quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Oriente Médio: população e economia

O Oriente Médio está situado em uma região de grande interesse internacionalpor estar localizado na fronteira do continente asiático com a Europa a noroeste e a África a sudoeste. 
A população do Oriente Médio é formada por aproximadamente 400 milhões de pessoas, sendo mais da metade de origem árabe. A parcela restante é composta de outros grupos étnicos, como persas, que compreendem a maior parte da população do Irã, e judeus, que se concentram em Israel. Também há um número considerável de curdos no Irã, no Iraque e na Turquia e, em menores proporções, na Síria. 
Algumas das civilizações mais antigas do mundo surgiram no Oriente Médio. A Mesopotâmia, por exemplo, estabelecida por volta de 3500 a.C., é considerada um dos berços das civilizações.
Atualmente está inserida no território do Iraque, corresponde às planícies dos rios Tigre e Eufrates, onde se desenvolveram povos como acádios, assírios, babilônios e sumérios. Tais povos, com as civilizações antigas da Jordânia, da Síria, do Egito, entre outras, ocupavam a região denominada Crescente Fértil.
Os povos da Mesopotâmia destacaram-se pela construção de diversas infraestruturas ligadas aos grandes rios da região, como barragens, reservatórios e canais responsáveis pelo armazenamento e pelo transporte de água para a irrigação dos cultivos.
A inexistência de uma identidade comum entre os povos que convivem nesse território tem sido um dos principais fatores do desencadeamento de tensões, muitas vezes culminando em conflitos bélicos, os quais já vitimaram muitas pessoas ao longo da história. 
Muitos conflitos étnicos, religiosos, econômicos, políticos e ambientais que ocorrem na região são influenciados, ou têm a interferência de países de outras regiões do mundo, em função da posição estratégica do Oriente Médio nas relações internacionais.

Distribuição da população 


Assim como em outros locais do mundo, a população do Oriente Médio não está uniformemente distribuída por seu território. Existem áreas com intensa concentração populacional e outras onde predominam imensos vazios demográ ficos, como os desertos e as áreas de relevo montanhoso.
Comparada aos padrões mun diais, essa população é consi derada jovem e com elevados índices de crescimento. Nos úl timos anos, a expectativa de vi da média na região tem cresci do. Em relação à composição por faixa etária, 30% da popu lação têm menos de 14 anos e aproximadamente 8% têm mais de 60 anos.
Os indicadores socioeconômicos apresentados na tabela que vocês analisaram retratam o contraste entre as condições de vida da população dessa região. 
Entre os países e territórios mais pobres, como o Afeganistão e os territórios palestinos, verificam-se indicadores sociais entre os piores do mundo. A elevada mortalidade infantil revela a falta de recursos para investimentos no siste ma de saúde pública e a con sequente fragilidade desse setor em alguns países do Oriente Médio.
Países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, por outro lado, apresentam indicadores sociais melhores e renda per capita considerada alta para os padrões internacionais, em função da riqueza gerada pelo petróleo. No entanto, tal riqueza não é distribuída igualmente entre a população. Isso porque a renda per capita constitui uma média, não retratando a realidade vivida por todos.

Recursos minerais e energéticos


Além da privilegiada localização, o Oriente Médio é considerado estratégico em virtude das grandes reservas de petróleo e gás natural nele encontradas. Estima-se que a região abrigue cerca de 63% das reservas mundiais, com destaque para Arábia Saudita e Iraque, que correspondem, respectivamente, a 25% e 11% dos volumes totais.
Em 2018, o Oriente Médio produziu 31,8 milhões de barris de petróleo por dia. A concentração desses recursos energéticos está associada aos vários processos naturais pelos quais a região passou ao longo de milhões de anos. Os fatores que colaboraram para a formação das reservas de óleo nos atuais países do Oriente Médio são:

• movimentação das placas tectônicas;
• processos de sedimentação de rochas;
• deposição de matéria orgânica no fundo oceânico;
• evaporação das águas de mares antigos.

Diversos países têm interesse nas reservas de petróleo e gás natural do Oriente Médio, uma vez que muitos deles não apresentam esses recursos nos próprios territórios e necessitam importá-los para manter, por exemplo, seus níveis de produção industrial em patamares elevados.
Dessa forma, os países do Oriente Médio ocupam papel estratégico na geopolítica mundial.
Apesar de os Estados Unidos estarem entre os maiores produtores de petróleo do mundo, o governo desse país exerce forte influência e controle das reservas de petróleo no Oriente Médio. Os Estados Unidos mantêm relações diplomáticas e militares diretas com alguns governos da região, como o da Arábia Saudita, o do Kuwait e o dos Emirados Árabes Unidos.
As atividades de exploração e refino de petróleo e de gás natural e as exportações desses recursos energéticos têm colaborado para o desenvolvimento econômico de muitos países da região.

Diversificação da economia


A grande riqueza gerada pela exploração dos recursos minerais e energéticos pode ser observada na paisagem das principais cidades dos países petrolíferos, como Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A infraestrutura e a oferta de serviços de luxo têm feito desses lugares dois dos principais destinos do circuito turístico global.

Disparidades socioeconômicas na região


Os países do Oriente Médio que não dispõem de reservas expressivas de petróleo e gás natural destinam seus investimentos vas ao desenvolvimento de outras atividades econômicas.
Israel, por exemplo, é um dos países mais desenvolvidos da região por deter um parque industrial bastante diversificado e um setor agropecuário que utiliza técnicas modernas e avançadas.
O setor industrial da Turquia (país euro-asiático do Oriente Médio) também é bastante desenvolvido, com destaque para a fabricação de tecidos e vestuários, alimentos, automóveis, produtos químicos, siderúrgicos e metalúrgicos, entre outros.
Países como o Afeganistão, cuja economia é mais vulnerável, dependem diretamente das atividades primárias, em geral com baixo uso de tecnologias nos sistemas produtivos. Esse panorama revela que o Oriente Médio apresenta grandes desigualdades econômicas, com países com grau elevado de riqueza e países dependentes do desenvolvimento das atividades primárias.

A economia petrolífera no Oriente Médio


A economia de boa parte dos países do Oriente Médio está associada à abundância de petróleo na região.
Os grandes países produtores de petróleo do Oriente Médio estão situados na região do Golfo Pérsico, tornando essa área o principal pilar de sustentação das economias nacionais de países como Omã, Iraque, Irã, Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. 
Em 1960, a Venezuela e mais alguns países do Oriente Médio criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), instituição que reúne atualmen te países do Oriente Médio, do Sudeste da Ásia, da África, além da Venezuela e do Equador na América do Sul. 
A Opep tem por função estipular metas comerciais aos países-membros, controlando grande parte da produção e da exportação do petróleo e fixando preços quando necessário.
 Atualmente, muito se tem falado a respeito do esgotamento das jazidas petrolíferas no mundo, o que resultaria no “fim da era do petróleo”. Por esse motivo, alguns países têm se forçado a diversificar suas economias nacionais, procurando desenvolver outras atividades econômicas. Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é um exemplo dessa realidade. Atualmente, essa cidade vem se tornando um dos grandes polos turísticos internacionais. 
Contudo, mesmo com esse panorama, as reservas do Golfo Pérsico ainda são bastante expressivas se comparadas às de outras regiões do globo, de modo que, ao menos nos próximos anos, sua participação no abastecimento mundial de petróleo tenderá a crescer. Caso isso se confirme, a situação resultante poderá atribuir a esses países uma função cada vez mais estratégica, tanto do ponto de vista político quanto do econômico.
Algumas economias petrolíferas do Oriente Médio, principalmente Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, passaram por substanciais transforma ções a partir da segunda metade do século XX. Até então, esses países apresentavam indicadores econômicos entre os mais baixos do mundo. 
A estagnação e o baixo desenvolvimento desses Estados eram, em parte, proporcionados pelas limitações naturais de seus territórios, marcados pela presença de desertos e escassez de recursos hídricos, além de baixos investimentos no desenvolvimento econômico. A descoberta de grandes reservas de petróleo, associada ao crescimento da demanda internacional por esse produto, representou o ponto de mudança. 
Parte dos recursos gerados pelas exportações petrolíferas foi voltada à promoção de massivos investimentos públicos em serviços de transporte, educação e saúde, assim como no desenvolvimento dos setores secundário e terciário de suas economias.
Entre a década de 1990 e o início do século XXI, esses países também se desta caram por diversos projetos ambiciosos de infraestrutura, como a construção de edifícios de grande porte e cidades futuristas, que atualmente são conhecidas no mundo todo. 
Apesar da dependência de suas reservas petrolíferas, os elevados investimentos em obras públicas e no setor privado têm ajudado a criar novas perspectivas econômicas para esses países, cujos indicadores sociais atualmente se aproxi mam cada vez mais dos verificados em nações desenvolvidas.

