segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Movimentos ambientalistas

Simultaneamente ao agravamento dos problemas ambientais, causados principalmente pelo modelo de desenvolvimento da sociedade capitalista in dustrial (baseado no aumento constante do consumo), surgiram vários movi mentos em defesa da natureza. A partir das décadas de 1960 e 1970, essas organizações cresceram e passaram a atuar em diversas causas, como a pro teção da vida silvestre, o combate à poluição e a defesa das florestas e dos ecossistemas ameaçados.

Em geral, os movimentos ambientalistas ou ecológicos atuam por meio das organizações não governamentais, as ONGs, que têm autonomia e independência em relação ao Estado e são formadas principalmente por representantes da so ciedade civil. Os recursos necessários ao funcionamento dessas instituições pro vêm de doações da sociedade civil, de empresas privadas ou do próprio governo. Atualmente, existem milhares de ONGs ecológicas espalhadas pelo mun do, muitas das quais atuam no Brasil, como a Fundação SOS Mata Atlântica, Imazon ou o Greenpeace. Elas desempenham papel fundamental na socieda de, alertando tanto para os riscos ambientais que ameaçam o planeta como para a necessidade de estabelecer uma forma de convivência mais harmônica com a natureza.

Algumas dessas organizações exercem fortes pressões sobre go vernos e empresários, denunciando a falta de compromisso com a cau sa ambiental e protestando contra as empresas poluidoras, que não respeitam as legislações ambientais. Além disso, atuam na educação e conscientização da sociedade sobre questões ambientais.

Revolução Verde, alimentos e fome

A partir da segunda metade do século XX, vários países do mundo, incluindo o Brasil, implantaram a chamada Revolução Verde com o objetivo de aumentar a produção de alimentos. Ela se caracterizou pela modernização do campo, principalmente com a introdução de novas técnicas de cultivo, como o uso intensivo de agrotóxicos no combate às pragas, a aplicação de adubos e fertilizantes para a recuperação dos solos, o emprego de máquinas e implementos agrícolas e a utilização de sementes selecionadas, mais resistentes e produtivas.

Contudo, os resultados da Revolução Verde são questionáveis, pois, apesar de a produção agrícola mundial ter aumentado, a fome cresceu em proporções bem maiores. Calcula-se que cerca de um terço da população mundial sofra de carência alimentar, ou seja, consome uma quantidade de nutrientes inferior ao mínimo ne cessário. Isso porque grande parte da produção agrícola, sobretudo a dos paí ses mais pobres, destina-se ao abaste cimento do mercado consumidor dos países desenvolvidos, e não à popula ção interna que necessita de alimentos.

Escassez do petróleo e desafio energético

O petróleo, um recurso não renovável, é a principal fonte de energia utiliza da atualmente, constitui cerca de 33% de toda energia consumida no planeta, sobretudo na forma de combustível (óleo diesel, querosene e gasolina). O es gotamento desse recurso pode paralisar muitas atividades industriais e gran de parte dos meios de transporte. Estimase que as reservas conhecidas serão suficientes para atender ao consumo mundial por apenas mais 50 anos. Assim, levantase uma questão: Como suprir a crescente demanda energética? Os conhecimentos tecnológicos de que a sociedade dispõe atualmente pos sibilitariam que grande parte do petróleo consumido fosse substituída por ou tras fontes de energia.

Até o final da década de 2000, por exemplo, já haviam sido inventados automóveis movidos por fontes alternativas de energia, como hidrogênio, energia solar e alguns tipos de óleo vegetal. O fato de a queima do petróleo ser um dos grandes agentes de poluição do planeta é motivo suficiente para a sociedade substituílo por fontes energéticas menos poluidoras. No entanto, o alto custo de produção e comercialização de no vas tecnologias e o desinteresse político e empresarial são fatores que inibem o uso em larga escala das fontes alternativas de energia em muitos países. Vejamos algumas fontes alternativas ao uso de combustíveis fósseis

Fluxos de pessoas e mercadorias

O processo de globalização vem ampliando, de maneira significativa, os fluxos, ou seja, a circulação de mercadorias, informações, capitais e pessoas no espaço geográfico mundial. 
Todos esses fluxos circulam pelo emaranhado de redes de transportes e de comunicações que envolvem o mundo inteiro. Mesmo que os fluxos da globalização possam circular em todo o planeta, eles ocorrem com mais intensidade entre os locais servidos pela infraestrutura de transportes e de comunicações (estradas, portos, aeroportos, redes de transmissão, como canais de televisão, telefonia celular, redes 3G, 4G e, até mesmo, 5G, provedores de internet etc.).

