é o comércio feito no interior dos blocos regionais, como a União Europeia, o Nafta e o Mercosul. Além disso, tratamentos diferenciados são permitidos para os países menos desenvolvidos, como facilidades nos pagamentos. 
Os motivos das disputas comerciais estão ligados, de modo geral, a conflitos de interesses entre países em desenvolvimento e os desenvolvidos. Os primeiros, no caso, pedem a diminuição ou mesmo a eliminação dos subsídios dados pelos pa íses ricos, principalmente os Estados Unidos e os integrantes da União Europeia, aos seus agricultores. 
Ao propiciar subsídios à sua agricultura, como a isenção de impostos ou a concessão de financiamentos com juros abaixo do valor de mercado, os países ricos barateiam os preços de seus produtos domésticos. Sem isso, seus agricultores teriam dificuldades em competir com a agricultura de alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, cuja produção, em alguns casos, é maior e realizada com menores custos.

 O Brasil na OMC

 
Na OMC, cada país tem direito a um voto, o que a torna mais democrática se comparada, por exemplo, ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no qual o poder de influência de cada país é definido pelo capital que ele investe no fundo. O Brasil é um dos membros fundadores e atua como um dos países emergentes mais influentes na organização. 
O governo brasileiro reivindica ações contra quem desrespeita acordos e normas definidos pela organização e já obteve respostas positivas da Organização Mundial do Comércio, como na contestação das medidas protecionistas à produção de algodão nos Estados Unidos e também às barreiras impostas à entrada de suco de laranja brasileiro em território estadunidense.
A OMC também mediou disputas entre o Brasil e os países europeus, em busca do mercado mundial de produtos de cana-de-açúcar. Com esses acordos, a participação dos produtos agrícolas brasileiros no comércio internacional cresceu nos últimos 20 anos.  

As regiões polares

O planeta Terra possui duas regiões polares, assim chamadas por abrangerem áreas ao redor dos polos geográficos Norte e Sul do planeta.
A região polar ártica é delimitada pelo Círculo Polar Ártico, no extremo norte do planeta. Essa região é caracterizada pela existência de um manto de gelo oce ânico (ou seja, uma calota de gelo sobre o oceano), rodeado pelo Oceano Glacial Ártico e por terras continentais da Europa, Ásia e América do Norte.
Já a região polar antártica é delimitada pelo Círculo Polar Antártico, no extre mo sul do planeta. Essa região é marcada pela presença de um continente cha mado Antártida, coberto e rodeado por um extenso manto de gelo.

Principais características naturais das regiões polares


Em razão da curvatura terrestre e da baixa incidência dos raios solares nas áreas de elevada latitude, as temperaturas nas regiões polares da Terra permanecem baixas durante todo o ano e as precipitações ocorrem na forma de neve. 
Na Antártida, o solo coberto por gelo e a baixa umidade do ar praticamente impedem a existência de cobertura vegetal, a qual é composta de algumas espécies de liquens e musgos. Pinguins, peixes, focas e baleias são algumas das espécies que compõem a fauna antártica. No entanto, as cadeias alimentares na região são sustentadas por um pequeno crustáceo chamado krill. 
No Ártico, embora as formações da vegetação não se desenvolvam sobre a calota polar, as partes de terras continentais são marcadas pela presença da ve getação de tundra, composta de líquens, musgos e alguns arbustos. 
O caribu, a raposa-do-ártico, o lobo-do-ártico e o urso-polar são alguns dos animais da fauna do ártico, que também abrange baleias e outras espécies marinhas.

A população do Ártico 


Enquanto na Antártida inexistem habitações permanentes, o Ártico abriga em algumas cidades diversos povos nativos. No entanto, as condições naturais desa fiam a sobrevivência humana e, por isso, as pessoas precisaram encontrar meios para se adaptar à região. 
Entre os povos que compõem a população no Ártico, os inuits constituem um dos principais, ocupando partes da região entre o Estreito de Bering e a Groenlândia. 
No entanto, a maneira como grande parte dos inuits vive atualmente no Ártico não se assemelha ao modo de vida de seus antepassados, que eram nômades e cuja manutenção da vida era garantida pela caça, sobretudo de mamíferos, no verão. Em meados do século XX, intensificou-se a exploração da região polar ártica em razão da descoberta de suas riquezas minerais e energéticas. 
A ampliação de ativida des econômicas voltadas para o comércio trouxe significativas transformações no espaço geográfico da região ártica, afetando o modo de vida das populações nativas.

A economia do Ártico 


Enquanto a exploração dos valiosos recursos minerais do subsolo antártico não é permitida sob o Tratado da Antártida, a exploração econômica dos recursos do ártico já se encontra em andamento e tem grande potencial, embora esteja rela cionada a diversos impactos ambientais. 
 Nos dias atuais, embora a caça e a pesca comercial de determinadas espécies de mamíferos marinhos estejam proibidas, parte dos povos nativos pode continu ar capturando esses animais apenas para sua subsistência. 
A partir de meados do século XX, contudo, a economia tradicional dos povos nativos passou a conviver cada vez mais com atividades econômicas modernas. 
Isso ocorreu, principalmente, em razão da descoberta de grandes jazidas mine rais e de petróleo na região, que atraiu muitas empresas extrativas, que, por sua vez, acabaram por impulsionar a expansão urbana e a infraestrutura regional, incentivando a vinda de imigrantes para a região.