As economias não petrolíferas no Oriente Médio


Nem todos os países do Oriente Médio têm a economia estruturada na explo ração de petróleo. Alguns, como Turquia e Israel, destacam-se pela atividade industrial e pelo considerável avanço tecnológico, especialmente no parque industrial israelense. 
Quanto à agropecuária, esses dois países também se desta cam, ainda que por razões dife rentes. No caso da Turquia, a maior parte de seu território permite o cultivo de variados tipos de cereais e frutas, enquan to em algumas áreas mais secas é desenvolvida a pecuária. 
Já Israel se destaca pelos altos índices de produtividade agrícola, apesar do território marcado pela prevalência dos climas desértico e semiárido.
Na segunda metade do século XX, houve uma transformação no espaço rural israelense, que contou com o apoio fundamental de tecnologias e novos modos de produção. Complexos sistemas de irrigação foram criados para permitir o desenvolvimento de cultivos agrícolas em áreas de deserto, potencializados por uma organização produtiva que inclui fazendas comunitárias e cooperativas.
Contudo, os principais supri mentos de água para Israel advêm do Rio Jordão e dos aquíferos localizados em seu território. O uso excessivo des sas águas para a irrigação tem gerado impactos ambientais e limitado o abastecimento de água para o povo palestino, intensificando as tensões na região.
Em outros países do Oriente Médio, como Líbano e Jordânia, a exploração das reservas minerais e o setor terciário, com destaque para o turismo (sobretudo no caso da Jordânia), constituem atividades econômicas relevantes. 
Já países como o Afeganistão e Iêmen, que representam os Estados menos de senvolvidos do Oriente Médio, têm passado por diversos conflitos no último século, fator que contribui para a queda de suas produções econômicas e da qualidade de vida de suas populações. 

Turquia e suas atrações turísticas 


Além do setor industrial, o turismo é outra importante atividade econômica para a Turquia, país com paisagens naturais e culturais exuberantes. Sua mais importante cidade, Istambul, ao longo do tempo, foi sede de diferentes impérios e acumula diversas construções históricas. 
A região da Capadócia, formada por um planalto de montanhas rochosas, esculpidas pela erosão durante milhões de anos, está localizada na parte central do país. O passeio de balão sobre essa região é um dos atrativos do local. 
Além disso, as praias do Mar Mediterrâneo e as piscinas naturais localizadas ao sul de Istambul também são pontos turísticos atrativos para quem escolhe a Turquia como destino.

Índia: desenvolvimento econômico

A Índia é um dos países mais populosos do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, atrás somente da China. Considerado uma das principais economias da atualidade, ocupa a 7a posição no ranking do PIB mundial.


Índia no cenário internacional


O país vem ganhando destaque no cenário internacional ao longo das últimas décadas como potência emergente em diversos aspectos: político, econômico e sociocultural.
A participação da Índia no panorama mundial aumentou a partir da década de 1990, quando o governo do país implementou uma série de reformas econômicas para integrá-lo às transformações globais em curso.
Entre as medidas adotadas pelo governo indiano, destacam-se:
• investimentos estatais em setores estratégicos, como a produção de energia e infraestruturas de transporte;
• mudanças na estrutura produtiva, incentivando a abertura de empresas privadas no país;
• ampliação do setor de serviços de uso intensivo de tecnologia;
• redução dos direitos trabalhistas;
• incentivo à entrada de empresas estrangeiras no território indiano.
Essas medidas estratégicas foram fundamentais para promover o crescimento econômico nas décadas seguintes e para inserir o país mais amplamente na economia globalizada.

As reformas implementadas pelo governo indiano a partir de 1990 foram também contrapartidas dos empréstimos fornecidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para solucionar a crise econômica que afetou o país nas décadas anteriores. Essas reformas promoveram o dinamismo da economia, demonstrando que o Estado foi fundamental nessa estratégia de desenvolvimento.
O crescimento econômico verificado nas últimas décadas refletiu, por exemplo, no aumento do PIB per capita da Índia, que, segundo o Banco Mundial, em 1960 era de 82,2 dólares e, em 2020, atingiu 1 927 dólares.

Indústria, serviços e tecnologia


O setor de serviços foi um dos que mais se destacaram no período em foco. Sua participação no PIB indiano aumentou de 37% em 1990 para 49% em 2020. A prestação de serviços ligados à tecnologia se tornou um dos polos mais dinâmicos de crescimento no período.
As empresas de prestação de serviços tecnológicos se difundiram a partir da década de 1990, em cidades como Bangaluru e Hyderabad.
A mão de obra barata e o domínio da língua inglesa por boa parte da população contribuíram para a instalação dos chamados call centers.
Além da prestação de serviços, a tecnologia de ponta tem grande importância para o setor industrial da Índia, que se destaca como forte produtora de equipamentos eletrônicos, softwares e hardwares, além de insumos para a agroindústria e a biotecnologia.
O país também conta com uma indústria têxtil significativa, que emprega boa parte da mão de obra menos qualificada do país, além da indústria automobilística e da indústria de base, como a química, a siderúrgica e a metalúrgica.
A Índia destaca-se igualmente no cenário internacional por ser a maior indústria cinematográfica do mundo: Bollywood produz mais de 1 500 filmes ao ano nos diferentes idiomas existentes na Índia a fim de alcançar o público de todas as regiões do país.
A participação da Índia na geopolítica mundial também ocorre no campo militar. Nos últimos anos, o país tornou-se potência regional, ao aumentar sua atuação na Organização das Nações Unidas (ONU) para defender seus interessantes perante a comunidade internacional. O país, cuja indústria bélica conta com forte participação do Estado, vem buscando autonomia na produção de armas e equipamentos militares por meio da importação de tecnologias de outros países, como Rússia e Reino Unido.

Setor primário da Índia


O acelerado crescimento econômico registrado na Índia nas últimas décadas resultou em uma série de desafios, como o aumento da demanda de energia para o setor industrial e a necessidade de implantação de infraestruturas para a exploração de matérias-primas e a circulação de mercadorias.
A Índia está entre os principais consumidores de petróleo e gás natural do mundo, e sua produção interna não é capaz de suprir a demanda do país.
Em 2018, a Índia teve de importar 3,6% do total produzido mundialmente. A falta de investimentos em inovação e tecnologia nesse setor dificulta maior inserção da Índia no cenário petroquímico internacional. O setor agropecuário indiano também enfrenta diversos desafios e requer investimentos para superar os problemas de falta de infraestrutura e produtividade agrícola. 
Atualmente, esse setor emprega grande parte da mão de obra do país, mas os baixos salários e o processo de mecanização do campo têm levado muitos habitantes das áreas rurais, especialmente os mais jovens, a buscar nas cidades melhores oportunidades de trabalho.
Parte expressiva dessa parcela da população tem baixos índices de escolaridade e, por isso, dificilmente é empregada nas atividades que exigem maior qualificação, como a prestação de serviços tecnológicos.