Transportes


As caravelas foram a grande inovação tecnológica e o rincipal meio de transporte utili zado durante o capitalismo comercial no período das Grandes Navegações (séculos XV e XVI). Comparadas aos meios de transporte atuais, elas eram barcos precários e lentos; viajavam a uma velocidade média de 16 quilômetros por hora (km/h) e eram pouco seguras. 
A evolução dos meios de transporte proporcionou aumento da velocidade dos deslocamentos. No período das Grandes Navegações eram necessários alguns meses para realizar o trajeto entre Europa e América do Sul. Atualmente, bastam apenas algumas horas para realizar esse mesmo trajeto, de avião.
O crescimento do comércio internacional, impulsionado pela melhoria dos transportes e expansão das multinacionais no mundo, fez aumentar significativamente os fluxos de matérias-primas e de mercadorias (bens industrializados, gêneros agrícolas, recursos minerais e energéticos etc.) entre países e continentes.
O aumento dos fluxos de mercadorias é uma das marcas do capitalismo contemporâneo e do processo de globalização. O fato de o mundo estar interligado por redes de transportes e comunicações contribuiu para a ampliação das relações comerciais entre os países. 
Podemos dizer que esse processo foi facilitado pela criação dos meios de transporte de massa, como caminhões, trens, aviões e, principalmente, os grandes navios cargueiros.
Os transportes rodoviário e ferroviário são os maiores responsáveis pelo fluxo de mercadorias e de pessoas no interior de países e continentes. Esses meios de transporte foram de extrema relevância para a organização do espaço geográfico interno de diversos países e, ainda hoje, desempenham impor tante papel na ocupação territorial de muitas nações, sobretudo daquelas de dimensões continentais e com áreas inexploradas, como o Brasil, o Canadá, a Austrália e a Rússia. Com a expansão das rodovias e das estradas de ferro, foi possível ocupar novas áreas, a fim de viabilizar a extração de matérias-primas naturais e o de senvolvimento de atividades agropecuárias.
Atualmente, a maior parte desses fluxos ocorre pelas vias marítimas, pelas quais circulam cerca de 72% do volume de cargas transportadas em todo o mundo. 
O transporte aéreo, por sua vez, também vem crescendo e aumentando sua participação nos fluxos de mercadorias entre os países. Em razão de sua maior eficiência, sobretudo pela velocidade, os aviões cargueiros são empregados no transporte de cargas que exigem rapidez e pontualidade, como no caso dos alimentos perecíveis. 
A evolução do sistema de transportes mundial tem acompanhado as mudanças na sociedade e na economia. Atualmente, os diferentes modais de transporte integram uma rede global que cobre quase toda a superfície terrestre, ainda que de forma irregular.

Transporte aéreo: fluxos rápidos e eficientes


Mesmo com custo elevado, o transporte aeroviário é imprescindível no pro cesso de globalização. Em razão de sua velocidade e eficiência, ele “encurta” as distâncias e torna mais dinâmica a relação de interdependência entre os lugares. Embora os fluxos aeroviários tenham se intensificado nas últimas décadas, ainda estão distribuídos de maneira muito desproporcional entre as regiões do planeta. Isso ocorre, sobretudo, entre os países desenvolvidos e os subdesen volvidos.

Fluxos marítimos internacionais


Apesar da crescente importância do transporte terrestre e aéreo, atualmente o transporte marítimo é o mais representativo para o fluxo de mercadorias entre os países, sendo responsável por cerca de 80% do volume de cargas transportadas em todo o mundo. Com o desenvolvimento de grandes navios cargueiros, capazes de carregar milhares de toneladas de matérias-primas e de bens industrializados em uma única viagem, o custo do transporte intercontinental de mercadorias diminuiu sensivelmente. Isso tornou viável a estratégia de fragmentação do processo produtivo das multinacionais.

Fluxos de informações 


A partir do século XIX, a popularização dos jornais e o surgimento do rádio e do cinema levaram informações e entretenimento em larga escala para a população, a chamada comunicação em massa. 
A invenção do telefone iniciou a comunicação instantânea a longas distâncias. No século XX, duas invenções representaram um salto na comunicação e no acesso às informações: a televisão e a internet.
Sentar-se à frente da televisão e assistir a um filme ou a um noticiário; ler a revista da semana ou o site de notícias; consultar a conta bancária ou fazer compras pela internet; ou, ainda, falar a todo instante com os amigos nas redes. Estas são facilidades que as tecnologias de telecomunicação põem à disposição da sociedade moderna. 