O fundamentalismo islâmico no Oriente Médio

O fundamentalismo islâmico, ou muçulmano, ganhou força com a ascensão política, econômica e militar do Ocidente e a dominação imperialista de potências europeias, como o Reino Unido e a França, sobre os países muçulmanos do Oriente Médio, logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). 
A partir do final da década de 1960, a frustração provocada pelas sucessivas derrotas militares dos países árabes muçulmanos nas diversas guerras contra o Estado judeu de Israel desde a sua fundação, em 1948, ajudou a consolidar o crescimento dessa visão radical dentro do mundo islâmico. 
De modo geral, o fundamentalismo islâmico propõe um retorno ao Islã “puro” e a um modo de vida com características semelhantes às verificadas na época de Maomé e de seus primeiros sucessores (califas), no século VII. 
Os fundamentalistas islâmicos têm uma visão antiocidental: são contrários à globalização e às influências desse lado do mundo. Eles consideram os hábitos ocidentais (liberalismo, individualismo) corruptores, responsáveis pelo declínio mate rial e moral dos países muçulmanos. Por isso, propõem a criação de Estados islâmicos regidos pela sharia, uma legislação civil orientada por princípios religiosos.
Entre os fundamentalistas, a maioria é adepta da vertente sunita do islamismo, mas nem todos pregam a violência contra os “infiéis” e a luta armada para a ins tauração de Estados islâmicos, defendendo um retorno pacífico às práticas tradi cionais do Islã.
Vale ressaltar que a maioria dos muçulmanos repudia qualquer violência por ser contrária à lei islâmica e, apesar de buscarem conservar suas tradições, não são fundamentalistas nem repudiam influências modernas. Muitos defendem, inclusive, o aumento tanto da abertura democrática quanto da concessão de mais liberdades individuais em seus países.

 Os sunitas e os xiitas 


Existe entre os muçulmanos uma antiga divisão entre sunitas e xiitas, que remonta à sucessão do quarto califa, denominado Ali ibn Abu Talib, que era genro e sobrinho do profeta Maomé. No ano 661 d.C., esse califa foi assassinado, e o título passou para Moawiya, um líder muçulmano que não pertencia à linhagem do profeta. 
A maior parte dos muçulmanos, que ficou conhecida como sunita, apoiou o novo governante, enquanto a minoria, conhecida como xiita, defendeu que apenas os membros da família de Maomé poderiam assumir o califado. Dessa disputa, teve origem uma guerra civil que resultou na morte dos descendentes de Ali e na vitória dos partidários de Moawiya. Atualmente, cerca de 90% dos muçulmanos são sunitas, enquanto os xiitas somam cerca de 10%.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

China: política e desenvolvimento econômico

A China abriga a maior população do mundo. É um país predominantemente rural que se tornou uma das maiores economias mundiais da atualidade em apenas algumas décadas.
Vamos conhecer melhor como essas mudanças ocorreram nas últimas décadas e também as principais características do território chinês.

Revolução Chinesa


No início do século XX, a China era alvo dos interesses das grandes  potências imperialistas da época. Os Estados Unidos, o Japão e alguns países da Europa, como a França e o Reino Unido, desejavam dominar o território chinês em busca de recursos naturais para serem utilizados como matérias-primas em seus sistemas industriais em franca expansão e aumentar, assim, a influência deles no cenário econômico internacional.
Naquele período, a conjuntura interna da China era marcada por elevados índices de pobreza e pela grande concentração de renda entre as parcelas da população mais privilegiadas.
Em 1911, a dinastia Qing foi derrubada pelo movimento nacionalista chinês. Em seguida, grupos oposicionistas passaram a ser influenciados pelo contexto revolucionário da Revolução Russa (1917) e incorporaram os pensamentos e ideais comunistas, separando-se dos nacionalistas.
Em 1949, os comunistas chegaram ao poder e fundaram a República Popular da China. Liderado por Mao Tsé-Tung (1893-1976), o Partido Comunista Chinês deu início a uma revolução, marcada por uma série de reformas econômicas, sociais e políticas baseadas nos pilares comunistas, porém com características próprias chinesas. Uma das primeiras ações de Mao Tsé-Tung foi a realização da reforma agrária, por meio da distribuição de terras, as comunas populares.
Na década de 1950, o governo maoista passou a implementar os planos quinquenais, investindo em setores estratégicos e desenvolvendo economicamente o país. Em 1958, foi criado o plano estatal Grande Salto para a Frente, que, entre outras ações, permitiu a concentração de recursos nas indústrias, sobretudo nas de base, para torná-las um dos principais instrumentos de crescimento da economia chinesa.
A Era Mao também foi marcada pela Revolução Cultural (1966-1976), representada pela ampla difusão dos ideais comunistas com o intuito de eliminar os resquícios da China predominantemente rural e os movimentos a favor do capitalismo. Houve, naquele período, intensa perseguição e violência contra os opositores, especialmente artistas, professores e intelectuais contrários ao governo.