Índia: população e cultura

A Índia é extremamente populosa e etnicamente diversificada. Esse panorama agrega diversos aspectos positivos na promoção do desenvolvimento do país, mas também pressupõe muitos desafios ao tentar conciliar interesses tão variados.

Características da população


A atual população da Índia corresponde a cerca de 18% do total de habitantes do mundo e se distribui por todo o território do país, porém as maiores concentrações estão situadas no extremo norte e ao sul.
As maiores taxas de densidade demográfica são encontradas na planície do rio Ganges, localizada na porção norte do país. A ocupação dessa região está associada ao desenvolvimento de civilizações muito antigas, que se baseavam na prática da agricultura irrigada.
Em 2020, 65% dos indianos (o equivalente a 898 milhões de pessoas) viviam nas áreas rurais. No entanto, o país está se urbanizando rapidamente, e um dos desafios do governo para as próximas décadas é promover melhores condições de vida para a população das cidades, aumentando, por exemplo, a oferta de trabalho nas áreas urbanas.
Outro importante desafio diz respeito às altas taxas de analfabetismo. De acordo com dados de 2018, cerca de 74% da população de 15 anos ou mais é alfabetizada, o que revela que um número elevado de habitantes do país ainda não frequenta escolas adequadamente.
A expectativa de vida na Índia é considerada baixa quando comparada à de outros países emergentes. Em 2019, a média era de 69,7 anos. Associado ao panorama de defasagem educacional, esse fator influencia diretamente o IDH de 0,645 (2019), considerado médio no ranking mundial.
Segundo dados recentes, parte bastante significativa da população indiana não tem acesso à rede sanitária e à água potável. Os percentuais ali registrados em 2020 foram de 71,2% e 90,4%, respectivamente. Esse cenário indica que muitos habitantes ainda vivem em condições precárias e que o governo necessita urgentemente ampliar os investimentos em infraestrutura de saneamento básico e em moradias adequadas para a população, em especial nas grandes cidades.
A população indiana também se caracteriza pela ocorrência, nas próximas décadas, do cenário denominado bônus demográfico. Trata-se do cenário em que a População Economicamente Ativa (PEA), isto é, as faixas etárias entre 15 e 64 anos e aptas a trabalhar, passa a representar a maior parte dos habitantes de um país. As projeções indicam que a PEA indiana atingirá o pico de 1,11 bilhão e será a maior do mundo em 2049.
A grande disponibilidade de mão de obra poderá contribuir para o aumento da produtividade e do desenvolvimento. Por isso, é importante que o governo indiano invista mais recursos na educação e qualifique a força de trabalho necessária para as atividades ligadas a setores estratégicos.

Cultura e religiosidade


A população indiana, além de chamar a atenção por ser muito numerosa, apresenta grande diversidade de povos, línguas e culturas. A Índia tem diversos grupos étnicos, e esse multiculturalismo é resultado dos processos históricos relacionados à ocorrência de fluxos migratórios e de invasões externas no decorrer dos séculos. A atual composição étnica diversificada é explicada pela miscigenação de diferentes povos asiáticos, como árabes, afegãos, persas e mongóis.
Atualmente, além dos idiomas oficiais, 123 línguas principais estão espalhadas por todo o território. O idioma mais falado, por cerca de 43% da população, é o híndi. Mas a língua inglesa (herança da colonização britânica) também é reconhecida como oficial e amplamente falada pela população, sobretudo no norte.
A cultura indiana é repleta de simbolismos e crenças. Entre as principais religiões, destaca-se o hinduísmo, praticado em quase todo o território indiano. Os dados do censo realizado em 2011 revelam que esse grupo religioso corresponde a 79,8% da população. Em seguida, 14,2% se declaram praticantes do islamismo, cuja maioria está concentrada no extremo norte do país, próximo à fronteira com o Paquistão. A Índia também abriga 2,3% de cristãos, concentrados na porção leste do país, e 1,7% de sikhs, situados no estado de Punjab, no oeste da Índia.
Esse sistema estabelece uma hierarquia, dividindo a sociedade praticante da religião hindu em grupos distintos e baseados no grau de poder social e econômico.
A hierarquia é formada por quatro principais grupos: brâmanes, xátrias, vaixás e sudras.
No topo da hierarquia estão os brâmanes, o grupo mais privilegiado por ser considerado descendente direto de Brahma, tido como o criador do universo. É composto de autoridades religiosas e pessoas detentoras de maior conhecimento, como gurus e intelectuais.
A casta dos xátrias está situada logo abaixo e é constituída por pessoas responsáveis por defender o Estado ou administrar o poder público, como soldados, oficiais de Justiça e governantes.
Em seguida, estão os vaixás, responsáveis pelo desenvolvimento dos diversos tipos de atividades econômicas, como agricultura, indústria e comércio.
Por fim, a última casta, a dos sudras, é composta de trabalhadores sem qualificação profissional, como operários e empregados domésticos.
Além dessas quatro castas principais, a base da hierarquia é formada pelos párias (também denominados “intocáveis”), grupo não pertencente a nenhuma casta. Por isso, seus membros realizam os trabalhos menos remunerados, o que se configura como um dos fatores que levam esse grupo a sofrer grande preconceito na sociedade indiana.

Economia asiática

A economia asiática é bastante diversificada e marcada pela presença de países com alto nível de desenvolvimento industrial, comercial e de serviços, que são setores característicos das áreas urbanas, e de países predominantemente rurais.

Agropecuária nos países asiáticos


A agropecuária é fundamental para a população dos países asiáticos, pois é uma importante fonte de renda e de subsistência para muitas famílias que vivem nas áreas rurais e de produção de alimentos para os habitantes das grandes cidades do continente.
Tradicionalmente, a agropecuária asiática é realizada de forma intensiva nas planícies férteis dos grandes rios. Essa atividade é bastante diversificada e varia conforme as condições naturais, o nível da tecnologia empregada e a destinação dos produtos.
As plantações geralmente são irrigadas por águas pluviais e fluviais. De forma geral, os principais cultivos são: arroz, beterraba, chá, leguminosas, tubérculos, trigo e outros cereais.
A agricultura de jardinagem, sistema agrícola intensivo amplamente utilizado nas regiões montanhosas da Ásia Meridional e do Sudeste Asiático, sobretudo para o cultivo do arroz.
Assim como a agricultura de jardinagem, a pecuária extensiva de bois, porcos, ovelhas e búfalos geralmente utiliza mão de obra familiar e técnicas tradicionais. A carne e os demais produtos de origem animal são predominantemente destinados ao sustento das famílias. Esse tipo de atividade está presente em alguns países do Oriente Médio e da Ásia Central.
Apesar da pouca disponibilidade de mão de obra rural e de terras cultiváveis em virtude das condições naturais e da pequena extensão territorial, Israel e Japão se destacam entre os países da Ásia pela elevada produtividade agrícola.
O emprego intensivo de técnicas e equipamentos modernos, como drones, robôs e sistemas de irrigação eficientes, em cultivos diversificados, como frutas, cereais, legumes e verduras, possibilita grande produtividade em extensões pequenas de terra. Os elevados investimentos em pesquisa científica e tecnologias e a cooperação dos agricultores locais são os principais fatores responsáveis pelo sucesso do sistema agrícola desses países.