Hoje, por meio de uma complexa rede de comunicações, composta, por exemplo, de internet e de transmissões via satélite, as informações circulam com rapidez entre os países e chegam até as pessoas quase instantaneamente. 
Esse grande volume de informações que circula pelo planeta aumenta à medida que diminuem os custos das tecnologias e dos serviços de comunicações, tornando-se mais acessíveis à população. De maneira geral, os países economicamente desenvolvidos detêm o monopólio das informações que circulam pelo planeta. 
Nesses países, encontram-se as grandes agências internacionais de notícias que fornecem informações sobre os principais acontecimentos ocorridos em todo o mundo. A maioria das notícias internacionais que vemos nos telejornais ou que ouvimos nos programas de rádio é fornecida pelos escritórios dessas agências, espalhados por vários países, de onde enviam e recebem informações via satélite.

Equipamentos com tecnologias de telecomunicação avançadas tornaram-se disponíveis no decorrer das últimas quatro décadas, quando as multinacionais transformaram-nas em bens de consumo acessíveis às empresas, às instituições e à população em geral. 
Os aparelhos e recursos, como as estações de rádio e televisão, as centrais de telefonia e os satélites orbitais, permitem rápido fluxo de informações entre os países. Estas partem e chegam até as pessoas por meio de fax, telefones, televisores, computadores e celulares conectados à internet. Todos constituem uma extensa rede de comunicações.
A televisão ampliou o acesso à informação e continua sendo um dos principais meios de comunicação em massa. De acordo com estudo do IBGE, de 2019, sobre “Tecnologia da Informação e Comunicação” (TIC), 96,3% dos domicílios brasileiros tinham pelo menos uma televisão. 
Nos anos 1990, a popularização da internet revolucionou as comunicações: passamos a receber notícias em tempo real, conversamos por vídeo utilizando celulares, consumimos músicas, filmes e séries lançadas simultaneamente no mundo todo por meio de grandes plataformas digitais.
Apesar do número crescente de usuários de internet, seu alcance pelo mundo não é uniforme. A maioria dos usuários é do sexo masculino (62% do total) e vive em países desenvolvidos, onde a velocidade da conexão é mais rápida. Essas disparidades podem ser explicadas pelas características da infraestrutura de comuni cação, pelo custo do acesso e por questões culturais e políticas, entre outras.

Fluxos de capitais


Os fluxos financeiros também se intensificaram, com a ampliação dos investimentos em bolsas de valores e das transações bancárias e comerciais on-line.
Por meio das redes de comunicações, circulam os chamados fluxos de capitais, que envolvem as transações financeiras realizadas entre países, como a compra e a venda de ações de empresas e de moedas, por exemplo, o dólar dos Estados Unidos; o euro da União Europeia; e o iene, moeda do Japão.
Assim, são realizadas por telefone ou pela internet altas transações comerciais, a maior parte nas bolsas de valores das maiores cidades do mundo, que movimentam bilhões de dólares todos os dias.
Em grande parte, esses fluxos são gerados pelas operações financeiras realizadas nas principais bolsas de valores do mundo, sediadas em importantes metrópoles: como as cidades de Nova Iorque e Chicago (Estados Unidos), Frankfurt (Alemanha), Londres (Reino Unido), Paris (França), Tóquio (Japão), São Paulo (Brasil), Shangai (China) e Seul (Coreia do Sul). 
A movimentação do fluxo de capitais no mundo ocorre de forma rápida e intensa, e, assim, a economia de um país pode se desestabilizar quando muitos investimentos são retirados de uma só vez. Por outro lado, pode-se criar expectativas positivas quando um país atrai muitos investimentos.

Fluxos de pessoas


A evolução tecnológica empregada nos meios de comunicação e de transporte, característica do atual mundo globalizado, tem intensificado a dinâmica da migração ao facilitar o deslocamento das pessoas entre países e regiões do planeta. 
Estima-se que, a cada ano, centenas de milhões de pessoas se deslocam do país onde vivem para outros por razões diversas: trabalho, busca por melhores condições de vida, fuga de guerras ou perseguições políticas e religiosas etc. De maneira geral, esses fluxos envolvem o deslocamento de pessoas que migram de países economicamente menos desenvolvidos em direção aos países mais ricos.
Os principais fluxos migratórios de trabalhadores na atualidade ocorrem dos países mais pobres da América Latina, da África e da Ásia para os Estados Unidos, Canadá, países da Europa (sobretudo, Alemanha, França e Itália), Japão e Austrália. Também podemos dar destaque à migração de trabalhadores asiáticos e africanos em direção aos países produtores de petróleo no Oriente Médio. 