Políticas de desenvolvimento econômico no século XX


O desenvolvimento econômico da China foi aprofundado com a chegada ao poder de Deng Xiaoping (1904-1997), em 1978, após a morte de Mao Tsé-Tung. Ele iniciou um período de reformas sociais e econômicas destinadas a minimizar os efeitos da pobreza que assolava o país e aumentar a participação da China no cenário econômico internacional.
A renovação econômica foi uma das primeiras medidas adotadas por Deng Xiaoping. Por meio do plano denominado “quatro modernizações”, uma série de recursos financeiros foi destinada ao desenvolvimento dos grandes setores econômicos do país: agrícola, industrial, militar e tecnológico.
Um dos objetivos era aumentar o sistema produtivo, diversificando os parques industriais e abrindo sua economia ao mercado externo. Para isso, o governo passou a implantar as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) no território, concedendo diversos subsídios a fim de atrair as empresas estrangeiras para se instalarem no país. Muitas corporações internacionais passaram a fabricar seus produtos na China, pois, além dos benefícios concedidos pelo governo, encontravam também mão de obra barata e fontes de matéria-prima para a produção, que baixavam os custos das empresas estrangeiras.
Em contrapartida, estas transferiam o conhecimento e as tecnologias utilizadas na fabricação dos produtos para as empresas chinesas. Esse mecanismo colaborou para o desenvolvimento das empresas locais, permitiu a entrada de recursos financeiros externos e diminuiu a dependência econômica e tecnológica da China em relação ao mercado internacional.
A partir de 1990, a China passou a exportar produtos industriais de baixo valor no mercado e a importar produtos com elevado uso de tecnologia, aumentando sua participação no comércio internacional.
No setor agropecuário, o plano das quatro modernizações previa melhorar a produtividade no campo. As primeiras medidas foram o fim das comunas populares e a implantação de um novo sistema rural. Com essa mudança, o Estado chinês ainda preservava a posse da terra e a posição de principal comprador da produção agrícola, mas as famílias rurais passaram a ter mais liberdade quanto à gestão dos cultivos e à comercialização do excedente no mercado interno. As transformações estruturais no campo, associadas aos investimentos públicos em tecnologia e maquinário, contribuíram para um grande aumento da produção de alimentos. 
Esse panorama colaborou para a diminuição da fome e da pobreza nas áreas rurais e para o aumento da segurança alimentar no país.
As “quatro modernizações” previam também investimentos em ciência e tecnologia aplicados a setores estratégicos, como defesa e exploração de matérias-primas e recursos energéticos para abastecer os parques industriais e as áreas urbanas que cresciam no país. 
Além da implantação de infraestruturas de transportes e comunicação, aquele período foi marcado pela diversificação da matriz energética, destinando recursos para as atividades de exploração de carvão mineral e petróleo e para a construção de grandes usinas nucleares e hidrelétricas, como Três Gargantas, localizada no interior do país.

Território e recursos naturais


O território chinês ocupa 9 600 milhões de km2². A China é o terceiro país mais extenso do mundo, atrás da Rússia e do Canadá.
De acordo com dados de 2020, as maiores cidades da China são Xangai, centro financeiro do país, a capital Beijing, Xunquim e Tianjin. Todas têm, atualmente, mais de 13 milhões de habitantes e, do ponto de vista administrativo, estão no mesmo nível hierárquico das províncias.
A China também é constituída por duas Regiões Administrativas Especiais: Hong Kong e Macau.
Elas têm autonomia política e se diferem do restante da China por adotarem o sistema multipartidário – não baseado na existência de um único partido –, aplicarem leis próprias e estabelecerem relações comerciais particulares com outros países.
Apesar de a China ser rica em recursos naturais, sua exploração é insuficiente em razão da alta demanda provocada pelo setor industrial e pelo abastecimento das populosas cidades. Assim, o país é obrigado a importar recursos minerais e energéticos especialmente de países africanos e sul-americanos.

Setor primário


Além da exploração de recursos minerais, o setor primário da China é composto de agricultura, pecuária, pesca, entre outras atividades, cuja elevada produtividade é resultado dos enormes investimentos do governo em ciência, inovação e tecnologia. Atualmente, o país está entre os maiores produtores e consumidores agrícolas do mundo e tem o grande desafio de garantir a segurança alimentar de sua enorme população.
A maior parte da produção está concentrada nas porções norte e nordeste, com destaque para os grãos, como soja, milho e trigo, e a silvicultura.
Há uso de diferentes tecnologias e maquinários para elevar a produtividade. Nas áreas costeiras e nas planícies fluviais, ocorre a pesca. Os solos férteis dessas áreas colaboram para o estabelecimento de cultivos diversificados, especialmente de frutas e hortaliças, além do algodão, importante matéria-prima da indústria têxtil.
As pastagens e o cultivo de chá ocorrem predominantemente na região central, e o arroz e a cana-de-açúcar se concentram nas áreas mais quentes e úmidas do sudeste do país. Na região do Tibete há criação de ovinos.
Além de ser o maior consumidor de grãos, a China se destaca como importante produtor de carnes, especialmente suína. Destaca-se também o crescimento vertiginoso da produção e do consumo de ovos, laticínios e café no país.
Esse panorama diversificado revela que o governo tem interesse em suprir a demanda interna. Porém, a China ainda é obrigada a importar diversos produtos, como a soja e a carne bovina brasileiras.
O setor primário enfrenta desafios ligados ao meio ambiente, como a degradação do solo e da água. O uso excessivo dos recursos naturais, de agrotóxicos e de demais insumos químicos para o desenvolvimento das atividades agropecuárias é o principal fator de contaminação.