Indústria asiática


A diversidade socioeconômica da Ásia é uma consequência do grau de industrialização de cada país. O desenvolvimento desse setor foi bastante expressivo no continente no contexto da Guerra Fria.
Apesar de o Japão ter seu território duramente atingido na Segunda Guerra Mundial, pois era aliado da Alemanha e da Itália, no pós-guerra ele teve grande crescimento econômico. No país, que contava com um contingente de mão de obra especializada, disciplinada e capacitada, foram adotadas medidas protecionistas para resguardar seu desenvolvimento industrial.
Simultaneamente, o Japão recebeu investimentos dos Estados Unidos, na tentativa de impedir a ação soviética no país. Assim, em pouco tempo, o Japão se tornou a terceira economia mundial, com destaque para indústrias de alta tecnologia, sobretudo automobilísticas, navais e eletrônicas.
Nas décadas seguintes, outros países seguiram caminhos similares ao japonês, passando a destinar investimentos para a implantação de um parque industrial cuja produção, sobretudo de equipamentos eletrônicos, era destinada principalmente ao mercado exterior. O rápido crescimento industrial e a forte presença no cenário internacional caracterizaram Coreia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan, denominados Tigres Asiáticos.
Nos últimos anos, a China e a Índia vêm despontando como grandes potências econômicas. Esse crescimento está atrelado aos investimentos que têm sido realizados em diversos setores econômicos, especialmente na indústria, com destaque para a produção de automóveis, autopeças, materiais ferroviários, tecidos, equipamentos eletrônicos, aparelhos de comunicação, entre outros.
O crescimento industrial e econômico chinês e indiano tem sido possível em razão de alguns fatores, como disponibilidade de recursos minerais e energéticos e de fontes de matéria-prima para os sistemas produtivos, mão de obra abundante e barata, mercados consumidores interno e externo expressivos e investimentos em pesquisas, tecnologia e inovação.
As grandes reservas de recursos minerais e energéticos encontradas na Ásia são fundamentais para o desenvolvimento da indústria de base do continente, responsável por produzir matérias-primas utilizadas em setores mais avançados, como as indústrias de alta tecnologia.
Países como a Rússia e a China se destacam na mineração. A produção de petróleo, minério de ferro e alumínio, por exemplo, é destinada ao abastecimento das indústrias metalúrgicas e siderúrgicas nacionais. Outros países, como o Japão e a Coreia do Sul, devido à ausência de grandes reservas minerais, importam parte da matéria-prima utilizada nos diversos setores industriais internos.
A indústria alimentícia e de bebidas é uma atividade muito importante na Ásia, pois o continente tem o maior mercado consumidor do mundo. Parte da produção é fabricada nos países asiáticos, mas o continente também importa muitos itens. A China, por exemplo, estabeleceu diversas parcerias, inclusive com o Brasil, para o fornecimento de carnes, cereais e outros alimentos.
A indústria têxtil também é bastante significativa para a economia asiática e inclui todas as etapas da cadeia produtiva: desde a produção dos fios de algodão e dos tecidos até a confecção de roupas e calçados. Geralmente, os produtos têxteis são destinados ao mercado externo e fabricados em países cuja mão de obra é muito barata, como China, Paquistão, Bangladesh, Camboja e Filipinas.

Comércio e serviços


Os diferentes tipos de comércio e de prestação de serviços são as atividades econômicas que atualmente mais contribuem para a geração de empregos e renda no mundo todo.
Além do comércio - incluindo aquele realizado por meio da internet -, o setor terciário é composto de uma enorme variedade de serviços. Educação, saúde, transporte público, logística, turismo, informática, finanças, telemarketing, alimentação, lazer, esportes, beleza, direitos público e privado e gestão urbana são alguns exemplos.
A importância do setor pode ser dimensionada com base no percentual de sua participação no PIB de cada país. Nos países do sul da Ásia, por exemplo, os serviços correspondem a 50% do PIB. Esse percentual vem subindo desde a década de 1970.
Em países como a Rússia e o Cazaquistão, os serviços correspondem a mais de 55% do PIB nacional. No entanto, esses percentuais são inferiores quando comparados aos das economias europeias.
Os dados das vendas de produtos na internet evidenciam a importância do setor comercial para a economia do continente asiático.
Nos últimos anos, esse segmento vem crescendo paulatinamente. Vestuário, alimentos, produtos eletrônicos e brinquedos estão entre as principais mercadorias consumidaspela população asiática que faz compras virtualmente.

Oriente Médio 


Em decorrência de sua localização, essa área é considerada uma região estra tégica no espaço geográfico mundial, pois, além de servir como ponto de junção entre os continentes europeu, africa no e asiático, estabelece conexão entre o Ocidente e o Oriente. A maior parte de seus países tem economia pautada na exploração de petróleo, devido às gran des reservas encontradas nessa região.

Ex-União Soviética 

O espaço econômico dessa região, que abrange o leste da Rússia e países da Ásia central que integravam a União Soviética, é organizado principalmente em função da exploração de recursos minerais e energéticos, como gás, petróleo, carvão mineral e ferro. Os países da Ásia Central mantêm certa dependência política e econômica com re lação à Rússia, mas recentes aproximações com China e Turquia têm diversificado as parcerias comerciais na re gião. Ainda assim, os indica dores sociais de seus países permanecem insatisfatórios.

Sul da Ásia 


Entre os países dessa região asiática, apenas a Índia rompeu com o atraso eco nômico e vem apresentando expressivo crescimento do seu PIB, proporcionado em parte pela afirmação do setor da tecnologia da informação. Os demais países, em geral, têm baixo nível de industrialização. Com relação ao setor agrícola, em muitos países do sul da Ásia o espaço rural é organiza do em função de grandes pro priedades, onde são produzi dos gêneros para exportação, característica que representa uma herança do período de co lonização britânica na região.

Sudeste da Ásia 


Com exceção de Cingapura, caracterizada como uma cidade-Estado com alto nível de industrialização e desenvolvimento socioeconômico, os países dessa região se destacam por apresentar baixo desenvolvimento socioeconômico e economias dependentes das atividades do setor primário. No entanto, alguns países da região, como Indonésia, Filipinas e Vietnã, vêm se indus trializando rapidamente e com expressivo crescimento econô mico no século XXI.

Leste da Ásia 


Essa região abrange países que representam as principais economias do conti nente, como China, Japão e Coreia do Sul. As nações se destacam pelo alto nível de industrialização e desenvolvimento tecnológico e, principalmente no caso de Japão e Coreia do Sul, por seus elevados indicadores sociais. Também conhecida como Extremo Oriente, nessa região estão localizadas algumas das principais cidades asiáticas, co mo Pequim, Xangai, Tóquio, Seul e Hong Kong, que, além de populosas, abrangem par ques industrias diversificados, centros financeiros entre os mais importantes do continen te e alguns dos maiores portos e aeroportos do mundo.

A Índia 


A Índia, assim como Paquistão e Bangladesh, foi colônia da Ingla terra durante aproximadamente 89 anos. Esse foi um dos principais exemplos da hegemonia europeia exercida na Ásia. Quando o país se tornou independente, em 1947, herdou uma infraestrutura de trans portes que incluía expressiva rede ferroviária e indústria têxtil robusta. Porém, em seus demais aspectos, passou a se caracterizar como uma economia atrasada e pouco indus trializada.
Entre as décadas de 1950 e 1990, a Índia passou por um processo de industriali zação baseada no modelo de substituição de importações, ou seja, de substitui ção do consumo de produtos importados por mercadorias produzidas dentro do próprio território. Esse processo contou com a participação incisiva do Estado, que controlava diversos setores da economia. Nesse contexto, qualquer tipo de mercadoria e a quantidade a ser produzida pelas indústrias privadas necessitavam da licença do governo. Isso demonstrava que, mesmo indiretamente, o controle estatal estava presente em todos os aspectos econômicos da Índia. 
Após 1991, no entanto, o país passou por reformas econômicas implantadas gradativamente pelo governo, que proporcionaram uma redução de tarifas de im portação e mais autonomia para a atuação das atividades industriais privadas. Destaca-se, nesse sentido, a formação de Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), destinadas a atrair investimentos estrangeiros no país e estimular as exportações de bens industrializados. Investimentos expressivos também foram realizados em infraestrutura, transportes, pesquisa e educação, o que elevou consideravelmente a qualificação profissional dos jovens indianos.
Essas transformações resul taram no desenvolvimento da economia indiana. No gráfico da evolução do PIB do país, verifica mos um crescimento significativo nas décadas finais do século XX. Atualmente, a presença de polos industriais de alta tecnologia, co mo o de Bangalore, passou a ser uma característica no país, com destaque para o desenvolvimento de softwares. 
Atualmente, a Índia exporta para cerca de 90 países es se tipo de tecnologia. O setor audiovisual indiano tam bém cresceu de forma significativa: Bollywood, a indústria cinema tográfica do país, é atualmente a segunda maior do mundo em seu ramo, sendo superada apenas pela indústria cinematográfica estadunidense. 