Refugiados no mundo 


Em várias regiões do mundo, milhões de pessoas também têm sido obrigadas a migrar em decorrência de guerras, conflitos étnicos, perseguições políticas ou religio sas, entre outros motivos. Essas pessoas, que deixam o lugar onde vivem para buscar abrigo em áreas mais seguras em outros países, são chamadas refugiados. Aqueles que são obrigados a sair de um local, dentro de um mesmo país, são considerados deslocados internos. Atualmente, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), existem mais de 26 milhões de refugiados espalhados pelo mundo. Grande parte deles encontra-se em regiões assoladas por conflitos armados. 

Os refugiados no Brasil


Assim como vários países, o Brasil também recebe, todos os anos, imigrantes refu giados, embora em quantidade bem menor do que países mais desenvolvidos, como Inglaterra, França e Alemanha. De acordo com o Acnur e com o Ministério das Rela ções Exteriores, em 2020 havia, no Brasil, cerca de 57099 refugiados.
Em geral, os refugiados que chegam em maior número no Brasil são pessoas que fogem de guerras em seus países ou que buscam melhores oportunidades de vida, muitas vezes impulsionados pela ideia de que conseguirão trabalho e renda para o sustento de suas famílias.
No entanto, a realidade tem sido bem diferente para muitos desses estrangeiros, pois encontram inúmeros problemas que vão desde a adaptação à nossa sociedade, sobretudo pela barreira da língua, da religião e dos costumes, até dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Com a atual crise econômica e o aumento do desemprego em nosso país, muitos desses refugiados acabam ingressando nas atividades informais da economia, enquan to outros são contratados por salários muito baixos, às vezes de forma ilegal, sem que tenham direitos trabalhistas assegurados.

Expansão das multinacionais

Multinacionais 


As empresas multinacionais ou transnacionais estão entre os principais agentes do processo de globalização. A expansão dessas empresas pelo mundo ocorreu principalmente da segunda metade do século XX em diante, favorecida pela Revolução Técnico-Científica e pela evolução dos meios de comunicação e de transporte.
As grandes corporações multinacionais são os agentes principais da mundialização do modo capitalista de produção. São essas empresas que impulsionam o intenso fluxo de informações, mercadorias, capitais e pessoas entre os lugares do mundo.
As multinacionais são empresas que, por meio de filiais ou subsidiárias, desenvolvem atividades em muitos países, mas têm uma única matriz, geralmente no país de origem. Essas empresas podem atuar em diferentes setores de atividades econômi cas, como os de serviços (imobiliárias, bancos, seguradoras, redes de televisão, estúdios de cinema etc.), os de agropecuária (fazendas de monoculturas comerciais e de pecuária extensiva moderna), de minerais (mineradoras, prospecção e refino de petróleo), os comerciais (lanchonetes e restaurantes, lojas de depar tamento, hipermercados etc.) e, sobretudo, os industriais (fabricação de bens de produção e de consumo).
É importante sabermos que a maioria das corporações multinacionais é originária de países desenvolvidos e é restrito o número de empresas desse porte que possuem matriz em países subdesenvolvidos.
Até quase a metade do século XX, existia um número restrito de multinacionais no mercado mundial, e a maioria era estadunidense. A partir de então, grandes empresas europeias, japonesas e canadenses, além das estaduniden ses, começaram a transferir parte de suas atividades para outros países, principalmente para aqueles com indústrias menos desenvolvidas.
Desse modo, o processo de produção industrial em larga escala deixou de ser exclusivo dos países mais ricos do Hemisfério Norte, passando a existir tam bém em países com economia voltada, até então, para a produção e exportação de gêneros primários. Isso significa que as empresas multinacionais começaram a se instalar em países subdesenvolvidos que lhes ofereciam mais vantagens econômicas, de modo que obtivessem aumento dos lucros e maior acumulação de capital.
Entre essas vantagens, destacam-se: mão de obra barata, recursos naturais (ma térias-primas) e terras em abundância a baixo custo; legislações trabalhistas e ambientais pouco rígidas no controle das atividades das multinacionais; amplo mercado consumidor para os produtos. Países como a China, o Brasil, a África do Sul, a Argentina, a Índia, o México e a Coreia do Sul são os principais alvos das multinacionais em expansão. Por essa razão, esses países têm passado por um intenso processo de industrialização e, consequentemente, intenso desen volvimento econômico.
Uma marca dessa expansão das multinacionais, sobretudo aquelas ligadas à produção industrial, é a transferência de grande parte de seus parques manufatureiros tradicionais (siderúrgico, petroquímico, têxtil, alimentício etc.) para os países subdesenvolvidos. Já nos países-sede dessas empresas, têm ganhado importância os setores industriais de tecnologia avançada (como os de informática, os de biotecnologia e os aeroespaciais), que exigem intensa aplicação de conhecimento científico e uso de mão de obra altamente qualificada.