Indústria e tecnologia


Atualmente, a China se insere no cenário econômico como o maior produtor industrial do mundo, com participação na produção total de 31,2% em 2020. O país alcançou essa posição com as políticas de investimentos públicos, como os planos quinquenais, a partir da década de 1950, nos diferentes setores industriais, além do campo da tecnologia, ciência e inovação.
Seu parque industrial é bastante diversificado e se concentra nas regiões centrais e costeiras, de norte a sul do país. Além de estar presente nas áreas mais adensadas, próximo aos grandes centros consumidores, o setor industrial ocupa significativas parcelas do litoral a fim de facilitar o escoamento dos produtos manufaturados para outros países.
Atualmente, a produção industrial chinesa inclui bens da indústria de base, como petroquímicas; de produtos transformados de baixa tecnologia; de máquinas, roupas e calçados; de produtos alimentícios e bebidas; de equipamentos esportivos; de eletrodomésticos; de medicamentos; de automóveis e embarcações; e de dispositivos eletrônicos sofisticados.
Há algumas décadas, a China vem investindo grandes recursos nas instituições de ensino e pesquisa do país como um instrumento para manter os níveis elevados de crescimento econômico. 
Com essa política de inovação tecnológica e industrial, o país busca se inserir no grupo dos líderes mundiais da indústria 4.0 nas próximas décadas.
A existência de mão de obra numerosa, barata e disciplinada foi um dos fatores que contribuíram para a instalação de empresas estrangeiras nas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) e o consequente desenvolvimento industrial e tecnológico verificado no país nas últimas décadas.
Grande parte da mão de obra era proveniente das áreas rurais e possuía baixa qualificação profissional. O acelerado êxodo rural colaborou para o crescimento acentuado das grandes cidades, especialmente as localizadas na porção leste do país.
Desde a década de 1980, as condições de trabalho vêm sendo transformadas por meio de grandes investimentos em educação e em qualificação da mão de obra, de fortalecimento da legislação trabalhista e de aumento da produtividade e dos salários. No entanto, o país ainda não tem uma rede de proteção dos direitos dos trabalhadores, como a dos países da Europa, por exemplo.
A questão ambiental é outro desafio, já que o país é o maior emissor de CO2 do mundo. As grandes cidades chinesas, especialmente as localizadas próximo aos parques industriais, sofrem com elevados níveis de poluição, decorrentes do uso do carvão mineral. Os rejeitos industriais também são responsáveis pela contaminação das águas e dos solos, prejudicando a saúde da população que vive no entorno.

China: a grande potência da atualidade


Em 2021, a China lançou o módulo principal da sua própria estação espacial, revelando que não só emergiu como uma das maiores economias mundiais, mas também como uma importante potência no campo da tecnologia, ciência e inovação. A Estação Espacial Chinesa (CSS, sigla em inglês) é um dos planos ambiciosos do país e consiste em realizar pesquisas científicas explorando o Sistema Solar para, assim, desenvolver o setor aeroespacial.
A transformação das áreas urbanas em cidades inteligentes e sustentáveistambém tem sido um projeto colocado em prática nos últimos anos. 
Em 2020, Xangai foi reconhecida internacionalmente pela implantação de sistemas inteligentes que fornecem, por exemplo, informações sobre as condições da rede de transporte público aos órgãos responsáveis pela administração.
A China se tornou uma grande potência no atual sistema internacional também no campo político. Como estratégia para ampliar suas áreas de influência, o país vem estabelecendo relações diplomáticas com diversos outros por meio de seu poderio econômico-financeiro. 
Países da África, da América Latina, da Ásia e do Oriente Médio têm recebido recursos financeiros, empréstimos e investimentos diretos dos chineses para o desenvolvimento de projetos locais. Em troca, a China tem acesso às fontes de matérias-primas e aos mercados locais desses países, além de apoio nas questões internacionais.