Pobreza e desigualdade na Índia 


Mesmo diante da política instituída em favor da ampliação de parques industriais de alta tecnologia, o governo indiano não foi capaz de reverter a situação de pobreza e desigualdade social do país. De acordo com dados de 2018, o sul da Ásia, onde está localizada a Índia, concentra cerca de 29% das pessoas do mundo que vivem com menos de 1,90 dólar por dia, ou seja, que vivem em situação de extrema pobreza. 
Além disso, em 2018, aproximadamente 29% da população indiana era analfabeta e a expectativa de vida não ultrapassava 68 anos. Atualmente, a maior parte da população do país ainda vive no campo e traba lha em atividades ligadas ao setor primário. 
O processo de urbanização, contudo, vêm ocorrendo de maneira acelerada, resultando na formação de grandes áreas metropolitanas, como Nova Délhi e Mumbai, onde a segregação socioespacial e os problemas sociais e ambientais são aspectos marcantes. Em virtude de sua grande população, a Índia não possui recursos financeiros su ficientes para investir e assegurar a toda a população uma infraestrutura adequada, com programas de saúde e educação eficientes, que possam garantir ao cidadão melhor qualidade de vida.

O Japão 


Devido ao relevo predominantemente montanhoso, as poucas planícies (qua se todas litorâneas) do Japão são intensamente ocupadas pela população, que se concentra principalmente nos grandes centros urbanos do país. Destaca-se nesse contexto a grande megalópole que vai de Tóquio a Kobe, formada pelo fenômeno da conurbação.
O desenvolvimento econômico do Japão se consolidou após a Segunda Guerra Mundial, impulsionado por investimentos da superpotência estadunidense, que se preocupava com a ascensão do socialismo na Ásia durante os anos de Guerra Fria. 
Os incentivos estadunidenses auxiliaram a recuperar o país, que surpreendeu as economias mundiais por seu dinamismo industrial. Nesse contexto, empresas ja ponesas passaram a se des tacar pelo desenvolvimento de novas tecnologias e siste mas de produção industrial, o que possibilitou a expan são econômica do país.
Ao longo das décadas finais do século XX, produtos industriais japoneses, tecnologicamente avançados, espalharam-se pelo mundo e proporcionaram um ex pressivo crescimento do PIB, que não continuou a partir da década de 2010.
No entanto, a qualidade de vida da população japonesa se elevou e a mão de obra se tornou cada vez mais qualificada e valiosa. À medida que os custos da produção se tornaram mais altos, muitas empresas japonesas passaram a investir em países em desenvolvimento, onde instalaram suas unidades produtivas para explorar van tagens como mão de obra barata. 
No século XXI, a economia japonesa interrompeu seu longo período de cresci mento acelerado. Nesse contexto, o país perdeu sua posição de liderança regional e o posto de segunda maior economia do mundo para a China. 
Uma das razões para a diminuição do ritmo do crescimento econômico japonês são os elevados gastos orçamentários do governo com a população idosa, como os investimentos em aposentadorias. A desaceleração da economia também provocou o fechamento de muitas fábricas e, a partir de então, certos problemas sociais, antes quase inexistentes, como o desemprego, têm se intensificado.

A China 


A China é um dos países que, nos últimos anos, tem atraído atenção no cenário econômico e geopolítico inter nacional. Atualmente, o PIB chinês é o segundo maior do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Seu intenso crescimento econômico está entre os mais dinâmicos do mundo, le vando a economia chinesa a se tornar a maior exportadora do planeta.
 Com base em um ideal de “socialismo com características chinesas”, o país de senvolve um sofisticado, e muito eficiente, “socialismo de mercado”. Essa fórmula mista, na qual se mescla a estrutura política socialista com a economia de mercado capitalista, tem lançado o país como uma das maiores potências econômicas e geopolíticas do século XXI. 
A atual fase de crescimento econômico e industrial chinês teve início com as reformas econômicas efetuadas no país a partir de 1978, sob o comando do líder popular Deng Xiaoping, e impulsionadas pela cultura empreendedora do povo chinês. 
Afastada da influência soviética desde meados da década de 1960, a China não tardou em iniciar uma abertura econômica baseada no livre mercado. O resultado pode ser visto no avanço alcançado pelas indústrias chinesas, cujos produtos estão espalhados pelo mundo. Atualmente, o país tem aproveitado o crescimento econô mico para agregar maior nível tecnológico aos produtos exportados.
Ainda que o crescimento econômico da China tenha diminuído nos últimos anos, ele se conserva maior que o de outras importantes economias do mundo, como Estados Unidos e Alemanha.
Além disso, apesar de problemas como falta de abertura democrática, superexploração do trabalho e degradação ambiental do país, o governo chinês tem aproveitado o crescimento econômico para gerar melhorias nas condições de vida da população.

Os Tigres Asiáticos 


Alguns países e territórios localizados no leste e no sudeste da Ásia alcançaram expressivo destaque industrial a partir da década de 1970, ganhando a denomi nação de Tigres Asiáticos. Esse termo faz menção ao desenvolvimento intenso e contínuo desses países e à eficiência de suas economias nacionais, condições que proporcionaram uma posição competitiva no comércio internacional, ampliando suas exportações de produtos industrializados para novos mercados. Mais recentemente, outros grupos de países se desenvolveram em um modelo parecido, sendo possível identificar três gerações de Tigres Asiáticos.
• Em meados da década de 1970, eram quatro os países ou territórios que compunham os Primeiros Tigres Asiáticos. São eles: Coreia do Sul, Taiwan, além das cidades-Estado de Cingapura e Hong Kong (anexada à China desde 1997, mas mantendo sua autonomia administrativa interna). 
• A partir da década de 1980, uma segunda geração, formada por Tailândia, Malásia e Indonésia, passou a ser chamada de Novos Tigres Asiáticos. 
• Por fim, no século XXI, Filipinas e Vietnã também passaram a se destacar pelo rápido crescimento econômico e pela industrialização. Esses países são denominados, por alguns autores, Novíssimos Tigres Asiáticos, constituindo, assim, a terceira geração.
A proximidade da economia japonesa foi um fator importante ao impulso inicial desses países. Nas décadas após a Segunda Guerra Mundial, o Japão exercia nos Tigres Asiáticos um papel mais ou menos semelhante ao exercido anteriormente pelos Estados Unidos em sua economia: parceiro comercial, investidor externo e financiador dos projetos de desenvolvimento. 
Assim como ocorreu no Japão, a qualificação da mão de obra e a elevada quali dade de vida aumentaram os custos de produção, tornando-os menos atrativos aos capitais internacionais. Dessa maneira, o impulso do modelo de desenvolvimento exportador se esgotou após algumas décadas, especialmente depois da crise que atingiu a região em 1997. 
No século XXI, embora os primeiros Tigres Asiáticos já não se destaquem pelo elevado ritmo de crescimento econômico, atualmente os países cujas economias crescem mais rapidamente são os que compõem a segunda e a terceira geração desse grupo.