Multinacionais e a fragmentação do processo produtivo


No início do processo de expansão das multinacionais, as filiais das indústrias implantadas em países estrangeiros desenvolviam basicamente todas as etapas de produção no mesmo lugar. No entanto, com a globalização, ocorreram grandes mudanças no processo produtivo, especialmente das multinacionais. 
Nas últimas décadas, no entanto, a busca de custos mais baixos e de maior produtividade levou muitas dessas empresas a dividir as fases de produção e a montagem de seus produtos entre suas filiais espalhadas pelo mundo.
A evolução dos meios de transporte e de comunicação favoreceu a busca por menores custos e maiores lucros, permitindo às empresas fragmentar as etapas de produção e montagem de seus produtos. Com isso, componentes e partes de um mesmo bem passaram a ser fabricados em diferentes locais do planeta, seja por filiais, seja por empresas parceiras.
A produção de smartphones, exemplificada anteriormente, é realizada com peças e componentes fabricados em diversos países do mundo. 
Essa fragmentação do processo industrial tornou-se possível com o aprimoramento das tecnologias na Terceira Revolução Industrial e a criação dos novos meios de transporte em massa e de comunicação em tempo real.
Dessa forma, não somente os componentes de telefones celulares, mas também os de computadores, automóveis, aviões, aparelhos eletrônicos, roupas e uma infinidade de outras mercadorias podem ser fabricados em unidades de produção de diferentes países. Os materiais são reunidos, então, em um único local para montagem e posterior comercialização do produto.
Essa fragmentação do processo produtivo também está sendo aplicada por multinacionais do segmento de serviços. Como exemplo, podemos citar o caso de companhias aéreas estadunidenses cujos escritórios de reservas de passagens funcionam em outros países, bem como o de empresas japonesas de informática cujos softwares são desenvolvidos por empresas indianas.
Assim, a fragmentação da produção industrial e empresarial leva as multinacionais a conduzir suas estratégias de funcionamento como se não existissem fronteiras entre as nações. Por esse motivo, essas empresas também são denominadas transnacionais.

Multinacionais e o comércio mundial


No final da década de 2010, o comércio internacional, ou seja, as importa ções e as exportações de bens e serviços entre os países, gerou um faturamento anual de quase 40 trilhões de dólares, muito maior do que na década de 1950 – cerca de 126 bilhões de dólares (dados da Organização Mundial do Comércio). As multinacionais foram as principais desencadeadoras desse vertiginoso cres cimento do comércio em âmbito mundial e, atualmente, são responsáveis por cerca de um terço do valor de tudo o que é comercializado entre os países.
As vultosas operações realizadas por essas corporações são possíveis, principalmente, em razão da queda das barreiras fiscais entre nações e da formação de blocos econômicos. Isso significa que o governo de muitas nações vem diminuindo os impostos sobre mercadorias importadas ou exportadas por multinacionais instaladas em seu território. Em alguns casos, essas corporações multinacionais são até mesmo isentas do pagamento desse tipo de imposto, o que viabiliza a livre atuação delas, que po dem, dessa forma, trocar com maior facilidade as mercadorias entre suas filiais e comercializar sua produção em vários mercados consumidores ao mesmo tempo.
 

Acordos e associações entre empresas 


O capitalismo financeiro promoveu a concentração de capital em razão do estabelecimento de acordos e associações entre empresas, gerando grandes corporações industriais e financeiras, muitas das quais constituíram trustes, holdings e cartéis. O truste agrupa empresas que são incorporadas por outra maior. Essas grandes corporações procuram obter o controle total da produção, desde as fontes de matéria-prima até a distribuição da mercadoria. Geralmente, o truste é uma empresa que atua em diversos setores da economia, podendo constituir monopólios – quando uma empresa atua sozinha em determinado setor – ou oligopólios – quando poucas empresas controlam certo setor. Quando ocorre o agrupamento de empresas – de um mesmo setor ou não – pode haver a presença de uma holding, isto é, de uma empresa constituída somente para administrar o conglomerado e exercer maior poder de influência sobre o mercado, defendendo os interesses do grupo e gerenciando o fornecimento de matéria-prima, a produção e a comercialização.