Oriente Médio: população e economia

O Oriente Médio está situado em uma região de grande interesse internacionalpor estar localizado na fronteira do continente asiático com a Europa a noroeste e a África a sudoeste. 
A população do Oriente Médio é formada por aproximadamente 400 milhões de pessoas, sendo mais da metade de origem árabe. A parcela restante é composta de outros grupos étnicos, como persas, que compreendem a maior parte da população do Irã, e judeus, que se concentram em Israel. Também há um número considerável de curdos no Irã, no Iraque e na Turquia e, em menores proporções, na Síria. 
Algumas das civilizações mais antigas do mundo surgiram no Oriente Médio. A Mesopotâmia, por exemplo, estabelecida por volta de 3500 a.C., é considerada um dos berços das civilizações.
Atualmente está inserida no território do Iraque, corresponde às planícies dos rios Tigre e Eufrates, onde se desenvolveram povos como acádios, assírios, babilônios e sumérios. Tais povos, com as civilizações antigas da Jordânia, da Síria, do Egito, entre outras, ocupavam a região denominada Crescente Fértil.
Os povos da Mesopotâmia destacaram-se pela construção de diversas infraestruturas ligadas aos grandes rios da região, como barragens, reservatórios e canais responsáveis pelo armazenamento e pelo transporte de água para a irrigação dos cultivos.
A inexistência de uma identidade comum entre os povos que convivem nesse território tem sido um dos principais fatores do desencadeamento de tensões, muitas vezes culminando em conflitos bélicos, os quais já vitimaram muitas pessoas ao longo da história. 
Muitos conflitos étnicos, religiosos, econômicos, políticos e ambientais que ocorrem na região são influenciados, ou têm a interferência de países de outras regiões do mundo, em função da posição estratégica do Oriente Médio nas relações internacionais.

Distribuição da população 


Assim como em outros locais do mundo, a população do Oriente Médio não está uniformemente distribuída por seu território. Existem áreas com intensa concentração populacional e outras onde predominam imensos vazios demográ ficos, como os desertos e as áreas de relevo montanhoso.
Comparada aos padrões mun diais, essa população é consi derada jovem e com elevados índices de crescimento. Nos úl timos anos, a expectativa de vi da média na região tem cresci do. Em relação à composição por faixa etária, 30% da popu lação têm menos de 14 anos e aproximadamente 8% têm mais de 60 anos.
Os indicadores socioeconômicos apresentados na tabela que vocês analisaram retratam o contraste entre as condições de vida da população dessa região. 
Entre os países e territórios mais pobres, como o Afeganistão e os territórios palestinos, verificam-se indicadores sociais entre os piores do mundo. A elevada mortalidade infantil revela a falta de recursos para investimentos no siste ma de saúde pública e a con sequente fragilidade desse setor em alguns países do Oriente Médio.
Países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, por outro lado, apresentam indicadores sociais melhores e renda per capita considerada alta para os padrões internacionais, em função da riqueza gerada pelo petróleo. No entanto, tal riqueza não é distribuída igualmente entre a população. Isso porque a renda per capita constitui uma média, não retratando a realidade vivida por todos.

Recursos minerais e energéticos


Além da privilegiada localização, o Oriente Médio é considerado estratégico em virtude das grandes reservas de petróleo e gás natural nele encontradas. Estima-se que a região abrigue cerca de 63% das reservas mundiais, com destaque para Arábia Saudita e Iraque, que correspondem, respectivamente, a 25% e 11% dos volumes totais.
Em 2018, o Oriente Médio produziu 31,8 milhões de barris de petróleo por dia. A concentração desses recursos energéticos está associada aos vários processos naturais pelos quais a região passou ao longo de milhões de anos. Os fatores que colaboraram para a formação das reservas de óleo nos atuais países do Oriente Médio são:

• movimentação das placas tectônicas;
• processos de sedimentação de rochas;
• deposição de matéria orgânica no fundo oceânico;
• evaporação das águas de mares antigos.

Diversos países têm interesse nas reservas de petróleo e gás natural do Oriente Médio, uma vez que muitos deles não apresentam esses recursos nos próprios territórios e necessitam importá-los para manter, por exemplo, seus níveis de produção industrial em patamares elevados.
Dessa forma, os países do Oriente Médio ocupam papel estratégico na geopolítica mundial.
Apesar de os Estados Unidos estarem entre os maiores produtores de petróleo do mundo, o governo desse país exerce forte influência e controle das reservas de petróleo no Oriente Médio. Os Estados Unidos mantêm relações diplomáticas e militares diretas com alguns governos da região, como o da Arábia Saudita, o do Kuwait e o dos Emirados Árabes Unidos.
As atividades de exploração e refino de petróleo e de gás natural e as exportações desses recursos energéticos têm colaborado para o desenvolvimento econômico de muitos países da região.

Diversificação da economia


A grande riqueza gerada pela exploração dos recursos minerais e energéticos pode ser observada na paisagem das principais cidades dos países petrolíferos, como Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A infraestrutura e a oferta de serviços de luxo têm feito desses lugares dois dos principais destinos do circuito turístico global.

Disparidades socioeconômicas na região


Os países do Oriente Médio que não dispõem de reservas expressivas de petróleo e gás natural destinam seus investimentos vas ao desenvolvimento de outras atividades econômicas.
Israel, por exemplo, é um dos países mais desenvolvidos da região por deter um parque industrial bastante diversificado e um setor agropecuário que utiliza técnicas modernas e avançadas.
O setor industrial da Turquia (país euro-asiático do Oriente Médio) também é bastante desenvolvido, com destaque para a fabricação de tecidos e vestuários, alimentos, automóveis, produtos químicos, siderúrgicos e metalúrgicos, entre outros.
Países como o Afeganistão, cuja economia é mais vulnerável, dependem diretamente das atividades primárias, em geral com baixo uso de tecnologias nos sistemas produtivos. Esse panorama revela que o Oriente Médio apresenta grandes desigualdades econômicas, com países com grau elevado de riqueza e países dependentes do desenvolvimento das atividades primárias.