Economia: a Asean e a integração regional


A Asean (sigla em inglês para Associação de Nações do Sudeste Asiático), criada em 1967, tem sua origem contextualizada em meio à onda de descolonização no leste e no sudeste da Ásia. Assim, seus objetivos iniciais ligavam-se à garantia da soberania e da estabilidade política desses Estados recém-independentes, que, por vezes, encontravam-se politicamente instáveis no período pós-Guerra. 
No entanto, as transformações advindas da superação desse período da geopolí tica mundial transformaram os objetivos geopolíticos e a funcionalidade econômica do bloco, que até então contava apenas com a presença dos fundadores: Tailândia, Filipinas, Malásia, Cingapura e Indonésia, além de Brunei, que se uniu em 1984. 
A partir de 1992, com a redução das tarifas alfandegárias, A Asean se transformou em uma zona de livre-comércio, expandindo-se ao longo da década em função da ade são de países socialistas ou ex-socialistas, como Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja.
Com a crescente influência da China nas economias nacionais e após uma crise financeira que afetou a região em 1997, a estrutura de cooperação entre os países foi alterada, além de ampliar sua abrangência para a China, o Japão e a Coreia do Sul, mas sem atingir políticas comuns efetivamente concretas. 
Em contraste com a integração comercial, impulsionada pelas empresas de ca pital externo que fragmentam seus processos produtivos (instalando fábricas em países distintos), esse bloco enfrenta diversos desafios para mais integração. Entre eles, a importância atribuída pelos governos dos países-membros ao princípio da soberania nacional e da não interferência, o que dificulta a criação de instituições supranacionais capazes de encaminhar políticas comuns entre eles.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

População no continente asiático

Território e população


Com uma superfície territorial de aproximadamente 45 milhões de km2, o que equivale a cerca de um terço das terras emersas do planeta, a Ásia é o maior con tinente da Terra. 
Por causa de sua grande dimensão territorial, tanto no sentido leste-oeste co mo no sentido norte-sul, o continente tem uma grande variedade de aspectos físicos, como cadeias montanhosas e hidrografia importante. 
As diversas condições climáticas também se destacam na Ásia, com áreas onde predominam climas frios e extremamente rigorosos, como a Sibéria, na porção asiática da Rússia, e outras marcadas por climas quentes e de chuvas abundantes, a exemplo do sul e do sudoeste.
A Ásia concentra quase dois terços da população mundial e é o continente mais populoso do planeta, com cerca de 4,7 bi lhões de habitantes. A China e a Índia concentram, juntas, cerca de 60% da população asiática.

Distribuição da população 


Mesmo numerosa, a população asiática não está distribuída de maneira uniforme pelo continente. De modo geral, essa população está concentrada, principalmente, ao longo dos vales e dos rios e nas planícies, áreas mais favoráveis para o desenvolvimento da agricultura e da pecuária e também para a construção de cidades.
De acordo com os dados de 2020, seis países da Ásia estavam entre as maiores populações do mundo. Algumas das cidades mais populosas do mundo são asiáticas. Grande parte da população asiática ainda vive no campo. No entanto, os fluxos migratórios do campo para a cidade estão em crescimento na maioria dos países.
Apesar de não estar no ranking dos dez países mais populosos, o Japão também abriga um elevado número de pessoas (125 milhões de habitantes, em 2020).
Considerando sua pequena extensão territorial, a densidade demográfica do país é bastante elevada. Índia, Coreia do Sul e Indonésia também estão entre os países mais povoados do mundo. 
Na China, a população está predominantemente concentrada na porção litorânea e no sudeste do país. O Oriente Médio registra níveis de densidade demográfica significativos, com destaque para Turquia, Irã e Israel.
Apesar de a Rússia abrigar um número elevado de habitantes, possui vasta extensão territorial, sendo a densidade demográfica baixa.
Os povos asiáticos são diversos e podem ser reunidos em grandes grupos linguísticos, a exemplo de semitas, turcos, indo-europeus, afro-asiáticos, sino-tibe tanos, dravidianos, entre outros. Das etnias mais numerosas, destacam-se árabes (Oriente Médio), hindus (sul da Ásia), chineses (han), vietnamitas, coreanos e japo neses (leste da Ásia), além de javaneses e filipinos (sudeste da Ásia).
As principais religiões são o Islamismo, presente principalmente no Oriente Médio, no sul e no sudeste da Ásia; o Hinduísmo, praticado, sobretudo, no sul asiático; e o Budismo, prevalente em partes do leste e do sudeste do continente. O Cristianismo também é presente, sobretudo nas Filipinas e em partes da Rússia.

Perfil cultural da população


A população do continente asiático é bastante diversificada em razão da presença de muitas culturas e etnias. Alguns países, como a Rússia, a Índia e a Malásia, são considerados multiétnicos, o que implica, eventualmente, a ocorrência de conflitos étnicos e territoriais.
De forma abrangente, é possível dividir os povos do continente por região: no noroeste, predominam os povos caucasianos (russos e europeus); a porção sul é habitada por povos indianos; o Oriente Médio concentra povos árabes, judeus, persas e turcos; no leste da Ásia, encontram-se chineses, japoneses e coreanos.
Além das diferentes etnias, a presença de religiões diversas reflete a grande diversidade dos povos asiáticos. A Ásia é o berço das principais religiões do mundo, entre as quais se destacam o hinduísmo, amplamente praticado na Índia e no Nepal; o budismo, cujos adeptos estão espalhados pela Mongólia e pelos países do Sudeste Asiático, entre outros; o judaísmo, com adeptos em Israel e, em menor escala, na Rússia e em outros países; o islamismo, amplamente praticado nos países árabes, no Irã, na Turquia e na Indonésia; o xintoísmo, cuja maior parte dos praticantes se localiza no Japão; e o cristianismo, praticado no Timor Leste e nas Filipinas, entre outros países.

O crescimento populacional na Ásia 


Em cada grupo de 100 pessoas que compõem a população mundial, 60 vivem na Ásia. Ainda que sua população tenha crescido mais lentamente desde o final da década de 1990, o continente ainda registra uma das taxas de crescimento populacional mais elevadas entre as regiões do mundo, atrás apenas da África. 
O crescimento populacional, contudo, não é homogêneo entre os países asiáticos. Alguns, como a China e a Coreia do Sul, apresentam taxas de crescimento em torno de 0,1% ao ano. Outros, como Malásia e Filipinas, têm taxas de aproximadamente 1,02%. De modo geral, contudo, as populações dos países asiáticos, com exceção do Japão, têm em sua estrutura etária um grande percentual de jovens.
O crescimento expressivo das populações dos países asiáticos não interfere apenas no número de habitantes do continente, mas em sua qualidade de vida. Quanto maior o número de pesso as, maior será a demanda por serviços de saúde, emprego, moradia, saneamento, transporte, energia, habitação e alimentos. Em razão dessa demanda, os pro blemas sociais e ambientais também se tornam cada vez mais graves.

A política de controle de natalidade 


Diante das elevadas taxas de crescimento de suas populações, principalmente na segunda metade do século XX, alguns governos asiáticos adotaram políticas de controle do crescimento demográfico, baseadas em medidas severas de con tenção da natalidade. 
Entre esses países, estão a Índia e a China. A seguir, com mais detalhes, confira em que consistem essas políticas.

Índia 


Medidas como esterilização de mulheres e incentivo ao uso de métodos contra ceptivos e ao planejamento familiar foram algumas das alternativas adotadas pelo governo indiano com o intuito de atenuar a expansão demográfica no país. 
Embora os últimos anos da década de 1980 tenham registrado uma ligeira diminuição no índice de crescimento da população, influenciada pela queda na taxa de natalidade, esse fato não foi suficiente para alterar o quadro da expansão demográfica no país, pois as taxas de mortalidade também diminuíram no mesmo período. 
Em virtude desse cenário, atualmente alguns estados indianos vêm estudando adotar penalidades para casais que tenham mais de dois filhos.

China 


A China, diante do problema da expansão demográfica na década de 1970, implementou uma política de controle demo gráfico que ficaria conhecida como a “política do filho único”. Essa política impunha que as famílias chinesas tivessem ape nas um filho por casal. 
Desobedecendo a essa lei, famílias, com exceção para as do campo e algumas minorias étnicas, es tavam propensas a sofrer rígidas punições impostas pelo governo, como pa gamento de multas, perda de alguns benefícios sociais e, em alguns casos, perda do emprego, além de discriminação perante a sociedade. 
Programas de divulgação de métodos contraceptivos, como o uso de pílulas anticoncepcionais, também foram adotados no país. O rígido controle imposto pelo governo chinês no passado repercutiu na diminuição significativa do número de jovens chineses e, nas últimas décadas, no aumento do número de idosos na composição da população. 
Em 2016, o governo passou a permitir que os casais tenham até dois filhos.