Comunidade de Estados Independentes

Com a extinção da União Soviética, em 1991, e a indepen dência das repúblicas que compunham esse país, os governos da Rússia, da Ucrânia e de Belarus estruturaram um bloco político e econômico para organizar e in tegrar a economia dos países da região.
O desafio era fazer a transição das economias estatais planificadas (socialismo) para economias de mercado (capitalismo). Assim, foi criada a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que passou a contar com 11 países, todos oriundos da ex-União Soviética.
Além dos países originários do bloco, a comunidade é composta de Moldávia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. A cidade de Minsk, em Belarus, foi escolhida como sede do bloco. Na criação do bloco, ficou acordado que esses países desenvolveriam uma cooperação econômica, política e militar sob a liderança da Rússia. Todos os países do bloco se tornaram, automaticamente, membros das Nações Unidas.
Os países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia) se mantiveram afastados da comunidade por não concordarem com a liderança da Rússia e por terem inte resse de ingressar no bloco da União Europeia, o que de fato ocorreu em 2004.

Rússia, liderança natural 


A Rússia determina o ritmo econômico da CEI. Embora os países-membros tenham moeda própria, é o rublo que circula em todos eles, como padrão para as transações comerciais na comunidade. A liderança econômica da Rússia perante os demais países da CEI deve-se, em grande parte, à concentração de reservas minerais em seu território, sobre tudo de petróleo, gás natural e carvão mineral, além das redes de oleodutos e gasodutos que interligam o território russo à Europa, atravessando grande parte dos países que fazem parte da comunidade.
O gás natural e o petróleo russos são exportados para a União Europeia e para os Estados Unidos. Outros países da CEI, como o Azerbaijão, o Cazaquistão e o Turcomenistão, também fornecem petróleo e gás natural para a Europa. A dependência do gás natural força a União Europeia a manter relações de tolerância com a política internacional russa, muitas vezes contestada internacionalmente. O caso mais recente é o da Ucrânia, envolvendo o território da Crimeia.




Potências industriais

A distribuição das indústrias no espaço


Diversos fatores influenciam a distribuição das indústrias pelo espaço geo gráfico, determinando áreas mais favoráveis à sua instalação. Entre eles destacam-se: 

■ disponibilidade de capital; 
■ oferta de energia; 
■ reservas de matéria-prima; 
■ redes de transporte; 
■ mão de obra qualificada; 
■ mercado consumidor; 
■ sistemas de telecomunicações; 
■ centros de pesquisa. 

Outros fatores determinantes para a instalação de indústrias são as condições oferecidas pelo poder público. No Brasil, por exemplo, alguns governos esta duais e municipais doam terrenos, reduzem impostos e concedem outros be nefícios para atrair indústrias. O peso de cada um desses fatores varia também dependendo do tipo de indústria.
Durante a Primeira Revolução Industrial, muitas indústrias siderúrgicas se desenvolveram nas regiões carboníferas do Reino Unido (norte da Inglaterra) e no Vale do Ruhr, na Alemanha, por causa da disponibilidade de hulha, tipo de carvão mineral usado nos altos-fornos das siderúrgicas para fundir o minério de ferro, primeira etapa do processo de fabricação de aço. A produção desse metal deixou de ser importante no Reino Unido, em grande parte por causa do esgotamento das minas de carvão. Na Alemanha, a siderurgia continua impor tante: no Vale do Ruhr ainda se extrai grande quantidade de hulha e o país importa o minério de ferro, que entra na Alemanha principalmente pelo porto de Roterdã (Países Baixos) e depois é transportado pela hidrovia do Reno.
Na Segunda Revolução Industrial, quando o petróleo se transformou na principal fonte de energia e em importante matéria-prima, a disponibilidade do combustível era essencial para a localização de indústrias de bens interme diários como as refinarias e petroquímicas. No início, essas indústrias se con centraram perto de jazidas desse combustível fóssil. Foi o que ocorreu nos Estados Unidos, país onde o petróleo começou a ser explorado no final sécu lo XIX em campos localizados na Califórnia e principalmente no Texas. Nesse estado, localiza-se a maioria das refinarias e petroquímicas e a sede da maior petrolífera do país. Segundo dados do Boletim Estatístico da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em 2017 os Estados Unidos produzi ram 9,4 milhões de barris de petróleo por dia (terceiro produtor mundial, atrás apenas de Rússia e Arábia Saudita). No entanto, como seu consumo foi de 19,9 milhões de barris por dia, foram os maiores importadores. 