A economia petrolífera no Oriente Médio


A economia de boa parte dos países do Oriente Médio está associada à abundância de petróleo na região.
Os grandes países produtores de petróleo do Oriente Médio estão situados na região do Golfo Pérsico, tornando essa área o principal pilar de sustentação das economias nacionais de países como Omã, Iraque, Irã, Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. 
Em 1960, a Venezuela e mais alguns países do Oriente Médio criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), instituição que reúne atualmen te países do Oriente Médio, do Sudeste da Ásia, da África, além da Venezuela e do Equador na América do Sul. 
A Opep tem por função estipular metas comerciais aos países-membros, controlando grande parte da produção e da exportação do petróleo e fixando preços quando necessário.
 Atualmente, muito se tem falado a respeito do esgotamento das jazidas petrolíferas no mundo, o que resultaria no “fim da era do petróleo”. Por esse motivo, alguns países têm se forçado a diversificar suas economias nacionais, procurando desenvolver outras atividades econômicas. Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é um exemplo dessa realidade. Atualmente, essa cidade vem se tornando um dos grandes polos turísticos internacionais. 
Contudo, mesmo com esse panorama, as reservas do Golfo Pérsico ainda são bastante expressivas se comparadas às de outras regiões do globo, de modo que, ao menos nos próximos anos, sua participação no abastecimento mundial de petróleo tenderá a crescer. Caso isso se confirme, a situação resultante poderá atribuir a esses países uma função cada vez mais estratégica, tanto do ponto de vista político quanto do econômico.
Algumas economias petrolíferas do Oriente Médio, principalmente Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, passaram por substanciais transforma ções a partir da segunda metade do século XX. Até então, esses países apresentavam indicadores econômicos entre os mais baixos do mundo. 
A estagnação e o baixo desenvolvimento desses Estados eram, em parte, proporcionados pelas limitações naturais de seus territórios, marcados pela presença de desertos e escassez de recursos hídricos, além de baixos investimentos no desenvolvimento econômico. A descoberta de grandes reservas de petróleo, associada ao crescimento da demanda internacional por esse produto, representou o ponto de mudança. 
Parte dos recursos gerados pelas exportações petrolíferas foi voltada à promoção de massivos investimentos públicos em serviços de transporte, educação e saúde, assim como no desenvolvimento dos setores secundário e terciário de suas economias.
Entre a década de 1990 e o início do século XXI, esses países também se desta caram por diversos projetos ambiciosos de infraestrutura, como a construção de edifícios de grande porte e cidades futuristas, que atualmente são conhecidas no mundo todo. 
Apesar da dependência de suas reservas petrolíferas, os elevados investimentos em obras públicas e no setor privado têm ajudado a criar novas perspectivas econômicas para esses países, cujos indicadores sociais atualmente se aproxi mam cada vez mais dos verificados em nações desenvolvidas.

As economias não petrolíferas no Oriente Médio


Nem todos os países do Oriente Médio têm a economia estruturada na explo ração de petróleo. Alguns, como Turquia e Israel, destacam-se pela atividade industrial e pelo considerável avanço tecnológico, especialmente no parque industrial israelense. 
Quanto à agropecuária, esses dois países também se desta cam, ainda que por razões dife rentes. No caso da Turquia, a maior parte de seu território permite o cultivo de variados tipos de cereais e frutas, enquan to em algumas áreas mais secas é desenvolvida a pecuária. 
Já Israel se destaca pelos altos índices de produtividade agrícola, apesar do território marcado pela prevalência dos climas desértico e semiárido.
Na segunda metade do século XX, houve uma transformação no espaço rural israelense, que contou com o apoio fundamental de tecnologias e novos modos de produção. Complexos sistemas de irrigação foram criados para permitir o desenvolvimento de cultivos agrícolas em áreas de deserto, potencializados por uma organização produtiva que inclui fazendas comunitárias e cooperativas.
Contudo, os principais supri mentos de água para Israel advêm do Rio Jordão e dos aquíferos localizados em seu território. O uso excessivo des sas águas para a irrigação tem gerado impactos ambientais e limitado o abastecimento de água para o povo palestino, intensificando as tensões na região.
Em outros países do Oriente Médio, como Líbano e Jordânia, a exploração das reservas minerais e o setor terciário, com destaque para o turismo (sobretudo no caso da Jordânia), constituem atividades econômicas relevantes. 
Já países como o Afeganistão e Iêmen, que representam os Estados menos de senvolvidos do Oriente Médio, têm passado por diversos conflitos no último século, fator que contribui para a queda de suas produções econômicas e da qualidade de vida de suas populações. 