Os contrastes socioeconômicos 


O continente asiático reúne países com características socioeconômicas bem contrastantes. Para ter uma noção dessa disparidade socioeconômica no continente, ao com pararmos a renda per capita do Japão no ano de 2021, que foi de 39 285 dólares, com a de Bangladesh, registrada nesse mesmo ano, que foi de 2 503 dólares, ve rificamos que os valores de ambos os países apresentaram uma discrepância de 36 782 dólares. 
Isso significa que a renda per capita do Japão nesse período foi aproximadamente 15 vezes maior que a de Bangladesh. Além disso, o contraste socioeconômico ocorre de maneira interna, pois em al guns países é possível observar pessoas extremamente ricas e outras muito pobres.
Os contrastes nesse continente também podem ser caracterizados pelos fato res a seguir: 
• países como a China e a Índia, que, mesmo com alguns indicadores sociais ruins, vêm apresentando, nos últimos anos, crescimento econômico elevado; 
• o Japão, com elevado nível de industrialização e indicadores socioeconômicos com valores expressivos; 
• em alguns países, principalmente os situados no sul do continente, podemos constatar que mais de 15% das pessoas vive com menos de 1,90 dólar por dia, ou seja, parte da população vive em condições de extrema pobreza.

Indicadores socioeconômicos


Diversos indicadores evidenciam o perfil socioeconômico de uma população. Neste tópico, vamos conhecer alguns deles e compreender melhor as características do continente lhor asiático.

Produto Interno Bruto (PIB)


Dois países asiáticos estão entre as cinco maiores economias do mundo: a China, cujo PIB nacional foi maior que 14 trilhões de dólares em 2021, segundo o Banco Mundial, e corresponde a cerca de 17% do total mundial; e o Japão, com PIB de 5 trilhões de dólares, que representa 5% do total mundial. A Rússia, a Índia e a Indonésia também apresentam PIB elevado e, por isso, se destacam no cenário internacional.
No continente asiático, os países que registram atualmente os maiores PIB per capita são Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar e Cingapura.

Taxa de analfabetismo


A taxa de analfabetismo revela a quantidade de pessoas que não sabe ler e escrever em determinado lugar. Essa taxa costuma ser muito baixa em países que investiram no sistema de educação ao longo das últimas décadas, como Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Rússia, Filipinas e países situados na Ásia Central. Nesses países, mais de 95% da população é alfabetizada.
No entanto, no continente asiático, a maior parte da população não tem acesso à educação e é impedida de se alfabetizar, como ocorre no Paquistão e, de maneira mais abrangente, no Afeganistão.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)


O Índice de Desenvolvimento Humano mensura as condições de vida em um país com base em três eixos: saúde, educação
e renda.
No continente asiático, o IDH varia bastante, pois os países apresentam diferentes níveis de desenvolvimento social e econômico. 
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano publicado pelo Pnud em 2020, Cingapura, Israel e Japão registraram os mais elevados IDHs do continente. Iêmen e Afeganistão apresentaram, naquele ano, os piores índices, considerados baixos. Isso significa que nesses países a expectativa de vida é mais baixa que nos demais países, assim como a renda per capita e a média de anos de escolarização.

Coeficiente de Gini


O coeficiente de Gini é o indicador da desigualdade social. Ele varia entre 0 e 100, revelando a concentração de renda em determinado país.
Os países que registram coeficiente próximo a 0 apresentam maior igualdade econômica entre seus habitantes. Esse é o caso de Cazaquistão, Quirguistão, Iraque e Timor Leste, que registraram, entre 2010 e 2018, coe ficientes iguais a 30 ou abaixo. Turquia, Irã e Filipinas estão entre os países com maior desigualdade, com coeficientes acima de 40.

Ásia: recursos naturais

Principais características naturais da Ásia 


O continente asiático é banhado pelo Oceano Pacífico a leste, pelo Índico ao sul e pelo Glacial Ártico ao norte. Seus limites a oeste, com o continente europeu, são marcados pelos mares Mediterrâneo, Negro e Cáspio, além dos limites terrestres pelos Montes Urais e pela Cordilheira do Cáucaso. Com a África, tem como limites os mares Vermelho e Mediterrâneo e o Canal de Suez.
O continente asiático tem grande variedade de recursos naturais e energéticos. Porém, a exploração desses recursos depende da disponibilidade de tecnologia, e muitos países da Ásia não têm condições materiais e econômicas para explorá-los.

Carvão mineral


A Ásia abriga enormes reservas de carvão mineral, distribuídas de forma desigual no território. As maiores reservas estão localizadas na Sibéria (porção leste da Rússia), nos países da Ásia Central, na Índia e na China, que utilizam esse recurso em larga escala como fonte de energia para o setor industrial.

Petróleo e gás natural


Em relação ao petróleo e ao gás natural, a Ásia detém pelo menos dois terços das reservas mundiais. Grande parte delas está concentrada na Sibéria e na região do mar Cáspio. Porém, os maiores depósitos estão localizados nos países do Oriente Médio, com destaque para Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Irã e Kuwait. Esses países estão entre os principais produtores de combustíveis fósseis do mundo. Nas últimas décadas, os países do Sudeste Asiático, como a Malásia, vêm aumentando a exploração das reservas situadas em seus territórios.

Minério de ferro


Apesar da presença de muitos depósitos de minério de ferro na Ásia, alguns países possuem pequenas reservas e dependem das importações para obter esse recurso, como o Japão e a Coreia do Sul. As maiores reservas de minério de ferro estão localizadas na China, na Índia e na Rússia.

Urânio


As reservas mais ricas de urânio são encontradas na Ásia Central. A China e a Índia têm investido recursos para explorar as próprias reservas.


Acordos e políticas de conservação dos ambientes naturais


Diversos países do continente asiático vêm sofrendo com os efeitos negativos das mudanças climáticas em curso e com os demais impactos ambientais. Além do aumento das temperaturas médias, alguns países insulares, como Sri Lanka e Maldivas, poderão ser gravemente afetados pela elevação do nível do mar, caso as ações antrópicas que contribuem para a elevação da temperatura global não sejam controladas.
Esse preocupante cenário, associado à tendência de grande crescimento demográfico nas próximas décadas, tem levado muitos governos asiáticos a adotar políticas individuais e coletivas de conservação dos ambientes naturais, de mitigação dos impactos gerados pelas atividades humanas e de redução de riscos à população.
A China, por exemplo, protagoniza a atual agenda ambiental do continente. O país tem se destacado como um dos principais poluidores em razão dos elevados índices de industrialização e crescimento econômico registrados nas últimas décadas. A questão ambiental tem sido incorporada à política chinesa, cujo objetivo principal é atingir as metas de neutralidade de carbono até 2060, preservando o ritmo de crescimento do país.

Leste Europeu e CEI

Há poucas décadas, o conjunto de países que conhecemos como Leste Europeu estava sob a zona de influência do socialismo soviético.
Por isso, passaram por um processo de desenvolvimento diferente daquele observado na quele Europa ocidental.
Os anos após a Segunda Guerra Mundial foram marcados pela transformação de uma ordem geopolítica baseada na hegemonia europeia em uma ordem bipolar, na qual duas grandes potências rivalizavam militar, econômica e ideologicamente: Estados Unidos e URSS.
Esse período, conhecido como Guerra Fria, caracterizou-se pela tensão permanente diante da ameaça de uma guerra nuclear sem precedentes.
Estados Unidos e URSS protagonizaram o embate apoiados por seus arsenais militares e incentivados pela defesa de suas visões de mundo.
Do lado soviético, a sociedade se estruturava em torno do socialismo de matriz stalinista, caracterizado, nesse contexto, pela economia estatizada, pelo foco no estabelecimento da indústria pesada, pela centralização do poder nas mãos do partido comunista e pela criação de uma estrutura de serviços sociais públicos.
Do lado estadunidense, defendia-se a consolidação do modelo capitalista, com o livre mercado, a iniciativa privada e a competição como motores do aprimoramento econômico e social.