Desconcentração industrial 


Historicamente, as indústrias de bens intermediários costumavam se insta lar próximas às reservas de matérias-primas. No entanto, como vimos no capí tulo anterior, atualmente, com o avanço tecnológico nos meios de transporte, as indústrias podem ser construídas longe das reservas. A existência de uma boa rede de transportes viabiliza o recebimento de matérias-primas e o esco amento das mercadorias produzidas em regiões distantes dos recursos naturais. Um exemplo disso é a indústria siderúrgica japonesa. 
O Japão, que é um dos maiores produtores mundiais de aço, não dispõe de reservas de minério de ferro e carvão mineral, recursos utilizados na pro dução desse metal. O país importa todo o ferro e o carvão que utiliza em suas siderúrgicas, que, por isso, estão instaladas em áreas portuárias (isso também facilita as exportações de parte da produção).
A desconcentração industrial no interior dos países ocorreu com mais in tensidade nos países de industrialização antiga, mas já ocorre também nos de industrialização recente, como o Brasil. Esse fenômeno está associado ao au mento dos custos de produção, sobretudo nas grandes cidades, em função do encarecimento da mão de obra, dos imóveis e dos impostos urbanos, além dos grandes congestionamentos que dificultam o transporte de matérias-pri mas e de mercadorias. 
Assim, em busca de custos mais baixos, muitas indústrias se deslocam para cidades menores e até mesmo para a zona rural dos muni cípios. Um fator importante para a escolha da localização das indústrias típicas da Terceira Revolução Industrial, que envolvem conhecimentos tecnológicos mais sofisticados e atualização constante, é a disponibilidade de mão de obra com alto grau de qualificação. Isso explica a formação dos parques tecnológicos.

Parques tecnológicos 


Os parques tecnológicos (ou tecnopolos) são centros irradiadores de novas tecnologias, onde se localizam indústrias da atual revolução técnico-científica: informática, robótica, telecomunicações, biotecnologia, etc. Esses parques tecnológicos desenvolveram-se nas proximidades de importantes universida des (ou mesmo em seu campus) e de outros centros de pesquisa. Nas univer sidades e nos centros de pesquisa se originam as inovações tecnológicas e se forma a mão de obra altamente qualificada que será aproveitada pelas empre sas inovadoras. Os parques tecnológicos estão concentrados em poucos países, geralmen te desenvolvidos, como os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha, o Reino Unido e a França. Também são encontrados em algumas economias emergen tes, como a China, a Índia e o Brasil.

Os tecnopolos estão representados no mapa de acordo com uma pontuação que indica o nível de inovação tecnológica, com base na oferta e na qualidade dos seguintes itens:
 
■ universidades e centros de pesquisa que oferecem mão de obra qualifi cada e desenvolvimento tecnológico; 
■ empresas que oferecem competência técnica e estabilidade econômica; 
■ empresas empreendedoras e dinâmicas; 
■ disponibilidade de capital para investimento.

A pontuação de cada item pode variar de um a quatro. O único tecnopolo que obteve quatro pontos em cada item, totalizando 16 pontos, foi o Vale do Silício (Silicon Valley). Esse tecnopolo, localizado no estado da Califórnia (Es tados Unidos), começou a se desenvolver em 1951, quando foi criado o Stanford Industrial Park, no campus da universidade de mesmo nome, atraindo indústrias de alta tecnologia. Outras universidades da região tiveram papel importante na formação de mão de obra qualificada e na produção de pesquisa avançada, entre as quais a Universidade da Califórnia (campi de Berkeley e de São Fran cisco). Esse tecnopolo serviu de modelo para muitos dos outros que surgiram em diversos países e ainda hoje é o mais importante do mundo. 
No Brasil também há diversos parques tecnológicos, embora sejam pequenos quando comparados ao do Vale do Silício. Em 2014, de acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, havia no país 28 parques em operação, com 939 empresas instaladas, que geravam cerca de 30 mil empregos, além de mais 2,2 mil empregos de alta qualificação em insti tuições de pesquisa instaladas nesses tecnopolos. Como mostra o mapa ao lado, a maioria dos tecnopolos do Brasil se localiza nos estados da região Sudes te, que concentra a maior parte das em presas inovadoras e a maior parte das universidades e institutos federais de educação. 
O primeiro tecnopolo brasi leiro se desenvolveu em torno da Uni versidade de Campinas (Unicamp) e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), entre ou tras universidades e centros de pesqui sa localizados em Campinas, no estado de São Paulo. No entanto, tem havido uma descentralização e hoje um dos tecnopolos mais importantes do país é o Porto Digital, no Recife (PE).