Turquia e suas atrações turísticas 


Além do setor industrial, o turismo é outra importante atividade econômica para a Turquia, país com paisagens naturais e culturais exuberantes. Sua mais importante cidade, Istambul, ao longo do tempo, foi sede de diferentes impérios e acumula diversas construções históricas. 
A região da Capadócia, formada por um planalto de montanhas rochosas, esculpidas pela erosão durante milhões de anos, está localizada na parte central do país. O passeio de balão sobre essa região é um dos atrativos do local. 
Além disso, as praias do Mar Mediterrâneo e as piscinas naturais localizadas ao sul de Istambul também são pontos turísticos atrativos para quem escolhe a Turquia como destino.

Índia: desenvolvimento econômico

A Índia é um dos países mais populosos do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, atrás somente da China. Considerado uma das principais economias da atualidade, ocupa a 7a posição no ranking do PIB mundial.


Índia no cenário internacional


O país vem ganhando destaque no cenário internacional ao longo das últimas décadas como potência emergente em diversos aspectos: político, econômico e sociocultural.
A participação da Índia no panorama mundial aumentou a partir da década de 1990, quando o governo do país implementou uma série de reformas econômicas para integrá-lo às transformações globais em curso.
Entre as medidas adotadas pelo governo indiano, destacam-se:
• investimentos estatais em setores estratégicos, como a produção de energia e infraestruturas de transporte;
• mudanças na estrutura produtiva, incentivando a abertura de empresas privadas no país;
• ampliação do setor de serviços de uso intensivo de tecnologia;
• redução dos direitos trabalhistas;
• incentivo à entrada de empresas estrangeiras no território indiano.
Essas medidas estratégicas foram fundamentais para promover o crescimento econômico nas décadas seguintes e para inserir o país mais amplamente na economia globalizada.

As reformas implementadas pelo governo indiano a partir de 1990 foram também contrapartidas dos empréstimos fornecidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para solucionar a crise econômica que afetou o país nas décadas anteriores. Essas reformas promoveram o dinamismo da economia, demonstrando que o Estado foi fundamental nessa estratégia de desenvolvimento.
O crescimento econômico verificado nas últimas décadas refletiu, por exemplo, no aumento do PIB per capita da Índia, que, segundo o Banco Mundial, em 1960 era de 82,2 dólares e, em 2020, atingiu 1 927 dólares.

Indústria, serviços e tecnologia


O setor de serviços foi um dos que mais se destacaram no período em foco. Sua participação no PIB indiano aumentou de 37% em 1990 para 49% em 2020. A prestação de serviços ligados à tecnologia se tornou um dos polos mais dinâmicos de crescimento no período.
As empresas de prestação de serviços tecnológicos se difundiram a partir da década de 1990, em cidades como Bangaluru e Hyderabad.
A mão de obra barata e o domínio da língua inglesa por boa parte da população contribuíram para a instalação dos chamados call centers.
Além da prestação de serviços, a tecnologia de ponta tem grande importância para o setor industrial da Índia, que se destaca como forte produtora de equipamentos eletrônicos, softwares e hardwares, além de insumos para a agroindústria e a biotecnologia.
O país também conta com uma indústria têxtil significativa, que emprega boa parte da mão de obra menos qualificada do país, além da indústria automobilística e da indústria de base, como a química, a siderúrgica e a metalúrgica.
A Índia destaca-se igualmente no cenário internacional por ser a maior indústria cinematográfica do mundo: Bollywood produz mais de 1 500 filmes ao ano nos diferentes idiomas existentes na Índia a fim de alcançar o público de todas as regiões do país.
A participação da Índia na geopolítica mundial também ocorre no campo militar. Nos últimos anos, o país tornou-se potência regional, ao aumentar sua atuação na Organização das Nações Unidas (ONU) para defender seus interessantes perante a comunidade internacional. O país, cuja indústria bélica conta com forte participação do Estado, vem buscando autonomia na produção de armas e equipamentos militares por meio da importação de tecnologias de outros países, como Rússia e Reino Unido.

Setor primário da Índia


O acelerado crescimento econômico registrado na Índia nas últimas décadas resultou em uma série de desafios, como o aumento da demanda de energia para o setor industrial e a necessidade de implantação de infraestruturas para a exploração de matérias-primas e a circulação de mercadorias.
A Índia está entre os principais consumidores de petróleo e gás natural do mundo, e sua produção interna não é capaz de suprir a demanda do país.
Em 2018, a Índia teve de importar 3,6% do total produzido mundialmente. A falta de investimentos em inovação e tecnologia nesse setor dificulta maior inserção da Índia no cenário petroquímico internacional. O setor agropecuário indiano também enfrenta diversos desafios e requer investimentos para superar os problemas de falta de infraestrutura e produtividade agrícola. 
Atualmente, esse setor emprega grande parte da mão de obra do país, mas os baixos salários e o processo de mecanização do campo têm levado muitos habitantes das áreas rurais, especialmente os mais jovens, a buscar nas cidades melhores oportunidades de trabalho.
Parte expressiva dessa parcela da população tem baixos índices de escolaridade e, por isso, dificilmente é empregada nas atividades que exigem maior qualificação, como a prestação de serviços tecnológicos.