A divisão da Europa


Estados Unidos e URSS demarcaram as respectivas áreas de influência geopolítica, conquistando apoios e aliados. Estava estabelecida a ordem bipolar. Os países europeus, destruídos pela guerra, buscavam se reconstruir economicamente e se posicionar nesse cenário, formando alianças políticas e aderindo a uma das duas esferas de poder.
Na Europa ocidental, a ajuda financeira fornecida pelo Plano Marshall (1948-1952) e a criação, em 1949, da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) marcaram a adesão ao modelo capitaneado pelos Estados Unidos.
Os países do leste da Europa, por sua vez, alinharam-se ou foram integrados à URSS após as Conferências de Yalta e de Potsdam (1945), estendendo a área de influência soviética por toda essa região, até os territórios controlados na Berlim Oriental.

O período de influência soviética


Sob o regime soviético, os países do Leste Europeu incorporaram as características políticas e econômicas ditadas por Moscou, com o Estado comandado por um partido autoritário que controlava a economia visando a uma rápida transição do modelo agrário para o industrial.
Mesmo com a existência de diferentes povos com culturas e tradições distintas, houve relativa estabilidade. Entretanto, havia insatisfações em relação ao modo como a política e a economia eram conduzidas pela URSS, que sufocavam militarmente qualquer tentativa de contestação social.
Sob o regime soviético, os países do Leste Europeu tiveram menor desenvolvimento econômico em comparação com os países mais ricos do lado ocidental, como Alemanha e França. Entretanto, houve melhora significativa nas condições de vida da população e ampliação da capacidade industrial.

Colapso da URSS e a formação da CEI


A passagem dos anos 1980 para os 1990 foi marcada por grandes transformações políticas e sociais na URSS e nos países alinhados do Leste Europeu.
A economia soviética chegava ao final do século XX com ritmo de crescimento cada vez menor. Os gastos expressivos com defesa militar e com investimentos na indústria pesada prejudicavam o desenvolvimento de outros setores, levando à escassez crescente de produtos e ao descontentamento popular.
Naquele momento, as economias mais ricas do Ocidente atravessavam a terceira etapa da Revolução Industrial, com a introdução de tecnologias modernas que não estavam disponíveis no mundo socialista, aumentando a desigualdade econômica entre os dois polos.
Internamente, o descontentamento popular com o autoritarismo político, a estagnação da economia e a perda da qualidade de vida eram crescentes e tomavam forma como movimentos sociais, muitos deles clandestinos.
Pressionado, o governo soviético iniciou uma série de reformas com o propósito de aumentar o grau de autonomia política e econômica dos países do Leste Europeu. Esse afrouxamento no rígido controle central foi suficiente para que vários países sob influência soviética buscassem independência.
Entre 1989 e 1991, esse processo levou à queda do Muro de Berlim, ao fim da URSS e a uma profunda reconfiguração das fronteiras do Leste Europeu.

Comunidade dos Estados Independentes


As revoluções que puseram fim à URSS se expandiram para o Leste Europeu, o que resultou no abandono do modelo de socialismo soviético e em uma tentativa de reaproximação com a Europa ocidental capitalista, formalizando o abandono da esfera de influência russa.
Paralelamente, em 1991, sob liderança da Rússia, surge a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), criada com o intuito de conter o avanço da influência ocidental e, ao mesmo tempo, promover uma relação pacífica e igualitária entre as ex-repúblicas soviéticas.
Nesse sentido, a CEI é movida pela proposta de favorecer a cooperaçãoentre os países-membros em áreas como economia, saúde, educação, e desenvolvimento científico e tecnológico. Também tem como meta agir na mediação de conflitos entre os participantes e promover a gestão de estruturas econômicas e militares herdadas da era soviética.
Apesar da tentativa de estabelecer um ambiente de colaboração entre as ex-repúblicas soviéticas, há tensões entre os membros, sobretudo relacionadas à presença de movimentos separatistas na região.
A expansão da Otan sobre o Leste Europeu e o desejo manifestado por várias ex-repúblicas soviéticas de aderirem à União Europeia têm preocupado Moscou, que entende esses movimentos como ameaças ao seu projeto de hegemonia na região e, em alguns casos, como afrontas à segurança nacional russa.

Conflitos recentes


Em 2008, o conflito provocado pela ação dos separatistas da Ossétia do Sul que vivem dentro do território da Geórgia e a ação da Rússia, colocando-se militarmente a favor dos separatistas e contra a Geórgia, desencadearam a Guerra Russo-Georgiana, que culminou com a saída da Geórgia da CEI.
Entre 2014 e 2015, a Rússia ocupou militarmente a península da Crimeia, situada na Ucrânia, mas com maioria étnica russa. Em 2022, a Rússia atacou novamente o território ucraniano. Em ambas as situações, as alegações russas se apoiaram na necessidade de defesa de seu território diante do avanço da Otan, que, supostamente, estaria prestes a aceitar a inclusão da Ucrânia entre seus membros.
Em reação a essa postura da Rússia, parte da comunidade internacional, representada principalmente pelas maiores potências econômicas ocidentais, tem praticado sanções econômicas contra os russos, procurando uma estratégia não militar de contenção do país.

A questão energética


A Rússia é uma importante fornecedora de gás natural, utilizado como fonte de energia, para países do oeste da Europa. A dependência do gás russo impõe um limite às sanções que esses países podem aplicar à Rússia em casos de conflito.
Em contrapartida, parte das receitas russas se baseia na venda do gás à Europa ocidental. Desse modo, apesar de haver uma disputa geopolítica encampada pela Rússia no que se refere ao avanço do Ocidente sobre suas áreas de influência, há, ao mesmo tempo, a necessidade de manter relações comerciais com esses países.

Economia e inserção no cenário mundial


Os países do Leste Europeu, quando comparados às nações mais ricas do continente, apresentam economias menos desenvolvidas. Em parte delas, o setor primário, seja na agricultura, seja na exploração mineral, exerce maior influência na composição do PIB.
De modo geral, são economias que se encontram na transição de um modelo com grande influência estatal para uma economia de mercado nos moldes capitalistas. Nesse sentido, em vários países é necessário promover reformas nos sistemas tributários e jurídicos que contribuam para o aumento dos investimentos privados internos e externos.
Nações do Leste que integram a União Europeia, como Polônia, Hungria e Eslováquia, se valem das vantagens alfandegárias pertinentes ao bloco para atrair empresas do lado ocidental, que, por seu turno, visam se beneficiar com menores custos da força de trabalho. 
Situação semelhante ocorre em países que integraram a ex-Iugoslávia, como é o caso da Eslovênia e da Croácia, que hoje apresentam economias em desenvolvimento e atrativas ao mercado internacional, com destaque para o setor de turismo.
No âmbito da CEI, permanece uma forte dependência em relação à Rússia, sobretudo no que diz respeito ao fornecimento de energia. Muitos países do bloco contam com parques industriais antigos e tecnologicamente defasados.
Os níveis de desemprego são elevados, ocasionando uma pressão migratória do Leste em direção ao Oeste Europeu. Como consequência, as remessas financeiras enviadas pelos emigrantes constituem uma importante fonte de renda para muitas ex-repúblicas soviéticas.
Nesse contexto, as conquistas sociais da era socialista se deterioraram em razão do aumento significativo das desigualdades sociais.


China: política e desenvolvimento econômico

A China abriga a maior população do mundo. É um país predominantemente rural que se tornou uma das maiores economias mundiais da atualidade ...