Potências industriais


Atualmente, a China está à frente em termos de desenvolvimento do setor industrial. O país passou por reformas econômicas, como a abertu ra para o capital externo e algumas mudanças na forma de produção, e vem apresentando elevado crescimento econômico nos últimos anos. No país, muitos contrastes internos convivem. Do ponto de vista econômico, a pobreza extrema em regiões interioranas ainda persiste, paralela ao desenvolvimento intenso e à produção indus trial expressiva na porção leste do país. Do ponto de vista político, oficialmente o regime existente é o de Estado-Partido, característico das nações socialistas do século 20. Contudo, a China é a 2a maior economia do mundo, com projeções de se tornar a nação mais rica do planeta até meados do século 21.
O Japão é sinônimo de liderança tecnológica e industrial. Destaca-se por suas fábricas robotizadas e pioneirismo no que se refere a avanços em telecomunicações. Após ter sido derrotado na Segunda Guerra Mundial, o país se reconstruiu com recursos financeiros externos, e in vestiu grande parte deles na educação pública, aliada à pesquisa científica. No final dos anos 1970, o país reorganizou seus parques industriais. Muitas fábricas foram abertas na região do Sudeste Asiático, mesmo que suas sedes tenham permanecido no Japão. O país lidera as cadeias de inovação e tecnologia, e seus produtos são sinônimo de inovação e modernidade.
A maior potência mundial, os Estados Unidos, é responsável por grande parcela do fluxo produtivo global. Embora hoje seja sede de algumas das maiores empresas do mundo, sua industrialização teve início tardio, a partir do período correspondente à Segunda Revolução Industrial. Na atualidade, as empresas estadunidenses constantemente buscam regiões e até países que ofereçam benefícios para a implantação de parques industriais. Em virtude da saída dessas empresas de alguns locais, nos quais tinham re levância para a economia local, pode-se ocorrer o desemprego em massa.
A região conhecida como Vale do Silício, localizada no sudoeste dos Estados Unidos, começou a receber muitas empresas e indús trias em busca de mão de obra mais barata e fácil acesso a matérias-primas. Em razão da demanda por trabalhadores qualificado, motivada pela Revolução Técnico-Científico-Informacional (Terceira Revolução Industrial), muitas universidades e institutos de pesquisa também surgiram na região, e alguns trabalham em conjunto com as empresas.

Desigualdades estruturais


Apesar dos avanços e da modernização de indústrias de bens de consumo, é preciso ressaltar que as transformações ocorrem de maneiras diversas e com velocidades diferentes pelo mundo. Não são todos os lugares que se beneficiam de parques industriais de alta tecnologia, pois faltam mão de obra qualificada, infraestrutura adequada e investimentos. Tal diferença acentua desigualdades e relações de dependência econômica e política entre países e blocos econômicos. Enquanto temos polos de produção tecnológica intensa, há também países inteiros que sequer acompanharam a evolução de processos industriais, como é o caso de alguns países da África e da Ásia.
O continente africano ainda é a região menos industrializada do mundo. Segundo relatórios da União Africana (UA) e da Comissão Econômica da ONU para África (CEA), enquanto na região norte da África houve um leve crescimen to do produto interno bruto (PIB) nos últimos anos, nos países que compõem a região conhecida como África Subsaariana constatou-se um recuo recente de quase 4% no PIB.
Ainda sofrendo com o legado da escravidão e do colonialismo, a economia do continente depende da ex portação de matéria-prima e bens primários para países desenvolvidos – e da importação de bens de consumo. Existem planos em andamento para fomentar a industrialização regional da África. Em agosto de 2018, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvi mento Industrial (Unido, na sigla em inglês) firmaram um compromisso para aprofundar a colaboração entre os países africanos, a fim de acelerar sua industrialização.
A ideia é facilitar a cooperação entre as instituições e a atuação conjunta, de modo a desenvolver agroindústria, economia circular, parques industriais sus tentáveis, empreendedorismo, investimentos em inovação e tecnologia, além de fomentar o comércio e mais linhas de financiamento.
Um dos desafios da industrialização africana é a falta de a mão de obra qualificada. Como o continente tem uma população predominantemente jovem, composta sobretudo por adolescentes e jovens adultos, é preciso formar téc nicos capazes de trabalhar nas novas áreas trazidas pela Terceira Revolução Industrial e garantir que eles consigam trabalho nas regiões onde moram.

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