Índia: população e cultura

A Índia é extremamente populosa e etnicamente diversificada. Esse panorama agrega diversos aspectos positivos na promoção do desenvolvimento do país, mas também pressupõe muitos desafios ao tentar conciliar interesses tão variados.

Características da população


A atual população da Índia corresponde a cerca de 18% do total de habitantes do mundo e se distribui por todo o território do país, porém as maiores concentrações estão situadas no extremo norte e ao sul.
As maiores taxas de densidade demográfica são encontradas na planície do rio Ganges, localizada na porção norte do país. A ocupação dessa região está associada ao desenvolvimento de civilizações muito antigas, que se baseavam na prática da agricultura irrigada.
Em 2020, 65% dos indianos (o equivalente a 898 milhões de pessoas) viviam nas áreas rurais. No entanto, o país está se urbanizando rapidamente, e um dos desafios do governo para as próximas décadas é promover melhores condições de vida para a população das cidades, aumentando, por exemplo, a oferta de trabalho nas áreas urbanas.
Outro importante desafio diz respeito às altas taxas de analfabetismo. De acordo com dados de 2018, cerca de 74% da população de 15 anos ou mais é alfabetizada, o que revela que um número elevado de habitantes do país ainda não frequenta escolas adequadamente.
A expectativa de vida na Índia é considerada baixa quando comparada à de outros países emergentes. Em 2019, a média era de 69,7 anos. Associado ao panorama de defasagem educacional, esse fator influencia diretamente o IDH de 0,645 (2019), considerado médio no ranking mundial.
Segundo dados recentes, parte bastante significativa da população indiana não tem acesso à rede sanitária e à água potável. Os percentuais ali registrados em 2020 foram de 71,2% e 90,4%, respectivamente. Esse cenário indica que muitos habitantes ainda vivem em condições precárias e que o governo necessita urgentemente ampliar os investimentos em infraestrutura de saneamento básico e em moradias adequadas para a população, em especial nas grandes cidades.
A população indiana também se caracteriza pela ocorrência, nas próximas décadas, do cenário denominado bônus demográfico. Trata-se do cenário em que a População Economicamente Ativa (PEA), isto é, as faixas etárias entre 15 e 64 anos e aptas a trabalhar, passa a representar a maior parte dos habitantes de um país. As projeções indicam que a PEA indiana atingirá o pico de 1,11 bilhão e será a maior do mundo em 2049.
A grande disponibilidade de mão de obra poderá contribuir para o aumento da produtividade e do desenvolvimento. Por isso, é importante que o governo indiano invista mais recursos na educação e qualifique a força de trabalho necessária para as atividades ligadas a setores estratégicos.

Cultura e religiosidade


A população indiana, além de chamar a atenção por ser muito numerosa, apresenta grande diversidade de povos, línguas e culturas. A Índia tem diversos grupos étnicos, e esse multiculturalismo é resultado dos processos históricos relacionados à ocorrência de fluxos migratórios e de invasões externas no decorrer dos séculos. A atual composição étnica diversificada é explicada pela miscigenação de diferentes povos asiáticos, como árabes, afegãos, persas e mongóis.
Atualmente, além dos idiomas oficiais, 123 línguas principais estão espalhadas por todo o território. O idioma mais falado, por cerca de 43% da população, é o híndi. Mas a língua inglesa (herança da colonização britânica) também é reconhecida como oficial e amplamente falada pela população, sobretudo no norte.
A cultura indiana é repleta de simbolismos e crenças. Entre as principais religiões, destaca-se o hinduísmo, praticado em quase todo o território indiano. Os dados do censo realizado em 2011 revelam que esse grupo religioso corresponde a 79,8% da população. Em seguida, 14,2% se declaram praticantes do islamismo, cuja maioria está concentrada no extremo norte do país, próximo à fronteira com o Paquistão. A Índia também abriga 2,3% de cristãos, concentrados na porção leste do país, e 1,7% de sikhs, situados no estado de Punjab, no oeste da Índia.
Esse sistema estabelece uma hierarquia, dividindo a sociedade praticante da religião hindu em grupos distintos e baseados no grau de poder social e econômico.
A hierarquia é formada por quatro principais grupos: brâmanes, xátrias, vaixás e sudras.
No topo da hierarquia estão os brâmanes, o grupo mais privilegiado por ser considerado descendente direto de Brahma, tido como o criador do universo. É composto de autoridades religiosas e pessoas detentoras de maior conhecimento, como gurus e intelectuais.
A casta dos xátrias está situada logo abaixo e é constituída por pessoas responsáveis por defender o Estado ou administrar o poder público, como soldados, oficiais de Justiça e governantes.
Em seguida, estão os vaixás, responsáveis pelo desenvolvimento dos diversos tipos de atividades econômicas, como agricultura, indústria e comércio.
Por fim, a última casta, a dos sudras, é composta de trabalhadores sem qualificação profissional, como operários e empregados domésticos.
Além dessas quatro castas principais, a base da hierarquia é formada pelos párias (também denominados “intocáveis”), grupo não pertencente a nenhuma casta. Por isso, seus membros realizam os trabalhos menos remunerados, o que se configura como um dos fatores que levam esse grupo a sofrer grande preconceito na sociedade indiana.

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